Cartas para Chanyeol

By SxHunniee

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[CHANBAEK | FLUFFY | COLEGIAL] Byun Baekhyun é um garoto tímido, prefere ficar sozinho do que em meio a alga... More

A ideia
A primeira carta
A Segunda Carta
A Terceira Carta
A Quarta Carta
A Quinta Carta
A Sexta Carta
A Oitava Carta
A Nona Carta
A Décima Carta

A Sétima Carta

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By SxHunniee

Olá meus amores, como estão? Espero que bem! 
Ansiedade me persegue ao perceber que depois desse capítulo, faltam apenas 3 para o fim *lágrimas* espero que estejam gostando! 
Esse capítulo tem um bocado bom de transição de tempo, então qualquer dúvida pode deixar nos comentários, ok? 

ALERTA de gatilho: menção à agressão

Boa leitura ♥xoxo♥

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Cartas Para Chanyeol

Por: Sxhunnie e LuanaAlmeida98

Capítulo 7

A Sétima Carta

Acabado.

Era exatamente assim que Baekhyun se sentia naquela deliciosa manhã de domingo, onde teve seu sono interrompido pelo som estridente de seu celular. Não queria se levantar, o corpo dolorido e o cansaço lhe faziam implorar por mais algumas horas de sono, porém os resmungos sonolentos vindos do corpo grande deitado no colchão ao lado de sua cama o deixaram alerta.

Com cuidado, se pôs de pé na maior velocidade que seu estado letárgico permitia. Agarrou o celular que vibrava e tocava em cima da escrivaninha e atendeu sem ao menos olhar o visor.

- Alô? - perguntou com a voz arrastada e os olhos quase se fechando.

- Baekkie? Está acordado? - a voz animada soou do outro lado da linha e o Byun fez uma careta ao reconhecê-la, a mesma que foi desfeita assim que as palavras que tanto aguardava ouvir foram ditas. - Eu consegui algumas informações. Bom, na verdade foi o Min, mas enfim..

- Dae? Espere um pouco. - cochichou já se sentindo mais acordado pela notícia e saiu do quarto pois não queria acordar Chanyeol e muito menos que ele tomasse conhecimento de seus planos. - Pode falar, o que descobriu? Vocês a encontraram? - a voz soava eufórica, totalmente diferente de instantes atrás.

- Park Yoora, agora Matsumoto Yoora, trinta e oito anos, casada com Matsumoto Yuri. Atualmente reside em Tóquio e administra a rede de hotéis do marido, nenhum registro de filhos. Enviei os contatos para o seu celular. Era tudo que queria?

- Sobre ela, sim. Descobriu algo sobre o senhor Park? - continuou sussurrando enquanto mantinha o sorriso animado na face.

- Hm, não muito. Nada além do que Chanyeol te contou, apenas coisas que saíram na mídia tempos atrás. Não acho que poderemos encontrar algo que suje o nome de Park Jungsu. Ele é rico, nem imagina o que essas pessoas conseguem com dinheiro. - resmungou desanimado, havia passado muitas semanas junto de seu namorado em busca de informações a pedido do Byun.

- Tudo bem. Só as informações que me passou já são o suficiente. Agradeço à você e ao Minseok!

- Nah. Não somos detetives mas damos nosso jeito. - riu do outro lado da linha - Vou desligar, sei que está cansado e não pretendo mais atrapalhar seu sono.

- Obrigado, de verdade. - agradeceu novamente ao amigo antes de desligar a chamada e voltar ao quarto soltando um suspiro depois de cobrir Chanyeol novamente e deitar-se.

O que Park Chanyeol fazia dormindo em sua casa em pleno domingo? Bom, o tempo havia passado e algumas coisas mudaram, infelizmente nem todas para melhor.

Quase um mês após o aniversário de vinte e cinco anos do jogador, as aulas acabaram. Baekhyun continuou trabalhando e aumentou ainda mais sua carga horária na Planet, já que aproveitaria os dois meses de férias para engordar sua poupança bancária e, quem sabe, conseguir comprar um carro simples antes do seu aniversário - odiava ter que pedir o automóvel dos pais emprestado e por isso preferia gastar parte do salário em passagens de ônibus e trem ou usar de sua boa disposição para caminhar até seu destino.

O tempo livre que tinha após o trabalho era completamente preenchido com atividades como se juntar com os amigos para sair ou apenas ficar em casa se afundando em salgadinhos e desenhos animados - muitas vezes sendo acompanhado pelo Park, que havia se aproximado ainda mais de si durante esse tempo.

As coisas só começaram a piorar quando o penúltimo semestre de ambos se iniciou. Felizmente não tinham tantas matérias na grade curricular, mas as que tinham não eram das melhores, fora que começariam com a fase dos estágios e tanto o Byun quanto o Park teriam que se virar para conciliar matérias, trabalhos, estágios e, no caso do mais velho, o emprego, já que obviamente não abriria mão de seu emprego de anos na Planet Cake.

A rotina era cansativa e desgastante. Depois de muito procurar, Baekhyun encontrou vaga para estagiar em uma empresa administrativa coordenada por Wu Yifan, e passava três tardes por semana enfurnado em uma sala, repleto de tarefas designadas a si e aos outros estagiários do mesmo setor que o seu. Não era de todo ruim, estava trabalhando remuneradamente, em algo na área que havia escolhido e com pessoas que em muitas das vezes se preocupavam mais com o trabalho a ser feito do que com o desempenho e a vida alheia.

Já Chanyeol, ao contrário do que todos pensavam, passou bem longe da K&P, conseguindo um estágio por conta própria na empresa rival de sua família, deixando muita gente chocada com tamanha "audácia". Poderia estagiar na empresa de seus pais, mas estar dentro daquele lugar era tudo que menos queria, e tal fato, junto com toda a raiva e intolerância já antes guardadas por Jungsu, foi o ápice para que a situação entre pai e filho piorasse drasticamente.

Baekhyun se assustou na primeira vez em que Chanyeol bateu em sua porta, o relógio marcava quase meia noite quando, com a ajuda de Baekbeom, carregou o maior até o banheiro de seu quarto e teve de ajudá-lo a tomar banho e limpar todo o sangue seco que sujava a face gordinha. Os rastros de lágrimas eram visíveis tanto quanto a tristeza e mágoa que tomavam conta dos olhos grandes e expressivos.

Naquela noite Baekhyun não se segurou. Debaixo da torrente de água morna, segurando Chanyeol firmemente em um abraço, compartilhou de suas lágrimas enquanto ouvia o desabafo do amigo, e a cada nova palavra proferida entre soluços que escapavam pelos lábios cheinhos e cortados, alimentava ainda mais a raiva que sentia de Park Jungsu. Esperava que fosse a primeira e única vez em que passariam por tal situação, mas infelizmente, havia sido a primeira de muitas.

O teto alto e claro era a única coisa frente a visão de Chanyeol. Seus pensamentos vagavam para longe enquanto brincava com o papel colorido entre seus dedos, a letra caprichada já quase apagada depois de tanto atrito com os dedos do jogador. Não se importava já que depois de tanto reler, acabou decorando as palavras bonitas.

Os bilhetes não vinham mais com tanta frequência e parte de si ficava chateado com isso. Na verdade, andava se chateando com muitas coisas nos últimos cinco meses, principalmente com seus pais. Sabia que havia passado dos limites ao rejeitar a vaga na empresa de Jungsu e se juntar à Kim Corp - sim, a antiga empresa se reergueu depois da saída de Kim Taewoo da sede que passou a ser totalmente do Park.

No meio de todo o turbilhão que havia se tornado sua vida, ainda havia os Byun. Baekbeom, Haseul e especialmente Baekhyun. Devia muito à eles já que em meio a tantos problemas, eram os únicos que lhe acolhiam e apoiavam. Depois da primeira noite em que se refugiou na casa do amigo, suas visitas eram mais frequentes e no fim acabava passando mais tempo com a família Byun do que na própria casa.

Haseul já o tratava como filho, Baekbeom continuava se fazendo de durão mas era só os fins de semana chegarem para grudar no Park e passar as tardes entre drinks, petiscos e jogos de beisebol, e Baekhyun.. estava ocupado. Mal tinha tempo para respirar já que intercalava seus dias entre trabalhar na cafeteria de Junmyeon e estagiar na empresa de Yifan, fora a faculdade e o tempo que tirava para dedicar-se aos trabalhos e relatórios que deveriam ser entregues em dia, e ainda assim, o Byun conseguia arrumar tempo para passar consigo e com o casal de amigos.

Encarando o teto, Chanyeol pensava em tudo que estava vivendo. Relembrava sua vida em todos os aspectos possíveis, martirizava-se pelos ocorridos de muitos anos atrás e se arrependia, minimamente - ainda que não devesse fazê-lo -, da decisão que havia tomado. Sua relação com os pais já não era muito boa desde que Yoora foi embora, mas tudo havia piorado ainda mais quando resolveu contrariar as ordens do pai, e agora conseguia ver perfeitamente as consequências de seus atos marcados em sua pele.

Depois de algumas semanas se refugiando numa casa que não era sua, Chanyeol estava razoavelmente melhor - ao menos fisicamente, já que internamente se sentia mais quebrado que o vaso de porcelana que fora partido em mil pedaços durante a discussão - mas não podia continuar se escondendo sob as asas dos pais do amigo, e por isso havia voltado para a mansão. Felizmente Jungsu havia viajado, ao menos assim teria um pouco de paz.

Se antes já era ruim ouvir o mais velho falando sobre as responsabilidades que deveria ter acima da empresa, sobre o cargo e tudo que seria deixado em seu nome quando assumisse, agora estava mil vezes pior.

Jungsu não poupava esforços em atazanar ainda mais o filho, as provocações aumentando depois de saber que Chanyeol rejeitou o cargo em sua empresa depois de tanto insistir que o filho lhe "ajudasse" e aprendesse mais sobre seus negócios para dar continuação no que tanto lutou para ter. Para o Park mais velho, era um absurdo tais atitudes vindas do mais novo.

Em sua concepção, Chanyeol não estava ficando igual a irmã, estava se tornando pior que ela, e pensar nisso deixava o homem possesso em ódio, esse que acabava por ser descontado no filho que em sua mente doentia, era o grande causador de tudo desde o começo.

"Para Park Chanyeol,

Não deixe que águas passadas afetem seu presente e futuro. É difícil lidar, mas você é forte e vai conseguir. Chanyeol, você não está sozinho e sabe disso, então por favor, não guarde tudo para si. Todos precisamos de alguém com quem desabafar, por pra fora às vezes ajuda a clarear a mente.

Você é forte, mas isso não significa que precisa carregar todo esse peso sozinho. O mundo é enorme e, por mais difícil que seja acreditar nisso, nele há pessoas que te amam e se importam com você.

-BBH"

Releu mais uma vez enquanto sorria espantando os pensamentos anteriores. As letras bem desenhadas em um preto apagado no pedaço de papel verde lhe foram entregues no fim do ano anterior. Mais exatamente quatro dias após finalmente ter se aberto com Baekhyun. As palavras ali escritas e muito bem fixadas em sua mente lhe faziam sorrir pois sabia bem como aquilo funcionava. O peso tirado de suas costas no dia em que contou sua história ao amigo, a sensação de carinho que lhe tomava sempre que lembrava da irmã e dos momentos que passava com os Byun e com Jongdae e Minseok também, já que a convivência com o casal acabou gerando uma espécie de amizade que o Park guardava com carinho.

Por muito tempo Chanyeol acreditou estar sozinho. Encontrou companhia quando os bilhetes começaram a aparecer e tudo melhorou ainda mais quando Baekhyun surgiu em sua vida. Depois de receber tanto apoio e carinho do amigo e da família dele, nem sabia como agradecer.

Suspirou juntando todo o ânimo que restava em seu corpo e foi se banhar. Era sexta a noite e como de costume nas últimas semanas, iria buscar o amigo na empresa, seguiriam para a casa dele e talvez parassem em algum supermercado antes para refazer o estoque de guloseimas do fim de semana.

De banho tomado, secou os cabelos antes de vestir-se com um conjunto de moletom cinza da Tommy Hilfiger e cobrir os fios com um boné preto. Não estava ruim e acima de tudo, estava confortável. Pegou a carteira, o celular e a chave de seu G-class logo descendo as escadas com rapidez. Não se preocupou em trancar a casa ou avisar à mãe onde estava indo ou que horas iria voltar, apenas seguiu até a garagem, entrou em seu carro e saiu aproveitando o trânsito não tão calmo do início da noite.

Não demorou muito até chegar ao prédio alto onde o menor estagiava. Estacionou do outro lado da rua, bem em frente a porta principal, e ligou o som no volume baixo antes de conferir o horário no relógio de pulso e ver que faltava pouco mais de dez minutos para o Byun sair. Contorcendo os lábios em um sorriso, retirou o celular do bolso abrindo o aplicativo de mensagens e digitando para o amigo avisando que já havia chegado, aproveitando o aparelho em mãos para jogar até o outro aparecer.

Sua atenção foi tomada pelas batidinhas no vidro e não conseguiu conter o sorriso ao que guardava o aparelho eletrônico e apertava o botão na porta para destravar a do passageiro. Baekhyun entrou sorrindo largo - não tinha como não sorrir quando via Chanyeol fazendo o mesmo de um jeito tão aberto depois de tanto lutar para ver aqueles dentes branquinhos a mostra com mais frequência.

- Boa noite, Chan! - cumprimentou deixando a bolsa no banco de trás e se virando para por o cinto.

- Boa noite, Baek. Como foi o dia? - ligou o carro e voltou às ruas.

- Bem tranquilo. Pensei que o senhor Oh fosse nos encher de documentos para organizar, igual fez semana passada. A pilha era tão grande, mas tão grande, que me juntei ao Lu, Taozi e ao Xing e só então conseguimos terminar rápido. - riu. - Hoje, felizmente, só tive que fazer algumas planilhas e preencher alguns formulários.

- Odeio essa parte. - fez uma careta antes de rir junto ao mais velho.

- Eu também, mas é bem melhor do que organizar pilhas e mais pilhas de documentos. Luhan reclama até hoje com nosso chefinho, mas até parece que Oh Sehun vai dar ouvidos a qualquer um de nós. - deu de ombros.

- Não é muito diferente do meu supervisor. Acho que no fim eles só estão fazendo o próprio trabalho... nos dando muito trabalho. - riu sendo acompanhado pela risada gostosa do Byun.

Ainda era estranho para si a naturalidade como conseguia extravasar suas emoções. Não havia passado tanto tempo assim, mas com as palavras cativantes que recebia nos bilhetes, e a ajuda de Baekhyun, estava se soltando, se tornando alguém melhor e deixando que o Chanyeol de vinte anos atrás voltasse a aparecer em sorrisos bobos e atos de carinho. Depois de tanto tempo, finalmente não se sentia sozinho.

- Vamos passar no mercado? - Baekhyun perguntou mirando os olhos na expressão serena do mais novo.

- Uhum. - murmurou em resposta.

- Vai ficar pro fim de semana todo?

- Hoje não. - desviou o olhar da estrada por poucos segundos vendo o mais velho assentir com um movimento de cabeça compreensivo mesmo que o bico já estivesse presente na face rechonchuda. - Não precisa fazer bico, Baekkie. - riu soprado.

- Não estou fazendo bico. - murmurou atraindo a atenção do jogador novamente enquanto paravam o carro no semáforo à dois quarteirões de chegarem ao mercado.

- Está sim. E você fica extremamente fofo com essa carinha rechonchuda e emburrada. - riu ainda mais com a expressão indignada que foi dirigida a si, ainda que as bochechas cheinhas estivessem vermelhas feito tomatinhos.

- Eu não estou fazendo bico. - virou-se para frente novamente, o bico dobrando de tamanho enquanto negava.

- Ok. Não está. - riu alto. - Mas você sabe que hoje não vou ficar porque amanhã você trabalha e eu tenho que adiantar alguns relatórios para entregar ao professor na segunda.

- Eu vou trabalhar mas meus pais vão estar em casa. Mamãe gosta da sua companhia e o papai também, você sabe. Também pode levar suas coisas da faculdade e fazer no meu quarto. - sugeriu com um aperto no coração.

Para quem sabia dos sentimentos do Byun, a impressão que teriam é que ele apenas queria a presença do Park, queria que ele passasse mais tempo consigo. Mas na realidade, Baekhyun apenas queria livrar o mais novo de todos os problemas que se encontravam na mansão principalmente durante os fins de semana, quando a presença de Jungsu era mais frequente assim como as discussões e agressões.

- Não precisa se preocupar, Baek. Ele foi viajar, apenas minha mãe está em casa. Vou deixar a porta trancada no caso d'ele chegar no meio da noite. - sorriu triste mas ainda tocado com a preocupação do menor para consigo.

- Mesmo assim, você..

- Olha, podemos combinar assim. Eu vou embora hoje mas amanhã te busco na cafeteria e vamos pra sua casa, então eu fico até segunda e vamos pra faculdade juntos. Pode ser? - perguntou já soltando o cinto após estacionar o carro na vaga no supermercado.

- Pode. - respondeu incerto. O coração pesava no peito relembrando de todas as noites que Chanyeol bateu em sua porta num estado deplorável após as discussões com o pai e pensando no que as poucas horas que ligavam um dia ao seguinte poderiam causar caso o velho chato resolvesse aparecer.

Desceram e andaram juntos pelos corredores jogando tudo que queriam no carrinho de compras. Fizeram um estoque bem gordo que provavelmente duraria até o fim do mês, mas não se importavam. Chanyeol teve um bom tempo, não só na casa dos Byun, enquanto comia petiscos saboreando um drink feito por Haseul trocando novidades com a família, mas em sua própria casa também. Jungsu não voltou naquela noite, sua mãe ao menos havia dado sinal de vida. A porta foi trancada por precaução. Nada de ruim aconteceu e nem aconteceria por um bom tempo.

No outro dia, tudo ocorreu como o planejado. Acordou cedo, tomou café e começou o relatório de estágio conseguindo terminar antes mesmo do que havia previsto. Tomou um banho, se trocou e foi até a Planet Cake. Baekhyun até se assustaria com a presença antecipada do jogador, mas já havia se acostumado. Nem se deu ao trabalho de levar o cardápio ou oferecer ao Park algo, apenas gritou por Jongdae na cozinha avisando-o quem havia chegado e o amigo prontamente se dispôs a preparar a fatia do bolo fofinho preferido do maior junto ao copo grande da bebida quente cheia de espuma cremosa.

Chanyeol sorriu quando viu o menor se aproximar já com a bandeja em mãos, o Jiggly cake balançando a cada passo dado. "Por conta da casa" foi o que disse quando o pedido que nem mesmo havia feito foi deixado em sua mesa ao que Baekhyun puxava a cadeira do lado oposto, sentando-se. Muita coisa havia mudado mesmo durante aqueles cinco meses. No Byun, a maior diferença era a vergonha que parecia ter se esvaído do corpo franzino deixando sua verdadeira personalidade brincalhona a mostra.

O jogador comeu com calma enquanto o mais velho voltava ao trabalho atendendo alguns poucos clientes que apareciam aos sábados. Assim que o expediente acabou, seguiram para casa num clima tranquilo. Baekhyun estava feliz por tudo ter dado certo e não precisar lidar com o amigo acabado durante a madrugada. Ficou ainda mais feliz quando as semanas se passaram e tudo continuou indo bem, Jungsu não dava as caras e Chanyeol continuava intacto, mas infelizmente, nem tudo dura para sempre e aquela situação não era uma exceção.

Quase um mês havia se passado. Chanyeol estava empolgado já que era uma data comemorativa. Tremia todinho por dentro com a excitação de ter ajudado a planejar uma surpresa. Não dariam uma festa nem nada do tipo, mas haviam reunido as pessoas importantes e mais próximas ao círculo de amizade do Byun, o que junto à família, não chegava nem a dez pessoas.

Tocou os bolsos da calça jeans pela milésima vez desde que havia saído de casa, e a cada vez que se desesperava pela falta que a caixinha fazia ali, tinha que se lembrar que a mesma estava bem guardada com os pais do amigo. Estava nervoso, até mais do que esteve na noite em que comemoraram seu próprio aniversário. Baekbeom e Yixing lutavam para manter o mais novo entretido no sofá da sala enquanto Haseul se juntava à Jongdae, Minseok, Luhan e Zitao na cozinha dando os últimos detalhes no pequeno bolo feito pelo confeiteiro da Planet.

Os presentes eram simples e estavam empilhados em cima da mesa de vidro, bem abaixo dos parabéns em balões metalizados que penduraram com certa dificuldade. Todos, exceto dois. A caixa pequena que chegou junto à Chanyeol foi guardada dentro da geladeira, e o maior presente da noite sequer caberia dentro de casa, portanto foi deixado dentro da garagem espaçosa.

Quando tudo estava pronto, todos se juntaram na sala, fingindo estarem assistindo alguma coisa na TV quando na verdade estavam tensos revezando olhares entre a porta de entrada e o relógio. Segundo o horário indicado pelos ponteiros, Baekhyun logo estaria em casa e todos precisavam estar preparados no momento certo. Quando o barulho de chaves e da trinca sendo destrancada soou, prenderam o fôlego, mas logo soltaram em um grito coletivo que quase fez a alma do Byun mais novo sair de seu corpo e fazer uma tour pela cidade.

Baekhyun sorriu e chorou feito criança. Fez questão de abraçar um por um enquanto recebia felicitações e agradecia. Chanyeol foi o último a estar entre seus braços, sentia as poucas tremulações do corpo grande contra o seu enquanto lutava para não se arrepiar ao ouvir a voz rouca sussurrar em seu ouvido.

- Feliz aniversário, Baek! - foi tudo o que disse, até o momento.

A noite seguiu em total alegria. Comeram salgados e muito, muito bolo. Se encheram de refrigerante e riram até não aguentarem mais. Dado certo horário, Baekhyun começou a abrir os presentes. Luhan, Yixing e Zitao se juntaram para lhe dar um box completo do mangá que não cansava de falar sobre e era louco pela história, Jongdae lhe deu um boneco bobble heads do Darth Vader e Minseok, um do Yoda. Era um amante de Star Wars e nunca negaria o fato. Agradeceu entre lágrimas e se virou para Chanyeol e os pais que estavam juntos em um canto com olhares cheios de expectativa.

- Baek.. - ouviu a voz doce da mãe lhe chamar. - Nós três preparamos um presente especial. Eu e seu pai juntamos por um tempinho e quando Chanyeol descobriu sobre a ideia, logo quis se juntar e também investiu um pouco das economias nisso. Esperamos que goste. - a voz vacilava enquanto sorria prendendo o choro e falava, a mão estendida deixava uma caixinha de veludo preto a mostra.

Por um segundo Baekhyun pensou que ganharia um anel, ou algo do tipo já que a caixinha se assemelhava muito às que via quando pessoas compravam jóias valiosas. Mas surpreendeu-se quando ela foi aberta e ao invés de um anel, tinha uma chave. Pegou entre os dedos trêmulos e chorou alto enquanto tentava abraçar os três ao mesmo tempo sussurrando um obrigado atrás de outro.

Quando se separaram, observou o objeto em mãos e percebeu os botões de controle de travas e alarme ali, então apertou e de onde estava pôde ouvir o som abafado na garagem. Sem pensar duas vezes correu até o lugar sendo seguido por todos e ficou paralisado ao ver o Toyota Etios Hatch 2017. Novo. Era um carro de lançamento e muito, muito diferente do que esperava comprar com o próprio dinheiro. Se aproximou em passos lentos contornando os faróis com os dedos longos, seguindo pela tintura branca até alcançar a maçaneta e abrir a porta. O cheiro de coisa nova atingindo seu nariz quando entrou segurando o volante como se estivesse em um teste de direção.

- E aí, gostou Baekkie? - Chanyeol perguntou, a voz temerosa mesmo que soubesse que a resposta seria positiva. Baekhyun ao menos conseguiu responder em palavras, apenas assentiu debilmente enquanto continuava fuçando no interior do veículo.

- Não consegue nem responder. - zombou Jongdae enquanto assistia as reações do amigo. - Acho que isso é um sim. - riu.

- Eu.. meu deus! Eu amei. - sorriu quadrado saindo e agarrando os pais e o amigo novamente. - Nem sei como agradecer, eu.. meu deus, muito obrigado, de verdade. Eu amo vocês. Todos vocês. - falou se afastando e encarando todos ali presentes. - Até mesmo vocês. - apontou risonho para o trio chinês que havia conhecido na empresa em que estagiava.

- Também amamos você Boxi. - Zitao se pronunciou pelo trio, o rosto marcado pelos rastros de lágrimas e o apelido dado ao novo amigo soando cheio de carinho.

Juntaram-se todos em um abraço coletivo. Baekhyun não sabia fazer nada além de agradecer e sorrir. Pouco tempo depois, todos acabaram indo embora restando apenas Chanyeol e seus pais. Era sábado e todos naquela casa sabiam que o mais novo ficaria para o fim de semana, portanto os mais velhos se despediram e foram deitar deixando os dois mais novos conversando sentados na cozinha enquanto comiam mais alguns salgados que haviam sobrado.

- Então, gostou mesmo do presente? - Chanyeol perguntou sentindo o nervosismo voltar com tudo.

- Você ainda pergunta? Chan, tem um carro a mais na garagem e ele é todinho meu. É claro que eu gostei. E ainda vou poder colocar meu Vader e meu Yoda nele, não é demais? - animou-se fazendo o maior rir. - Você me lembra ele. - murmurou encarando os bonecos ainda dentro das caixinhas.

- Quem?

- Yoda. - riu. - Olha bem, as orelhinhas. Seria Park Chanyeol a versão humana do meu Jedi favorito?

- Pode ser. - acompanhou a risada do pequeno. - Mas é sério. Eu sei que gostou do carro, mas eu tenho algo a mais para te dar.

- Chanyeol.. - chamou num tom repreensivo.

- Antes que reclame, é um presente feito por mim. Não sei se ficou bom nem se vai gostar, mas é muito especial e simbólico. Acho que vai entender quando ver. - sorriu e se levantou indo até a geladeira.

Baekhyun estranhou a direção tomada pelo Park, mas tudo fez sentido quando a caixa gelada lhe foi entregue e ao ser aberta deixou a mostra um cupcake, simples e fofinho. O glacê azul estava bagunçado deixando claro que realmente havia sido feito pelo jogador, e a velinha branca fincada na espuma e entre os confeitos coloridos trouxe ainda mais lágrimas a tona, porque sim, Baekhyun entendia o valor sentimental que aquele presente tão simples carregava, e ia muito além da boa vontade do amigo em preparar algo com as próprias mãos.

- Feliz aniversário, Baek. Obrigado por tudo que fez e faz por mim, obrigado por estar ao meu lado. Amo você. - soltou enquanto o abraçava.

- Eu também amo você, Yeol.   


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