No palácio, o rei Chanyeol ansiosamente aguardava a chegada do filho, enquanto o sol se punha no horizonte vagarosamente.
— Nem sinal dele, Minhyuk. — anunciou, após um doloroso suspiro, enquanto o amigo se servia do banquete posto na longa mesa de jantar.
— Claro que não. — afirmou, apanhando com o dedo um pouco de purê e levando aos lábios. — Falta meia hora para o pôr do sol. — retirou uma coxa do pato, mordendo-a em seguida. — Ótimo pato! — elogiou, em seguida levando o olhar ao outro. — Vamos, homem, sorria! Ele logo estará aqui! — o tranquilizou, enquanto Chanyeol vinha em sua direção com uma expressão preocupada.
— Desculpe, Minhyuk. Mas após dezesseis anos de dúvidas... — divagou, novamente olhando a janela, enquanto o outro usava suas vestes como guardanapos.
— Ora, deixe o passado de lado. — e bateu palmas, chamando um criado que carregava as bebidas. Este a serviu em duas taças destinadas aos monarcas. — Agora, brindemos ao futuro! — arrancou a garrafa de vinho de suas mãos, se voltando ao outro rei. — Uma coisa que guardei por dezesseis anos. — anunciou contente, servindo novamente em duas enormes taças. — Ao futuro! — e brindaram.
— Certo, Minhyuk, ao futuro! — Chanyeol se animou. Enquanto isso, o criado discretamente tomava das taças que carregava.
— E agora, à nova mansão! — encheu novamente as taças.
— Mansão? — Chanyeol o olhou, confuso.
— O futuro ninho dos noivos, onde criarão seus filhos. — deu uma risada animada, com a garrafa estendida. O criado aproveitou-se da distração, novamente enchendo sua taça.
— Bem, quando chegar a hora. — Chanyeol não gostava muito da ideia.
— Claro! À nova mansão! — novamente anunciou, e assim brindaram, alegres pela união dos reinos, rindo atoa. Bateu palmas novamente, chamando atenção do criado, que já estava bêbado a essa altura. — Os planos! — e assim ele correu em sua direção, mostrando a Chanyeol o modelo da futura casa, cambaleando. — O que acha? — indagou. — Nada exagerado, por certo. 30 quartos, um belo hall, um rio correndo... — começou a citar, animado.
— Você quer dizer que já está construindo? — Chanyeol perguntou, incrédulo, empurrando o criado para longe e se dirigindo ao outro rei.
— Já está construído. Feito! Eles podem mudar-se amanhã.
— Amanhã!? Mas Minhyuk, ainda nem se casaram! — justificou, fazendo o outro rir.
— Se casarão esta noite. — sugeriu simplório, preparando outro brinde. — Aos noivos!
— Calma, Minhyuk, vamos com calma! — afastou a garrafa de vinho, que estava derramando no chão. O criado logo se pôs ali, apanhando-o. — Eu ainda nem vi meu filho e você já quer tirá-lo de mim? — o criado, feliz, bebia novamente.
— Vai ganhar o meu Jungkook, não vai?
— Sim, mas...
— Não quer ver nossos netos? — cruzou os braços, erguendo uma sobrancelha.
— Por certo, mas...
— Nah, não temos tempo. — o interrompeu, ignorando sua expressão descontente. — Cada ano mais velho. — lembrou-o, rindo. — Ao casamento! — ergueu a taça novamente.
— Seja razoável, Minhyuk. Afinal, Jimin nada sabe sobre isso.
— E daí?
— Bem é que... talvez cause um grande choque. — afirmou, preocupado e o outro engasgou.
— Choque!? Meu Jungkook, um choque? — largou a taça, assustando o outro, extremamente ofendido. — O que há com meu Jungkook? — perguntou, ameaçador, batendo com a taça na mesa.
— Nada, Minhyuk, eu somente pensei...
— Vai dar a Jimin algum mau sogro!? — acusou-o. — Não sei ser tanta sorte assim ser sogro de Jimin! — o desafiou.
— Não o insulte.
— Não sei se é sorte meus netinhos terem você como avô! — o empurrou.
— Seu irracional, pomposo, bolha d'água de uma figa! — perdeu a paciência.
— Irracional? Pomposo? — Minhyuk agarrou um peixe, apontando para o outro.
— Eu lhe aviso, Minhyuk, isto é guerra! — e assim começaram a brigar. Chanyeol usou uma bandeja para se defender dos ataques de peixe, até que esse se desmanchasse, causando risadas nos dois bêbados, que se abraçaram.
— O que é isto, afinal?
— Nada, Minhyuk. Absolutamente nada.
— Os dois vão apaixonar-se um pelo outro.
— Precisamente. — Chanyeol voltou a encher as taças. — E quanto aos nossos netos, ordenarei aos carpinteiros que comecem o berço amanhã!
— Explêndido.
— Aos carpinteiros daqui! — e brindaram novamente. Antes que começassem a beber, um barulho estranho chamou a atenção. Seguiram o som, e assim ergueram o pano que cobria a mesa, encontrando o criado desacordado, abraçado a um violão com um sorriso desengonçado no rosto.
— Sua alteza real, príncipe Jungkook! — o anúncio do locutor, ao lado de fora, tirou sua atenção dali.
— Jungkook! — Minhyuk animou-se, correndo em direção ao filho e deixando o outro para trás.
O jovem príncipe era recebido com aplausos pelos súditos, enquanto galopava em direção ao castelo.
— Jungkook! Jungkook! — Minhyuk chamou sua atenção enquanto descia as escadarias, em meio aquela gritaria. O filho finalmente o ouviu, parando e olhando para trás, enquanto o pai corria em sua direção. — Venha, meu rapaz. Vá mudar de roupa, não pode ver seu futuro esposo dessa maneira. — o repreendeu.
— Mas já o vi, pai. — anunciou animado, com as mãos sobre os ombros do mais velho.
— Já viu!? Mas onde? — perguntou surpreso.
— Uma vez num sonho. — anunciou, sorridente. Agarrou o pai, dançando com ele enquanto cantarolava e o mesmo tentava se soltar, chamando sua atenção.
— Me ponha no chão! — finalmente foi atendido, lançando um olhar raivoso ao progenitor. — Ora mais, que tolice é essa de um sonho?
— Não foi sonho, papai. Eu já o encontrei.
— O príncipe Jimin? — voltou a animação inicial. — Ora graças, vou dizer ao Chanyeol. — se preparava para sair, mas foi parado.
— Eu não disse que foi Jimin. — explicou.
— Sim, mas certamente você me disse que-
— Que é o rapaz com quem vou me casar. Não sei quem é. — soava despreocupado, recebendo um olhar de desaprovação. — Um camponês, eu acho. — o pai quase infartou.
— Um camponês? — estava desnorteado. — V-você disse que vai... — foi andando na direção do filho, apoiando-se em seus ombros. — Ó, Jungkook, você está brincando. — sorriu, enquanto o filho negava com a cabeça, fazendo sua expressão morrer. — Não está não? — lançou o olhar a Sansão, que também negou com a cabeça. — Não! Não faça isso comigo! — soava choroso. — Largar o trono, o reino, por um ninguém! — estava inconformado. — Não pode! Não deixarei! — arrancou a corou da cabeça, sendo impedido de jogá-la no chão quando o filho segurou-a. — Você é príncipe, e só vai se casar com outro príncipe!
— Ah, papai, não viva no passado. — colocou a coroa em sua cabeça novamente. — Esse é o século catorze. Hoje em dia-
— Hoje em dia eu sou o rei, e ordeno que esqueça todos os seus sonhos! — Jungkook voltou a montar em Sansão.
— E me case com quem amo. — foi partindo.
— Exato!
— Adeus, papai! — despediu-se.
— Adeus, papai- Casar com um- Não, não! — se tocou, mas o menino já estava longe. — Jungkook! — chamou, mas já era tarde demais, pois o rapaz já adentrava a espessa floresta novamente.
Suspirou, tristemente voltando para o castelo e sentando-se nas escadarias enquanto negava com a cabeça.
— Jungkook... que posso eu dizer a Chanyeol? — questionou a si mesmo, preocupado.