12.

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No dia seguinte, as duas estavam completamente vestidas, Fernanda sentada no sofá e Pitel andando ansiosamente de um lado para o outro em frente à porta.

"Talvez isso não tenha sido uma boa ideia", Pitel murmurou, torcendo as mãos em nervoso. "Digo... Gabriel não vai se importar e o Bin provavelmente nem vai entender direito o que aconteceu, mas..." Ela fez uma pausa, lançando um olhar de pânico para Fernanda. "O Michel vai ficar bravo, né? Ele vai ficar muito bravo. Ele vai me odiar".

"Ele não vai te odiar."

"Você já esqueceu da vez em que ele trancou nós duas em um armário por três horas?" Pitel respondeu, voltando a andar. "Um armário de verdade, Fernanda. Quero dizer, ele não é exatamente uma pessoa de marolar e viajar, mas não dá pra negar que foi um tanto irônico pensando hoje em dia ..."

"Nós tínhamos onze anos, Pitel", Fernanda riu. "Ele tinha quatorze anos e a gente estava enchendo o saco dele. De qualquer maneira, duvido que ele vá fazer isso de novo."

"A gente não devia fazer isso hoje", Pitel continuou como se ela não a tivesse ouvido. "Vamos ligar para todo mundo e dizer que saímos do país. Vamos voltar a fazer sexo, que estava ótimo."

"Pitel", disse Fernanda com firmeza, levantando-se e pegando Pitel pela cintura para fazê-la parar. "Por mais que eu tenha gostado de batizar todos os cômodos do apartamento com você ontem, a vida é muito mais do que apenas sexo." Ela piscou, balançando um pouco a cabeça e soltando um suspiro lento. "Caralho, não acredito que acabei de dizer isso."

A expressão de pânico no rosto de Pitel finalmente se dissipou, dando lugar a um sorriso tímido e Fernanda se inclinou para beijar seus lábios com fervor.

"Eu tô começando a achar que você só me quer pelo meu corpo", provocou Fernanda quando se afastou, ainda perto o suficiente para que as palavras roçassem os lábios de Pitel.

"Só agora que você está começando a pensar isso?" Pitel sussurrou, fingindo surpresa. "Achei que tivesse sido bem clara com minhas intenções desde o início."

"Romântica você." Fernanda disse baixinho, mas antes que elas pudessem se beijar novamente, alguém bateu na porta.

Fernanda gemeu e encostou a cabeça no ombro de Pitel. "Deve ser algum deles. Parece que sempre sabem a hora certa de interromper a gente. Incrível".

Pitel bateu de brincadeira no ombro de Fernanda quando ela se afastou de seus braços e foi até a entrada da casa. Assim que ela abriu a porta, não uma, mas duas pessoas entraram na sala.

"Que história é essa, Pitel?" Yasmin já exigia, atravessando a sala sem sequer olhar para Pitel ou Fernanda. Vanessa as seguiu com um sorriso um tanto envergonhado e um prato de algo coberto com papel alumínio.

"Oi Yasmin, que bom revê-la também, Yasmin", disse Pitel com uma careta ao fechar a porta atrás delas. "Oi Van. Como foi São Paulo?"

"Foi ótimo!" Vanessa sorriu, animada com a menção do trabalho que tiveram na capital paulistana. Ela se inclinou para sorrir educadamente para Fernanda. "Parabéns vocês duas."

"Obrigada", disse Fernanda, observando Yasmin circular pela sala com as sobrancelhas levantadas.

"Não dê os parabéns ainda, Van", disse Yasmin, apontando um dedo acusador entre Pitel e Fernanda. "A história aqui é muito mais do que 'ei, de repente estamos apaixonadas e nossos amigos terão que descobrir sobre nosso noivado pelos perfis de fofoca e threads no twitter.'"

"Yas", começou Pitel, com as mãos para cima em um gesto de apaziguamento, mas Yasmin apenas revirou os olhos.

"Nem vem, Pitel.", resmungou, cruzando os braços. "Eu, pessoalmente, já ouvi o famoso "somos só amigas" muitas vezes e vocês vão mesmo me dizer que estavam namorando em segredo mesmo a gente se conhecendo esse tempo todo?"

Amanhã, outro diaWhere stories live. Discover now