Diário de Bordo - jjk & pjm

Oleh Nikkipeaches_

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[Livro físico em pré-venda na Editora Violeta!!!] A Primeira Guerra Mundial havia estourado na Alemanha, Jeon... Lebih Banyak

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Aviso!
Livro físico e novo perfil!
Livro físico em pré-venda!

Capítulo 4

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Oleh Nikkipeaches_

_Diário de Bordo_
[Dia 12 de Maio de 1917]
[33 meses e 12 dias de guerra]

J U N G K O O K

Estava na casa de vô Verine, treinando e conseguindo acender a lareira da sala com gravetos, fazendo jus às suas aulas de sobrevivência que fazia desde que cheguei aqui. 

A pouco mais de um ano, eu e Jimin pedimos para o vô nos ensinar todas as coisas que precisávamos saber para sobrevivermos sozinhos no futuro, e claro, ele aceitou.

Eu com quatorze anos de idade e Jimin com seus doze já estávamos experientes na parte teórica da sobrevivência, Jimin se interessou bastante pelos manuais de resgate de emergência do jeito medicinal.

Ele já sabia ler e isso facilitou bastante em seu aprendizado, eu preferi aprender a fazer algo que exija meu esforço manual, tipo como acender uma fogueira ou caçar.

Além de todos esses aprendizados o vô também nos ensinou o francês, Jimin pegou o idioma mais rápido pois uma grande parte dos livros que lia estava em francês e ele precisava entender para absorver de seu conteúdo.

Estávamos em época de primavera e um rio que havia um pouco longe da vila tinha uma grande reserva de peixes, essa foi a nossa fonte de alimento por um bom tempo, tanto eu quanto Jimin havíamos crescido e amadurecido bastante para garotos de nossa idade.

Permanecer inocente e mimado já não era mais uma escolha.

Jimin, com o tempo, parou de temer os bombardeios noturnos. Nos primeiros dias ele dormia comigo para espantar o medo das bombas, mas acabou ficando mais corajoso e passou a dormir na sua própria cama.

Não que eu não gostasse de dormir com ele, eu fui quem mais sofreu quando ele ficou destemido e quis dormir sozinho, eu não tive nada para abraçar de noite.

Ao longo dos anos, ele também aprendeu a se aceitar mais como ele é, começou a gostar mais de seu corpo e de seu jeitinho meigo de ser. E graças ao seu aprendizado com os livros sobre um pouco da medicina, ele se orgulhava ainda mais de si mesmo.

Mas infelizmente Jimin começou a emagrecer com a fome, mesmo que eu tentasse lhe dar comida para ficar fofinho para sempre, ele recusava comer muito e só se alimentava quando era necessário.

Brigamos algumas vezes por causa disso, Jimin era o que menos comia de nós e descobri que ele fazia isso para emagrecer de propósito, mas depois de muita insistência ele voltou a comer bem e seu rosto voltou a parecer mais saudável, prometendo que não faria algo assim de novo.

Os anos passaram bem devagar, não sabia o quanto aquela maldita guerra iria demorar para acabar. Eu remoía sobre isso ajoelhado em frente a lareira, espalhando a pequena chama de fogo por toda a lenha com ajuda de um graveto para nos aquecer, e, naquele exato momento, o vô adentrou a casa com várias mochilas nas costas, tinha acabado de voltar de uma de suas viagens de poucos dias em busca de suprimentos para nós.

— Vô, o senhor voltou! — gritei ao correr, pulando em seus braços junto a Jimin.

— Sim! — riu, beijando o topo das nossas cabeças. — E hoje eu trouxe uma surpresa para vocês, já que essa foi a minha viagem mais longa.

— Jura?! O que é?

— Suas roupas já estão bem apertadas por causa do crescimento de vocês, então eu consegui roupas novinhas para vestirem.

— Wow, muito obrigado, vô! O senhor é o melhor! — Jimin exclamou, apetando o vô no abraço.

— Certo certo. — riu, nos apertando também antes de nos pôr no chão. — Peguem as bolsas com as vestes e vão se banhar, hoje tem carne e arroz para o almoço.

— Carne e arroz! — exclamamos eu e Jimin em uníssono, pegando as bolsas nos braços do vô com nossos trajes novos.

Corremos para o quarto e esvaziamos nossas mochilas em cima da cama, logo dobrando as nossas roupas e as guardando no armário no lugar das antigas.

— Eu estou tão feliz que o vô voltou. — comentou Jimin com um grande sorriso no rosto.

— Eu também! Será que ele vai contar uma história nova para nós hoje?

— Eu espero que sim!

Assim que acabamos de organizar tudo, eu caminhei empolgado até o banheiro para me banhar como o vô pediu, mas senti falta da presença de uma certa pessoa me seguindo, então olhei para trás e vi Jimin sentado em sua cama, balançando os pés.

— Você não vem? — perguntei.

— Ah... não se preocupe, pode ir tomar banho primeiro.

O que...?

— Como assim? Você não quer tomar banho comigo?

— Não precisa, sério... — coçou a nuca. — Pode ir primeiro, Jungkook.

Jungkook.

Era estranho de ver aquele nome sair de sua boca além de Kkyu.

— Jimin, por que você está fazendo isso?

— Isso o que? — ele realmente parecia confuso com minha questão repentina.

Eu não aguentava mais essa distância criada entre nós dois. Ao longo de seu crescimento, Jimin se afastou de mim e passou a me tratar de um jeito completamente diferente de quando nos conhecemos, e eu tinha que abrir o jogo para saber o que estava acontecendo.

— Jimin, você está distante, desde que nos mudamos para cá você tem me afastado, não dorme mais comigo, não me pede carinho e nem me chama mais de Kkyu. A única coisa que havia mantido era a hora do banho que tomamos juntos todos os dias, mas até isso tem que acabar? Por que você está me afastando? Eu fiz algo de errado? Sou eu o problema?

Ele me encarou ainda mais confuso, e até um pouco chocado com minhas palavras.

— N-Não, você entendeu errado. — ele se levantou da cama e se aproximou de mim. — Eu não estou te afastando, pensei que você se sentia na obrigação de fazer essas coisas comigo, eu só não quis te prender a mim.

— O que?! O que te fez pensar isso?

— Quando eu comecei a fazer as coisas sozinho... você não insistiu para que eu precisasse tanto de você. Pensei que, já que estava crescendo, você queria um pouco mais de sua privacidade.

O que? Eu o fiz pensar isso? Eu... só fiquei feliz por ele estar conseguindo fazer coisas sozinho, mas não queria que as coisas chegassem ao ponto dele me abandonar. Eu pensei o mesmo que Jimin, achei que com o seu amadurecimento ele queria se tornar mais independente, então tive que respeitar isso.

— Desculpa... isso tudo foi um grande mal-entendido. — disse ao puxar Jimin para um abraço, acariciando seus cabelos loiros da nuca. — Desculpa por não ter conversado com você a meses atrás sobre isso.

— Desculpa também, Kkyu. — me retribuiu o mesmo abraço apertado, arrancando um sorrisão meu quando me chamou de Kkyu de novo. — Não quis te afastar assim, não vamos fazer isso de novo, estava sentindo a sua falta.

— Eu também estava, até demais.

Após ficarmos mais um tempinho abraçados, nós finalmente fomos tomar banho juntos. Brincamos com a água da bacia gigante que o vô fez para nós e nos lavamos bem. Depois nos vestimos e fomos para a mesa de jantar onde o vô estava sentando, anotando alguma coisa em um caderno.

Aquilo era novo.

— Vô, o que é isso? — perguntei, ganhando sua atenção para mim.

— Ah, isso? É um diário de bordo, sabem o que é?

— Hmm, não.. — me inclinei para tentar ler sua letra em itálico, mas estava ilegível. — O que é um diário de bordo?

O vô nos puxou para nos sentarmos em seu colo, um em cada perna como sempre fazia quando ia nos contar uma história.

— É um caderno onde eu anoto todas as minhas aventuras. Num diário de bordo, os marinheiros anotam relatórios de sua vida ao mar, especificando várias datas importantes de suas navegações.

— Woah, então todas as histórias incríveis que o senhor nos contou estão em seu diário de bordo?

— Oh sim! Essas e muitas outras, todas as datas importantes estão nesse livro. O dia que eu conheci vocês também está narrado aqui, e ela ainda está bem destacada como uma das melhores datas de minha vida.

Eu e Jimin sorrimos abobalhados com seu comentário, lhe arrancando um sorriso grande com nossa alegria.

— Se eu tivesse um diário de bordo, tenho certeza absoluta que os dias que conheci o senhor e o Jimin estariam nele! — exclamei, empolgado.

— Sério? Gostaria de ter um livro desse só para você?

— Com certeza! — nem hesitei em responder. — Assim as pessoas do futuro iriam saber que eu fui o cara mais sortudo no mundo por ter conhecido as duas pessoas mais incríveis da história!

O vô me fitou com carinho por um tempo, rindo anasalado com minha energia radiante.

— Tudo bem então. Deixem-me levantar, meninos. Serei rápido.

Saímos do colo do vô e este se levantou como havia dito. Então ele foi até sua grande prateleira de livros e tirou de lá um caderno encapado com couro azul marinho, e em seguida, veio novamente até nós e pôs o objeto em cima da mesa bem na minha frente.

— Aqui está, um caderno em branco. Seu novo diário de bordo, Jungkook.

— O que? Sério?! — questionei ao que processava aquela informação que recebi rápido demais, o vô assentiu. — Que incrível! Eu tenho um diário de bordo!

— Sim, mas só comece a escrever quando for um grande adulto. As datas importantes não irão sair de sua cabeça, elas virão de seu coração, não deve escrever nada só porque achou legal no momento.

Peguei o caderno grosso ainda em branco, deslizando meus dedos pela capa azul escura com um bordado dourado na frente escrito "diário".

— Sim, senhor! — prestei continência. — Irei fazer o melhor diário de bordo de todos, e, com certeza, a data de hoje estará neste livro!

O vô sorriu orgulhoso e Jimin se aproximou para ver melhor o meu novo diário, dizendo que ele seria ser publicado como o melhor de todos os livros nas bibliotecas de todas as cidades.

Jimin sempre me bajulava, ele sabia que eu adorava isso, ainda mais quando era elogiado por uma pessoa tão maravilhosa quanto ele, me fazia sentir que eu podia conquistar o mundo.

Nós comemos um almoço delicioso, fazia tempo que não comíamos alguma proteína, mas o vô, de repente, começou a desanimar e parecia preocupado com alguma coisa. Então, quando acabamos de comer, ainda sentados na mesa, Jimin perguntou:

— Vô, o senhor está bem?

Jimin também havia percebido sua mudança de humor, então, com certeza, algo de errado estava acontecendo.

— Meninos, eu preciso conversar algo sério com vocês.

Eu e Jimin nos entre olhamos, assustados e confusos com seu tom sério.

— Basicamente... na minha última viagem, eu ouvi boatos fortes que o governo está fazendo ataques químicos aos vilarejos humildes.

Um ofego ficou preso em minha garganta, minhas sobrancelhas caíram e meu sangue gelou ao ouvir a sua última frase.

— Nessa vila aqui só existem pessoas que se matam por comida, há uma grande chance de lançarem uma bomba de gás aqui também... — suspirou pesado. — O que eu quero dizer é que vocês precisam se proteger em relação a isso. Durante esses dois anos, eu ensinei a vocês tudo o que precisam saber para sobreviverem sozinhos, e eu sei que conseguem.

— E-Então vamos dar um jeito nisso, vô! — Jimin exclamou, assustado com a notícia. — Vamos sair dessa vila e vamos viver num lugar seguro dessa guerra!

— Não meninos... vocês não entenderam. Estou falando para vocês saírem desta vila antes que aconteça algo terrível aqui e vocês acabem... morrendo. Eu sou um homem velho com oitenta anos, não estou com condições de conseguir ir muito longe.

— Vô... — o chamei em súplica, já sentindo meus olhos arderem. — O-O problema somos nós que somos bagunceiros? Não diga isso, nós podemos nos comportar mais.

— O que?! Não não, por favor, não pensem nisso.

O vô nos puxou das cadeiras e nos abraçou muito apertado, beijando o topo de nossas cabeças.

— Vocês são as duas melhores coisas que aconteceram na minha vida, eu amo os dois, por mim eu protegeria vocês a vida toda, mas... o vô Verine já está velhinho e não pode lhes proteger como antes.

— A gente cuida do senhor, vô! — tentei insistir. — A gente sai daqui e eu prometo que vou caçar o maior cervo que eu achar na floresta para o senhor!

Ele sorriu tristonho com seus olhos marejados e nos afastou o suficiente para nos ver, enxugando nossas lágrimas com seus polegares.

— Não, meus pequenos, não quero que me sustentem ou algo parecido, eu estou morando aqui a minha vida toda e não quero deixar meu passado aqui. Não quero abandonar toda a minha história que vivi nesta casa com minha família e com vocês, quero estar aqui até o último minuto, mas sem botar vocês em risco.

— Mas... vô...

— Meninos, vocês estão prontos e eu confio em vocês, sei que irão sobreviver mesmo sem mim. — a dor presente em sua garganta alfinetou nossos corações, juntamente com uma lágrima que percorreu a sua bochecha. — Eu amo vocês... Obrigado por iluminarem minha vida mesmo em momentos de caos e escuridão, são meus pequenos que eu morro de orgulho de ter criado, mesmo que fosse por tão pouco tempo.

Sem conseguir falar nada, eu e Jimin só soubemos chorar em dor, angustiados com a partida que nunca queríamos ter na vida. O vô tentava conter sua tristeza ao máximo para não piorar a nossa situação, eu sentia isso, pude ver em seus olhos.

— Não sei o dia do bombardeio — continuou, penteando nossos cabelos para trás com seus dedos —, então, quanto mais ficarem aqui, mais risco vocês irão correr, devem partir o quanto antes.

Mesmo de coração apertado, eu sabia que o vô só queria nos proteger. Por causa daquela guerra, nós estávamos perdendo e nos afastando das pessoas que amávamos sem termos outra escolha. Aquele cenário e aquelas sensações eram horríveis, se minha cabeça estava tão confusa e preocupada daquele jeito, eu mal podia imaginar como devia estar a do vô Verine, por isso não quis lhe desobedecer àquela altura do campeonato, era melhor aceitar logo o destino.

— Nós te amamos, vô. — Jimin falou, com soluços alternando entre as sílabas. — Nunca iremos te esquecer.

— Sim, obrigado por tudo que fez por nós até hoje. — continuei. — Eu espero que o governo do mal esqueça dessa vila e não... o senhor sabe...

— Sim, eu sei, meu pequeno. — nos abraçou apertado mais uma vez. — Arrumem... as suas coisas nas mochilas e vão descansar para ter energia, partam amanhã pela manhã depois do café.

— Tá bom, vô... — agarrei sua camisa de pano. — Faremos isso pelo senhor...

Nós três ficamos longos minutos naquele abraço, nem eu e nem Jimin nos atrevemos a nos afastar, acabamos por chorar tanto até não restarem mais lágrimas para molharem a camisa do vô.

Depois de toda aquela cena melancólica, passamos o resto da tarde arrumando nossas mochilas junto ao vô que conseguia arrancar vários sorrisos nossos para tirar aquele clima tenso e triste. Também não esqueci de colocar meu novo diário dentro de uma caixinha de madeira na mochila, assim ele ficaria protegido de qualquer desastre que pudesse estraga-lo.

Nas mochilas, haviam várias coisas para nos ajudar a viver sozinhos, o que incluía: roupas, suprimentos e alguns objetos de higiene pessoal.

O crepúsculo chegou, o vô pediu para que nós descansássemos para partirmos amanhã cedo bem descansados. Eu via em seus olhos que ele implorava aos deuses que o ataque não acontecesse naquela noite e que nós conseguíssemos partir em segurança.

Jimin veio dormir ao meu lado que nem como fazíamos a dois anos atrás, isso nos alegrou um pouco. E pela primeira vez, o vô veio nos dar um beijo na testa antes de dormir, então, logo deixou o nosso quarto com seu coração apertado e um olhar triste.

— Eu não queria que acabasse assim. — Jimin falou, quebrando o silêncio ao se deitar de frente para mim. — O vô é tão bonzinho... queria ficar com ele para sempre.

— Eu também queria, mas ele só quer nos proteger e ser o nosso herói.

— Ele já é desde o dia que nos conhecemos.

— Sim, por isso ele quer fazer o seu último ato heroico por nós... — disse com a voz trêmula, engolindo seco para que ela voltasse ao normal. — Assim, podemos contar para todos que conhecemos o maior homem de todos. Poderemos falar até para os nossos futuros filhos que o pai conheceu uma pessoa incrível, poderemos contar todas as histórias do vô para eles.

— Filhos? Nossa... — riu meio sem graça. — Nunca tinha pensado nisso antes. Mas é verdade, se eu tiver algum, irei contar a lenda do "Kraken", é a minha favorita.

— Sim! A minha também! — ri, acariciando suas bochechas redondinhas. — Imagina como seria um filho seu... ele ia ser igualzinho a você e teria as mesmas bochechinhas fofas de apertar.

— E o seu seria valente e gentil que nem você, teria olhos tão escuros quanto os seus e um sorriso fofo também!

Rimos com a imaginação de nossos futuros filhos, eles seriam melhores amigos que nem nós dois.

— Jimin. — o chamei, mesmo já tendo sua atenção. — Você promete que nunca mais iremos nos separar? Que iremos viver juntos pelo resto da vida?

— É claro que eu prometo, e ainda de dedinho.

Ele estendeu seu dedinho pequeno e eu entrelacei com o meu, unindo nossos polegares, tornando nossa promessa um juramento sério.

— Eu nunca irei te deixar. — ele reforçou, brincando com meus dedos da mão. — Nunca abandonarei a pessoa que eu mais amo no mundo.

Olhei em seus olhos, sentindo meu coração palpitar de uma forma estranha e minhas orelhas esquentarem.

— O que? — suspirei, com uma onda de euforia esquisita preenchendo meu peito. — Você me ama, Jimin?

— Amo, sem dúvida alguma.

Com um sorriso gigantesco no rosto ao ouvir a sua declaração, todos os meus problemas se tornaram escassos quando vi um sorriso lindo florescer em seu rosto, o que me impulsionou a beijar as suas bochechas redondas, onde pude ouvir a risada mais gostosa do dia acelerar a minha frequência cardíaca ao ponto de me deixar tonto, anestesiado com sua alegria.

— Eu também amo você, muitão mesmo.

— É tanto assim?

— É maior que o mundo todinho. — suspirei pesadamente, o que manteve o sorriso em seu rosto graças a minha feição boba.

— Mas Kkyu, o mundo é muito grande! — exclamou, pondo as mãos nas bochechas. — Tipo, é muuuuito grandão!

— Sim! E meu amor é ainda maior!

Ele sorriu tanto que seus olhos mal abertos conseguiram ficar, então me abraçou todo feliz e se sentiu livre para me dar um beijo na bochecha também. Com aquele simples afeto, eu pude sentir as maçãs de meu rosto ficarem mais quentes, meu sorriso aumentou e meu coração acelerou ainda mais, como se tivessem injetado uma dose de serotonina na minha veia.

Depois de um tempão fazendo ele sorrir e dizendo o quanto eu o amava, Jimin começou a ficar sonolento e me abraçou bem forte para dormir.

Eu gostava como ele se encaixava direitinho em meus braços e da cosquinha que seus cabelos macios faziam em meu pescoço, estava com saudades daquilo e do cheirinho de pêssego dos seus cabelos que me anestesiava aos pouquinhos até me fazerem apagar, entrando assim, em sono profundo.

[...]

Despertei depois de ter descansado o suficiente, olhei para a janela do quarto e notei que o sol ainda estava nascendo. O ambiente ainda estava meio escuro, sendo colorido no máximo por uns tons alaranjados da alvorada ao que Jimin ainda dormia profundamente em meus braços. Em meio àquele silêncio, eu me assustei com o ranger baixo da porta ao ser aberta, mas era só o vô, entrando no cômodo devagarinho, tentando não nos acordar.

Ele me notou de olhos abertos e gesticulou para que eu acordasse o Jimin, sussurrando também que o café já estava na mesa.

O vô saiu do quarto e eu olhei para o rostinho sereno de Jimin deitado em meu peito, então deslize meu indicador da região entre suas sobrancelhas até a pontinha de seu nariz várias vezes, fazendo ele acordar com o carinho.

Ele levantou sua cabeça ainda com os olhos fechados, com uma sonolência evidente no rosto e com seus cabelos completamente bagunçados, adoravelmente fofo.

— Acorda, dorminhoco. Precisamos ir. — sussurrei, cutucando sua bochecha.

Ele assentiu ainda sonolento e se espreguiçou em cima de mim, gemendo preguiçoso ao se entregar ao cansaço quando se espalhou pelo colchão novamente.

— Ahh, que preguiça... — resmungou com sua voz rouquinha pelo sono.

— Se você não levantar em cinco segundo eu vou te fazer cosquinha.

— Mas cinco segundos é muito pouco...

— Cinco...

— Kkyu, não faz isso... — resmungou novamente.

— Quatro...

— Pronto, estou levantando! — fez um bico emburrado. — Feliz?

Ele levantou como havia dito e se sentou na cama, parecendo que tinha passado um furacão em seus cabelos de tão bagunçados. Eu me sentei ao seu lado e fiquei cutucando sua bochecha estufadinha até ele rir, o que não demorou para acontecer, resultando no nosso primeiro sorriso desse dia triste.

Nós saímos da cama e fomos comer bastante junto ao vô. Depois fomos nos banhar e escovar os dentes, e então guardamos nossas escovas nas mochilas já prontas.

Chegamos na porta de casa já arrumados e com as mochilas nas costas, sentindo uma angústia enorme e um frio na barriga ao olhar para o horizonte solitário de mato seco e cascalho.

— Bom... eu acho que isso é um adeus. — disse o vô, tristonho.

— Sim... — suspirei ao me virar de frente para si novamente. — Obrigado por ser o melhor vô do mundo. — lhe puxei para um último abraço junto a Jimin.

— Nunca se esqueça de nós... — o pequeno concluiu.

— Eu nunca esquecerei de vocês, meus pequenos, guardo vocês em meu coração, viajem com cuidado.

— Iremos, fique bem também e cuide de sua saúde.

— Eu irei...

Depois de uma dolorosa despedida, eu e Jimin finalmente seguimos na direção oposta ao sol nascente, andando pelo gramado verde da primavera sem destino algum.

Só andando para algum lugar atrás da sobrevivência.

.

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