Quando Eu Ainda Amava Você

Por ClaraCasteloQEAAV

252K 16.5K 4.7K

[CONCLUÍDA] Quando as duas ex-melhores amigas e atuais rivais Carla e Adele se reencontram na faculdade anos... Más

Quando você ainda me ignorava
Quando eu e você passamos uma tarde constrangedora juntas
#1
Quando você se escondeu no armário
Quando vi você naquela festa
Quando eu conheci você
Quando seu "com quem será?" não foi comigo
Quando eu me senti a pior pessoa do mundo
#2
Quando saberemos se foi a escolha certa?
Quando tentei seguir em frente
Quando você a beijou na minha frente
Quando eu aprendi a abrir mão
Comunicado
Quando colocamos um ponto final
Quando trocamos lições sobre o amor
Quando encurtamos a distância
Quando meu pedido começou a se realizar
Quando você devolveu minhas asas
Enquanto eu ainda amar você
Epílogo
Atualizações
(eBook + novo livro + mais novidades)
#3
#4

Quando eu conheci outra pessoa num café

9.6K 791 283
Por ClaraCasteloQEAAV


Depois de assumir seus sentimentos para si mesma e perceber que estava interferindo no relacionamento de Carla, Adele decidiu que a melhor coisa a se fazer era sair com os seus amigos e tentar descobrir como superá-la. Contudo, cansada de envolver os amigos em seus dramas pessoais, ela omitiu os eventos recentes com um sorriso.

Adele, Julia e André conversaram sobre novidades da faculdade, fofocas de antigos conhecidos, polêmicas recentes de famosos, mas em nenhum momento citaram a palavra com C. Adele também flertou de longe com a moça bonita na cafeteria, desviando o olhar envergonhada quando seus amigos notaram e puxaram seu rabo de cavalo para prestar atenção na conversa.

— Vai lá arranjar o número dela — Julia disse, mas Adele negou com a cabeça enquanto tomava seu milkshake.

— Pra começo de conversa, eu não saí de casa pra arranjar alguém. Eu vim ver meus dois melhores amigos que amo muito.

— A gente também te ama. Vai pegar o número dela — André respondeu, gesticulando com a mão para ela ir embora.

Adele suspirou, observando a moça teclar no notebook. Era uma jovem asiática de cabelo preto e liso que batia na metade das costas. Usava uma roupa elegante, profissional e monocromática, com brincos grandes, batom vermelho e delineado. Parecia uma mulher de negócios, embora seu rosto fosse de menina. Ela tirou os olhos da tela e sorriu para Adele novamente.

— Quem sabe quando uma de nós estiver indo embora?

— Franga — Comentou Julia, dando uma mordida num pão de queijo.

— Já que tu quer manter sua vida amorosa inexistente, vamos falar da minha — André tirou o celular do bolso — Então, vocês lembram do Pedro, certo?

— Positivo — Adele respondeu.

— É — Julia encarou o nada.

— Ele começou um papo de querer algo sério depois de duas ficadas. Mas eu não consigo mais parar de pensar naquela Larissa que conheci mês passado — André virou o celular para as amigas, exibindo uma foto dela.

— Onde cê conheceu ela? — Adele perguntou enquanto dava zoom na foto.

— É amiga de uns colegas meus do curso. A gente se viu num rolê, conversamos a beça e no fim da noite ficamos. Ela é uma das pessoas mais incríveis com quem já conversei. Sabiam que ela mexe com robótica? Eu tô obcecado, mas o Pedro continua me mandando mensagem e eu me sinto meio culpado — André guardou o celular e girou seu anel nervoso — Tudo bem que a gente nem tinha nada, mas eu também não quero chatear ele, tá ligado? Eu sei que ele meio que gosta de mim.

— Tenho certeza que ele vai apreciar a honestidade. É melhor do que ficar com ele por pena — Adele segurou a mão do amigo — Você tem jeito com as palavras. Sei que vai desvendar como contar pro Pedro.

— Valeu, amiga — Ele sorriu e segurou a mão dela de volta, antes de virar o rosto para Julia — E tu, hein? O que acha que eu devo fazer?

Julia parou de brincar com os saquinhos de açúcar e levantou a cabeça com uma expressão monótona.

— O mesmo que ela disse.

Os três ficaram num silêncio desconfortável por um instante, até que Julia voltou a mexer nos pacotes em cima da mesa e André se levantou.

— Eu vou usar o banheiro pra gente poder pagar a conta e sair — Ele anunciou.

Adele esperou o garoto sair do campo de visão para se virar para a amiga, que parecia perdida em seu próprio mundo.

— Precisamos conversar.

— Não — Julia respondeu séria.

— Julia.

— Adele. É sério.

— Tu me disse que já tinha superado.

— E superei. Por favor me deixe ficar mal humorada de vez em quando, tá bem?

Desistindo dessa batalha, Adele suspirou e se recostou na cadeira, colocando as mãos nos bolsos. Então, resolveu espiar a moça bonita, apenas para encontrá-la fechando o notebook e arrumando suas coisas. Lá se ia a sua chance...

A desconhecida passou pela mesa deles e entregou um guardanapo na mão de Adele com um sorriso. Então, ela saiu do café, balançando o cabelo para fora do blazer. O papel continha um número de celular e o nome "Sayuri" embaixo. Adele ficou vermelha até as orelhas.

— Isso é injusto. Tu consegue essas coisas sem nem tentar.

— Consegue o quê? — André perguntou ao sair do banheiro.

— A moça bonita deu o número pra ela. De graça!

— Isso explica porque ela tá da cor de um camarão — André sorriu entretido e gesticulou pra trazerem a conta.

— Só é engraçado porque não é contigo! — Adele respondeu, guardando o papel na bolsa com cuidado.

— Não dá pra notar quando eu coro. Benefícios da melanina, ó — André apontou pro próprio rosto e pegou um dos últimos pães de queijo — Mas não se preocupe. A gente só te perturba porque é fofo.

— E quem sabe assim tu não esquece da... — A voz e o sorriso de Julia morreram quando ela percebeu o que estava prestes a falar — Da sua professora de história da arte, né?

— Julia, eu só disse que ela se vestia bem.

— Isso não é código lésbico para "quero casar com ela"? — Julia limpou a garganta — Hein, André?

Ele gesticulou com a mão no pescoço para Julia cortar o assunto imediatamente. Adele não era tão tapada, mas escolheu ignorar. Precisava existir um dia com seus amigos sem Carla ser diretamente citada nem uma vez.

— É, tem razão. Tá na hora de superar minha professora de história da arte — Ela riu, tirando o dinheiro da carteira para pagar a conta.

A conversa continuou por um bom tempo, até que o sol começou a se pôr e André teve que checar as horas com a cara amarrada.

— Foi mal, galera. Preciso correr pra casa porque meus irmãos mais velhos chegam hoje — Ele abraçou as meninas e se despediu com um beijo na bochecha — Ah, mas ó: vamos ao cinema na quarta?

— Claro, é o dia mais barato — Julia o estapeou gentilmente no ombro.

— Quem escolhe o filme? — Adele perguntou.

— Bom, eu tava pensando em levar a Lari pra vocês a conhecerem, então a gente poderia escolher em conjunto. Que tal?

— Ah, pode ser — Julia respondeu, balançando pra frente e pra trás com as mãos atrás do corpo — Por mim tá ótimo. Até quarta, né?

— Calma, a Adele ainda nem respondeu! — André deu uma risada ao ser empurrado pela amiga.

— Eu também não faço questão — disse Adele, sensivelmente ignorando o que estava acontecendo.

André assentiu antes de ir embora de vez, prometendo confirmar o horário e o local depois. O sorriso de Julia durou tempo suficiente até que ele saísse de cena, e Adele a envolvesse em um abraço apertado. Então, ela suspirou fundo.

— Eu sou tão hipócrita, né? — Julia se aninhou ainda mais nos braços da amiga.

— Sim, mas quem não é? — Adele riu enquanto passava uma mão nas costas dela — Tu não tem culpa disso.

— Eu quero ficar feliz por ele.

— Eu sei.

E sabia mesmo, porque era exatamente assim que ela se sentia sobre Carla. "Eu estou feliz por ela, eu estou feliz por ela" já havia se tornado um mantra que Adele repetia sempre que se lembrava de Carla, o que acontecia com bastante frequência. Julia sabia que se alguém no mundo pudesse entendê-la, esse alguém era a sua melhor amiga.

— Só nós pra sermos apaixonadas pelos nossos melhores amigos, hein? — Julia riu, quebrando o abraço e se sentando com Adele num banco — Já se passaram dois anos. Eu já deveria ter superado.

No terceiro ano do ensino médio, Julia havia confessado para Adele que tinha uma quedinha por André, e a amiga ajudara os dois a ficarem. O problema era que o garoto nunca soube o quanto Julia realmente gostava dele e, quando ele pediu para encerrarem o rolo porque havia conhecido alguém, o que ela iria dizer? Julia não tivera escolha a não ser abrir mão. Não sem antes chorar por três dias na casa de Adele assistindo filmes de comédia romântica para se torturar. Tudo enquanto assoava o nariz numa caixa de lencinhos.

— Pelo menos assim eu tenho a experiência adolescente completa — Julia comentara na época.

André continuou quase completamente alheio ao drama quando as coisas acabaram. Ele até comentava alegremente o quanto estava grato deles terem conseguido manter a amizade como antes. Julia sempre ria e concordava, enquanto morria por dentro. Um mês depois, ela arranjara um namorado para esquecê-lo e o manteve até a formatura, quando pôs um fim sob a desculpa de se concentrar nos estudos. Não que Vinícius tenha ligado muito.

— Dois anos, amiga! Por que eu tô nessa? — Julia apoiou a cabeça no ombro de Adele.

— Tu tá perguntando pra garota que tá apaixonada pela ex-melhor amiga que a odiou por uns três anos e meio. Acho melhor eu nem te responder.

O comentário fez com que Julia risse que nem um porquinho, o que fez Adele sorrir satisfeita.

— Ok, me conforta saber que tu tá numa situação pior.

— Ei! — Adele respondeu, caindo na risada — Mas falando sério, tu acha boa ideia a gente ir ao cinema conhecer essa Lari?

— Não mesmo — Julia balançou a cabeça — Porém, se eu não for, ele pode suspeitar que eu gosto dele. No caso, ele estaria certo, mas não quero que ele saiba.

— E além do mais, tu quer aproveitar todos os momentos possíveis ao lado dele. Tô errada?

Julia levantou a cabeça para encará-la com olhos esbugalhados.

— Não... É isso aí também.

— Eu sei. Foi por isso que eu fui pro aniversário de... da minha professora de história da arte — Adele fingiu tossir. Desde que Julia risse um pouco, ela não ligava se fosse às custas dela.

— Então tomara que eu também esbarre com uma gostosa num café que me dê o número dela num guardanapo. Precisamos torcer — Julia retrucou, limpando as lágrimas.

Após chegar em casa, Adele tomou um banho gelado e repassou os eventos daquele dia em sua mente. Mais especificamente, repassou o rosto da misteriosa e refinada Sayuri, sorrindo por trás do notebook (que não era nada mais, nada menos que um macbook) e colocando o cabelo atrás da orelha. O que uma mulher daquelas iria querer com Adele?

Ainda enrolada na toalha, ela encarou o número em seu celular, que mais cedo havia estampado o guardanapo em sua bolsa. A hesitação não era exatamente por ansiedade ou insegurança. Adele simplesmente não sabia o que falar. "Que se dane!" ela pensou enquanto ligava para a desconhecida.

O celular chamou algumas vezes, fazendo com que ela quase desistisse, até que uma voz ligeiramente rouca atendeu.

— Alô?

— Sayuri?

A voz era tão atraente quanto a dona.

— Sim?

— Bom, eu... Aqui é a moça do café — Adele olhou ao redor do quarto, nervosa.

Houve um momento de silêncio até que a outra moça irrompeu numa risada.

— Cara, por que não mandar uma mensagem de texto como as pessoas normais? Você é engraçada.

Adele sentiu o rosto aquecer de vergonha, mas riu mesmo assim.

— Eu fiquei curiosa sobre a sua voz, sei lá.

— Ah, então era isso? Bom, eu quase não atendi achando que seria telemarketing — Sayuri ainda ria — Mas teria sido horrível se isso te desencorajasse de falar comigo.

— Então nós podemos conversar agora? Por mensagem de texto, digo — Adele deitou na cama, cobrindo o rosto enquanto sorria — Se tu quiser.

— Eu te dei meu número, não dei? Não me deixa esperando, ok?

Sayuri encerrou a ligação, deixando Adele estupefata por alguns segundos antes de se lembrar de abrir o WhatsApp. Ela precisava desvendar que tipo de pessoa era aquela mulher.

Após uma madrugada de mensagens, Adele descobriu muitas coisas sobre ela. Sayuri tinha vinte e dois anos, um hamster de estimação e uma coleção de moedas. Quando criança, ela havia feito natação e balé, e não tinha irmãos. Sayu ainda morava com os pais num apartamento próximo a um restaurante que eles gerenciavam. Apesar de saber tudo isso, Adele ainda sentia que não a conhecia.

— Você é designer? Que coincidência. A empresa onde trabalho tá contratando. Posso te recomendar, se quiser — Sayuri mandou em um áudio.

Uma semana depois, Adele estava a caminho da entrevista de emprego. O prédio da empresa era pequeno, porém moderno e bem cuidado. Para a sua surpresa, Sayuri a recebeu e apresentou o espaço enquanto a guiava para o local correto. Adele se agradeceu mentalmente por ter passado maquiagem e escolhido uma das suas melhores roupas naquele dia, pois Sayuri estava tão impecável quanto da outra vez. A diferença é que, dessa vez, seu cabelo estava preso em um coque.

— Nervosa? — Ela perguntou para Adele em frente à porta de onde seria a entrevista.

— Claro. Normal, né? — Adele deu de ombros.

Sayuri se colocou ao lado dela enquanto um grupo de pessoas se aproximava do final do corredor.

— Faça como dizem e imagine todo mundo pelado — E então se inclinou para sussurrar — Especialmente eu.

O coração de Adele disparou enquanto seu rosto corava como o de uma adolescente que nunca havia beijado. Sayuri, por outro lado, permanecia composta, e abriu um sorriso profissional quando as outras pessoas finalmente as alcançaram.

— Sayuri, vamos pra reunião?

— É claro. Só vim deixar minha amiga no local da entrevista dela. Boa sorte, Adele — Ela assoprou um beijo de despedida para a garota antes de girar em seus saltos e ir embora.

Felizmente para Adele, ela recuperou a habilidade de fala a tempo da sua entrevista começar. Talvez ela conseguisse o emprego, no fim das contas. Não que o conselho de Sayuri tenha ajudado muito a sua concentração.

Seguir leyendo

También te gustarán

3.2K 150 13
Em minha Brat, Lauren já é uma moça adulta que decidiu seguir os passos de sua querida Alice, indo no mesmo lugar onde foi encontrada, decide pegar u...
24.7K 341 9
!QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É PURA COINCIDÊNCIA (não é um história real)! Jennifer (professora) e Lorena (aluna) da faculdade de pedagogia...
38.2K 868 6
Opa, tudo bom? Este compilado de imagines é dedicado especialmente a todas as garotas que amam garotas, então se você aprecia o conteúdo lésbico, ess...
412K 33.4K 49
Jenny Miller uma garota reservada e tímida devido às frequentes mudanças que enfrenta com seu querido pai. Mas ao ingressar para uma nova universidad...