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A ala hospitalar contava apenas com Isis de paciente, e não demorou muito para ela ouvir o ruído da porta se abrindo, após a saída apressada de Aurora para contar aos outros sobre o despertar da amiga

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A ala hospitalar contava apenas com Isis de paciente, e não demorou muito para ela ouvir o ruído da porta se abrindo, após a saída apressada de Aurora para contar aos outros sobre o despertar da amiga. Não estava em condições de conversar com ninguém, especialmente depois de ver o antebraço esquerdo enfaixado; seu sangue manchando o tecido branco. E se não fosse pelo tom escarlate, a atadura se mesclaria com facilidade à coloração esquálida da pele.

A cortina foi aberta devagar, para não a assustar, e Blakeley sorriu ao ver quem acompanhava Sinistra.

— A senhora não mudou nada, prof.ª Tumusiime. — A mulher assentiu em resposta, sempre muito séria.

— O momento não é auspicioso, porém fico feliz em revê-la, Srta. Blakeley. — A voz suave e o sotaque ugandês ainda possuíam um efeito calmante. — Especialmente agora, que despertou. Muito perspicaz de sua parte colocar meu nome junto à mensagem que deixara no chão da mansão.

Ela pediu licença e sentou-se na borda da cama, ajeitando os cabelos trançados e grisalhos sobre o ombro, coberto pela seda azul real do vestido, enquanto uma faixa de tecido dourado cingia sua cintura, acompanhando o comprimento longo do traje. E era desse jeito que Isis se lembrava da mestra de Poções de Uagadou; um semblante pacífico e uma infinidade de conhecimento na ponta da língua.

— Tinha certeza de que a senhora — "E Snape", pensou, abatida — seria capaz de compreender o veneno empregado por Underhill.

— A orientação sobre a cobra foi fundamental na descoberta. O rapaz, como é mesmo o nome dele? — perguntou, olhando Aurora de soslaio; vincos formando-se no canto dos olhos grandes. — Ah, Snape. O prof. Snape me contou sobre Nagini. O veneno dela foi, sim, um dos ingredientes da poção criada por Underhill, embora eu acredite que "criada" não seja a melhor palavra para o caso.

— Como assim? — Isis tentou se aprumar e gemeu de dor ao tentar se apoiar com o auxílio da mão esquerda.

— Ora, tome cuidado. Ainda não está 100% recuperada. As probabilidades de que encontre dificuldade em realizar feitiços também são grandes — indicou Tumusiime, auxiliando-a a se sentar. — E "como assim" que o comensal roubou parte das ideias de outro bruxo, coautor de um dos livros dele sobre sonhos. Depois, acredito eu, livrou-se das provas. Todas elas, se bem me entende. Não que o Ministério daqui se importe muito com o que se sucede no Egito ou Uganda.

Isis se recostou nos travesseiros, surpreendida pela notícia. O antigo tutor vangloriava-se com frequência de suas descobertas no campo dos sonhos; as conquistas sempre comemoradas e expostas à sociedade bruxa. Não duvidava da inteligência dele, contudo encarava com alívio o fato de Underhill não ser insuperável dentro de "seu mundo", como costumava dizer. Só mais uma evidência para ajudá-la a desconstruir a figura que endeusara por tantos anos.

— A poção seria utilizada nos Braços de Delilah. Uma espécie de algema capaz de bloquear a magia de nascidos-trouxas e traidores de sangue — comentou Isis, expondo sua teoria. — Em doses altas e frequentes, induziria uma espécie de coma, do jeito que aconteceu comigo. Um sem-número de torturas psicológicas introduzidas sem comprometer diretamente a integridade física.

Solace ϟ PotterversoWhere stories live. Discover now