O Protetor - Série case-se co...

By eusarahbosco

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Ele: Daniel McCain, um empresário de sucesso que comanda uma corporação gigantesca fundada e construída com c... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Epílogo

Capítulo 5

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By eusarahbosco

Por mais que quisesse se convencer de que não era obrigada a aceitar aquela proposta, Bárbara simplesmente não conseguia. Se fosse por ela mesma seria muito fácil dizer não, mas tinha em sua frente a oportunidade de realizar o sonho de sua família, principalmente de seu pai, que havia trabalhado muito para erguer a McNamara Têxteis e ela realmente valorizava isso.

E como poderia não valorizar? Tudo o que possuía tinha começado ali, sua faculdade foi paga com os lucros da empresa, sua agência foi montada com os mesmos recursos e até seu apartamento era uma conquista proporcionada por cada gota do suor de Gerard.

E agora, deitada em sua cama, rolando de um lado para o outro sem conseguir dormir, pesava os prós e contras da situação. Se não aceitasse a oferta possivelmente passaria sua vida inteira se culpando por isso. Apesar de ser um tanto sentimental, seu lado racional costumava falar mais alto, mas não quando o assunto envolvia sua família. Esse, de fato, era seu calcanhar de Aquiles.

No entanto, pensar em como seria trabalhar para McCain lhe causava arrepios. Se ele se comportava daquela maneira para fazer uma proposta, como se comportaria ao cobrar resultados?

Com certeza não de maneira amigável.

Bárbara acreditava em seu potencial e sabia que quando há vontade e trabalho duro, alcançar um objetivo é questão de tempo. Também não tinha medo da pressão envolvida no exercício do cargo, afinal em uma carreira publicitária a pressão é uma constante. Sabia que era capaz de produzir resultados e estar à frente do marketing da McCain Corp sinceramente seria o sonho de qualquer profissional.

Sem dúvidas havia mais prós, concluiu. Mas quais eram os contras?

Era um só: ELE.

Daniel McCain era nada menos do que uma incógnita impossível de se decifrar. Escondia suas emoções com maestria, se é que elas existiam. Não dava para saber se estava gostando ou não de algo já que sua postura ereta e seu olhar penetrante não passavam nenhuma pista. Todas as pessoas do mundo emitem algum tipo de resposta a seu interlocutor enquanto ele fala, seja uma concordância com a cabeça, um movimento das mãos ou uma expressão pelo olhar, mas não ele.

Como lidaria diariamente com isso?

Olhou para o relógio. Já passavam das quatro da manhã.

Desistiu de tentar dormir, vestiu o roupão e foi para a cozinha tomar um leite quente. Sim, era disso que precisava.

Mas, nada adiantou e quando viu os primeiros raios de sol entrarem pela janela anunciando o amanhecer, decidiu que se só uma pessoa poderia ajudá-la a chegar a uma conclusão. Vestiu-se rapidamente, pegou as chaves e menos de quinze minutos depois já estava a caminho da casa de seus pais.

***

– Filhota, que prazer recebê-la! Mesmo que tão cedo. – disse seu pai sorrindo.

– Sim, um prazer, mas por favor Bárbara não poderia ter avisado? Quase me mata de susto chegando essa hora! – completou sua mãe.

– Desculpe mamãe, mas decidi de última hora. Precisava realmente falar com papai.

– Pela sua expressão é sobre a empresa.

– Na mosca mamãe. Você sempre acerta.

– Claro que sempre acerto, eu te conheço desde o primeiro chorinho meu bem. Vou deixá-los para que conversem.

E após um beijo na testa da filha Heloise deixou a sala.

– Diga-me querida, o que quer conversar. – perguntou seu pai.

– Sobre uma proposta que recebi, pai, que envolve a empresa.

– Sou todo ouvidos.

Bárbara explicou-lhe tudo, mas achou melhor deixar de fora sua péssima impressão sobre Daniel McCain, pois não queria que isso afetasse a opinião de seu pai. Quando terminou de falar, os olhos de Gerard literalmente brilhavam mais do que já tinha visto em toda sua vida.

– Filha isso é maravilhoso! A McCain Corp! Nem em meus sonhos mais otimistas poderia imaginar a possibilidade disso!

A alegria de Gerard era como a de uma criança que ganha seu mais desejado brinquedo, e isso lhe tocou profundamente.

– Mas espere, você ficará sobrecarregada. Não posso permitir que concorde com esta proposta se isso significar um sacrifício para você, filha. A empresa poder ser importante para mim, mas sua felicidade é mais e jamais concordaria com algo que dificultasse sua vida.

E naquele momento Bárbara tomou sua decisão. Tão rápido que até se assustou.

Sabia que sua felicidade sempre esteve acima de tudo para seu pai, e não poderia lhe oferecer menos do que a plena retribuição disso. E se manter aquele brilho nos olhos de Gerard significava que teria que enfrentar Daniel McCain todo dia, que fosse. Não podia garantir que ia conseguir, mas poderia ao menos tentar.

– Não se preocupe pai, não ficarei sobrecarregada, ele me ofereceu a flexibilidade necessária para que eu possa cuidar da agência e de nossa empresa. Só precisava saber o que você achava disso.

– Se é assim filha, não consigo ver porquê não aceitar. Pelo que você me disse, isso vai favorecer sua carreira e a empresa ao mesmo tempo.

– Sim, pai. Fique tranquilo que cuidarei de tudo e faremos uma reunião com ele para acertar os detalhes do investimento.

– E quando você começa a trabalhar lá?

– Na segunda.

"Maldito seja!" – pensou Bárbara. – "Ele estava certo".

***

Na segunda-feira de manhã, em seu quarto, cercada por todas as roupas de seu armário ela simplesmente não conseguia decidir o que vestir. Se sentia uma adolescente se arrumando para seu primeiro encontro, nada ficava bom. Sério demais, colorido demais, claro demais, escuro demais...

Acabou decidindo por um vestido preto clássico e um casaco da mesma cor, seria besteira gastar energia com isso levando em conta o dia que teria pela frente. Calçou os sapatos, olhou-se no espelho e respirou profundamente.

"Vai dar tudo certo" – afirmou para si mesma, repetindo em seguida o mesmo lema de todas as manhãs: "Desejo, foco, ação!".

Às sete e meia estava sentada na recepção da McCain Corp esperando a chegada de Daniel e às quinze para as oito em ponto a porta do elevador se abriu e ele entrou seguido por Jeremy, que olhava para um papel em suas mãos.

Ao vê-lo, Bárbara se levantou imediatamente, respirou profundamente e preparou-se para cumprimentá-lo. Recebeu, no entanto, apenas um leve aceno de cabeça. Sequer pôde ver se ele olhava mesmo para ela, pois estava usando óculos escuros.

"O que você esperava? Fogos de artifício pela sua chegada?" – pensou Bárbara.

Não, certamente. Porém tampouco esperava uma recepção tão gélida depois de tanta insistência.

Ele passou pela porta de vidro e Bárbara o acompanhou com o olhar. Decidiu sentar-se novamente e esperar folheando o portfólio que havia trazido. Quinze minutos depois já estava inquieta batendo a ponta de um dos pés no chão. Percebendo sua impaciência a secretária ofereceu um café, que ela recusou.

Trinta minutos após, quando já estava prestes a ir embora a porta de vidro se abriu.

– Srta. Bárbara, bom dia – disse Jeremy – desculpe fazê-la esperar. Por favor me acompanhe, fui incumbido de lhe mostrar sua nova sala e apresentar-lhe à equipe.

Sua sala ficava mais próxima à sala de McCain do que ela achou que ficaria, mas quando entrou gostou do lugar. Havia uma mesa lateral para reuniões e uma grande mesa de vidro com gaveteiros na parte principal. Em frente à mesa de reuniões havia uma tela para projeções e no outro extremo uma mesa para desenho. Era decorada com cores sóbrias, mas havia três quadros abstratos em tons de vermelho pendurados simetricamente em uma das paredes. E o que Bárbara mais gostou: o local era amplo, iluminado e com vista para o lindo jardim que havia lhe impressionado da última vez.

– Espero que goste de sua nova sala. Naquela porta há um lavabo exclusivo para seu uso e naquele armário alguns materiais. A decoração pode ser alterada de acordo com seu gosto, fique à vontade. É um prazer tê-la conosco, estou à disposição para ajudá-la com o que precisar.

– Obrigada Jeremy, com certeza vou precisar.

– Pode contar comigo. Quando quiser posso apresenta-la à equipe.

– Pode ser agora.

– Excelente, vamos.

***

Depois de uma manhã intensa conhecendo as dependências da McCain Corp e parte da equipe, Bárbara despediu- se de Jeremy e entrou em sua sala. Mentalmente exausta, desabou em sua nova poltrona e virou-se para a janela para olhar o jardim. O verde sempre teve o poder de lhe dar calma e energia, e nesse momento precisava muito das duas coisas.

Escutou batidas na porta e virou a poltrona, mas antes que pudesse responder qualquer coisa a porta se abriu e ele entrou. Ele. Impecável como sempre.

– Sr. McCain. – disse colocando-se em pé – Bom dia.

– Boa tarde. Já passa do meio dia – respondeu olhando para o relógio em seu pulso.

– Sim, tem razão. Mas enquanto a noite não chegar, ainda é dia não é mesmo? – disse Bárbara com um sorriso.

– Depende do ponto de vista. – respondeu ele secamente.

– Sim, claro. – assentiu Bárbara sentindo o sorriso desfazer-se.

– Vim buscá-la para almoçar.

– Almoçar?

– Sim. É o que se faz essa hora, estou enganado?

– Depende do ponto de vista.

O silêncio tomou a sala. Bárbara tentou se segurar para não ironizar com a resposta que ele havia lhe dado, justo como ele havia feito da última vez, mas foi mais forte do que ela.

– Pois bem. Do meu ponto de vista é hora de almoçar e você vai comigo.

– Perdoe-me Sr. McCain, isto é uma pergunta?

– É uma afirmação. Precisamos conversar sobre o início de seu trabalho e tenho diversas reuniões no período da tarde, portanto conversaremos durante o almoço.

Bárbara respirou profundamente. Desde que pisou pela primeira vez na McCain Corp havia feito bem mais exercícios respiratórios do que em toda sua vida antes disso. Pensou em apenas concordar e fazer o que ele havia dito, mas no fundo sabia de alguma maneira que se cedesse agora, teria de ceder em tudo. Era hora de estabelecer o território.

– Sr. McCain, agradeço seu convite. – disse calmamente – Mas infelizmente, terei de recusar.

– Como é? – perguntou ele erguendo uma sobrancelha, parecendo ainda mais altivo que de costume. Seu tom deixava claro que tinha ouvido perfeitamente a resposta, mas não a aceitaria.

– Não posso almoçar com o senhor. Não me disse que conversaríamos no almoço e agendei outro compromisso para esse horário.

– Desmarque.

– Não.

– Não?

– Com todo o respeito, não irei desmarcar. Em primeiro lugar o senhor mesmo afirmou categoricamente que eu estaria aqui na segunda-feira e, no entanto, estive a manhã inteira à sua disposição e não falou comigo. Em segundo lugar ainda não tratamos de nenhuma das condições de nosso acordo, então não pode dizer que espera que eu faça algo que sequer foi combinado. E em terceiro lugar, mas não menos importante, eu estou à total disposição da empresa durante meu horário de trabalho, o que obviamente não inclui meu horário de almoço. Se tivesse me convidado para almoçar eu consideraria aceitar, mas não é isso que temos aqui. Fez uma imposição e não gosto de imposições, gosto de diálogo. Então, se me der licença, tenho um compromisso.

Bárbara pegou sua bolsa e caminhou para a porta passando por McCain sem olhá-lo.

Quando tocou a maçaneta a mão dele segurou a porta passando por cima de seu ombro.

Ele estava próximo demais e Bárbara imediatamente sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

– Corajosa, sem dúvidas – ele disse retirando lentamente a mão da porta – Mas um tanto imprudente também. Vou levar em consideração que ainda não me conhece o suficiente Srta. McNamara, mas aconselho-a a não ser tão autoconfiante da próxima vez. Posso ter insistido para que viesse, mas sou eu quem manda aqui. Se quiser usufruir plenamente de cada benefício de nosso acordo é melhor que não se esqueça disso, ou o sonho de sua família pode desmoronar em um piscar de olhos.

Bárbara permaneceu imóvel. Tentou formular uma resposta, dizer algo eloquente, mas sua língua simplesmente travou dentro da boca. A única coisa que conseguiu fazer foi assentir com a cabeça.

Após algum tempo, finalmente conseguiu falar.

– Me lembro perfeitamente de nossa relação patrão-empregado, fique tranquilo. Não desrespeitaria isso – disse virando-se para ele e olhando-o nos olhos – Porém Sr. McCain, gostaria de ser respeitada como indivíduo. Sou imensamente grata pelo que está fazendo pela McNamara Têxteis, mas como o senhor bem sabe, eu também tenho muito a oferecer para esta empresa. Quando alguém está em posição de poder, fica muito fácil esquecer-se que a outra pessoa tem suas prioridades.

– Creio que foi justamente sua maior prioridade que a trouxe aqui.

– De fato, a maior delas me trouxe aqui. Mas isso não quer dizer que não tenha outras. Nossa relação de trabalho será muito mais saudável se não nos esquecermos das emoções envolvidas.

– Emoções são um obstáculo no caminho da objetividade e do lucro.

– São as emoções que nos movem Sr. McCain. Sua empresa só é tão próspera porque há quem precise de seus serviços. Todos nós trabalhamos com pessoas e para pessoas que tem seus próprios anseios. Somos todos seres humanos com desejos e prioridades, não concorda?

– Sua definição me parece bastante sentimental e nada racional.

– Trabalho com emoções. É disso que se trata o marketing. O processo de publicidade e propaganda motiva, cria vontades, inspira, entusiasma. Agora que estou aqui a McCain Corp é a principal, melhor e mais necessária empresa do planeta para mim e vou convencer o maior número de pessoas a pensar o mesmo, lhe garanto.Com todo o respeito, o senhor pode ser muito bom para com números e finanças, mas sou boa com pessoas, deixe-me provar isso. Quando aceito um trabalho, entro nele por inteiro e não faltará dedicação de minha parte, desde que o senhor aceite manter o diálogo aberto e respeite meu planejamento em todos os sentidos. Até o que faço para meu horário de almoço.

McCain olhou-a profundamente por alguns instantes como se ponderasse suas palavras. Por fim, após alguns segundos que pareceram horas, ele falou:

– Está certo. Faça como desejar. Mas dada sua aparente certeza, não espero nada menos que perfeição de seu trabalho.

– Não se decepcionará.

– Veremos.

E saiu, enquanto Bárbara se dava conta de que sua jornada seria mais longa do que esperava.

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