PERPETUAL - MÁFIA KRAVT I Spi...

By lauvsanti

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Vitória é uma mulher decidida, brincalhona e sem um pingo de autopreservação. Estar no controle da sua própri... More

casting
soundtrack
prólogo
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bônus
série obscuros

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By lauvsanti

CAPÍTULO 02
VITÓRIA MOTTA

Sou arrastada pelos corredores de mármore escuro, posso escutar o barulho do contato da sola dos sapatos dos soldados que me escoltavam contra o mármore liso.

Eu tinha sido vestida, abre aspas, apresentavelmente para ir a um julgamento onde meu casamento seria de fato decidido.

Estremeço ao lembrar da água fria da mangueira de alta pressão que utilizaram para me banhar. O vestido vermelho chegava a perder o brilho com meu desanimo.

Não tinha saída nesse cenário. Eu estava sozinha de fato.

Grande tola.

Passo em frente a um enorme espelho e vejo que conseguiram cobrir bem as manchas em minha pele clara e ainda assim eu estava um trapo.

Vejo as portas duplas de madeira maciça ao fim do corredor serem abertas e posso escutar vozes alteradas vindo de lá de dentro.

Respiro fundo tentando juntar toda merda dentro de mim.

E assim que eu coloco meu pé dentro da imensa sala eu desabo.

Desabo ao ver minha mãe e meu pai de um lado da enorme mesa de madeira me encarando. Os olhos de minha mãe me estudando e a tristeza que se apossa de sua feição me quebra. Vejo Henrico próximo a Yerik e Alex logo ao lado do nosso pai.

Vejo do outro lado da mesa Gynnad, Kairo e Vladimir que tinham seus olhos grudados em mim. Eu podia sentir o julgamento se infiltrando em meus ossos.

Eu respirava fundo enquanto era empurrada para adentrar mais a sala e me obrigam a sentar na ponta da mesa.

Percebo que meu pai nem ao menos consegue manter seus olhos em mim por muito tempo.

É, acho que eu tinha alcançado o limite deles.

O silencio estava ensurdecedor, eu conseguia ouvir a batida do meu coração que parecia que estava prestes a explodir, minhas mãos suavam e eu tentava não hiperventilar e perder a cabeça.

Fecho os olhos e respiro fundo.

Seja forte Vitória, você foi forte sua vida inteira. Não preciso cair em desgraça agora, eu podia me tirar dessa.

Eu repetia mentalmente para mim, como um mantra.

- Ela enfim chegou. – Yerik fala em uma falsa animação.

Ele se aproxima de mim e eu vejo minha mãe se levantar e Alex a repreende e ela volta a se sentar.

Yerik segura meu rosto com força fazendo eu encarar minha família do outro lado da mesa.

- Pequeno pássaro. – Ele sussurra para que somente eu escute. – Agora eu te capturei de vez.

Yerik solta meu rosto e caminha para ficar atrás dos outros homens da sua máfia, inclusive meu noivo, que estavam concentrados demais no que acontecia.

- Yerik, o que achou dos meus termos? – Henrico fala sério e não me encara momento nenhum.

Eu sabia que estava sendo um fardo.

Mas porra, eu não tinha feito nada para merecer essa merda.

Ninguém acreditaria em mim de qualquer forma.

- Não seja um tolo, Henrico. – Yerik rosna olhando Henrico de cima para baixo. – Acha mesmo que eu irei deixa-la ir com você?

Engulo em seco.

- Acho que apresentamos bons negócios... – Henrico começa a falar e vejo Yerik ficar vermelho de raiva.

- PORRA! – Yerik grita com seu péssimo inglês. – Essa filha da puta tentou me matar. – Ele aponta para mim nervoso. – E em hipótese nenhuma ela sairá da Rússia.

Ele sentencia.

Mantenho minha cabeça baixa e quando decido olhar para minha mãe eu me arrependo. Ela me fitava preocupada e ao mesmo tempo nervosa e no meio de toda essa confusão o amor em seu olhar me quebra.

Eu sabia que se voltasse para Itália ela me daria uma surra e provavelmente me prenderia em casa por tempo indeterminado.

- Yerik, acho que não estamos indo pelo caminho certo aqui. – Meu pai fala sério. – Aquela mulher. – Ele aponta para mim. – É minha filha.

- É uma assassina. – Yerik ri assustadoramente. – E ninguém tenta me matar e sai impune. – Ele rosna irado. – Eu os chamei aqui para propor um acordo. – Ele volta a se sentar e encara Henrico.

- Estou escutando. – Henrico fala sério.

- Eu poupo a vida da sua filha. – Yerik encara meu pai. – Porque por muitos momentos eu só pensei em atirar na porra da cabeça dela... mas posso repensar isso. – Ele sorri. – Para isso, ele está fora. – Ele aponta Alex com a cabeça e todos ficamos perdidos.

- Como? – Alex pergunta perdido.

- Para sua irmã andar em meu território você está fora, Alex. – Yerik fala com um sorriso presunçoso. – E a ligação que teremos com a Itália será através de um matrimonio. – Ele continua falando e sinto tudo dentro de mim se revirar.

Só de ouvir novamente a palavra casamento eu sinto meus ossos doerem. Eu sabia que o pior me esperava.

E eu me vi preferindo a morte do que essa sentença.

Eu não era uma pessoa de desistir de mim, muito pelo contrário, eu sempre me levantava e seguia a minha vida independente do que os outros falassem.

Mas nesse momento eu me sentia fraca. Exposta.

- Vai se casar com minha filha? – Minha mãe pergunta pasma e astuta como é ela nega com a cabeça. – Não se casaria com uma mulher que tentou te matar, Yerik...

- Se ela for o elo entra as duas máfias eu então prometo não relar em um fio de cabelo dela. – Yerik ignora minha mãe e continua a falar. – Ela será nosso tratado de paz, Henrico. – Ele enfatiza.

- Com quem? – Henrico passa a mãos na testa pensativo. – Com quem ela se casaria?

- Vladimir. – Yerik chama e o homem parecendo entediado levanta a cabeça fitando Henrico. – Conheça a nova parte da sua família. – Yerik brincava com as palavras.

E eu estava cansada de ser a peça principal desse circo.

Me levanto abruptamente fazendo a cadeira em que eu estava sentada tombar no chão. Todos me encaram e eu pouco me importo.

De onde eu estava eu encaro Yerik que parece se divertir com toda a cena.

- Me mate! – Rosno baixo e ele parece não ter entendido muito bem.

Eu sabia que meus pais não falavam russo, então eu prefiro confidenciar isso a quem entendia a língua.

- Não ouse, pequeno pássaro. – Yerik fala com seu russo claro.

- Me mate! – Falo elevando o tom da minha voz e vejo meu irmão se levantar retesado.

- Vitória, chega! – Alex brada.

- AGORA! – Berro e vejo Yerik se levantar bufando de nervoso.

Yerik se levanta e saca sua arma caminhando decidido em minha direção, ele gruda o metal gelado em minha testa e eu vejo o controle se esvaindo dele.

Ele engatilha a arma e um grito rompe pela sala.

- NÃO! – A voz da minha mãe é como se fosse uma faca afiada sendo enfiada dentro do meu peito. – Pare, por favor. – E eu nunca tinha visto em toda minha vida Maria Julia implorar, por nada.

E ela estava implorando por mim.

Já sem controle de minhas emoções eu deixo as lagrimas saírem levando com elas toda a frustração e a raiva que eu estava sentindo.

Eu não queria fazer meus pais passarem por isso, nunca. E aqui estou eu, sendo um fardo mais uma vez.

Lembro de quando eu era pequena minha mãe falava para mim toda vez antes de eu dormir: "Você será uma grande mulher, Vitória."

Ela não podia estar mais enganada.

Yerik abaixa a arma e sorri de lado e se aproxima de mim astuto.

- Pequeno pássaro, tome cuidado... – Sua voz é ameaçadora. – Não está se casando comigo, mas ainda assim é minha.

Eu sabia que Yerik nunca se casaria comigo, e eu agradecia mentalmente por isso, os rumores do seu noivado rondavam todas as ruas da Rússia e me lembro de Alex falando que a mulher que ele se casaria era um pote de ouro para a situação que ele se encontrava.

E eu me perguntava a todo momento, que situação que Yerik se encontrava afinal?

- Vladimir... – Yerik fala sem tirar os olhos de mim. – Leve sua noiva para dar uma volta enquanto eu me resolvo com Henrico.

Vladimir tinha permanecido em silêncio, seu semblante fechado e olhos astutos estavam atentos a tudo que acontecia. E apesar do seu silêncio perante as coisas que Yerik falava, eu podia perceber que ele também não estava nada feliz com esse casamento.

Eu sabia que Vladimir tinha alguém antes de Yerik começar com esse circo todo. Eu não me lembrava do nome da mulher, mas eu sempre a via acompanhada dele.

Vladimir passa por mim e pede para eu segui-lo. Olho para meus pais que me fitam triste e a dor que isso me causa é irreparável.

Me viro e saio da sala e vejo Vladimir parado do lado de fora encostado na parede. Seus olhos me analisam meticulosamente e ele balança a cabeça parecendo cansado.

- Vamos. – Ele sentencia e sai andando.

Eu o sigo há alguns passos atrás, não queria conhecer mais desse homem, eu queria manter a maior distância possível.

- Por que? – Pergunto deixando minha curiosidade se sobressair.

Vladimir se vira para mim e eu me sinto sufocada naquele corredor estreito sozinha com ele.

- Por que está aceitando tudo isso? – Termino de perguntar.

- Não faço o que é melhor para mim, garota. – Seu tom mordaz me faz ter uma breve noção que ele provavelmente já me odeia.

- Pode acabar com isso. – Falo.

- Quer mesmo que Yerik te mate? Assim facilitaria para nós dois. – A frieza em sua voz me faz estremecer. – Mas acho que já percebeu que te matar nunca foi uma possibilidade, não seja tola.

Ele se vira de costas para mim e continua a andar. Ele entra em uma sala e eu o sigo receosa e percebo a presença de outro homem na sala.

O outro homem dos cabelos cor de mel e olhos azuis me fita desgosto e bufa irritado.

- Vejo que não conseguiu sair dessa merda de enrascada. – Ele fala apontando para mim.

E eu me permito falar irritada com tudo.

- Ele nem ao menos tentou. – Brado.

- O russo dela não é tão ruim. – O homem fala impressionado. – Coitada. Vai ser massacrada aqui dentro.

E eu tenho a leve lembrança de tê-lo visto quando eu estava sendo mantida presa, sim, ele estava ao lado de Vladimir aquele dia.

- Mikhail, não podemos perder o foco de tudo isso. – Vladimir se senta ao lado do irmão. – Sente-se, garota. – Ele fala me encarando.

Mikhail me analisa e eu não me mexo, eu queria sair correndo desse lugar.

- Mande se sentar. – Vladimir fala irritado e eu o encaro ainda mais irritada.

Eu era a vítima nisso tudo, eu não sabia o motivo de ele estar envolvido e para ser sincera não queria saber, eu só queria que tudo isso acabasse. E pelo jeito Vladimir também não queria esse casamento, então eu tinha que convencê-lo a acabar com tudo.

- Não quer esse casamento. – Falo irritada. – Você pode acabar com isso. – Falo rápido.

- Sente-se. – Vladimir rosna irado e se levanta.

- Vladimir, acabe com isso! – O meu tom de voz aumenta.

- Senta nessa merda de sofá. – Ele se aproxima de mim como um leão.

E eu me sento antes que ele chegue em mim.

- Já estou vendo que teremos que ser rápidos. – Mikhail fala parecendo se divertir. - Alias, porque ela está aqui?

- Yerik não a queria mais na reunião.

- Porra de homem egocêntrico. – Mikhail encara Vladimir preocupado. – Vai mesmo fazer isso?

Vladimir então me olha e abre um sorriso de lado que faz meu estomago se revirar.

- Com certeza. – Ele afirma sem pestanejar. – Não se brinca com um Vlasov, nem mesmo se esse alguém for Yerik. – O ódio em sua voz me faz engolir em seco.

E então eu vi que eu estava no meio de muita merda e a cada movimento meu eu me atolava mais.

Minha mente tentou achar diversas saídas no meio disso tudo e no fim de tudo eu sempre me via morta a única coisa que mudava no cenário era aquele que me mataria, mas eu acabava caída em uma vala sem vida.

Suspiro cansada.

Meu corpo estava dolorido, minha cabeça latejava e minha mente já não raciocinava direito.

No fundo por mais que eu quisesse que Henrico levantasse a mão para começar a guerra com a Rússia ao mesmo tempo eu sabia que nesse cenário eu sairia morta.

E para que começar uma guerra por alguém que já está morto, não é mesmo?

Um riso amargo escapa por minha garganta.

A única pessoa que sabia a verdade era eu e provavelmente somente eu acreditaria nela. Eu não tinha nada a ver com o atentado a Yerik e mesmo que isso fosse me levar a morte eu iria descobrir quem armou tudo isso e eu iria descobrir o motivo. 

Armaram para mim e eu nem ao menos sabia quem era o inimigo. 

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