Solace ϟ Potterverso

By EvanoraCaligari

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🐍 Vencedor do Prêmio Wattys 2020 na categoria Fanfiction 🏆 Com antigos seguidores de Voldemort ainda à solt... More

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By EvanoraCaligari

Capítulo dedicado a Flavia_com_acento ♥ 

O cheiro de abóbora assada embrulhou o estômago de Isis no segundo em que botou os pés no saguão de entrada. Dentro do Salão Principal, morcegos voavam sobre as mesas, desviando das abóboras flutuantes, recortadas com expressões assustadoras. Ver a animação dos alunos com o Dia das Bruxas só aumentava o enjoo, e isso devia estar explícito em seu semblante, pois ninguém tentara puxar conversa desde o momento em que saíra da sala comunal.

Planejava tomar o café da manhã e voltar ao dormitório, para compensar as horas em claro, repetindo a rotina no dia seguinte em vez de aproveitar o fim de semana livre. Ela remexeu o mingau de aveia até ficar entediada e afastar a tigela, após três colheradas. Quando finalmente teve coragem de se levantar, notou o olhar agoniado de Aurora na sua direção, porém a ignorou enquanto voltava ao saguão.

Dormir bem à noite, sem o auxílio do Somnarum, era impossível. Bastava fechar os olhos para o coração acelerar sob a menor hipótese de ter os sonhos violados por Underhill. Considerava os riscos menores durante o dia, sem se arriscar em tocar na poção.

— Ei! — Isis esfregou a testa, parando próxima às escadas ao ouvir Cybele a chamar. — Está tudo bem? Quase não tenho te visto por aí desde, sabe, o ataque em Hogsmeade.

— Está tudo bem. — A breve menção ao incidente soava como algo distante. — Meus pais, eles... eles ficaram bem preocupados. Disseram que eu devia voltar aos Estados Unidos.

Os dementadores em Hogsmeade causaram um alvoroço no castelo e no povoado, requisitando uma intervenção imediata do Ministério para evitar novos ataques. A partir da ascensão de Kingsley ao posto de ministro, a segurança de Azkaban ficara a cargo dos aurores. Se por um lado a iniciativa arrebatara elogios sinceros por parte da comunidade bruxa da Grã-Bretanha, por outro, criara um novo problema, pois ninguém sabia o que fazer com os antigos aliados amortais de Voldemort.

— E agora? Você vai ter que voltar? Converse com a McGonagall! Talvez ela possa...

— Ei, calma. — Isis quase sentiu pena do desespero da colega. — Não vou voltar até terminar o intercâmbio. — Cybele levou a mão ao peito, aliviada.

As palavras de contentamento da garota passaram despercebidas assim que Isis notou Snape encerrar uma conversa com Savage e cortar o Salão Principal na direção das duas. Recorrer ao autocontrole não era uma tarefa fácil quando se estava caindo de sono, contudo fez um trabalho satisfatório em camuflar os pensamentos à medida que a figura soturna se avultava sobre elas.

— Não devia terminar o resumo a respeito dos Elixires Perenes, Guthrie? Não terá Cooper para fazer seu N. E. W. T. no ano que vem. — A menina se encolheu, ruborizando.

— Nos falamos depois. — Isis falou antes de Cybele se afastar, cabisbaixa. — Agora resolveu tratar os sonserinos tão mal quanto os alunos das outras casas?

Ela o encarou, curiosa, e os olhos correram instintivamente para o pescoço, onde um curativo quase imperceptível elevava-se alguns milímetros acima do colarinho branco. No lugar do constrangimento, ao constatar a potência do sonho proporcionado por Erastus, Isis foi tomada por satisfação indecorosa em ver o contido mestre de Poções marcado pelas suas unhas. Sentiu-se uma súcubo, embora fosse tão vítima quanto Snape.

— Venha — apressou-se em dizer ao atentar para o foco da bruxa; olheiras profundas marcando as faces emaciadas.

— Hoje é sábado, professor. Não podemos deixar a reunião para depois do almoço? — Ela corria ao seu lado para acompanhar as passadas rápidas rumo às masmorras.

— Estou ciente do calendário, Cooper. Tão ciente que me admira o fato de estarmos às portas de novembro sem qualquer informação significativa de sua parte.

— Então esse é o momento em que exige as minhas memórias? — perguntou Isis, ao adentrarem um dos laboratórios, tendo um cerrar de punhos como resposta.

Ao transporem a soleira da sala mal iluminada, ela teve a confirmação à sua pergunta. A antiga penseira de Dumbledore estava sobre a mesa, ladeada por uma caixa de madeira repleta de frascos pequenos, cujo conteúdo prateado pairava dentro do vidro feito fumaça. Isis não esperou a autorização para se sentar, exaurida em pensar na conversa que teria com Snape.

— Sinceramente, não pensei que demoraria tanto para chegar a esse ponto — continuou ela, encostando a cabeça no espaldar e fechando os olhos por alguns segundos. — Então, quando começaremos?

— A penseira não é para você, Blakeley. — Isis voltou a fitá-lo com alguma dificuldade; as pálpebras pesando. — A legilimê...

— Não, nem pensar. Não vai entrar na minha cabeça. — "Já basta um", pensou, cruzando os braços. — Se quiser acesso às minhas memórias, será através da penseira.

— Intimidada, Blakeley? — O olhar frio só tornou o sorriso torto do professor ainda mais sombrio.

— Nos seus sonhos, Snape — disse, retribuindo o escárnio enquanto coçava o pescoço bem devagar. — Não tenho problemas em dividir as lembranças — continuou ao ver o sorriso dele se extinguir, mesmo sendo mentira —, porém eu terei controle sobre o que verá. Confiarei minhas memórias a você e, em troca, você confiará na veracidade delas. Encare isso como um exercício de confiança. Pode ser muito... terapêutico.

— Então a minha única opção é crer na senhorita? — O desprezo no semblante quase fê-la rir ao lembrar do sonho.

— Basicamente. — Ela deu de ombros. — Também será o único autorizado a vê-las. Não quero McGonagall ou Kingsley ou qualquer outro xeretando minha vida. Você é uma pessoa discreta, deve compreender o meu lado, não? — Snape não respondeu, ainda digerindo a imposição. — Quando começaremos o tour através da minha mente corrompida?

A pergunta pairou no ar por uma pequena parcela de eternidade. Pela postura rígida e lábios crispados do professor, Isis ficou na dúvida se estava prestes a expulsá-la das masmorras ou azará-la. Só então se deu conta de que Snape encarava um ponto além dela. Ao se virar, viu a porta entreaberta, dando para a sala de aula vazia. Não levou mais que três segundos para entender o que se passava na cabeça dele.

— Começaremos na segunda. Agora vá e feche a porta ao sair — mandou, irritado ao ter os pensamentos "lidos" por Isis.

Ela se levantou sem tecer qualquer tipo de comentário e saiu, como ordenado, diminuindo o passo ao cruzar o cenário de seu sonho sórdido.

O banquete de Dia das Bruxas não foi menos que primoroso, com direito a um pequeno espetáculo dançante por parte dos fantasmas veteranos do castelo. Na mesa dos professores, o lugar de Snape conservava-se vago, mas despertou poucos questionamentos já que todos concentravam-se na comida. Isis se esforçou para comer e até sorriu quando uns alunos comentaram, animados, sobre o início da temporada de Quadribol. Gina Weasley estava uma pilha de nervos como capitã do time da Grifinória, preocupada com o desempenho do novo apanhador.

— Também é fã de Quadribol? — perguntou Liam, sentando à sua frente.

— Vão, Azulões de Fitchburg — brincou, esperando não ter errado o nome do time. — Trancabola é mais comum nos Estados Unidos.

Isis teve que tagarelar os minutos seguintes sobre como Trancabola era um esporte emocionante, mesmo sem nunca ter visto uma competição sequer. Hermione Granger não podia desaprovar mais, horrorizada ao ouvir uma história inventada a respeito de uma partida onde uma das bolas de couro estourara próxima aos olhos de um colega de casa da "Hannah", pouco antes de ele a arremessar no caldeirão dos adversários.

— Esse jogo é tão bárbaro quanto Quadribol. Lembro-me de ler algo em Quadribol Através dos Séculos no primeiro ano e... — Antes que começasse a professorar aos colegas, Ginny e Liam a cortaram, comentando quão divertido seria jogar Trancabola em Hogwarts.

Em meio à conversa e às risadas, Isis quase esqueceu dos problemas, sentindo-se uma adolescente de novo. Na época de escola, um dos seus sonhos era entrar para o time da Sonserina como artilheira, e atingira o objetivo no segundo ano. Não era excepcional, então compensara com muita dedicação, sem faltar aos treinos. Animada com a conquista do primeiro jogo sobre a Corvinal, enviara uma carta a Underhill narrando os feitos. A resposta não soara desanimadora a princípio, mas o bruxo fizera de tudo para dissuadi-la de continuar jogando. O pretexto usado fora o mal-uso do tempo "em uma atividade pouco edificante". Ela desistiu no ano seguinte.

Ao fim do banquete, Isis nem parecia a garota ranzinza do café da manhã. O fato de ter uma garrafa de vinho dos elfos escondida sob a capa muito tinha a ver com isso. Afanara-a da cozinha após o encontro com Snape, porém resolvera guardá-la para mais tarde. E o "mais tarde" tornou-se depois do jantar, evitando que alguém a visse cambaleando pelos corredores. Enquanto os alunos voltaram às salas comunais, ela desviou do caminho e rumou à Torre de Astronomia, onde escondera uma Comet 260 arranjada por intermédio da Sala Precisa.

Isis voou para longe, sobrevoando o Lago Negro rente à água. As ondulações, ao correr a mão pela superfície, transformaram o reflexo da Lua em uma massa branca disforme.

O destino final foi uma das torres do campo de Quadribol, decorada com padrões da Sonserina. Isis pousou com leveza, sentando-se em seguida na fileira do topo, de onde podia admirar o estádio e o castelo. O vento frio fê-la se encolher, apressando-se em pegar a garrafa de bebida. O líquido desceu queimando, mas não demorou a cumprir com o dever de aquecê-la. Se passaria a noite acordada, que fosse com o mínimo de conforto e uma bela vista. O plano era fazer o mesmo no dia seguinte, entretanto, dessa vez, deixaria um telescópio escondido na torre.

Ela tomou alguns goles do vinho, sentindo o corpo relaxar sem perder a capacidade de raciocinar; um alívio e um fardo. A chegada de segunda-feira rondava os pensamentos com promessas penosas. Remexer as memórias seria uma tarefa espinhosa e qualquer movimento em falso ruiria seu delicado castelo de cartas.

— O que está fazendo aqui? — Ela se virou, sobressaltada, e encontrou Snape com a varinha em riste; a luz a cegando por um instante.

— Eu precisava de silêncio para pensar, então muito obrigada por aparecer do nada. — Isis cobriu os olhos enquanto ele analisava ao redor em busca de outra pessoa.

— E o que é isso? — Era impossível ver o rosto dele ao focar na garrafa em sua mão.

— Coragem líquida. — A luz se apagou de repente, deixando apenas a silhueta à sua frente. — Onde esteve durante o jantar?

— Isso não é da sua conta, é, Blakeley? — Snape se aproximou das primeiras fileiras; os olhos negros se estreitando ao encará-la. — Agora ande.

Isis só se moveu para levar a garrafa à boca, dando um longo gole.

— Como me encontrou? Não que eu tenha sido muito cautelosa, mas você só podia estar aqui fora para me ver... Talvez além do castelo.

— Já disse que isso não é da sua conta. — Ele subiu até a última fileira e tentou tomar a garrafa de Isis, porém a bruxa foi mais rápida. — Cada minuto que passo nessa torre é um dia de acréscimo em sua detenção, limpando todas as salas das masmorras.

— E eu lá ligo para detenção? — Ela se chegou para as cadeiras do meio, risonha. — Estava em Londres, não é? — Mal pôde notar os músculos dele se retesarem. — Foi Minerva que o obrigou? Não me parece o tipo de coisa que Kingsley faria.

Na penumbra, Snape havia se tornado uma estátua; a capa tremulando ao redor como sombras. Quando voltou a se mexer, avolumando-se sobre Isis, foi para arrancar a garrafa de sua mão. A bruxa pensou que ele a arrastaria de volta ao castelo, mas, em vez disso, sentou-se a uma cadeira de distância, conjurando uma taça e a enchendo com o vinho.

— Melhora com o tempo — continuou Isis, apoiando os pés no assento da frente. — Eu até sinto falta às vezes, mas fica muito difícil fazer terapia presa aqui. Qual foi a condição? Ou fazia ou era expulso de Hogwarts? Azkaban? — O queixo de Severus tremeu de raiva. — Entendi. — Ela pegou a garrafa da mão dele e não se importou de beber do gargalo.

O silêncio caiu sobre ambos e Isis aproveitou para olhar as estrelas, repreendendo-se por não ter pensado em levar o telescópio antes.

— O tempo que eu dedicava às constelações era uma das coisas que o irritava — murmurou, mantendo o rosto erguido. — Sempre havia algo mais construtivo a se fazer, um assunto mais interessante a se estudar. Mas os astros... — ela suspirou, sorrindo — eles transformavam todos os meus problemas em um pedaço de insignificância. — A garrava voltou aos lábios. — Era um bálsamo esquecer quão ferrada eu era... sou. — Isis encarou Snape e, sem quebrar o contato visual, disse em um tom soturno: — Somos dois ferrados.

Antes que ele respondesse, a bruxa se levantou e apoiou os braços no parapeito, encarando o campo.

— Por isso a gana em me tratar mal, já que não pode fazê-lo consigo mesmo de forma consciente. Quer saber, talvez eu devesse me tornar uma medibr... — Isis se virou para fitá-lo e o encontrou a poucos centímetros dela.

O coração acelerou no mesmo instante, em dúvida se devia considerar aquilo como um alerta de perigo ou atração. A confusão inicial deu lugar a uma dissimulação imperceptível enquanto, dentro dos pensamentos inapropriados, imaginava-se de joelhos bem ali, com a mão de Snape torcendo seus cabelos. E se estivesse sonhando novamente? Podia ter bebido além da conta e caído no sono na torre. Quis se beliscar, porém não pôde se mexer. Onde estava com a cabeça?

— Por que foi atrás de mim naquele jantar na casa de Erastus? — perguntou, vendo os lábios dele se entreabrirem. — Por que conversou comigo? E depois, na mansão de Lucius... Buscava informações ou só queria se afastar dos outros tanto quanto eu?

— Você não se encaixava. — Severus tirou a garrafa de sua mão e não fez menção de se servir de novo. — Quis me certificar de que não estava sob efeito da Maldição Imperius.

— E por que se importaria com isso? Não era sua missão, era? — Isis se afastou, voltando a se sentar. — Eu estava fugindo de Lucius. Erastus nunca o suportou, embora fizesse um bom trabalho em fingir na frente dos outros comensais. — Snape tentou se manter impassível, mas ela notou uma breve mudança em sua postura. — Malfoy deu em cima de mim e, como em tantas outras vezes, tive que me segurar para não socá-lo. Uma tarefa hercúlea para impedir meu querido tutor de se irritar.

— Malfoy não foi o único a assediá-la naquele jantar — Isis ergueu as sobrancelhas, surpresa —, então qual é a verdadeira razão por trás dessa hostilidade?

— Espere, você... — ela cruzou os braços, incrédula — não sabe? Lucius e Erastus são irmãos. Corrigindo, meios-irmãos.

— E quando tencionava compartilhar essa notícia insignificante? — O tom suave contrastava com a frieza no olhar.

— Você era um maldito agente duplo. Era sua obrigação saber disso.

Os dois iniciaram um debate acalorado onde se recusavam a admitir o erro. Isis se negava a acreditar que o mestre de Poções nunca esbarrara nessa informação nos anos ao lado de Voldemort. Pela parte de Erastus, sabia do cuidado que ele tinha em não vazar o parentesco com os Malfoy, contudo Lucius era um estúpido; uma pressão minguada seria capaz de arrancar seus maiores segredos.

— Certo, agora já sabe! — cortou-o, ofegante, antes que a discussão seguisse noite adentro. — Quer ouvir o resto ou não? — Ele não respondeu a princípio, virando-se para encarar o estádio.

— Quem tem conhecimento disso? — As palavras retomaram o controle, mas as mãos se agarravam com força ao parapeito.

— No momento, quatro pessoas, contando com você e comigo; Malfoy e Narcissa. Voldemort também sabia, é claro. — Isis tirou a capa do uniforme e a usou para cobrir as pernas à medida que o frio se intensificava. — Do contrário, Erastus seria só um sangue ruim. Eu descobri por acaso, em uma visita de Abraxas.

Ela ainda se lembrava com clareza daquela tarde de agosto em 94. Era difícil de se concentrar por conta do calor, porém Underhill não desistira de explicar o processo destilatório de plantas dentro da Alquimia Espagírica. Com as mangas da blusa enroladas até os cotovelos — marca negra à mostra — e despido dos típicos trajes elegantes, também penava para manter a atenção entre o quadro-negro e a mistura de uísque de fogo com ervas de Isis. O preparo da tintura estava quase no fim quando o Sr. Malfoy, pomposo como era de se esperar, entrou, acompanhado por Pixie, a elfa doméstica da casa.

Isis não fazia ideia de quem ele era ou representava, por isso deu um tapa em sua mão enrugada ao vê-la se aproximar do seu rosto.

— Selvagem, essa aqui — Os olhos cinzentos luziram ao encará-la.

— Não toque nela. — Abraxas fitou o filho com um sorriso maldoso que ela só foi entender anos depois. — Isis, por favor. — Ele indicou a porta e a garota saiu a contragosto.

Com a despedida de Malfoy, ela não esperou que houvesse uma explicação da parte de seu tutor, mas Erastus a chamara de volta à sala e deixara a Alquimia de lado, pelas horas seguintes, para explicar sua história de vida.

— Só havia uma coisa que o Abraxas amava mais que odiar e humilhar trouxas: dormir com eles. — Isis sentiu um gosto amargo na boca ao se lembrar dos discursos supremacistas do bruxo. — Erastus nem deve ser o único bastardo. — Snape desistiu de ignorá-la e lhe dignou um olhar mal-humorado. — A mãe dele era professora em um conservatório na Inglaterra e conheceu Malfoy em uma viagem de férias à Escócia. Ela era inteligente, bonita e, aparentemente, tinha uma queda por loiros.

— Esse comportamento não era restrito apenas a Abraxas. — O professor segurou a garrafa atrás das costas, pensativo. — Por que Underhill não quis se aproveitar da influência dos Malfoy?

— Ah, o básico: orgulho. Erastus foi humilhado no primeiro ano em Hogwarts, por ser um "nascido-trouxa" na Sonserina. Pode me passar a garrafa? — Snape arqueou a sobrancelha. — Certo. A coisa mudou de figura ao entrar para o Clube do Slug, no segundo ano, ao se destacar em várias disciplinas. Nessa mesma época, ele descobriu que o pai de um dos babacas que o ridicularizava tinha o mesmo nome do seu. Não foi difícil encontrar uma foto para interpelar a Sra. Underhill.

"Ele guardou a verdade até sair de Hogwarts, já com uma proposta de trabalho no Ministério, após um ótimo desempenho como estagiário no Departamento de Mistérios. Só então foi atrás de Abraxas. Papai Malfoy nunca admitiu, mas sempre demonstrou ter mais orgulho de Erastus que de Lucius, o que só piorou a relação entre os dois. É isso."

Snape ergueu o queixo, fazendo os cabelos caírem para trás, e Isis se permitiu estudá-lo, decidindo até onde os seus gostos pessoais eram duvidosos. O professor tinha estampado no rosto e nas atitudes um sinal claro de indisponibilidade, mas isso apenas alimentava o empenho em conseguir o que queria dele.

— Kingsley me deu seu aval para interrogar Yaxley — comentou Severus, olhando-a de esguelha. — Caso ele se prove um imprestável, como acredito que será, terei uma conversa pessoal com Malfoy.

— Bravo. — Isis se levantou e, em um movimento rápido, tentou arrancar a garrafa da mão de Snape e ele levou a melhor dessa vez. — Deixe eu ao menos terminá-la.

— A senhorita devia estar no dormitório a essa hora, não bebendo. Afinal, vinho dos elfos produz um sono muito pesado em excesso. — O professor a olhou de cima a baixo, com um sorriso desdenhoso. — Não é tão forte quanto Somnarum, mas não podemos arriscar, podemos?

Isis mordiscou os lábios e sorriu de volta, indo até a Comet 260. Ela subiu agilmente no parapeito, sob o olhar inabalável de Severus, e acenou antes de se deixar cair no vazio. A poucos metros de atingir o chão, aproveitando ao máximo a adrenalina, puxou a vassoura para cima e subiu com rapidez, rumando para a Torre de Astronomia.

Notas

Isis não sabe se fica confusa ou se abraça o lado devasso de vez. O importante é que tivemos altas revelações neste capítulo (e teremos outras pela frente). Preparados para entrarem na cabeça da nossa cobrinha?

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