Solace ϟ Potterverso

By EvanoraCaligari

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🐍 Vencedor do Prêmio Wattys 2020 na categoria Fanfiction 🏆 Com antigos seguidores de Voldemort ainda à solt... More

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By EvanoraCaligari

Cybele estava mais desolada que Isis com a detenção, culpando-se a todo instante por não a ter dissuadido da ideia de duelar ou não ter ficado à espreita para avisá-la de Filch. Depois de um jantar tenso, recebendo encaradas raivosas de Killian e sua trupe, foi o momento de respirar fundo e se dirigir às masmorras, acompanhada da sonserina cabisbaixa. Os outros alunos da casa as encaravam com desconfiança, no caminho até a sala comunal e, comparado com o que a bruxa se via prestes a enfrentar, aquilo não significava nada.

— Boa sorte — murmurou Cybele, como se a outra estivesse prestes a enfrentar Lorde Voldemort em pessoa. — Nem sei se obrigada é o bastante para te agradecer... por tudo.

— Compre-me uns doces quando visitarmos Hogsmeade. E não se esqueça do trabalho para a próxima aula do Flitwick.

— Não precisa falar duas vezes. E prometo que também pagarei uma cerveja amanteigada no Três Vassouras para você. Vai amar! — Um tanto mais animada, a garota se despediu e juntou-se à massa de sonserinos.

Isis encarou a porta da sala três com um desânimo de dar dó, então aprumou-se, erguendo o queixo, e bateu. A espera se estendeu por um minuto até levar a mão à maçaneta e ser puxada para dentro de súbito, quando Snape finalmente apareceu. Ela entrou aos tropeços, amparando-se no ombro do professor e se afastando no instante seguinte como se nada tivesse acontecido; como se o braço dele, mesmo que ligeiro, não tivesse a abraçado pela cintura.

— Entrada triunfal — murmurou, ajeitando a blusa amarrotada, atenta ao fato de ele não ter se afastado. — Boa noite, professor. Qual a tortura de hoje?

— Correntes e algemas. — A seriedade nas palavras e no semblante foi tanta que Isis entreabriu os lábios, surpresa ao vê-lo se acercar com o olhar fixo ao dela. — Posto que se mostrou inclinada a esse tipo de castigo — disse, rodeando-a —, presumo que se sentirá mais motivada ao longo da detenção.

Ela ouviu o ruído das dobradiças do armário de canto, misturado ao eco da pulsação em seus ouvidos, e se virou com os olhos semicerrados, aguardando o momento em que ouviria a risada de Severus, o que soava tão irreal quanto aquela proposta. Isso não a impediu de entrar no jogo e andar até ele, espiando o interior bolorento, cheio de teias de aranha prendendo-se aos livros. Quando Snape pegou um par de algemas, segurando-o à altura do rosto da bruxa, esta segurou-se para não engolir em seco ao se ver alvo da expressão circunspecta.

— Limpe todas elas e as guarde naquela sacola de pano — explicou, colocando as algemas nas mãos de uma Isis mortificada. Ela se virou, avistando a tal sacola sobre uma das bancadas. — Ao término da detenção, leve-as até seu bom amigo Filch, que ficará extasiado em recebê-la. E dê um jeito nos livros e nas balanças também.

— Brilhante, mal posso esperar. — Isis pigarreou, umedecendo os lábios sem saber se ria de si mesma ou se ficava irritada por quase ter se mostrado interessada. — O quê? — perguntou ao ver a palma da mão do professor estendida na sua direção.

— A varinha, Blakeley. Nada de magia, com ou sem uma, durante a detenção. — Isis suspirou, depositando-a nos dedos longos de Snape. — Não pense que não conheço suas artimanhas.

— A maioria chama de "habilidade extraordinária", porém gosto de artimanha também. Me faz parecer mais enigmática do que sou.

Severus deu-lhe as costas, claramente se divertindo as suas custas, e acomodou-se à mesa, com os livros e pergaminhos, restando à bruxa iniciar a punição. "As correntes e as algemas me aguardam, afinal", pensou, verificando os itens no armário de canto. Isis abanou a frente do rosto quando uma nuvem de poeira a envolveu, forçando-lhe um espirro.

A tarefa se deu com mais interesse que o necessário. Ter alguma coisa para fazer, embora soasse estúpido a princípio, era melhor que ficar na sala comunal da Grifinória ou deitada no dormitório, cercada por adolescentes e seus dramas diários. Os livros foram fáceis de limpar — ordenados, ao fim, de acordo com os anos escolares —, tal qual as balanças e demais materiais usados nas aulas. O ferro oxidado das correntes e algemas, por outro lado, exigiu um esforço maior, aliado à mágica discreta para não chamar a atenção de Severus.

Quando terminou, não fazia ideia de quanto tempo se passara. O metal tilintou ao ser jogado na sacola, atraindo o olhar do mestre de Poções.

— Finalizado. — Ela passou as mãos no tecido da saia, livrando-se do excesso de poeira. — Vamos lá, embora eu tenha mãos muito habilidosas, como pode constatar, meu cérebro agradeceria um desafio que exigisse menos trabalho manual — falou, deixando a sacola ao lado da escrivaninha dele.

Severus apoiou os cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos ao encará-la; a expressão analítica ao maquinar a tortura. Quando ele puxou a gaveta e retirou um pedaço de giz, Isis arqueou a sobrancelha, cogitando o que viria a seguir.

— Acredito que esteja familiarizada com a Poção do Sono Sem Sonhos. É conteúdo do sexto ano e o abordaremos na aula de amanhã. — O professor deslizou o giz através da mesa, na direção de Isis. — Bote seu tão apreciado conhecimento em prática e escreva as instruções no quadro. — Ela deu de ombros, fitando automaticamente o exemplar de Libatius Borage sobre a pilha de livros. — Sem a ajuda, se é que podemos dizer que auxilia alguém, deste livro desprezível. Use o que aprendeu em Uagadou, já que se orgulha tanto dos seus mestres de lá.

— Com prazer — rebateu, pegando o giz.

Posicionando-se em frente ao quadro, fechou os olhos e recorreu às memórias das aulas de Alquimia e Poções não só de Uagadou, mas também as de Underhill. Sob a atenção implacável de Snape, descreveu o passo a passo de uma das poções que seu tutor mais odiava. Levara uma semana ouvindo Erastus explicar cada nuance do preparo cuidadoso, sem esconder a aversão que cultivava por um dos maiores complicadores de sua área de estudo.

As palavras se destacavam sobre a superfície esverdeada, acompanhadas de ilustrações satisfatórias para complementar. Às vezes parava e repensava algumas partes, apagando-as para reescrevê-las da maneira certa ou só elucidando melhor a explicação. Ao terminar, afastou-se do quadro e esquadrinhou o feito em busca de erros grosseiros, porém não encontrou nada.

Isis volveu na direção de Snape cheia de expectativa e o encontrou encarando-a em vez de avalizando a elucidação.

— Gosta de se exibir, não é, Blakeley? — A bruxa afastou-se ao vê-lo se aproximar do quadro, desviando o foco para a explicação. — Qual a necessidade disso? — perguntou, apontando para um dos desenhos.

— A imagética alquímica me ajudou a memorizar as poções na época da escola. O estímulo visual funciona com muitos alunos. Deve saber disso melhor do que eu, não é, professor?

— Isso não é uma aula de Alquimia. Essas alegorias são rudimentares para dizer o mínimo. — Ela revirou os olhos, cruzando os braços.

— Mas não estão erradas, estão? — "Só não está do jeito que você quer", pensou, relaxando diante da certeza de que estava certa.

Ele não respondeu, confirmando a indagação particular. Só implicava com o método adotado por não possuir nada além para criticar. Apesar da vontade de externar a frustração em ser injustiçada, manteve o pensamento para si mesma. Uma discussão do tipo não os levaria a lugar algum, e Isis estava cansada demais para se engajar em uma disputa de poder.

— Costumávamos treinar as ilustrações por horas a fio, nos intervalos das aulas e nos fins de semana, em Uagadou — comentou ela, corrigindo a rebarba de um dos desenhos com a ponta do dedo. — Começou como uma forma de entretenimento para a maioria e terminou com o interesse aumentado pela matéria. De quebra, ajudei colegas com grego e latim, já que muitos textos foram construídos nesse idioma. Eles, por sua vez, corrigiram meu egípcio e árabe. Com muita paciência, diga-se de passagem. — Isis sorriu, lembrando-se das amizades criadas na escola de Uganda. — Devo estar muito enferrujada.

Snape não teceu qualquer tipo de comentário, semicerrando o olhar sem entender o motivo por trás do diálogo, porém não a interrompeu do jeito que a bruxa esperava. Ela se apoiou na escrivaninha, encarando o quadro com uma mente perdida em lembranças.

— Suponho que Hermes Trismegisto foi um espelho para vocês. — Isis riu, assentindo, e o professor voltou a se sentar.

— Nicolau Flamel não podia ser chamado de benquisto em Uagadou. Consideravam-no muito... ostentoso, pervertendo o verdadeiro sentido da imortalidade. — Isis conteve um bocejo; as pálpebras pesando de repente. — Não que as invenções dele não fossem apreciadas, mas a resistência em seguir o curso natural da existência humana não era visto com bons olhos.

Sem se dar conta, a bruxa ingressou em uma conversa franca com Snape, sem atrito ou indiretas maldosas, deixando que a paixão que nutriam pelo conhecimento fluísse livre de impedimentos. Era fácil seguir por esse caminho quando não estavam preocupados em trocar farpas. "Como na noite do baile", lembrou-se ela de uma das poucas vezes em que ficaram sozinhos e tiveram um diálogo semelhante àquele, poucos meses antes de a guerra explodir.

A cada palavra trocada, Isis se enredava nos assuntos, segurando o riso ao ouvir o professor alfinetar Slughorn.

— Devia ter visto o que ele fez no jantar. Quero dizer, você já deve estar acostumado aos métodos invasivos de Slughorn. — Isis esfregou a nuca, incapaz de lidar com o sono que se abatia sobre ela. — A forma que tentava extrair as memórias dos alunos; parecia um maldito dementador. — Entre uma inspiração e outra, estrelas começaram a pipocar diante dos seus olhos, acompanhada de uma letargia. — Acho que... é melhor eu — as mãos seguraram a borda da mesa com firmeza — me sentar um...

A última coisa que Isis enxergou foi o quadro-negro antes de a visão escurecer. A sensação foi semelhante à de um piscar de olhos, contudo, ao abri-los, viu-se em um lugar inteiramente diferente. Não sabia como a cabeça podia pesar tanto e, ao mesmo tempo, sentir que não havia uma migalha de cérebro ou crânio ali dentro. Um aperto incômodo no peito e na cintura fê-la encarar ao redor com cuidado, testando a superfície macia sob ela. As mãos correram pela coberta confortável, afastando-a para o lado.

O uniforme de Ilvermorny era o responsável do sufocamento, já que a transfiguração se desfizera sozinha e suas medidas eram mais generosas que as de Hannah Cooper. Isis se sentou na cama, esfregando os olhos embaçados, e encontrou pilhas de livros próximas ao armário e sobre o baú posicionado aos pés da cama; um cômodo aconchegante, considerando o dono. Levantar foi uma dificuldade, os passos, curtos, limitados pela saia. Não havia um espelho onde pudesse encarar o próprio reflexo.

Enquanto fuxicava em busca de um, Severus atravessou a porta entreaberta com um cálice fumegante em mãos, parando pouco depois de cruzar a soleira e dirigindo um olhar confuso de se ler a Isis; estudou-a dos pés à cabeça — lábios ligeiramente entreabertos —, deixando-a ainda mais consciente da saia curta e apertada, além dos botões quase saltando da blusa.

— Chegamos a usar as algemas? — perguntou ela, disfarçando a súbita vergonha com uma piada, enquanto Snape desviava a atenção para a parede. — O que aconteceu? Só me lembro de reclamar de Slughorn e então acordei aqui.

— Obviamente você desmaiou. — O professor estendeu a taça a ela, sem ousar olhá-la naquele estado. — Beba isso. Irá ajudá-la a recobrar o vigor. Há um espelho na minha sala, onde poderá refazer a transfiguração.

Antes que pudesse agradecê-lo, Isis viu-se sozinha, outra vez, no quarto de Severus. A poção, ao contrário do que sua aparência transmitia, desceu gelada ao longo da garganta da bruxa, espalhando-se pelo corpo até a temperatura aumentar devagar, trazendo sua energia de volta. O gosto cítrico permaneceu na língua minutos depois, ao voltar à sala do professor, encontrando-a vazia, com o espelho de moldura simples flutuando em frente à lareira. Menos de quinze minutos depois, reencontrara Hannah, cujas roupas agradeceram imensamente pela mudança.

— Não devo ter sido a primeira aluna a desmaiar durante uma detenção sua, certo? — perguntou ela ao entrar na sala de aula e vê-lo sentado à mesa, encarando o quadro cheio de anotações suas. — Por outro lado, fui a primeira sonserina a garantir a proeza de receber uma sua.

— Há quanto tempo vem tomando a Poção Somnarum? — questionou-a de repente. Isis encarou as costas de Severus por alguns segundos, surpresa com a pergunta.

— Uma vez, prescrita por Pomfrey — respondeu, dando a volta e parando em frente à mesa. — Foi depois do jantar com Slughorn.

— Julga-me estúpido o suficiente para acreditar em uma mentira pífia dessa? Não achou que eu reconheceria os efeitos colaterais de uma superdosagem da poção? — A mandíbula de Isis se retesou, e prendeu a respiração sem se dar conta. — O que anda procurando em seus sonhos, Blakeley? Quem anda procurando?

— Se quer me acusar de alguma coisa, Snape, expresse-se com clareza, por favor. — Ele estreitou o olhar como se tentasse ler sua mente. — Acha mesmo que eu me daria ao trabalho de entrar nessa palhaçada — disse, apontando para o próprio rosto transfigurado — se fosse para contatar... contatá-lo e jogar todo o meu esforço no lixo? — O nome "Erastus" pesou na língua, recusando-se a sair. — Acha que não tenho medo todas as vezes em que fecho os olhos para dormir? Medo de que os anos estudando oclumência não sejam o suficiente para mantê-lo longe? — "Medo de ceder de novo?", pensou, sentindo a garganta apertar. — Você, melhor que todos nesta escola, devia entender.

Quando os olhos começaram a arder, encarou os próprios pés, vendo a sacola de pano com as algemas. Com um gesto brusco, apanhou-as do chão e deu as costas ao professor; as pernas pesando, não inteiramente despertas ainda. Por ela, teria corrido das masmorras o mais rápido possível, porém manteve a postura até levar a mão livre à maçaneta. O peso das algemas e correntes foi tirado de Isis de repente. Não teve que se virar para perceber a presença de Severus a poucos centímetros de distância.

— Retorne ao dormitório, sem paradas no meio do caminho. — Isis o olhou de esguelha, engolindo em seco o nervosismo. — E, Blakeley... — Ela o fitou a contragosto, vendo os lábios crisparem ao estudarem-na —, devolva o frasco de Somnarum.

— Não sei do que está falando, professor — disse, sustentando seu olhar com seriedade antes de girar a maçaneta e sair da sala.

Notas

Como diria a Sra. Potts, de A Bela e a Fera, "estamos vendo alguma coisa acontecer" rsrs O que acharam da detenção da Isis? ♥

Não sei se vocês notaram, mas postei mais tarde hoje. Isso porque meu horário ficou um pouco mais restrito essa semana, então, apesar de permanecer com as postagens às sextas-feiras, mudarei o horário.

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