Amor Maluco

By alicejfsilva

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Apesar de crescer com a fama, Malu sempre procurou levar uma vida tranquila, morando em Hills City, uma peque... More

Aviso
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Parte 2 - Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Bônus Mike
Capítulo 91
Capítulo 92
Capitulo 93
Capítulo 94
Parte 3 - Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99
Capítulo 100
Capítulo 101
Capítulo 102
Capítulo 103
Capítulo 104
Capítulo 105
Capítulo 106
Capítulo 107
Capítulo 108
Capítulo 109
Capítulo 110
Capítulo 111
Capítulo 112
Capítulo 113
Capítulo 114
Capítulo 115
Capítulo 116
Capítulo 117
Capítulo 118
Capítulo 119
Capítulo 120
Capítulo 121
Capítulo 122
Capítulo 123
Capítulo 125
Capítulo 126
Capítulo 127
Capítulo 128
Capítulo 129
Capítulo 130
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 124

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By alicejfsilva




- É uma pena que você já tenha que ir – mamãe diz, tocando meu braço.

- Eu sei, só voltei pela urgência da situação e acredito que não conseguirei mais voltar no mês seguinte, como previsto.

Como Mike está indo passar às férias dele comigo, é provável que logo na sequência eu dê retorno ao futebol, meu período de recuperação está se aproximando do fim, ainda bem.

- Por que Mike vai com você? – Pete questiona.

- Sim, exatamente por isso.

Peter contorce os lábios levemente franzidos. Ele queria muito que eu retornasse o quanto antes, mas tenho certeza que vai compreender.

- Então está perdoada. O padrinho realmente está mal, faça ele voltar ao normal.

- Claro, querido. – Sorrio pelo seu pedido. – É uma fase complicada, sabe disso.

- E quando vocês vão?

- Não sei, Mike precisa resolver algumas coisas antes.

Peter assente, sentando ao lado do nosso pai no sofá. Gabriel o envolve pelos ombros, sabendo que seu caçula ficou um tanto lúgubre com a notícia que acaba de receber. Odeio ser a emissora de novidades negativas.

Troco um olhar com minha mãe, ela parece compreensiva. Sei que se tem alguém que entende perfeitamente pelo o que estou passando, esse alguém é ela. Isabella Bullworty precisou abrir mão de muitas coisas por conta da sua carreira, isso envolve amigos e família, mesmo que agora esteja tudo nos eixos. Johnny e eu aprendemos com ela que distância não modifica nada, agora é a vez de Peter aprender isso.

- O que acha de ir para lá em algum final de semana? Você e a Sierra podem ir quando quiserem, sabem disso. Ou mesmo nas férias podem ir.

Olho brevemente para à ruivinha calada perto das escadas. Sierra veio para cá assim que lhe mandei mensagem dizendo que estava de passagem.

- Posso? – Lança um olhar pidão para nossos pais, que se comunicam em silêncio.

- Pode, mas agora somente Malu e Mike. Acredito que tenham muitos assuntos para tratarem – mamãe responde.

- Quando forem, pode confirmar com seus pais, Sierra? Se quiser, posso entrar em contato com eles.

- Não, não será necessário. Minha mãe vai deixar, ela confia em você.

- Tem certeza? Posso ir até...

- Não! Não é uma boa ideia, se preocupe apenas com Mike agora.

Ela junta as mãos na frente do corpo, o oscilando para a frente e para trás entre a ponta dos pés e calcanhares. Sierra sempre parece entrar na defensiva quando sua família ou residência são mencionados por mim. Será que sente vergonha de onde mora por eu ser quem sou? Seria uma grande bobagem, mas entendo seu lado. Se eu tivesse um contato direto mais frequente com essa garota, eu já teria dado um jeito de resolver esse problema. Tenho certo receio de ser invasiva, mas também poderia ajudá-la dependendo da situação.

Mesmo que Sierra diga que sua mãe deixará, apenas por precaução eu irei confirmar ao ligar para ela. Tenho o contato de sua responsável, mesmo que não a conheça pessoalmente nós já nos falamos algumas vezes.

- De qualquer forma, vamos nos ver novamente no meu aniversário, certo?

- Vai mesmo fazer festa?

- Sim, vai ser logo ao fim da minha recuperação, então vou fechar o ciclo com chave de ouro.

- Conhecemos suas festas, seja mais discreta agora. A mídia está de marcação cerrada pra cima de você – papai avisa.

- E quando não estão? – Aponto, recuando de costas alguns passos para pegar meu celular que acaba de apitar.

É uma mensagem de Mike, que diz apenas uma palavra: "sacada".

Volto minha atenção para Peter e Sierra, que agora se juntaram e estão distraídos olhando algo no celular. Meus pais já me observavam, por isso não dizem nada quando eu aponto para o andar de cima ao pedir licença.

- Antes, posso falar com você, filha? – Mamãe pede, apontando para o corredor.

- Hm, claro.

Sigo ela para fora da sala, curiosa com sua discrição e ansiosa para saber qual o desfecho que Mike me traz.

Mamãe entra no seu escritório, ao passo que eu paro na porta e a observo contornar sua mesa e pegar algo na gaveta, não consigo ver o que é.

- Sabe que esta viagem pode decidir algo, né?

- Sei.

- Consigo ver que o ama da sua forma, mas na mesma intensidade que eu amei e amo seu pai.

Olho para baixo, assentindo com certo misto de sentimentos. Sempre vi o amor dos meus pais como minha maior meta de relacionamento, e agora ouvir mamãe dizer isso como se tudo o que sinto por Mike fosse completamente transparente, como o que ela sente por papai, me choca bastante. Tenho outra forma de pensar agora, sei que não preciso de uma relação incrível como a deles quando posso ter a minha própria. Por mais que eu seja filha deles, minha forma de amar não é igual. Um amor como o deles é inalcançável para mim, mas não por causa de sentimentos e sim porque cada um tem o seu jeito. Eu tenho o meu. O amor tem que ser autêntico, puro e natural. Existem diferentes formas de amar e isso é tudo. Admiro a história deles, só não preciso reproduzi-la.

- Encontrei isto no seu quarto há alguns anos, resolvi guardar para te entregar quando achasse prudente. Penso que agora é um bom momento.

Ela contorna à mesa, se aproximando de mim segurando o que quer que seja em seu punho fechado.

- Pensei que pudesse ter algum valor, não sei. Preferi não jogar fora.

Ela segura em meu pulso e vira a palma da minha mão, abrindo seu punho sobre ela. Sinto o objeto metálico entrar em contato com minha pele, até ver com meus próprios olhos a aliança de compromisso que Mike me deu enquanto namorávamos. Eu não sabia aonde havia deixado, pensei que tivesse perdido para sempre.

Com a ponta do dedo encosto nas letras grafadas no interior da prata ainda reluzente. "Mike. M&M" e a data em que oficializamos tudo. Faz tantos anos, chega ser doloroso relembrar uma época que foi tão boa.

Em uma atitude natural, deslizo o anel pelo meu dedo anelar direito, surpresa com o fato de ainda encaixar perfeitamente. É como uma forma de provar que aquilo realmente existiu, parece surreal.

- Obrigada... – murmuro distraída analisando a aliança carregada de memórias.

- Tudo no seu devido tempo, meu amor. Não se desespere, se tiver que acontecer vai. – Ela aperta meu queixo com seu indicador e polegar, me fazendo sorrir ao abraçá-la. – Eu amo você, saiba que sempre será minha garotinha.

- Eu te amo, mãe.

- Agora vai logo falar com Mike antes que ele durma de tanto esperar. – Balanço a cabeça, despertando meus sentidos.

Subo depressa, ansiosa para saber quais noticias Mike está trazendo. Ele foi se encontrar com Forbes faz pouco mais de três horas e não havia dado sinal de vida, até agora, O que significa que o assunto rendeu ou ele passou em algum outro lugar também.

Antes de seguir, paro no meu quarto para tirar a aliança, não acho que seja uma boa ele ver ela agora.

Empurro às cortinas para ver o rosto de Mike do outro lado, na sacada do seu quarto. Ele ainda está usando as mesmas roupas que estava antes de sair, o que me parece que chegou agora e já buscou falar comigo.

- É esquisito usar nosso método de comunicação antigo quando não somos mais os mesmos – comento, me aconchegando no parapeito.

- Acho que nenhum de nós se manteve os mesmos do passado. Inclusive Tommy Forbes.

Ergo minhas sobrancelhas, buscando pescar alguma coisa através da sua frase. Ok, a conversa realmente parece ter servido para algo.

- Por que diz isso?

- É só uma opinião. Consigo perceber. Você não?

- Bem, mais ou menos. Ele tá diferente, claro, mas ainda acho que carrega aquela áurea sombria do passado.

- Isso sempre. Mas, mais do que isso, ele realmente mudou em algo.

- Digamos que ele amadureceu. Não é mais um adolescente cursando o ensino médio e ex namorado cheio de remorso buscando se provar melhor através do futebol.

- Algo assim.

Espremo meus olhos em sua direção, sabendo que ele pretendia chegar em outro lugar mas parece ter desistido.

- E como foi lá?

- Digamos que bem.

- Então ele aceitou?

- Não.

- E isso não seria ruim? – Apoio minhas mãos abertas no parapeito, sabendo que nossos planos acabam de ruir. – A menos que você ache o Mason uma melhor solução.

- Definitivamente não, Malu. Só que eu descobri que Tommy foi feito para aquela empresa, acredita?

- Acho que não estou te acompanhando.

- No fim, você tinha razão: ele foi a melhor alternativa.

- Mas você acabou de dizer que ele...

- Lourdes era uma malandra disfarçada. Resumindo: Ela fez Tommy acreditar que seria o dono da empresa e seria mesmo, até eu entrar na história. O ponto é que ela me deu tudo, mas provavelmente esperava que trabalhássemos juntos, como uma forma de nos aproximar. Como você pretendia me aproximar do meu irmão anos atrás, até descobrir que era o Tommy.

- Cada dia ela me surpreende mais, mesmo depois de morta.

- Afinal, parece que ela absorveu um pouco do lado calculista dos Stewart após anos de convivência.

Ela não devia saber sobre o passado conturbado entre os netos e eu. Ou sabia? Não tenho mais certeza de nada quando o assunto é ela. Será que ainda tem como nos surpreender com mais alguma traquinagem vinda dela? Eu não ficaria surpresa. Lourdes era uma mulher boa, mas com uma grande imaginação engenhosa. Aonde já se viu entregar cinquenta por cento das suas coisas para alguém que não tem o menor conhecimento sobre o assunto? Se bem que a maioria das coisas deixadas para o Mike são propriedades ou dinheiro em si, o único problema maior é a fonte principal: a empresa. O que ele sabe sobre isso?

- Como vocês chegaram nessa conclusão?

- Discutimos, pra variar, mas consegui controlar a conversa e chegar em algum lugar. Não foi muito legal o que ela fez, por mais que tenha sido por uma boa causa. Tommy realmente merecia a empresa, Malu, de verdade, sabe que não gosto dele. Mas ele se esforçou para isso.

- Entendo, então você vai passar ela para ele?

- Tommy não quis.

- Como é?! – Arregalo os olhos. – Estamos falando da mesma pessoa, né?

- Pois é. Também não esperava sua recusa, sabe como ele é.

Não consigo imaginar o Tommy Forbes ganancioso e ambicioso que conheço agindo dessa forma, recusando uma ótima fonte de renda para o resto da sua vida. Alguma coisa está fora do lugar, algum motivo muito bom foi maior que sua sede por poder e achei que isso fosse inexistente.

- E aí?

- Posso dizer que chegamos em um acordo e nos tornamos sócios. Ele aceitou cuidar da empresa, mas por tempo determinado. Eu vou precisar aprender na marra ou encontrar alguém para ficar em seu lugar, eventualmente. Mas espero que consiga manter ele lá.

- Que bizarro, cara. Ele não disse porque recusou?

- Disse que foi porque ela quis assim e não ia mudar sua vontade, mas desconfio que exista um motivo maior que não revelou.

- Isso que me preocupa. Mas por ora temos um problema resolvido.

- Parece que sim.

- Já falou com sua mãe sobre tudo?

- Já, ela surtou com a herança de Lourdes. Quase me fez querer devolver tudo, mas eu argumentei sobre o desejo dela e enfim... Eu não preciso de todo esse dinheiro, vou encontrar formas de contribuir para a sociedade, crianças e hospitais, principalmente.

Tenho vontade de beijá-lo por sua atitude altruísta, esse homem ainda vai me matar de orgulho algum dia. É realmente a melhor coisa que poderia fazer com todo o seu dinheiro, ao invés de guardar para ele quer compartilhar com quem precisa.

- Instituto M.B. vai ficar feliz em te receber no grupo.

- E eu também.

Entrelaço meus dedos diante de mim, sem saber o que fazer com as mãos. É delicado conversar com o Mike neste período de luto, nunca havia visto este lado dele e sei que também lhe é uma novidade. Ele é inconstante, não sei o que esperar desta falta de humor, é algo atípico dele e que nunca achei que fosse vivenciar, é o completo oposto da personalidade expressiva e simpática que conheço. Tenho medo de dizer algo errado e afastá-lo ainda mais do que já se afastou sozinho. Preciso aprender lidar com esse lado dele.

Acho que se eu parar para pensar e analisar bem, este Mike me lembra o Mike de dez anos que eu conheci. A diferença é que eu tinha seis anos e não tinha noção dos meus atos, não existia um medo que me prendia de fazer o que me dava na telha. O medo é muito mais que um sentimento ruim, é algo que te impede de fazer o que deseja, mesmo que seja a coisa certa; é como uma válvula que é acionada sem o nosso consentimento, quando algo nos magoou e fez com que ela fosse ativada naturalmente, é uma forma espontânea de autopreservação. Não só eu estou sentindo isso, como o próprio Mike. Ele já sentiu a dor da perda antes, mas de uma forma diferente do que é agora, só que o interior dele está assemelhando o sentimento, o fazendo acionar sua válvula automática. Agora eu preciso encontrar uma forma de destravá-la, como fiz aos seis de idade. Espero que essas férias sejam tempo suficiente para isso.

- O que mais precisa resolver? – Pergunto, desde ontem Mike está correndo atrás de tudo o que precisa deixar nos eixos enquanto estará fora.

- Acho que já está tudo certo. E, o que quer que tenha restado, pode esperar algumas semanas.

- Isso quer dizer que podemos ir quando quisermos?

- Isso quer dizer que podemos ir quando quisermos.

***

Meu jatinho particular pousou exatamente às três da madrugada em Manchester, o horário que achei mais adequado para evitar grandes aglomerações. Não acho que seria uma boa forma de começar a apresentação do estado para Mike, com inúmeros fãs e repórteres nos cercando e fazendo perguntas.

É maravilhoso poder passar pelos portões de desembarque como uma pessoa aleatória, com o aeroporto quase deserto.

- Te apresento a terra que realiza sonhos. – Estendo meu braço para o horizonte assim que chegamos no lado de fora.

Mike olha em volta, mesmo com o negrume da madrugada fria nos poupando da vista maravilhosa que a cidade nos proporciona na alvorada, ainda assim parece belo e agradável, nos apresentando outra realidade. Eu já estou acostumada com isso, outros lugares e novas culturas, mas Mike não; ele sempre esteve preso ao mundo de Hills, não que seja um lugar ruim, mas perdeu seu lugar de belo para aclimado.

Apesar de tudo, senti um ar diferente em Mike no segundo em que entramos no avião. Ele parecia quase fascinado com o fato de estarmos voando em um jato particular meu. De repente voltamos a ser aquelas crianças de seis e dez anos que não tinham noção do que o futuro reservava para elas. Me senti nostálgica no segundo em que nos sentamos no avião, não foi preciso nada ser dito apenas sentimos.

- Vou te apresentar todos os lugares que quiser. – Aponto para o carro preto estacionado no meio fio. – Vem, é o nosso.

Roger me recebe com um sorriso esquisito, atípico dele. Sei que se estivesse sozinha ele me perguntaria o que aconteceu que me fez correr para viajar.

- E aí, cara. Tudo bem? – digo após Mike bater a porta do carro. – Roger, este é o Mike. Mike, esse é o Roger.

- É um prazer – Mike responde, automático.

- Então esse é o famoso Mike, é uma honra – Roger brinca, parece bem humorado, o que é raro. – Espero que esteja pronto para vivenciar a loucura que é a vida desta mulher.

- Acho que já tenho uma noção. – Mike olha para mim de soslaio, retribuo buscando sua mão e entrelaçando nossos dedos.

- Desculpa te acordar para isso, Roger. Agradeço muito por ter vindo.

- Estava sentindo falta de te dar broncas.

- Não precisa se fazer de dócil na frente do Mike, ele conhece suas histórias.

É bom rever ele, me lembra o que é minha vida atual e Mike equilibra com a vida que tive, acho que é a junção que mais almejei.

Roger foi uma das pessoas que mais me ajudou quando vim parar aqui, mesmo que ele tenha sido enviado por meu pai, o que me causou certa relutância inicialmente. Nos desentendemos muito, mas sei que se não fosse ele eu estaria perdida com minha carreira. Roger, além de meu gestor, se tornou uma espécie de conselheiro, ele tem idade e experiência o suficiente. Nunca fomos grandes amigos, mas é uma relação positiva.

- Vai precisar de Bruce a partir de amanhã?

- Não, damos conta sozinhos.

- Quem é Bruce? – Mike pergunta.

- Meu segurança. Estou de férias, Roger.

- É? E quem te deu elas?

- Eu me dei férias.

- Bem que você gostaria, menina. Precisa concluir os eventos que adiou com as palestras da escola.

- Eu tinha me esquecido completamente... Faltam duas, certo? Depois disso não estou agendando mais nada.

- Entrevistas?

- Somente se for necessário. Mês que vem a rotina volta, quero aproveitar esses últimos dias. Consegue?

- Vamos ver, farei o possível.

O assunto se dá por encerrado, estamos todos muito cansados. Mike e eu pela viagem e Roger porque certamente estava dormindo antes de estar aqui.

Coloco meu queixo no ombro esquerdo de Mike, deixando um beijinho em seu maxilar que parece o arrepiar, sorrio um pouco. Ele se vira para me encarar, fazendo o possível para forçar um sorriso. Não quero que retribua, quero que fique bem. Acaricio seu rosto, fazendo com que ele se incline para deixar um beijo casto em meus lábios e em seguida deita sua cabeça apoiando na minha.

Consigo ver quando Roger olha para mim através do retrovisor, consentindo com um aceno feliz. Deve ser estranho para ele me ver assim com alguém depois de ter me visto na minha movimentada fase solteira magoada. Mike não parece ter notado nossa comunicação não verbal, parece distraído olhando nossas mãos juntas.

O trajeto é silencioso e tranquilo, gosto de saber que estou de volta com o Mike ao meu lado. Tenho medo de me acostumar com essa ideia, não posso.

Mike parece desperto e atento em cada detalhe no segundo em que o carro adentra o condomínio de residências e prédios de luxo no qual moro. Acho que só esse pedaço dos condomínios tem o tamanho de Hills. É um lugar agradável aos olhos, sempre tive a sensação de solidão aqui, mas não a sinto agora como estou acostumada.

Me despeço de Roger com um agradecimento enorme, ajudando Mike com as malas que trouxemos.

- Ok, acho que estou em um filme.

Dou risada, empurrando a porta de entrada do prédio.

- É um tanto exagerado, eu sei. Mas é seguro.

- É o que importa.

Somos recepcionados pelo hall primário, com seu teto de vidro e a pseudo cachoeira como maiores destaques. Estou aclimada com isso, mas é nítido pela expressão de Mike o quanto está fascinado.

- Olá, Phill! – Cumprimento o porteiro assim que entro na recepção.

Phill estica o pescoço por trás do balcão de mármore ao escutar o cumprimento, demonstrando surpresa e felicidade ao me ver enquanto libera nossa entrada.

- Bem-vinda de volta, menina Malu! É bom te ver. Olá, rapaz. Bem-vindo.

- Olá. Obrigado.

- Até mais, Phill. – Aceno ao entrar no elevador, sorrindo. Teclo o botão que dá para a cobertura.

Espero até as portas se fecharem para me voltar para Mike, sem receio de demonstrar minha animação. Ele estava ocupada observando todos os detalhes dourados do elevador, decorado com arabescos prateados na parte inferior.

- Pensei que estávamos indo para sua casa e não para o palácio da rainha.

- Bobão. – Empurro seu ombro.

Deixo Mike absorver os detalhes que quiser, precisando o puxar para fora do elevador quando chegamos ao último andar. Aproximo minha mão do scanner que destranca a porta. Além de mim, Bruce, Marie Elizabeth, e Roger são os únicos que conseguem entrar aqui.

- Ok, acho que está caindo a ficha de que você é podre de rica.

- Supondo que agora você também não seja. – Giro a maçaneta, dando espaço para Mike entrar primeiro. Fisgo meu lábio inferior quando assisto sua expressão de incredulidade aumentar ao entrar na minha cobertura. – Bom... é isso.

Mike deixa a mala no canto, adentrando mais na sala luxuosa. Não é um lugar muito decorado, como ele já havia reparado em uma vídeo chamada, mas não deixa de ser bonito e... meu.

- Uau, nunca achei que fosse ver um desses pessoalmente. – Ele aponta para minha prateleira de troféus de diversos campeonatos, mas acho que está se referindo ao que recebi na copa como melhor artilheira. – Você é fantástica.

Ele para diante de um quadro com meu atual time, Manchester United, na foto de cima estamos todas enfileiradas e uniformizadas – prontas para uma final de campeonato – e na outra estamos todas curtindo em um barzinho.

Observo ele passar para a outra ponta da estante, indo até uma foto com minha família, outra somente minha em uma apresentação de ballet e logo ao lado está outra com ele que foi tirada no dia da festa de Carlos Eduardo. Todas essas fotos foram colocadas na semana passada.

- É pouco, mas é uma boa definição do que o furacão Malu Bullworty é.

Ele dá uma volta completa pela sala, curioso. Acho que pelo menos consegui fazer Mike se interessar por algo momentaneamente. Parece muito interessado em conhecer o espaço em que vivo. Ainda não viu nada, espero conseguir apresentar tudo para ele, o que gosto e desgosto.

- Não quis perder muito tempo decorando, você sabe, eu estava em uma fase emocional complicada e não tinha o menor interesse em nada, mas é o que posso apresentar. Então... Bem-vindo ao meu mundo, o mundo de Malu Bullworty. É um pouco de mais, eu sei... mas é meu.


E aí, meus amores! Como estão? Passando aqui pra entregar o último capítulo do ano e desejar um ótimo Ano Novo para todos vocês, que 2021 traga o que 2020 não trouxe: nossa vacina, haha. Obrigada por melhorarem meu ano e espero contar com vocês nos que estão por vir.

Estou tentando preparar uma maratona pra vocês, nada prometido, mas farei o possível para entregar estes últimos capítulos desta forma. Meu desejo é encerrar Amor Maluco no capítulo 130 e encerrar como ANEOP, com um epílogo e outro bônus.

Feliz Ano Novo!

Beijos

Alice.

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