life afterlife

By gusulans

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"morte é morte e não há nada que possamos fazer quanto a isso. mas o que vem depois está em nossas mãos." uma... More

notas de tradução
notas do autor sallyhopewrites
prólogo
dead mail - parte 1
dead mail - parte 2
dead mail - parte 4
chance e destino - parte 1
chance e destino - parte 2
chance e destino - parte 3
chance e destino - parte 4
chance e destino - parte 5
chance e destino - parte 6
sob as estrelas corsicanas - parte 1
sob as estrelas corsicanas - parte 2
sob as estrelas corsicanas - parte 3
sob as estrelas corsicanas - parte 4
sob as estrelas corsicanas - parte 5
sob as estrelas corsicanas - parte 6
sob as estrelas corsicanas - parte 7
sob as estrelas corsicanas - parte 8
a vida após a morte - parte 1
a vida após a morte - parte 2
a vida após a morte - parte 3
a vida após a morte - parte 4
notas finais

dead mail - parte 3

305 43 26
By gusulans

Os invernos em Tóquio são frios e sem neve. A cidade mal recebe um ou dois dias de neve e isso por si só não dura mais do que alguns dias. Nos dias que nevam, é possível encontrar pessoas amontoadas em frente de um ponto ou numa pilha de branco e tirando fotos. Neve pingando, cheia de sujeira e lama, fazendo todos sorrirem.

Akaashi enfia suas mãos cobertas com luvas nos bolsos de seu casaco. Um gorro de lã é puxado para baixo em sua cabeça. Ele salta na ponta dos pés enquanto permanece na rua a espera de seu ônibus. Uma bolsa pendurada no seu ombro com uma pequena etiqueta com o nome perto da borda.

Akaashi Keiji. Piso 3. Profissional de Saúde.

Ele entrou no ônibus e dirigiu-se para casa.

Ele sente seu telefone vibrando, indicando uma mensagem do Kuroo.

Estou por perto, está livre?

Akaashi retratou subconscientemente como ele planejou passar a noite. Provavelmente rolar na cama enquanto assiste uma série entediante. Ou assistir de novo algum filme.

Não A Viagem (Cloud Atlas).

Ele concordou com o seu subconsciente. Qualquer coisa menos isso.

Ele respondeu Kuroo.

Claro, venha para cá.

Ele enviou, acrescentando outra mensagem.

Traz comida.

Quando ele guardou seu telefone e olhou para a janela, havia começado a nevar.

Akaashi inclinou a cabeça contra o vidro e suspirou, embaçando a janela.

Havia se passado um ano. Ele havia conseguido passar por esse um ano. O pensamento não o fez sentir muito.

Já se passaram meses desde aqueles incidentes assustadores. Akaashi classificou-as como falhas na realidade. Erros no sistema. Por um momento, ele viu a matriz antes dela se fechar à sua volta.

Quando chegou à sua parada, a neve já tinha começado a se recolher.

Perguntou ao segurança se havia cartas para ele, hábito que adquiriu nos últimos meses.

Ele foi saudado com a mesma resposta: um abanão de cabeça distraído.

Akaashi pegou as escadas ao invés do elevador.

Ele chegou ao quinto andar e congelou.

O chão estava coberto de neve. Uma trilha fina que vinha desde debaixo da sua porta até à janela.

A janela?

Ele se ajoelhou num local livre do crime e estudou os rastros.

Pegadas de patas na neve. Ele apostou num gato.

O que um gato está fazendo aqui? Por que havia neve para todos os lados?

Sons de alarme soaram-lhe na cabeça e ele correu para o apartamento.

O rastro continuou no interior, envolvendo todo o seu quarto com uma fina camada de neve.

As pegadas das patas pararam perto da sua cama. Ali, o pó foi limpo para formar uma frase.

Apenas três palavras.

PARE DE SOFRER.

Em sua cama estava sentada uma enorme coruja piscando para ele com olhos amarelos e delicados. Pequenas penas brancas tremiam com a brisa fria. Um laço vermelho localizado entre suas orelhas.

Um pedaço de papel prata estava amarrado ao seu tornozelo.

Mais uma vez, apenas duas palavras.

PARA VOCÊ.

Escrito pequeno por baixo: ✧(⁰⁰)◜✧

E atrás: ELE É O 'HOOT' (ˊᵕˋ)

Akaashi não sabia se deveria chorar de alegria ou de desânimo com a bagunça absoluta que o presente era.

Ele guardou todas as suas perguntas para mais tarde. Haverá tempo para elas. A neve precisa ir antes que derreta e se infiltre no chão abaixo.

Ele soltou um profundo, longo suspiro, jogando sua bolsa na mesa. O gorro e o casaco seguindo o mesmo caminho.

Ele se questionou se a vida teria sido assim se ele tivesse tido uma vida com Bokuto.

Então, ele começou a trabalhar.

Akaashi fez uma reverência grande para o segurança, pedindo desculpas várias vezes antes de pedir a vassoura comprida que ele estava de olho perto das caixas de correio. O homem reparou nos seus sapatos cobertos de neve, mas não comentou sobre eles. Ele acenou para o rapaz, dizendo que estava tudo bem desde que estivesse de volta amanhã.

Akaashi voou de volta para o seu apartamento e começou a varrer furiosamente.

Esquerda, direita, a vassoura balançava e balançava. Debaixo da mesa e debaixo da cama. Nuvens de neve sopravam por todo o lado. O seu quarto começou a assemelhar-se vagamente a um covil de drogas. Akaashi olhou pela janela para ver se a neve havia parado de cair, mas só se tornara mais forte.

Hoot, a coruja, o observava o tempo todo, inclinando a sua cabeça para acompanhar os seus movimentos. A certa altura, enquanto varria para trás da cama, virava completamente a cabeça.

Despreocupado.

"Por favor, não faça isso", disse Akaashi. "Porque não virar todo o seu corpo? Exercite-se um pouco".

O Hoot piscou com aqueles olhos dolorosamente familiares. Depois ajustou a sua postura para o enfrentar, batendo as suas gigantescas asas brancas como um galo zangado.

Uma pequena parte de Akaashi morreu só de pensar em ter de cuidar desta criatura daqui em diante. O que é que ele come? O que é que as corujas comem? Na sua cabeça ⎼ ratos, cobras, esquilos, sapos. Ele se imagina os trazendo para casa. Ratos nos seus bolsos, rãs debaixo do seu colarinho, cobras em volta do pescoço.

Desespero, desespero total.

Talvez ele não tenha que ficar com ele. Talvez Hoot voe para longe se o empurrar pela janela.

Então ele olha para suas garras e decide não tentar nada tão violento como empurrá-lo ainda.

Um balde meio cheio de neve estava na entrada do seu apartamento. Despojos de guerra. Quando voltou com a pá cheia de neve, a neve já tinha derretido, enchendo o balde até à borda com água.

Akaashi bufou e foi drená-la para o banho. Enquanto estava lá dentro, ele ouviu passos vindo do corredor.

Diminuíram e depois pararam.

A voz de Kuroo soou no silêncio.

"O que diabos aconteceu aqui?"

Akaashi apareceu do banheiro, suando por todo o lado durante o frio do inverno. Havia um pano no seu ombro, um em volta de sua cabeça, para rapidamente limpar a neve dos cantos das janelas. Ele checou o seu reflexo no espelho há pouco tempo. Ele parecia bastante assustador.

Ele não se surpreendeu quando Kuroo entrou em seu campo de visão e explodiu em risadas.

"Você parece a minha mãe durante a limpeza de primavera!"

Ele estava prestes a entrar no apartamento quando foi imediatamente parado por Akaashi com um dos pés batendo no chão e com a sua vassoura.

"Irei limpar primeiro", diz ele, ameaçadoramente. "Depois você entra. Agora sente-se lá fora".

Kuroo entrou na sala, o pacote de comida balançando na sua mão. Ele começou com uma voz mansa: "Eu posso me sentar na c-".

"Fora".

O rapaz resmunga e obedece, deslizando pela parede como um lagarto abatido. Ele se ofereceu para ajudar em certo ponto, apenas para ser advertido para ficar onde estava.

Três baldes mais tarde, Akaashi permaneceu na entrada, mãos na cintura, positivamente radiante. A vassoura foi devolvida e tudo estava certo com o mundo novamente.

Kuroo olhou para a sua expressão e recuou.

"Cara, você está me assustando."

"Ainda bem", diz Akaashi. "Entra".

Quando Kuroo entrou no quarto, ele compreendeu porque não podia ter esperado na cama.

"Isso é...?"

"Sim".

"Huh."

O rapaz mais velho permaneceu de pé, claramente inseguro de onde se sentar agora que o seu poleiro foi sabotado. Akaashi estava ao seu lado, olhando para Hoot bicando as suas penas.

"Há alguma história por trás dele ou você apenas o encontrou aqui sentado com um laço na cabeça?" perguntou Kuroo.

"Bokuto", diz Akaashi, simplesmente.

Kuroo estava calado há tanto tempo que ele se perguntou se o seu amigo não tinha ouvido. Ele se recusava a quebrar o silêncio. Ele esperou que o rapaz processasse a informação, dando todo o tempo que ele precisava.

Quando Kuroo finalmente falou, ele soou frágil.

"Bokuto?"

"Bokuto," Akaashi repetiu.

Kuroo exalou. A respiração agitando todo o seu corpo. Ele foi até a mesa e subiu em cima dela.

"Por favor, explique," ele disse.

Como resposta, Akaashi retirou os envelopes da gaveta.

Kuroo leu o conteúdo com uma concentração que ele normalmente reserva para qualquer coisa associada a Química. A cada segundo, sua  cabeça baixava ainda mais até ser enterrada no cachecol vermelho enrolado à volta do seu pescoço. Também havia listras vermelhas em seu casado de couro. Sempre combinando subliminarmente os seus trajes.

Ao terminar, ele encarou Akaashi com olhos ilegíveis.

"Isto é uma piada?"

Akaashi cruzou os braços. "Parece ser, não é? Eu pensei que você estava brincando comigo. Como você está pensando que estou brincando com você."

Kuroo atrapalhou-se com suas mãos. "Mas isso significa... Bokuto..." Um olhar perdido tomou conta de seus olhos escuros. "Ele está aqui conosco? Agora mesmo?"

Akaashi pegou Hoot olhando entre os dois rapazes com interesse. "Eu não tenho certeza," ele disse. "Eu  acho que é preciso muito esforço para falar com a gente de... qualquer lugar que ele esteja."

"Qualquer lugar que ele esteja," Repetiu Kuroo.

"É."

Kuroo caiu em outro de seus estupores silenciosos, mas desta vez havia um sorriso nos seus lábios.

"Pelo menos ele está em algum lugar," ele disse. "Estou feliz."

Ele olha para Hoot e acena para ele.

Akaashi pensou que o pássaro não o obedeceria, ele provou estar errado quando não só voou para sentar nos braços de Kuroo, mas também encostou contra sua bochecha.

Kuroo vibrou em gargalhadas enquanto removia o laço. "Aquele bastardo," ele falou. "Ele realmente conseguiu desafiar a morte."

"Você acredita mesmo nisso, Kuroo-san?"

Alguma coisa em sua voz o fez olhar para o rapaz.

Akaashi se sentou na cama, sua postura caída. Ele parecia exausto, e a exaustão era mais profunda do que varrer a neve durante a última hora. Ele parece com o Atlas, tentando carregar o mundo em seus ombros.

E ele está falhando.

Kuroo abriu seus braços para ele. Akaashi fez uma pausa antes de aceitar o abraço.

Era muito quente, mas ele não iria quebrar o contato mesmo que um terremoto ocorresse agora. Não há substituto para uma pessoa que se preocupa verdadeiramente com você. Akaashi descansou sua cabeça no ombro e sentiu os olhos amarelos o observando pelo outro ombro. Ele olhou para Hoot e sorriu.

A coruja inclinou a cabeça no ângulo certo que apaga quase todas as diferenças entre ela e Bokuto.

Um soluço feio destroçou de seu peito e ele se virou para o lado.

É como as gargalhadas que se apoderaram dele quando recebeu a última carta. Uma vez que este aguaceiro começa, são difíceis de conter.

A mão à sua volta se apertou como se estivesse tentando o seu melhor para o manter de pé. Ou tentar manter ambos em pé.

Akaashi não sabe por quanto tempo ele chorou. Quando ele olhou para fora da janela, o crepúsculo já havia caído.

O relógio da cabeceira apitou sete vezes, e tal como o relógio, o aspirante a violinista começou a praticar.

Algo resplandeceu em sua visão periférica. Akaashi inclinou-se para vislumbrar, quase derrubando Kuroo. Hoot fez um alto barulho — o primeiro som feito por ele — e retornou de volta para a cama.

Vênus estava visível naquela noite. E além disso, brilhava uma única estrela solitária no céu.

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