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A luz da Lua passava difusa pelas janelas de guilhotina, iluminando os poucos móveis do quarto

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A luz da Lua passava difusa pelas janelas de guilhotina, iluminando os poucos móveis do quarto. Os vidros opacos possuíam grossas camadas de poeira, além das manchas gordurosas de dedos, também presentes nas paredes. O tamanho das mãos variava, porém, boa parte das marcas — feitas com tintas coloridas — eram pequenas, cobrindo a pintura descascada junto aos pequenos desenhos de animais e estrelas.

Isis observava das sombras todas as camas vazias, ao mesmo tempo que uma urgência crescia dentro dela. A respiração se tornava ofegante à medida que uma ardência se intensificava em suas costas. Queria fazê-la parar, mas precisava senti-la, alimentá-la. Necessitava se agarrar àquela dor, à raiva queimando cada vez mais forte, irradiando pelo corpo até chegar na mão segurando a varinha esculpida do olmo. Um aceno e findaria um tormento de anos, então por que não conseguia prosseguir?

De repente um braço a envolveu pela cintura, deslizando a mão com delicadeza sobre a sua barriga. Dedos varreram seus cabelos para trás da orelha, resvalando na nuca como uma carícia insinuante. Isis umedeceu os lábios e os apertou com firmeza, incapaz de controlar a própria respiração quando o tinha ali, pressionado contra seu corpo, na iminência de cruzar uma das barreiras que refreavam cada impulso de seguir em frente.

— Faça. — O hálito morno em seu pescoço a fez tremer, aliado ao tom malicioso. — Não pense, só faça. — Ele pegou seu braço e o elevou devagar; a varinha apontando para uma das camas. — É isso o que você deseja. Não se prenda ao passado — a boca roçou em sua orelha —, queime-o.

A lágrima morna escorreu pelo rosto de Isis antes de o fogo prorromper da varinha. A pressão ao redor de sua cintura se tornou mais firme, como o abraço de uma serpente que, ao mínimo sinal de medo, comprimiria seus ossos até transformá-los em pó.

— Essa é a minha garota. — Ela sentiu um sorriso em sua voz enquanto as labaredas consumiam o cômodo.

Entre uma piscada e outra, Isis encarava o teto com rachaduras do quarto alugado no Caldeirão Furado. O peso sobre o peito a manteve deitada por longos minutos até se dissipar por completo. As costas ardiam contra o lençol úmido de suor, e o cheiro da madeira em chamas era tão real quanto o pequeno besouro que andava na coberta. Tinha plena certeza de que tudo não passara de um sonho, entretanto isso não a deixou mais tranquila.

Depois de dar um peteleco no inseto intruso, ela virou a cabeça e, apesar da visão embaçada, viu o envelope de Hogwarts sobre a mesa de cabeceira. O broche de bronze que viera junto era do tamanho de um sicle de prata e a indicava como aluna intercambista. Embarcaria rumo à escola no dia seguinte e não comprara nada da lista de materiais. A bolsa de couro se esparramava ao lado, repleta de moedas; um "presente" do ministro.

A ideia inicial era não se preocupar com detalhes do tipo, contudo, Aurora sugerira o "passeio" como forma de contribuir para solidificação da imagem de Hannah Cooper. Underhill dispunha de uma longa lista de aliados que, naquele momento, podiam estar espalhados em zonas estratégicas do mundo bruxo, à espera de um sinal que denunciasse a posição de Isis. O Beco Diagonal, decerto, era uma delas.

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