dead mail - parte 2

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As cartas começaram a chegar um mês depois.

Akaashi nunca precisou verificar sua caixa de correio antes, então ele recebeu a primeira pelo segurança.

Um envelope grosso e branco que cabia na palma de sua mão. Decorado na sua parte de trás com a silhueta de uma coruja e o contorno de uma lua crescente atrás dela. Não havia endereço de retorno em lado algum para ser visto.

Akaashi franziu a testa e a guardou no bolso.

Uma vez em seu apartamento, ele pegou uma faca e a cortou para abrir.

Seis pedaços de papéis, dobrados em pequenas formas quadrangulares, se agitavam na cama.

Akaashi os estudou. Eles pareciam grãos de açúcar.

Ele desdobrou um deles e leu.

Não tinha muito o que ler. Apenas uma única palavra.

RISADA.

Akaashi piscou à palavra. Ele estava confuso, mas a confusão estava acompanhada por outra coisa, algo que ele se surpreendeu de encontrar.

Raiva. Dirigido à palavra solitária sobre o branco. Como se, de alguma forma, o tivesse ofendido pessoalmente.

Ele engoliu aquela sensação. Tinha um sabor amargo à medida que retornava às suas profundezas.

O próximo pedaço continha a palavra MÚSICA. Os quatro restantes: LIVROS, ARTE, TEMPO, e ESTRELAS.

Akaashi olhava fixamente para os pedaços desdobrados sem saber o que fazer com eles. As palavras não pertenciam aqui, não realmente. Caixa sabia o que elas significavam, claro, mas não o quanto elas poderiam significar para alguém. Elas não significavam muito para Akaashi. Havia uma prateleira de livros esquecida num canto do seu quarto. Alguns velhos vinis de rock coletando poeira debaixo da cama. Uma gravura de arte impressionista que ele comprou à venda porque combinava com o azul das suas paredes. E quanto ao tempo e as estrelas...

Akaashi foi até a varanda e levantou o seu pescoço para vislumbrar o céu. Apenas o vazio escuro era visível. Não havia estrelas à vista.

O que ele estava fazendo afinal de contas, inclinando-se sobre varandas? Para que? Por uma carta anônima?

Akaashi recolheu os pedaços e os jogou na lixeira. O envelope quase teve o mesmo destino, mas ele mudou de ideia no último minuto. Era bem bonito, ele concluiu. A coruja com a lua acabou, em vez disso, no fundo de uma gaveta.

O dia seguinte era o que Bokuto chamava de "Dia Branco". Era como se as cores do mundo tivessem sido lavadas. Akaashi acordou encontrando Caixa revestida de névoa e sombras.  A camisa estava colada às suas costas com suor. Estava quente e úmido.

Akaashi saiu da cama, grunhindo e murmurando, encontrando uma janela aberta.

Algo grande e emplumado o espancou na cara.

Ele soltou um gemido e caiu para trás.

Ele ouviu o bater das asas antes de a ver.

Akaashi piscou. Ele esfregou os seus olhos, depois olhou novamente para a figura em retirada.

Uma ... coruja?

Akaashi permaneceu paralisado perto da janela por um longo momento antes de voltar para a cama com dificuldade. Ele se perguntou se deveria fazer um exame para checar sua vista.

No seu caminho, ele escorregou em algo liso e caiu no chão.

Ele se deitou estupefato com os seus braços e pernas esticados para fora em todas as direções. Será que este vai ser um daqueles dias? Onde tudo é uma sequência ininterrupta de desastres?

life afterlifeWhere stories live. Discover now