Diário de Bordo - jjk & pjm

By Nikkipeaches_

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[Livro físico em pré-venda na Editora Violeta!!!] A Primeira Guerra Mundial havia estourado na Alemanha, Jeon... More

Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Aviso!
Livro físico e novo perfil!
Livro físico em pré-venda!

Capítulo 2

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By Nikkipeaches_

_Diário de bordo_
[Dia 1 de Março de 1915]
[7 meses e 1 dia de guerra]

J U N G K O O K

A noite passou e o dia chegou, Jimin ainda dormia em meu colo e eu me sentia bem descansado como nunca. Mesmo dormindo sobre o feno desconfortável, eu me senti tranquilo e estava sem angústia alguma no coração.

Não sabia que horas eram, mas a luz forte que refletia da janela fosca indicava que já havia amanhecido há algumas horas. Com esse excesso de luz, não demorou muito para que Jimin acordasse, ele se espreguiçou ainda em cima de mim e esfregou os punhos nos olhos, gemendo sonolento ao que piscava meio atordoado.

— Bom dia, Kkyu... — falou preguiçoso logo quando me viu desperto. — Eu te acordei?

— Bom dia, Jimin. — sorri ao ouvir sua voz sonolenta. — Você não me acordou, não se preocupe.

Ele assentiu ainda vagaroso graças ao sono, erguendo seu tronco para se sentar no chão de madeira.

— O que iremos fazer hoje? — perguntou com rouquidão na voz.

— Eu tenho que buscar algo para nós comermos, senão morreremos de fome.

— Eu quero ajudar.

— Mas está frio lá fora, você irá pegar um resfriado.

— E você também vai. — retrucou me deixando em silêncio. — Com duas pessoas vai ser um pouco mais rápido, você prometeu que iria me deixar te ajudar, não prometeu? Eu também quero te alimentar.

Olhei para Jimin ao que penteava seus cabelos loiros e bagunçados com meus dedos, ele não comia a bastante tempo e devia estar com a imunidade baixa, não queria que saísse num frio desse. Mas seu olhar estava tão carregado de esperança que eu não pude negar sua ajuda, se ele queria isso, então eu não ia proibi-lo de fazer um ato bondoso.

— Certo. — concordei ao me levantar, indo até um dos baldes de madeira que estavam no chão para apanha-los. — Vamos fazer assim, você busca uma água boa para bebermos e eu busco a comida, fechado?

— Sim! — exclamou batendo palminhas em animação. — Farei isso.

— Ótimo, vamos lá, então.

Certifiquei se Jimin estava bem agasalhado para sair no frio e então forcei a porta emperrada para abrir, combinando com ele de nos encontrarmos aqui assim que o sol estivesse posicionado exatos noventa graus sobre nós, indicando o meio-dia.

Nos separamos pela vila e eu fui até onde os mercadores estavam, encontrei aquele velho rabugento que me negou um único pão sentado em sua cadeira em frente ao carrinho de pães, relaxando com os pés para cima enquanto fumava um cachimbo e lia um jornal.

Pouco mais de meia hora se passou e o homem não dava uma vacilada sequer ou saía de lá para que eu conseguisse pegar algum pão e sair correndo, que droga!

Um outro homem estranho passou pela frente do carrinho e, num movimento quase imperceptível, roubou um pão sem chamar a atenção do velho, aquilo foi interessante.

Andei lentamente até um local mais próximo do carrinho para tentar roubar algum pão que nem o cara fez, bem discreto, já que era o único jeito de sobreviver.

Mas, antes que eu conseguisse chegar perto de lá, um outro homem pegou dois pães do carrinho e saiu correndo. O velho fumante correu atrás dele com um porrete de madeira nas mãos, então, foi questão de meio segundo para toda a multidão de mendigos avançar no carro de pães e roubar um bocado.

Não querendo perder essa oportunidade, eu me enfiei ali no meio na tentativa de alcançar qualquer alimento do carrinho, recebendo joelhadas e cotoveladas dos adultos ao redor, mas eu não desisti.

Avancei com tudo, pegando três dos últimos cinco pães que haviam ali no carrinho, os outros dois foram roubados por outra mulher que me olhou feio. Antes que alguém me roubasse, eu saí correndo com os três pães bem duros em meus braços, indo em direção ao barraco onde eu e Jimin estávamos.

Mas no meio do caminho eu me desesperei quando me esbarrei com o pior homem possível daquela vila.

Era o padeiro rabugento.

Ele intercalava seu olhar raivoso entre mim e os pães em meu colo, enquanto eu intercalava o meu olhar entre seu rosto e o pedaço de madeira em sua mão um pouco ensanguentado.

Ele machucou muito aquele cara...

— P-Por favor não me machuca... eu estou com fome e tenho que alimentar meu amigo também...

— Eu já disse para não mexer em meus pães, seu ladrão!!!

— M-Mas eu não sou ladrão, eu só estou com fom-

— E eu estou pobre!!! — gritou com dia voz pigarreada, batendo o porrete no muro de uma casa ao nosso lado e me calando num susto antes mesmo de me deixar terminar a minha explicação anterior. — Eu não vou conseguir sair desta merda desse país se ladrões malditos como você continuarem a me saquear!!!

— Senhor, por favor... — funguei na tentativa de conter o meu choro que insistia em machucar a minha garganta, estava com medo daquele porrete na mão daquele ogro. — Não me machuca! Eu... não posso cuidar do Jimin estando machucado...

— Eu pouco me importo com esse merdinha de "Jimin"! — usou um tom enojado na voz quando se referiu ao loirinho, fazendo aspas com seus dedos. — Você vai aprender a ter bons modos, garoto.

Minha fúria cresceu rapidamente, incrédulo por um babaca que nem ele se referir daquele jeito à uma pessoa tão pura e bondosa como o Jimin.

— Não fale assim dele, seu monstro!!! — berrei com um ódio sufocante rasgando a minha garganta.

— Quem você pensa que é, seu moleque?! — questionou ao me dar um empurrão forte, me derrubando com força na brita do chão, eu não deixei os pães caírem.

— Felizmente uma pessoa bem diferente de você, seu nojento!

O homem estendeu o pedaço de pau sob a cabeça com uma fúria enorme no olhar, eu apenas fechei os meus olhos com força, abraçando os pães contra o meu corpo pensando que, mesmo machucado, pelo menos eu iria conseguir alimentar Jimin. Afinal, feridas externas se curam rápido.

E eu esperava que essas também se curassem.

Confuso pela demora da porrada eu abri um de meus olhos, logo ficando surpreso com a cena que via na minha frente. Era um homem grandão de barba branca e punhos fortes que seguravam o pulso do padeiro com força, ele parecia incrível aos meus olhos, que nem um super-herói.

— Me solte seu preto nojento! — gritou o padeiro que aumentou a fúria do meu herói.

Por que o padeiro chamou o herói de "preto nojento"? Parecia ser algo feio de se falar, será que ele falou isso porque o moço tinha uma pele mais escura? Mas... por que ele julgou a cor da pele dele? Ela era uma qualidade que só o tornava ainda mais incrível, não devia ser motivo para ser usado como uma tentativa de ofensa.

Eu me senti mal pelo herói, como alguém tão incrível como ele pode ser ofendido por um fumante feio e maldoso que nem o padeiro?

— Cale a boca seu branco escroto de merda! — gritou o herói. — Não se bate em criança! E é bom que nem tente bater nele de novo, ou irá se ver comigo!

— Mas ele é um ladrão! Deve aprender com seus atos!

— Escute aqui seu egocêntrico. — disse o herói ao segurar a gola da camisa do padeiro, o encarando de cima. — Não sei se você percebeu, mas estamos no meio de uma GUERRA, essa merda deste país está sendo bombardeado com tudo e você acha que irá sobreviver para conseguir sair dele?! Pessoas como você só conseguem sair desse mundo para ir ao inferno, seu racista agressor de merda! O garoto só está com fome e está tentando sobreviver enquanto ainda cuida de alguém! Tenha um pingo de bom senso e saia daqui, espero não precisar olhar na sua cara de novo!

O padeiro sorriu nojento e cuspiu na cara do herói, o que me fez sentir um ódio ainda maior por ele, mas o herói com apenas um soco forte o nocauteou e ele caiu duro no chão. E só para fechar com chave de ouro, eu dei três chutes extremamente fortes no saco dele para essa porcaria de ser humano não conseguir se reproduzir mais.

Olhei com admiração para o homem que enxugava seu rosto com a barra de sua camisa, ele me encarou logo em seguida, sorrindo mínimo ao ver minha feição maravilhada.

— Muito obrigado, herói! Você é incrível, salvou a minha vida!

— Que nada, meu garoto. Fico feliz que esteja bem.

Eu queria lhe agradecer tanto pelo seu ato bondoso, algo mais do que palavras...

Ah, já sei!

— Por favor, aceite um — peguei um dos pães do meu colo para lhe oferecer, mas ele franziu o cenho —, como agradecimento por ter me salvado.

— Oh, não, meu jovem. Não é necessário. Tenho comida o suficiente aqui em casa.

— Então... como posso agradecer ao meu herói? — perguntei com um sorriso tão brilhante quanto meu olhar, imaginando ser destemido que nem ele quando crescer.

O homem sorriu, me olhando da cabeça aos pés e bagunçando meus cabelos antes de perguntar:

— Qual é mesmo o nome daquele garotinho que você disse que tinha que proteger?

— É Jimin! — sorri ainda mais ao pronunciar o seu nome.

— Qual a altura dele?

— Ah, mais ou menos assim. — usei uma de minhas mãos para medir a altura dele que batia em meu peito. — Ele é pequenininho e fofo.

— Que graça. — sorriu. — Espere aqui, já sei como pode me agradecer.

— Certo, farei qualquer coisa!

O herói se virou e entrou na casa que nem percebi que estava com a porta aberta, foi a mesma que o maldito padeiro bateu com seu porrete para me assustar.

Não demorou muito para que o moço voltasse com dois montes de roupas dobradas em seu colo, suspirando antes de estendê-las em minha direção.

— Eu tinha dois netinhos que moravam comigo, eles tinham quase a mesma altura que a sua e a do garotinho Jimin, mas... eles faleceram há alguns meses num bombardeio, fique com algumas roupas deles, vocês dois precisam mais do que eu.

O moço me entregou as roupas, eu as segurei com um braço e os pães com o outro.

— Tem certeza disso, senhor? Eram de seus netos...

— Fique com elas, pequenino. — ele apertou a minha bochecha. — Esse será o favor que pode fazer por mim, eu tenho certeza que eles estariam felizes em poder ajudar, tinham um coração bondoso.

— Que nem o coração do senhor. — sorri grandão, fazendo reverência ao senhor. — Muito, muito obrigado, com certeza o Jimin irá adorar isso!

Céus, é mesmo, o Jimin!

Olhei para o céu, vendo que o sol já indicava o meio-dia, Jimin podia estar preocupado.

— Senhor eu... preciso ir, desculpa a pressa é que-...

— Não se preocupe. — riu me dando um último cafuné rápido. — Te vejo por aí, qualquer coisa minha casa estará sempre aberta para você.

Agradeci mais uma vez e corri até o barraco que estávamos, encontrando Jimin todo encolhido na frente da porta emperrada. Ele abraçava seus joelhos com um balde cheio d'água ao seu lado, seu narizinho estava rosado pelo frio.

— Jimin!

— Kkyu! Estava preocupado... você demorou.

— Me perdoe, tive umas complicações... entre rápido e saia desse frio.

— Eu... não consigo abrir a porta.

Gesticulei para que ele saísse da frente e peguei impulso para chutar a porta com toda a força que tinha para tirar logo Jimin do frio, abrindo-a no segundo chute.

— Entre, rápido!

Ele pegou o seu balde cheio d'água e entrou, colocando-o no cantinho e esfregando as mãos na tentativa de aquecê-las.

— Você fez um ótimo trabalho! — disse ao me aproximar, lhe entregando a roupa menor que estava em meu colo. — Olha o que eu consegui para nós, agora ficaremos mais protegidos do frio.

— Woah, Kkyu! Como você conseguiu tudo isso?

— Foi um super-herói incrivelmente legal e gentil que me deu, ele salvou a minha vida, sabia?

— Salvou a sua vida? Você correu perigo?

Não queria contar a Jimin que eu quase fui agredido com um porrete de madeira por um cara nojento, ele iria ficar preocupado comigo, então decidi mentir.

— Não, foi em outro sentido que ele me salvou, mas ele continua sendo o herói mais incrível do mundo todo!

— Woah, eu quero conhecer ele um dia também!

— E você vai, agora vista suas roupas novas e depois vá comer.

Ele assentiu e foi para um cantinho do barraco enquanto eu colocava os pães num banquinho ao lado do balde d'água.

— Por favor, não olha... — pediu envergonhado quando começou a desabotoar a sua blusa.

— Tudo bem, não vou olhar, irei me trocar também.

Me virei de costas e troquei rapidamente as minhas roupas, Jimin era bem tímido, então tentava fazer o possível para deixá-lo mais confortável, e isso incluía ficar virado para a parede até que ele se arrumasse completamente com as roupas de frio.

— Pronto... acabei, pode se virar.

Pedido e feito, eu me virei e o admirei com aquelas roupas novas, totalmente protegido do frio e com um gorrinho adorável na cabeça. Andei até ele e ajeitei o capuz de seu casaco que estava todo dobrado, sua calça que estava um pouquinho torta e o gorrinho que estava do avesso.

— Ficou uma graça assim, até para abraçar e aquecer ficou melhor.

Ele sorriu de forma graciosa e seus olhos formaram dois tracinhos adoráveis, apertei seu narizinho gelado e o chamei de fofo para arrancar uma risadinha gostosa sua.

Ouvi seu estômago roncar e ri quando seu rosto corou.

— Vem — segurei sua mãozinha —, vamos comer.

O puxei e nos sentamos em frente ao banquinho onde os pães estavam, eu parti um deles ao meio e assim ficamos com um pão e meio para cada. A água nós usamos para matar a sede e também para amolecer um pouquinho os pães, facilitando na hora da mastigação.

Comemos e bebemos bastante até ficarmos cheios, fazia um bom tempo que não comia assim.

O sol fraco de inverno já estava se pondo e logo começou a nevar do lado de fora, eu queria levar o Jimin para brincar na neve, mas não teríamos como nos aquecer ou trocar a roupa molhada pelo gelo depois.

— Vamos descansar. — me levantei e fui até o feno, me encostei nele e sentei no chão, então ergui meus braços para frente, esperando por Jimin para abraça-lo. — Vem, hoje tem roupa macia e limpa para você dormir em cima.

Ele riu e veio até mim, se deitando nos meus braços e nos enrolando com o tapete, estava ficando tão frio que nosso hálito condensava quando falávamos.

A madrugada foi passando e eu e Jimin conversávamos bastante, ele me contava como conseguiu a água e sua história cômica e desastrosa me fez rir bastante.

Sua voz, aos poucos, foi ficando mais baixa e ele começou a tremer de frio no meu colo, então o apertei ainda mais na tentativa aquecê-lo, mas ele não parou de tremer.

— Estou com frio... — Jimin disse se aconchegando mais. — Muito frio...

— Calma... vai passar, eu estou aqui te esquentando e já já você estará bem quentinho.

Assentiu, pondo sua mãozinha em meu peito para acariciar o local.

— Obrigada por cuidar de mim assim, eu tenho o melhor Kkyu do mundo inteiro.

Sorri ao ajeitar o seu gorrinho para que esquentasse melhor as suas orelhas. As horas continuavam a passar e Jimin começou a me aquecer de tão quente que estava, mas o que mais me assustou é que ele ainda estava tremendo.

— Jimin, você está bem? Por que ainda treme?

— Eu ainda sinto frio...

— Mas até eu estou com calor, e minhas roupas são mais finas que as suas.

Ele olhou para seus pés encolhidos e calçados com um par de tênis desgastados, abraçando seu próprio corpo enquanto tremia quando me afastei de si para examina-lo. Seus olhos estavam pesados, suas extremidades meio sem cor, seu rosto estava bem pálido e eu comecei a ficar muito preocupado com seu estado.

Aproximei minha palma da sua testa e do seu pescoço, e o que eu mais temia estava acontecendo.

Jimin estava queimando de febre.

Ele estava queimando de febre e não tinha ideia do que fazer para ajudá-lo.

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