Handriel retirou sua lança do peito daquele demônio com nojo no olhar, encarou a frente e viu Blake fechando os olhos do barman, aquele mesmo barman que trabalhava no bar dos Descendentes, ele havia partido desta vez.
— Ei... — Disse Handriel se aproximando e aproveitando a falta de demônios aquele lado da cidade.
— Ei. — Respondeu Blake sem encará-lo.
— Sinto muito pela... Pela Becca. — Prestou condolências sentindo que devia isso a ele de uma forma ou de outra. Blake sorriu tristonho e encarou Handriel.
— Sinto muito pela sua família também, soube que os gêmeos estão morando com Adam agora. — Blake limpou o braço cheio de sangue com algum pano achado no chão.
— Adam pôde fazer pelos meus filhos em dias o que não fiz toda minha vida, então não acho que deveria sentir muito, eu o agradeço por isso. — Sorriu em retorno. — Minha arrogância os afastou, e eu entendi que é um pouco difícil recuperá-los agora.
— Eles ainda estão aqui? — Perguntou Blake.
— Azakiel levou Alexia para alguma casa abandonada para que ela se cure. Alexia é teimosa, não quer ir embora sem ter certeza que Macayla está bem.
— Essas crianças são tão teimosas... — Disse Blake e Handriel riu daquilo.
— Para com essa Styles, você era exatamente assim quando éramos jovens, esse é o único motivo da qual eu não saí correndo com os gêmeos daqui nem que seja a força. Meus filhos são tudo o que eu não fui, são muito mais corajosos, e não desistem facilmente. Meus filhos são guerreiros, e não existe nada que me dê mais orgulho deles do que isso. — Respondeu sorrindo com orgulho estampado nos olhos.
Blake sorriu em retorno, estava feliz que Handriel havia aberto os olhos para a realidade, mas logo ele se ajoelhou aparentando fraqueza.
— Ei... Você está bem? — Perguntou ele, mas Handriel parecia nada bem. Ele respirou fundo e tentou se levantar, porém tinha algo errado. — Handriel? — Perguntou e Handriel ergueu a cabeça com uma tristeza profunda no olhar. Blake arregalou os olhos ao olhar pra ele e ver que... metade do rosto de Handriel estava acinzentado repleto de deformações simétricas e circulares. Seu olho estava amarelo enquanto o outro continuava normal por enquanto.
Ele estava se transformando.
— Eu sinto muito... — Disse Blake sabendo o quão importante era para Handriel se tornar um anjo como seu pai. Afinal de contas foi pra isso que ele foi criado, ele cresceu entendendo que tinha de ir para os céus, que tinha de ser como seu pai e agora? Agora ele seria um demônio.
Blake encarou o corpo de Handriel se modificando, mas então um barulho veio na direção dele, na direção de Blake, magia... Ele arregalou os olhos quando se virou para olhar... Mamon estava coberto de sangue jogando na direção dele uma magia estranha que lembrava uma lâmina empedrada, ele não conseguiria desvia daquilo. E se aquela coisa o atravessasse, ele estaria morto...
Por isso que não o atravessou.
Atravessou o Handriel.
— PARKER! — gritou Blake enquanto Mamon aproveitava esse momento para fugir.
Asmodeus havia perdido a luta e estava jogado em algum lugar inconsciente.
Sangue escorreu dos lábios de Handriel quando aquela lâmina desapareceu e ele caiu no chão já com a metade do corpo transformada em demônio. A ferida abriu um buraco no meio do seu peito dando a ele pouco tempo de vida.
— Aguenta firme Handriel. — Disse Blake tentando salvá-lo pegando o pedaço de pano para cobrir a ferida, mas Handriel segurou a mão de Blake e sorriu tossindo sangue.
Ele já sabia que estava morto.
— Está tudo bem. — Disse ele. — O-O engraçado, é que... Eu v-vim preparado para... Para morrer pelos meus filhos. — Ele sorriu. — Não por você.
— Então não morra seu imbecil! — Disse ele quase chorando segurando o braço de Handriel quando um barulho de metal caindo no chão alertou Handriel e Blake.
Alexia de olhos arregalados em choque. Azakiel correu atrás de seu pai gritando com as lágrima nos olhos.
— NÃO! NÃO! — Dizia ele colando a testa na de seu pai e chorando. Handriel segurou o rosto de seu filho com um sorriso no rosto.
— Está tudo bem. — Disse ele. — Eu estarei junto com sua mãe e direi a ela... o-o quão i-incríveis os nossos filhos... São... — Ele chorava, os dois choravam. — M-Me perdoa? — Perguntou e Azakiel fez que sim com a cabeça com as lágrimas inundando seu rosto.
— Eu te amo pai... — Disse Zak que logo encarou Alexia querendo que ela se despedisse também, mas ela estava em choque ainda, estava sem o que saber fazer. — Alex! — Chamou ele, se ela não dissesse agora, iria se arrepender pelo resto de sua vida. — ALEXIA! — Gritou tentando despertá-la de seu choque, era como se ela não acreditasse que aquilo estivesse de fato acontecendo.
— Eu amo... vocês dois.. Mais d-do que tudo nessa... Vida. — Disse Handriel, e sua prova maior de amor foi se tornar um demônio por eles, e Handriel sorriu olhando para Alexia. — Você é o meu maior presente. — Disse encarando ela e foi então que ela acordou, era real. Ela tinha de se despedir, e tinha de fazer agora.
Alexia correu na direção de seu pai.
— Eu te amo! — Gritou ela, mas ele já não piscava. — Pai! Pai eu amo você! Me ouviu? — Disse e ao perceber que ele não havia escutado ela o agarrou se destruindo em lágrimas. — ME OUVIU?! PAI! PAI! — Repetiu chorando enquanto o abraçava sem se importar com o sangue manchando sua roupa.
Azakiel abraçou os dois ali mesmo e Alex jogou a cabeça para atrás e gritou. Gritou de tamanha tristeza.
Blake parecia se sentir culpado e ao mesmo tempo sentido por mais uma morte quando Adam corre na direção dos gêmeos para abraçá-los.
Adam foi pego na surpresa do acaso naquele momento, estava tendo buscar por ajuda e de repente se depara com a cena ainda mais dolorosa, tentou ajudar os meninos o máximo que pôde, mas eles precisavam de um minuto com o pai. E Adam tinha de respeitar isso.
Foi assim que ele se levantou com a mão na boca.
— Foi culpa minha. — Disse o Blake. — P-Preciso... achar Macayla...
— Blake... — Adam estava chorando e algo dizia que não estava chorando somente pelo Handriel. — É tarde demais. — Perdemos eles... Perdemos eles dois. — Disse Adam e naquele momento um barulho ensurdecedor escutou por toda a cidade e uma luz branca surgiu atravessando os céus e a terra, as nuvens se misturavam e rodopiavam ao redor daquela luz e lua começou a brilhar tão forte que quase cegava quem a olhasse. — Rafael a pegou, ele está sobre magia de Aurora, Blake... — Adam teve de aumentar o tom de voz, pois aquela magia de luz era muito poderosa o que consequentemente fazia um barulho ainda estrondoso por todo o mundo.
Aquilo estava alertando as pessoas, toda elas, e o vento tomou conta do planeta, a natureza se tornou furiosa e o animais se esconderam.
— Eles vão sacrificar a própria vida e a vida de Macayla para continuar os planos de Aurora! — Disse Adam tentando conversar com aquela ventania.
— NÃO! — Gritou Blake em retorno correndo na direção daquela luz, abriu as asas e voou o mais rápido dali. Não podia ser o fim. Não ainda!
Adam encarou Zak que estava de rosto franzindo e triste quando uma marca surgiu no pescoço de Handriel ele franziu o cenho.
— A mesma marca que Taylor recebeu. — Disse Adam.
— O que isso significa? — Perguntou Azakiel.
— Significa que Rachel salvou a alma do seu pai, ele está com Taylor agora. — Disse Adam e Zak sorriu, mas logo depois Adam encarou ao redor. — Onde está Alexia? — Perguntou Adam e Zak o encarou.
Aquele olhar... Era como se Adam pudesse ler aquele olhar, ele sabia onde ela estava. E ela realmente iria fazer uma besteira.
Alexia gritava feito um animal enquanto esmurrava a cara de Mamon, mesmo que sua mão estivesse calejada de tanto bater.
— VOCÊ É UM DESGRAÇADO! — Gritou. — Tenho nojo de você! — Ela continuou a socá-lo. — Não merece nada! NADA! Queime no inferno! QUEIME! — Gritava mesmo que Mamon já estivesse morto. Alexia cuspiu no rosto dele e o arrastou, arrastou até a parede de uma casa e acendeu uma flecha, mirou nele e atirou no meio de sua testa.
Aquilo fez o corpo de Mamon queimar, e ela desabou em lágrimas.
A dor em eu coração era tão grande que nada poderia talvez preenchê-lo. E naquele momento as forças que ela possuía se esvaíram, ela só mantinha um pensamento em sua cabeça, um único pensamento vivo. se fosse para morrer, ela morreria sob vingança.
Ela pegou seu arco, e correu dali em busca de uma outra pessoa ou nesse caso de uma Deusa.