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Pitel apenas assentiu e se levantou, permitindo que Fernanda a conduzisse até as escadas do corredor e para o quarto dela, as mãos das duas ligadas como ímãs. Pitel sentou-se imediatamente na cama de Fernanda, observando-a enquanto ela andava de um lado para o outro no quarto.

"Não tô gostando disso, não." Fernanda finalmente disse, sua voz baixa e tensa.

"Eu sei," Pitel respondeu calmamente, recostando-se nas mãos e apenas acompanhando Fernanda com os olhos.

"Digo... não é como se eu quisesse ser exemplo para ninguém," Fernanda continuou, franzindo o cenho. "Não escolhemos ser famosas nessa proporção, sabe?"

"Eu sei," Pitel respondeu, assentindo, mesmo sabendo que não era uma pergunta em si. Ela sabia que Fernanda precisava desabafar, então apenas a escutou. Fernanda começou a roer as unhas enquanto andava de um lado para o outro, um antigo hábito nervoso que ela só exibia quando estava realmente estressada.

Da cama, Pitel estendeu a mão e segurou as mãos de Fernanda para detê-la, apertando sua mão direita e segurando sua esquerda, que ainda estava machucada. "Mas isso não te impediu de se tornar meu exemplo."

Fernanda parou imediatamente e a encarou, as sobrancelhas lentamente subindo na testa.

"O quê?" ela perguntou simplesmente, um sorriso cético surgindo em seus lábios. Pitel riu e olhou para baixo para suas mãos agora juntas.

"Eu fiquei muito mais corajosa desde que te conheci, Nanda" ela disse baixinho. "Você me ensinou isso. Você me ensinou a ter confiança e a me impor e a não me importar com o que os outros pensam de mim sobre o que faço ou deixo de fazer."

"Então por que você acha que devemos ficar bajulando a imprensa assim?" Fernanda suspirou, inclinando-se e entrelaçando os dedos de forma distraída.

"Porque essa série é importante," Pitel respondeu com um encolher de ombros, fazendo Fernanda revirar os olhos. Pitel apertou sua mão direita novamente e riu. "É sim, quer você queira ou não. Tivemos muita sorte, com nossos pais nos apoiando. Eu sei que levou um tempo para seu pai aceitar quando você saiu do armário, mas ele mudou de ideia e tem estado ao seu lado desde então." Fernanda suspirou e olhou para longe, seu olhar se perdendo pela janela.

Pitel apenas a observou, sorrindo. "Acho que podemos retribuir o favor."

Fernanda ficou em silêncio por um longo tempo e Pitel praticamente podia ouvi-la pensar. Seus dedos se mexiam enquanto ela refletia, mas Pitel apenas os segurava firmemente.

"Tá bem," Fernanda finalmente disse. Ela voltou seu olhar para os olhos de Pitel, oferecendo-lhe um pequeno sorriso. "Eu vou fazer isso. Mas eu tenho algumas condições."

"Sim senhora." Pitel disse em um tom que imitava um soldado cumprindo ordens.

Fernanda revirou os olhos, mas não pôde conter o sorriso que o tom brincalhão de Pitel trouxe ao seu rosto.

"Precisamos ser honestas uma com a outra, sempre" ela disse firmemente. "Se eles quiserem que façamos alguma coisa que deixe qualquer uma de nós desconfortável, nós não vamos fazer. Tá me entendendo?"

"Lógico," Pitel respondeu seriamente.

"E quando tudo isso acabar, voltamos ao que éramos antes," Fernanda continuou, seu tom suavizando. Ela olhou para baixo para os pés, a voz diminuindo. "Não posso te perder como amiga, Pitel. Não vamos deixar que isso nos mude, tá bem?", ela terminou em um fio de voz.

Pitel teve que conscientemente se lembrar de respirar. Fernanda geralmente não era a pessoa que dizia coisas assim. Mesmo com Pitel, havia limites para o quanto ela se abriria.

Amanhã, outro diaWhere stories live. Discover now