#CodigoBinarioVhope
Talvez vocês estejam estranhando o fato de eu estar postando capítulo em uma sexta-feira, e eu vou explicar.
Essa semana foi uma semana de conquista de metas: alcançamos 400 leituras, eu finalizei 3 capítulos muito importantes em uma semana, e DYNAMITE bateu 100M de visualizações em um dia.
Foram 3 conquistas, e é por isso que postarei 3 capítulos nesses 3 últimos dias, que finalizam a semana. O que significa que: hoje será o capítulo 9, amanhã o 10 e domingo o 11. Todos capítulos importantes de suas maneiras, e que quero ver a opinião de vocês sobre.
Sem mais enrolação, boa leitura.
Ódio era um sentimento engraçado, mas ao mesmo tempo perigoso. Ódio poderia te levar para caminhos seguros, encontrando maneiras de resolver algo que em estado calmo não conseguiria, ao mesmo tempo que ele poderia lhe levar para caminhos imprecisos, onde seus sentimentos controlavam tudo.
E Taehyung conheceu naquela tarde a força da ira de um ser humano, misturado com um ego ferido.
Era fim da tarde de um sábado, e Taehyung voltava de uma caminhada pela cidade quando seus passos paralisaram em frente a casa que vivia, respirando fundo antes de entrar. A primeira coisa que ele notou foi um choro quase silencioso que preenchia cada canto daquela casa, como uma orquestra em sua mente. A segunda foi o som de um zumbido, que parecia constrastar com os soluços.
Taehyung retirou os tênis que usava, caminhando em passos lentos pela casa, deixando que todos os pontos permitidos em seu corpo pudessem enxergar tudo que acontecia ao seu redor, embora tivesse um limite até onde sua visão alcançava.
Seu limite foi Kim Won-Shik.
Ele estava de costas para si, encarando a porta de vidro que separava a sala do jardim dos fundos, enquanto suas unhas pressionavam a palma da mão com força, encarando algo que o andróide não conseguia enxergar. O robô retirou o casaco que vestia, largando-o no sofá antes de se aproximar ainda mais, confuso.
— Ajhussi? O que... — seu corpo paralisou, sua mente entrou em transe enquanto observava a mesma cena do seu cuidador. — Puta merda.
O xingamento saiu automaticamente, enquanto encarava o enxame com mais de quinhentas abelhas em seu quintal, tentando encontrar formas de entrar na casa, lutando uma contra as outras . O andróide inspirou firme, encarando o humano preocupado antes de sorrir, sem saber exatamente o porque, antes de começar a rir, um riso sem humor que o controlou por alguns segundos, antes de voltar ao normal.
O Kim o olhou, confuso.
— Por que está rindo?
— Porque ele está com medo — o andróide riu baixinho, antes de abrir um largo sorriso. — Ele está morrendo de medo, então atacará como puder... Ele está com medo, ajhussi.
— E isso é bom? — questionou, porquê sabia da briga do andróide com o humano dois dias antes.
— Ele também está com raiva — e voltou a olhar para as abelhas —, e uma coisa que aprendi no pouco tempo que convivo com humanos... é que quando você está com raiva, você age sem pensar. Você fica imprudente, ajhussi.
— Taehyung...
— E Park Jimin imprudente é o que mais preciso no momento.
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Era dez para as seis de uma segunda feira, e as aulas opcionais haviam acabado há vinte minutos. Kim Taehyung ficou na escola até avistar Park Jimin descendo as escadarias, sozinho pela primeira vez desde que o Kim o conhecera.
Seus traços não eram mais marcantes, e seu cabelo tão bem penteado. Na verdade, daquela maneira crua, Park Jimin parecia um adolescente comum, caminhando até a saída do campus com os ombros abaixados e os olhos inchados, visivelmente cansado após dez horas de aula.
Quando ele virou a esquina, sumindo de vista, Taehyung se afastou da janela, e em seguida da sala vazia, descendo as escadas enquanto segurava a mochila, observando ao redor para ver se ninguém o observava. Não estava com tempo para pessoas curiosas.
Ao virar a mesma rua que Jimin virou, não demorou para sua visão trezentos e sessenta graus ser ativada, enquanto seus passos eram firmes na calçada. O ouvido biônico foi ativado, então também não demorou para ele encontrar o Park, que estava a quase uma quadra de distância. Um mínimo sorriso apareceu em seus lábios, enquanto se lembrava da conversa que tivera com o garoto fofoqueiro durante um pequeno intervalo da aula.
"— Você quer ser meu amigo? — perguntou quando o professor saiu da sala para resolver algo. Hoseok franziu o cenho confuso, não entendendo o que o robô queria com aquilo.
— Por que esse pedido tão repentino? — rebateu, enquanto enrolava os dedos um no outro.
— Não foi um pedido. Foi uma pergunta, garoto calado.
— Para de me chamar assim! — sussurrou. Taehyung o olhou, confuso. — E respondendo sua pergunta: não sei se quero ser seu amigo.
— Por que? Qual o problema de ser meu amigo?
— Porquê amigos se gostam, Taehyung! Eles confiam um no outro e se apoiam, sempre! — Taehyung assentiu, como se entendesse aquela colocação. — Enquanto isso, você me odeia.
— Eu não te odeio, Jung Hoseok — o nome escapou suavemente por seus lábios fardos, fazendo as bochechas de Hoseok ficarem rubras. — Eu sou incapaz de sentir ódio por qualquer pessoa.
— Então você não me odeia? — ele negou. — E nem o Trio Amaldiçoado?
Taehyung riu, porquê aquele apelido era incrível.
— Não, eu não odeio o Trio — sorriu. — Mas não posso dizer que são irrelevantes.
— Por que você quer ser meu amigo? — perguntou, curioso. — Sei que está aprontando algo.
— E eu estou, mas não vou te dizer. Não agora — automaticamente ele afastou a franja longa que caía nos olhos de Hoseok, porquê aquilo o incomodava. — Você saberá que preciso de sua ajuda no momento certo.
— Devo temer por minha vida?
— Você é imortal? — Hoseok negou, confuso. — Então deve."
Taehyung sorriu, sentindo seus lábios voltarem a posição normal ao notar que estava mais próximo de Jimin. Ele reparou que os passos do Park eram lentos, como se não fizesse esforço para caminhar, agarrado às alças da mochila presas em seus ombros. Ele suspirou, se escondendo atrás de uma árvore enquanto o assistia se sentar na beira da calçada próximo à rodovia, retirando pequenas plantas da grama atrás de si. Taehyung franziu o cenho, indo mais para trás do tronco enquanto o assistia suspirar antes de se erguer novamente, olhando ao redor como se pudesse achar algo.
— Maldita mania de perseguição — ele sibilou antes de voltar a andar, dessa vez mais rápido.
Taehyung não o seguiu daquela vez, o vendo sumir na outra esquina antes de retomar seu caminho até a escola, onde Jung Hoseok o esperava.
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— Então... você vai me explicar o que está acontecendo agora? — Hoseok perguntou enquanto girava o dedo na xícara de chocolate quente. Taehyung o encarou, observando a maneira que a torta de banana estava pela metade, além do líquido quente ter sido recém tocado.
— Não. Não acho que seja o momento — murmurou, encarando seus dedos que poderiam ser utilizados como USB. — Sendo completamente sincero, acho que nunca terá um momento certo. É algo grande demais para alguém como você entender.
— "Como eu" entender? — Hoseok franziu o cenho, levemente ofendido. — Não é só uma Guerra Fria entre você e o Jimin?
— Não perguntarei como você sabe dessa... hm... "Guerra Fria" entre nós, porquê conheço suas habilidades de ser enxerido e levemente impertinente.
— Eu não sou impertinente! Pare de me chamar assim — resmungou enquanto pegava outro pedaço da torta doce e comia, dando em seguida um gole da bebida que tinha o dom de aquecê-lo por dentro. Taehyung observou tudo aquilo. Hoseok notou. — Você quer comer algo? Eu posso pagar...
— Não, obrigado. Eu tenho dinheiro. Além disso, não estou com fome. Eu já comi.
— Jimin já atacou? — ele mudou de assunto, recebendo um olhar sério do colega de sala. — Eu sei que já, senão não teria pedido minha ajuda.
— Eu não pediria sua ajuda para contra-atacar qualquer coisa, Hoseok — sorriu. — Pedi sua "ajuda" porquê sei que você odeia o... Trio Amaldiçoado — ele riu baixinho, fazendo Hoseok sorrir. — E quero saber o porquê.
— Eu não odeio o Trio em si, eu odeio o Jimin — explicou. — Os outros... são irrelevantes. São pessoas que fazem qualquer merda para serem aceitos, até ver alguém sendo ferido sem fazer nada. São pragas, mas também sei que são manipulados pelo liderzinho, então...
— Complicado.
— Complicado — repetiu, assentindo. — Como está seu irmão?
— Como está o seu? — rebateu.
— Não sei. Não falo com ele — Taehyung assentiu, compreendendo. — Agora o seu.
— Não sei. Não falo com ele, mesmo que moremos juntos — repetiu, recebendo um revirar de olhos do humano. — Won-Shik é mais velho que eu, bem mais velho, e consequentemente não temos nada em comum. Nunca conversamos por mais de dez minutos no dia, e... isso não é um problema para mim.
— Tem certeza de que não é um problema?
— Não é um problema — disse, sem pestanejar. — Somos irrelevantes na vida um do outro; ele faz o trabalho dele, e eu faço o meu. Dá certo, acho — Hoseok assentiu, porquê ele entendia aquele sentimento. — E você e seu irmão?
— Como sabe que tenho um irmão?
— Eu não sabia — o andróide sorriu, fazendo Hoseok se sentir estupido.
— Eu e Jin somos... óleo e água, sabe? Não nos misturamos — explicou. — Somos pessoas diferentes, com sentimentos diferentes e gostos diferentes... Até uma certa idade dava certo, éramos bem próximos, mas... — ele parou, se lembrando do dia de seu aniversário. — Um dia estragamos tudo. Ele estragou tudo.
— Estragaram como? — perguntou, curioso.
— Eu não quero falar sobre isso, Taehyung — sussurrou, sentindo-se mal ao se lembrar de tudo. — Não com você.
— Está bem, eu entendo — concordou, sabendo que não conseguiria nenhuma informação se forçasse algo. Precisava fazer Hoseok confiar em si.
— Podemos ir agora? Meus pais ficarão preocupados se eu me atrasar para o jantar — mentiu, porquê a verdade era que seus pais não se importavam. Ele só queria sair logo daquela situação.
— Claro. Já pagamos a conta, então...
— Obrigado — murmurou.
— Obrigado pelo o que? — perguntou, confuso.
— Obrigado por me entender pelo menos um pouquinho...
— Então de nada — sorriu, gostando de alguma forma das palavras do humano.
Hoseok ergueu o canto do lábio, sentindo suas bochechas corarem enquanto retirava sua mochila das costas da cadeira. Até que Kim Taehyung não era tão ruim assim, era o que pensava quando saíram do café e se despediram antes de irem para caminhos opostos.
Os olhos de Taehyung brilharam, já sabendo que tinha informações o suficiente para contra-atacar Park Jimin. Só precisava de uma oportunidade para o fazer.