Amor Maluco

By alicejfsilva

154K 17K 18.9K

Apesar de crescer com a fama, Malu sempre procurou levar uma vida tranquila, morando em Hills City, uma peque... More

Aviso
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Parte 2 - Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Bônus Mike
Capítulo 91
Capítulo 92
Capitulo 93
Capítulo 94
Parte 3 - Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99
Capítulo 100
Capítulo 101
Capítulo 102
Capítulo 103
Capítulo 104
Capítulo 105
Capítulo 106
Capítulo 107
Capítulo 108
Capítulo 109
Capítulo 110
Capítulo 111
Capítulo 112
Capítulo 113
Capítulo 114
Capítulo 115
Capítulo 117
Capítulo 118
Capítulo 119
Capítulo 120
Capítulo 121
Capítulo 122
Capítulo 123
Capítulo 124
Capítulo 125
Capítulo 126
Capítulo 127
Capítulo 128
Capítulo 129
Capítulo 130
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 116

875 118 409
By alicejfsilva


Acho que nunca dirigi tão depressa em toda a minha vida e nem desobedeci tantas leis de trânsito.

Ultrapassei muitos carros e passei por alguns sinais fechados. Malu se manteve calada durante todo o trajeto, acho que não quer tirar minha atenção da estrada.

É inacreditável em como as coisas estavam indo perfeitamente bem no almoço e de repente veio o problema. Será que não consigo ter um pouco de ppaz?

Eu espero realmente que Lourdes esteja viva. Apesar de saber que nunca terá uma hora certa para esse momento chegar. Fiquei tão ligado a ela no último mês, fiz tantos esforços para estar perto dela com toda aquela gente. E eu ainda nem pude dizer a verdade. Como irei fazer isso?

Malu consegue acompanhar meus passos rápidos. Finalmente pode correr, recebemos essa notícia no início do mês e desde então, dia sim e dia não, sei que ela pelas redondezas. Isso que é bom em Hills, todo mundo, ou pelo menos a maioria, já estão acostumados com Malu e não a impedem de sair tranquilamente.

Chegamos em tempo recorde no andar em que dona Lourdes está internada. Passo meus olhos rapidamente por Meredith e Mason, os únicos presentes no corredor. Não consigo pensar com muita racionalidade, por isso não levo em conta as expressões tranquilas nos rostos deles. Não parece ter algum problema.

Caminho rapidamente até eles, ofegando um pouco. Não sei o que esperar, a única coisa que minha mente projeta são inúmeros pensamentos ruins.

- Desculpa te fazer vir assim - Mason começa, me fazendo parar bem na sua frente. - Foi só um susto.

Aperto meus olhos em sua direção, desconfiado. Um susto?

- O que foi?

- Constipação intestinal. Ela reclamou de um incômodo e, enfim, você sabe que ela nunca reclama de nada. Pensei que fosse algo grave o suficiente para fazê-la reclamar.

Não consigo conter um misto de incredulidade e felicidade, tudo ao mesmo tempo, me encostando na parede para rir de alívio após todo o sufoco que passamos nos últimos minutos.

- Nossa, graças a Deus - coloco as mãos nos cabelos, afastando-os da minha testa. - Ela tá bem?

- Tá, Tommy está com ela agora. Pode entrar, se quiser. Desculpa pelo susto - Mason também sorri um pouco, acho que a situação é um tanto cômica.

- Tudo bem. Vou lá, vem comigo? - Estendo minha mão para Malu.

Ela franze a testa, indecisa.

- Tem certeza? O que vai dizer? É no mínimo estranho que o médico dela traga alguém para lhe apresentar.

- Não se preocupe, nos tornamos grandes amigos nos últimos dias e sempre acabo falando algo sobre você.

Não consigo disfarçar meu sorriso, agora que toda a adrenalina passou. Malu também sorri docemente.

- Está bem.

Entrelaço nossos dedos e a guio até o quarto da minha avó. Não sinto que Malu está nervosa, acho que de alguma forma ela sente que já a conhece por minha causa.

Entro primeiro, batendo meus olhos em Tommy sentado ao lado de Lourdes e segurando sua mão. No segundo em que repara minha presença, recolhe seu braço. Não dou muita importância para ele, focando no sorriso fácil daquela senhora querida ao me ver.

- Trouxe alguém para você conhecer - falo, apertando os dedos de Malu levemente. Ela ainda está atrás da porta, o que impede que seja vista.

- E quem é? Não me diga que é aquela mocinha por quem você é apaixonado? Deixa eu ver se ela é mesmo tudo isso, hum.

Não consigo deixar de rir, puxando Malu para o meu lado. Não tenho mais vergonha das falas indiscretas de dona Lourdes, acho que acabei me acostumando nas últimas semanas. E, aliás, ela não disse nenhuma mentira.

Observo Malu atentamente, desde as sobrancelhas erguidas até os pés oscilando o peso entre os calcanhares e as pontas dos dedos. Um pequeno sorriso vai se abrindo conforme reconhece minha vó. É, parece que mais alguém se encantou por ela.

O quarto dela está repleto de flores e presentes em uma das mesas, mas nada disso rouba a atenção dos seus olhinhos graúdos e entusiasmados. Os cabelos completamente grisalhos, tão brancos quanto a neve, e bochechas que um dia devem ser sido bem fofas. Mesmo com toda a sua aparência abatida, devido às circunstâncias, Lourdes não deixa de ser acolhedora. Acho que é algo que defino como olhar de vó, nunca tive uma antes.

- Ah, meu Deus! Ela parece uma bonequinha, Mike. Faz todo o sentido que esteja todo bobão por essa mocinha. Ela é tão linda! Ok, definitivamente eu aceito que não tenho chances com essa concorrência. - Ela estende seus braços para Malu, solto sua mão para que possa se aproximar. - Você não acha, Tommy? A namorada do meu médico não é estonteante?

Olho para ele fixamente, trincando meu maxilar ao ver a forma como olha para Malu. Por sorte, Tommy se levanta. Se não o conhecesse, diria que ficou sem graça.

- Sim, vó Lourdes. Vou esperar lá fora.

Aponta, já saindo apressado.

- Sabia que já havia te visto em algum lugar, você está sempre passando na televisão! Como conseguiu namorar uma famosa, filho? - Ela envolve Malu com seus bracinhos enrugados.

Aposto que ela sentiu tudo o que descrevi quando lhe disse como foi ser abraçado pela primeira vez por Lourdes. Consigo reparar apenas pelo olhar de Malu.

Essa mulher irradia amor e luz. Ainda me pergunto como pode alguém assim estar rodeada de toda aquela gente ruim?

- Ela não é minha namorada, Lourdes - Esclareço, contornando o outro lado da cama, checando o aparelho cardíaco dela como se estivesse trabalhando. - Já te disse isso.

- Mas queria que fosse, do jeito que fala dela. Você precisa ver - cochicha a última parte. - Mas é um prazer finalmente te conhecer, você é adorável. Como se chama mesmo? É alguma coisa com M, tenho certeza.

- Malu. E você é a dona Lourdes, também ouvi falar bastante sobre a senhora.

- É mesmo? Então parece que nós duas ocupamos o coração desse rapaz.

Não consigo deixar de rir abertamente, revirando os olhos enquanto observo a frequência que o aparelho indica sobre seus batimentos cardíacos.

- Sim, ele te adora!

- Você não fica com ciúmes, né? Sei que sou assim, toda bonitona.

- Não, fica tranquila. Mike e eu somos melhores amigos desde sempre, praticamente. - Lanço um olhar para Malu, prestando atenção em suas palavras. - Crescemos juntos e a senhora o deixa tão feliz, é o suficiente para me deixar em paz também.

- Ih, rapaz! Parece que ele não é o único apaixonado aqui. Olha só pra essa carinha de babona também - ela esmaga as bochechas da minha melhor amiga. - Podem me dizer por que diabos não estão juntos preparando o casório? Não tenho muito tempo, por favor, apressem isso para eu presenciar.

Malu apenas dá uma risada tranquila. Eu apenas fico calado, claramente acostumado com esse tipo de comentário inconveniente vindo dela.

- Me responda, mocinha. Não é todo dia que se rejeita uma belezura dessas - ela também esmaga minhas bochechas, aproximando nossos rostos. - Olha bem para ele e me diga se não é de tremer as pernas.

Ela praticamente força-a a olhar para mim, me contenho ao máximo para não gargalhar. Analiso os olhos azuis dela bem de perto, como se eu já não soubesse perfeitamente bem como são. Sei que dona Lourdes está narrando todos os meus traços, destacando bem o corpo. Mas estou focado de mais nessa mulher perfeita diante de mim para prestar atenção em qualquer outra coisa.

Estamos tão pertos que consigo sentir a Malu ficando envergonhada, tenho quase certeza que se lembrou daquilo que não quis me contar mais cedo. O que diabos está a deixando assim?

- Bom, acho que ela levou a sério tudo o que falei e está te comendo com os olhos - o comentário solto de dona Lourdes me faz voltar para a realidade.

Malu balança cabeça de um lado para o outro e fecha a boca, se afastando.

- O mesmo vale pra você, Mike. Não perde tempo, uma mulher tão bonita assim... vê se pode uma coisa dessas. E ainda por cima é super talentosa, ganhou uma copa pra gente, né? Aliás, obrigada por aquele dia, eu quase infartei durante os pênaltis.

- Você é mesmo uma figura, dona Lourdes. Entendo porque Mike gosta tanto da senhora.

- Só vou gostar de você depois que parar de me chamar de senhora. Vê de pode uma coisa dessas...

- Claro, claro, nada de senhora. Também não uso muito esse termo, então obrigada por facilitar minha vida. Eu detesto formalidades.

- Essa é das minhas. Já pensou em ensinar uns maus modos para o Mike? Já tentei de tudo, mas ele é tão educadinho.

- É da natureza dele, mas suspeito que aqui seja um pouco pior por ser seu ambiente de trabalho. Mas pode acreditar, ele já disse "porra" alguma vez na vida.

Tento ficar sério para parecer irritado.

- O que é isso? Vão se juntar contra mim agora? - cruzo os braços. - Sabia que a senhora quase me matou de susto hoje?

- Fiquei sabendo, estraguei seu dia de folga? Na verdade, melhorei, admita. Culpa de toda essa palha que estão me obrigando comer! Meu intestino não está acostumado e simplesmente ficou confuso. Eu não quero falar sobre minha saúde intestinal na sua frente e da sua namorada.

Acho que vai ser impossível tirar essa ideia de que somos um casal da cabeça dela.

- Você está enganada, não se esqueça que sou um clínico geral.

Dona Lourdes finge esconder uma careta, me fazendo sorrir docemente ao observar a harmônia presente. Definitivamente ela precisa saber logo a verdade. Sinto que a conheço há anos, é inacreditável.

Malu e ela se dão bem logo de cara, como eu havia imagino. As duas começaram a falar sobre tudo, principalmente dona Lourdes que fez inúmeras perguntar sobre como é a carreira dela. Parece que são amigas de anos.

Posso dizer que, de todas as pessoas que eu já vi visitarem minha avó, Malu é a única que não ficou envergonhada com as insinuações da senhora atrevida. Me pergunto se Malu vai ser assim no futuro. Eu consigo imaginar facilmente.

Não me senti deslocado com a conversa entre elas, na verdade, foi ótimo observar a mulher por quem sou apaixonado e minha avó recém descoberta. É impossível não gostar delas imediatamente.

- E aí? Não vai deixar essa moça bonita escapar. - Dona Lourdes me cutuca com seu cotovelo.

Milagrosamente ela foi discreta e disse isso no segundo em que Malu precisou sair do quarto para atender uma chamada, algo relacionado com o trabalho, pelo o que esclareceu apressada.

- Ah, dona Lourdes, você não tem noção do quanto é complicado e delicado.

- Pois então descomplica, rapaz! Se eu, que sou quase ceguinha, consigo enxergar um imenso amor entre vocês é porque a coisa é intensa - estende seus braços.

- Gostaria que fosse tão simples assim.

- Você ama ela, né?

Olho para minha mão sob a sua, deixando minha mente viajar para o sorriso mais bonito para mim.

Não tenho coragem de dizer as palavras para Lourdes, temo que colocar em palavras os meus sentimentos acabe dificultando a situação. Por essa razão, apenas aceno com a cabeça.

- É, eu sei. Acho que acabei conhecendo você além da conta no último mês. Não demore muito, isso vale para os dois, nunca sabemos quanto tempo temos e pode ser que seja tarde.

Não consigo deixar de ver algo por trás do seus olhos abatidos, como se estivesse lembrando de algo.

- Diz isso pelo Morgan?

- Como sabe o nome dele?

- Eu sou um grande amigo do Travis e depois que a senhora veio para cá, ele me contou algumas coisas sobre a família de vocês.

Engulo em seco, desviando meus olhos para a televisão desligada.

- Entendo. E, respondendo a sua pergunta, sim, digo isso pelo Morgan. Ele se foi tão de repente, é doloroso passar uma vida inteira com uma pessoa e ver ela partir.

Não consigo entender como alguém tão doce e gentil como Lourdes, se apaixonou por alguém como o Morgan.

- Se o Travis te contou todas as fofocas, deve saber dos problemas que estamos enfrentando agora por causa de uma polêmica entre meu filho e meu falecido marido.

- Sei...

- Sobre o que fizeram com o meu neto. Eu sequer tive a oportunidade de o conhecer - seus olhos brilham de tristeza.

As palavras entalam na minha garganta, querendo sair e lhe dizer a verdade.

- Mas eu sei que eles não são pessoas ruins. Morgan me amava e eu nunca tive dúvidas disso, apesar de ser frio e distante com a maioria das pessoas. Não sei o que o levou a fazer aquilo, eu tento pensar em algum motivo para amenizar esse horror, mas... Não, nada justifica abandonar um filho dessa forma.

Espremo meus lábios para não acabar falando o que não devo. Mason fez isso por dinheiro e Morgan por puro preconceito, é simples e óbvio. Mas dona Lourdes é boa demais para enxergar tamanha maldade. Ela acredita cegamente na bondade deles.

- Ele morreu pensando que eu o odiava - murmura, cabisbaixa.

Não tenho coragem de dizer nada, com receio de falar alguma besteira.

Entendo a dor dela, é claro. Deve ser horrível perder uma pessoa estando brigado com ela. Por mais que Morgan esteja bem longe de ser uma das minhas pessoas favoritas, sinto pela perda de Lourdes. É nítido que o amava.

- Tenho certeza que ele sabia o quanto era amado - aperto sua mãozinha, finalmente encontrando minha voz.

Por sorte, Malu retorna nesse instante. O celular ainda em mãos, porém o que chama a minha atenção é o seu olhar distante e reflexivo.

- Tudo bem? - pergunto.

Malu se recompõe, forçando um sorriso que eu sei que não é verdadeiro.

- Claro. - Se aproxima, segurando a outra mão de dona Lourdes. - E a senhora? Parece deprimida.

- Ah, minha querida, apenas lamentações de uma pobre senhora.

- Uma senhora incrível. Anda, quero ver esses olhos brilhando de alegria - Malu coloca a mão no ombro dela.

É o suficiente para Lourdes abrir um sorrisinho alegre, espantando os pensamentos ruins.

- Foi ótimo passar essas horas com você - Malu diz. - Mas preciso ir agora.

- Tudo bem. Vem, me dá um abraço, querida.

Solto a mão dela para que possa se despedir de Malu devidamente. As duas dão um forte abraço carinhoso. Minha amiga deixa um beijinho demorado nos cabelos grisalhos de vovó, me fazendo sorrir levemente.

- Te vejo amanhã, hein? - falo, beijando sua testa.

- Está bem, vou esperar - acena.

Malu e eu deixamos o quarto dela calados.

Me sinto aliviado por ver que o corredor está vazio, me salvando de esbarrar com algum Stewart. Conseguimos seguir direto para o elevador sem imprevistos.

No segundo em que as portas se fecham, eu me direciono para Malu:

- Tá tudo bem mesmo?

Observo ela fisgar seu lábio e balançar a cabeça, pensativa.

- Parece que... - ela evita meus olhos. - Antes, podemos ir até a nossa montanha?

- Como...?

- Você não lembra? Ah, claro, faz tanto tempo.

- Não. Claro que eu lembro, Ma. - Seguro suas mãos. - Só fiquei surpreso. Não se preocupe, podemos ir.

Decido não perguntar mais sobre a ligação que parece ter a preocupado tanto, ela vai me dizer. Posso esperar alguns minutos. Só estou com medo do que possa ser. Se era sobre o trabalho, o que pode ter acontecido?

Não adianta ficar pensando em hipóteses, só preciso aguardar. Ficar paranóico não me ajuda em absolutamente nada.

Durante todo o trajeto, nenhum de nós parece saber o que dizer. Malu está distraída e eu preocupado.

Estaciono o carro, aonde permanecemos parados por alguns segundos até eu desligar o automóvel e sair dele. Malu me acompanha, espero ela chegar ao meu lado antes de seguir para a beira da montanha.

Não sei o que pensar dessa lugar. É lindo. Era nosso. Costumávamos ter nossos encontros secretos aqui, mas em contrapartida foi aqui que terminamos definitivamente. Quando ela desistiu de mim, após eu ter dito tantas merdas a seu respeito sobre seu caráter em um momento tão importante para ela. A lembrança ruim parece se sobressair.

Apoio meus antebraços em meus joelhos, sentado de frente para a bonita paisagem de Hills diante de mim.

- Ainda é uma bela visão - ela diz, me fazendo olhar em sua direção. Está sentada bem ao meu lado, abraçando seus joelhos.

- Você já deve ter vistos tantas paisagens nos últimos anos.

- Tem razão. Mas a companhia deixa tudo melhor.

Olho para a frente, espelhando suas palavras em meu interior. Faz sentido. Esse lugar não é especial apenas pela ótima paisagem que nos proporciona em um nascer ou pôr do sol. Malu e eu tivemos momentos incríveis aqui, que não seremos capazes de esquecer. A presença um do outro fez isso.

Da mesma forma que um momento ruim conseguiu estragar, de certo modo, a memória daqui.

Agora resta saber se agora estamos criando uma lembrança boa ou ruim.

- O que você ia me dizer, Malu? - Pergunto, finalmente.

Observo ela sugar o lábio inferior para dentro da boca, suspirando.

- Era meu empresário e um dos meus gestores.

- Seu pai?

- É.

- Certo. E o que tem?

- E aí que, no início desse ano, eu havia confirmado minha presença em algumas palestras em um projeto para garotas, em instituições de ensino. Não cobrei para isso, é claro.

- Isso é tão incrível.

- Sim. Eu vou dar palestras para algumas turmas, como uma figura feminina e empoderada, tirar algumas fotos. No último dia eu havia prometido levar uma ajuda financeira em cheque, para investirem no futuro dessas garotas.

- Você sempre me surpreendendo...

Ela sorri um pouco, ainda olhando para a frente.

- A questão é que isso está marcado para a semana que está vindo. Mas eu estou de licença médica, como sabe. Conversei com meu pai e ele disse que eu posso ir, já que não exige nenhum esforço físico e eu já havia confirmado presença. Penso que seria ruim deixar elas na mão, entende?

- Perfeitamente.

- Eu posso ir ou posso cancelar.

- Se você for, será por quanto tempo?

- Não muito. Duas semanas, talvez mais.

- Eu concordo com você, não seria legal deixar elas na mão, por mais que exista um bom motivo. E são poucos dias. Você vai voltar, né?

- Mas eu...

Ela para de falar, parecendo insegura com suas palavras.

- Sim, vou voltar. Mas um mês depois eu já teria que ir novamente e definitivamente.

Tenho a impressão de que omitiu algo, mas não forço a barra.

- E você não quer ir agora...?

Malu prende seus dedos nos fios de cabelo, afastando todos eles do seu rosto emoldurado.

- Eu não quero te deixar agora. - Declara, parecendo angustiada. - Não com tudo o que está acontecendo recentemente na sua vida. O namoro da sua mãe, dona Lourdes em estado preocupante e os Stewart por perto. Não consigo pensar na hipótese de te abandonar de novo em uma situação tão complicada e difícil. Quero ser o seu apoio, quero voltar a ser sua fortaleza e te proteger das tempestades. Passar todos esses últimos dias perto de você me fez enxergar o quanto me importo.

Preciso de alguns instantes para absorver o impacto da sua fala. Acho que esperei tanto por algo assim nos últimos anos, que agora que aconteceu parece ser inacreditável. Parece até que eu imaginei tudo.

- Linda, você não precisa parar a sua vida por minha causa. Eu vou ficar bem, a situação é completamente diferente da anterior, estamos bem agora. E, outra coisa, você nunca deixou de ser minha fortaleza.

Apoio minhas mãos na grama e pego um pouco de impulso para me aproximar mais dela, até segurar seu rosto com as duas mãos. Eu amo fazer isso com ela.

- Nesses meses malucos da minha vida com você, foi nítido pra mim o quanto eu quero você nela. - Ela volta a dizer depressa, aflita. - Sim, eu sei, o objetivo era restaurar nossa amizade e eu disse que não ia chutar o balde, mas... Acho que nós já restauramos a amizade, eu confio em você de novo e sei que é recíproco.

- O que você quer dizer com isso?

Tento controlar as batidas descompensadas do meu coração, com medo de que ela possa escutar.

- Avancei muito nos últimos meses, consultei uma psicóloga, superei meus medos e sinto que estou bem emocionalmente, bem melhor do que quando cheguei aqui. Não tive mais problemas com ansiedade como antes e consegui me reaproximar dos meus amigos e da minha família. E eu te disse que quando estivesse bem comigo mesma e bem contigo por completo, estaria pronta para tentar... nós...

Não consigo conter um sorriso idiota. Não acredito que é o que estou pensando. Se for um sonho, por favor, não me acorde

- Estaria pronta para tentar um relacionamento sério e com sentimentos tão imensos e intensos quanto os nossos. Porque acho que consigo lidar com isso agora, posso deixar o que tenho aqui dentro sair - aponta para o próprio peito. - E, porra, Mike, o que eu sinto por você é tão imensurável, incapaz de ser medido, que eu jamais seria capaz de soltar isso e suportar se não estivesse bem emocionalmente como me sinto agora. Esses meses aqui foram como uma estádia de redenção e redescoberta.

Não consigo conter meu sorriso, já aceitei a derrota. Apoio minha testa na sua, mas ela recua segundos depois após ter fechado os olhos com a proximidade.

- Mas seria injusto com você começar isso agora. Sim, eu tô pronta. Porém... não posso fazer tudo isso e ir embora no dia seguinte. Não posso te beijar agora, como eu realmente quero, sabendo que estarei voltando pra Manchester. Não posso fazer isso com você.

- Me fazer o homem mais feliz do mundo, Malu? Estive esperando essas palavras todos esses dias e não me importo com a distância.

- Mike, você não tá entendendo - gesticula cada vez mais. - Ainda essa semana eu preciso ir para Manchester.

- Mas apenas por duas semanas.

- Sim, Mike! E depois? Tenho mais um mês aqui, e aí? Você vai comigo pra Manchester e desistir da sua vida aqui ou eu vou desistir de toda a minha carreira lá pra ficar aqui? Entende o quanto é complicado?

- Malu, você está muito nervosa. Fica calma, sim? - Seguro suas mãos. - Por que simplesmente não vivemos o agora e pensamos nisso depois?

- As consequências...

- Nós vamos dar um jeito.

- É que eu te amo tanto e o medo de fazer você sofrer me deixa louca...

Coloco meu polegar sob seus lábios, a fazendo se calar. Revezo o olhar entre sua boca entreaberta e seus olhos já focados em mim.

- Eu esperei tanto pra ouvir isso, sabia? - murmuro. - Eu também te amo e não quero te ver sofrer. Eu quero te beijar agora.

- Eu quero te beijar agora - repete com os olhos sérios, ela está tão perto que consigo ver cada mínimo detalhe.

- Então qual o problema? Eu assumo todas as consequências.

- Não tem que ser assim.

Sinto meu corpo pulsar com a atenção que meus lábios estão recebendo dos seus olhos famintos. Ela quer isso tanto quanto eu.

Malu consegue me arrepiar apenas com as leves carícias que seus dedos estão fazendo na minha nuca. Entendo a preocupação dela, também me sinto da mesma forma. A questão é que estou me permitindo ser hipnotizado pelo momento, por ela e por tudo o que sinto. A única coisa que me importa é o agora, mesmo que isso apenas dificulte as coisas depois. Nós podemos dar um jeito, tenho certeza disso.

Tenho medo de que meus próprios pensamentos estejam me traindo. Sei que é muito mais complicado.

Malu sobe seus olhos para os meus, o problema é que no segundo em que se encaram, vejo o desejo neles e sei que não estou muito diferente. É o suficiente para esquecermos qualquer coisa relacionada ao futuro e nos rendermos aos nossos anseios.

Seguro o rosto dela com firmeza e a trago para mim, ao passo que ela empurra minha nuca em sua direção. Em uma sincronia perfeita, nossos lábios, enfim, se encontram depois de tanto tempo desejando isso.

Inicialmente é um choque, uma redescoberta sem defeitos. A sensação de familiaridade e reconhecimento domina os primeiros segundos, até que tudo explode em uma diversidade de sentimentos. Saudade, amor, desejo, carinho, paixão, fogo, felicidade e tantos outros.

Nossa, como eu senti falta disso. Cada espera valeu a pena.

Malu e eu perdemos o controle de tudo quando nossas línguas finalmente se encontraram. É natural, eu a puxo para meu colo enquanto ela mesma já estava passando sua perna para meu outro lado.

Deslizo minhas mãos da sua cintura até sua bunda, a puxando para mais perto de mim. Arfo em sua boca quando sinto a fricção automática de nossas intimidades, como se estivessem se encontrando em busca de alívio.

Malu agarra meus cabelos com uma mão e com a outra se apoia em meu peitoral rígido. Gostaria de poder guardar o seu toque.

Quando havia visto ela depois do seu retorno, eu vi o quanto tinha amadurecido fisicamente falando. Porém agora que estou a tocando, é nítido o quanto seu corpo se desenvolveu mais. Definido e torneado. Suas pernas de bailarina e jogadora de futebol parecem ser meu mais novo ponto fraco. Não sei como é possível, mas desejo ela ainda mais.

Sinto meu pulmão queimar por falta de ar, nos fazendo recuar com as respirações ofegantes. Subo minha mão até o pescoço de Malu, me sentindo complementarmente excitado ao olhar para sua boca levemente inchada e avermelhada.

- Eu nunca vou me arrepender disso - murmura, com a respiração acelerada.

Malu esconde seu rosto no meu ombro, passando seus braços pelo meu pescoço em um abraço de saudade. Passo o meu pela suas costas, tentando fazer ela escorregar um pouco e sair de cima do meu pau. Parece que toda a fome sexual que tínhamos triplicou. Não sei o que aconteceu quanto a sua promessa, mas não quero correr o risco de perder o controle da situação.

- Eu amo você - digo, distribuindo beijos pelo seu ombro.

- Eu amo você.

- Ok, eu perdi o desafio da curiosidade - declaro. - Lembra?

- Lembro.

- E então?

- Não, Mike. Eu não quebrei a promessa, ela ainda segue de pé para o nosso azar. Acha que estaríamos conversando se eu tivesse a quebrado? Eu jamais faria isso, se não a quebrei contigo, com outro muito menos.

- Eu imaginei que não quebrou - afasto os cabelos do seu pescoço, deixando alguns beijos molhados ali. Sinto seu corpo reagir a cada toque meu.

- E você? Não vai me dizer por que não transou com ninguém?

Me afasto para olhar em seus olhos, levemente constrangido pela confissão que está por vir.

- Bom... digamos que eu ainda tinha esperanças na gente. Se eu nunca deixei de te amar, não iria quebrar a promessa, porque a partir do momento que ficamos juntos ela passou a ser minha também. Prometi para mim mesmo que de agora em diante eu seria apenas seu. Nenhuma relação sexual até o casamento, droga.

Malu sorri, abobalhada. Tocando meu rosto delicadamente.

- Mesmo? Você é tão apaixonante.

- Sim. - Beijo sua mão, descendo para seu pulso. - Se você é a única mulher que me atraí, não tem porque eu ficar com outras. Não é porque sou homem que sou louco por sexo.

- Não é? - abre um sorrisinho provocante.

- Só se for com você.

Beijo ela mais uma vez nos lábios, dessa vez com mais cuidado. Algo vibra dentro de mim no momento em que Malu sorri sobre minha boca, demonstrando o quanto também está feliz com a situação.

- Uma observação. - Malu interrompe o beijo com uma expressão divertida. - E se eu tivesse quebrado a promessa. O que faria?

- Te faria minha aqui mesmo, se você permitisse.

Malu morde seu lábio.

- Por enquanto temos esse problema - ela disse, descaradamente olhando para o volume nítido em minha calça. - Gostaria de solucionar esse problema.

- Ah, porra, não me fala isso, pelo amor de Deus. - Jogo minha cabeça para trás, tentando afastar todas as imagens sujas que surgem envolvendo a Malu.

É tão encantador sua safadeza em contraste com a inexperiência. Malu é perfeita.

- Hm... - murmura, deixando demorados selinhos em meus lábios. - Gostaria de ficar assim o dia inteiro. Mas precisamos falar sério: o que faremos de agora em diante?

- Estamos juntos?

- Não sei. Estamos?

- Me diz você.

- Podemos definir isso depois que eu voltar de Manchester em duas semanas? Talvez esse tempo longe um do outro sirva para pensarmos melhor. Ainda temos muito o que pensar.

Entrelaço nossos dedos, beijando ambas as mãos dela.

- Tudo bem. Você tem razão.

Sinto a realidade cair sobre minha cabeça de uma vez, me lembrando de todos os meus medos que envolviam um futuro com a Malu. Não sabemos como vai ser daqui pra frente. Mas sei que quero ela na minha vida para sempre, só não sei qual o preço disso.


Meu Deeeeeus, eu não acredito que finalmente consegui terminar esse capítulo depois de tantas versões, cada uma mais diferente do que a outra! Eu não estava conseguindo produzir absolutamente nada, me dava uma mínima vontade de escrever. Me desculpem por isso, meus amores.

O que vocês acham que vem por aí? Reta final chegandooo. Finalmente teve o tão esperado beijo cheio do fogo que só esses dois têm.

Não se esqueçam de votar.

Beijos

Alice.

Continue Reading

You'll Also Like

13.8K 1K 42
anahi uma mulher madura e segura de si, quando quer uma coisa corre atrás, dona de uma grande empresa de arquitetura e de uma rede de hotéis, e uma m...
173K 14.9K 35
Amberly corre atrás dos seus sonhos em outro país deixando o passado pra atrás e ainda frustada com o término e a traição do ex que ficou no Brasil...
92.2K 6.4K 36
pedro já lutava contra muitos vícios, não precisava de mais um
2.1M 176K 108
Os irmãos Lambertt estão a procura de uma mulher que possa suprir o fetiche em comum entre eles. Anna esta no lugar errado na hora errada, e assim qu...