Estava caminhando até o estacionamento do Paris School, e o maldito do meu celular estava com a bateria fraca.
Já havia ligado para minha mãe mas seu celular estava fora de área, e antes que eu tentasse o numero de casa ele resolveu me deixar na mão. Era exatamente 10:45pm, então resolvi que iria caminhando para casa já que até Marcela resolveu faltar hoje.
(...)
– Oi. - Disse para a garota ainda de pijama parada a minha frente. No meio do caminho resolvi ir até a casa de Mariana para conversarmos. Sobre a briga que tivemos e por outras coisas a mais.
– Oi.. - Ela disse me dando espaço para entrar.
– Não vou demorar. - Disse enquanto adentrava sua casa, vendo tudo em seu devido lugar, ela não devia ter passado o dia anterior ali, caso contrário isso tudo estaria uma perfeita bagunça.
– Não, eu não fiquei em casa ontem. - Gonzalez iniciou se sentando no sofá, a encarei séria me perguntando se agora ela também lia mentes. - Sei que é isso que está se perguntando, a casa está perfeitamente arrumada ou seja eu não estive em casa.
– Passou a noite fora também? - Perguntei com o tom de voz um pouco mais baixo.
– Sim. - Ela respondeu indiferente.
– Acho que precisamos conversar né? - Disse suspirando alto.
– Não. - A mulher dizia enquanto sentava no sofá. - Sei onde essa conversa irá nos levar, a minha cabeça tá explodindo e se essa conversa acontecer, sinto que ela vai se explodir.
– Bom, sua cabeça explodindo ou não temos que resolver isso de uma vez por todas! - Disse me sentando ao seu lado.
– Quer mesmo resolver isso de uma vez por todas? - Ela perguntou se virando para mim, a encarei assentindo. - Venha morar comigo!
– Como?
– Isso mesmo, vem morar comigo. - Ela disse séria. - Essas brigas não vão acabar enquanto você estiver sobre o mesmo teto que ela.
– Mariana, pelo amor de Deus eu moro com a minha mãe, sou menor de idade e nós duas não temos nem um ano de namoro. - Disse vendo ela revirar os olhos. - Essa briga acabaria se você confiasse em mim!
– Confiar na minha namorada que sente atração pela melhor amiga da mãe, claro muito fácil isso. - Ela disse irônica.
– Olha, aconteceram algumas coisas e eu vim aqui para falarmos sobre isso então.
– Veio aqui me dizer que você pegou ela? - Ela perguntou se levantando. - Porque essas marcas aí no seu pescoço não são minhas. - Ela dizia apontando para o local.
– Como eu disse, vim até aqui para conversarmos então por favor, agradeceria caso você falasse baixo comigo.
– Você quer que eu fale baixo com você, Bianca? - Ela perguntou rindo sarcástica. - Você me trai, vai pra cama com a "tia", e depois acha que pode vir até a minha casa pedindo para que eu fale baixo? Você por acaso pediu pra ela gemer baixo também? - Ela despejava toda a sua raiva em cima de mim, olhando meus olhos como nunca a vi fazer.
– Mariana, por favor se você me deixar explicar.
– EXPLICAR O QUÊ BIANCA? - Ela gritava comigo enquanto jogava no chão algumas almofadas que estavam no sofá. - DEIXAR VOCÊ ME EXPLICAR COMO COMEU ELA?
– DEIXAR EU EXPLICAR QUE MESMO TENDO ERRADO AINDA TENHO A RESPONSABILIDADE DE VIR ATÉ AQUI ASSUMIR O MEU ERRO!
– AGORA? VEIO ASSUMIR ERROS AGORA? - Ela gritava caminhando em minha direção. - Deve ter sido ótimo pra você não é mesmo?
– Eu não vou mentir pra você Mari, foi ótimo sim, mas eu me sinto péssima agora. Eu errei e vim até aqui para que você ficasse sabendo por mim, não que ela fosse contar a você mas..
– Ela.. ela.. sempre ela não é mesmo?! O quê ela dizia a você enquanto estavam se fodendo? Devem ter rido muito da minha cara né... até que enfim ela conseguiu o que tanto queria, ou melhor o que vocês duas tanto queriam!
– Nós fizemos uma promessa no começo de tudo Mariana, e eu estou aqui cumprindo com a minha palavra. - Disse caminhando até ela alcançando suas mãos vendo ela recusar ao meu toque..
– Não toca em mim. - Disse entre dentes. Segurei suas mãos contra sua própria vontade.
– Prometemos uma a outra, que se isso acontecesse assumiríamos os erros e que contaríamos toda a verdade uma a outra lembra?
– Eu sabia que isso uma hora ou outra aconteceria, conversamos sobre isso tantas vezes. Porque você não entende o quão difícil é saber que você esteve com ela, não vê que você é minha namorada e não dela?
– Sim Mari, eu vejo que sou sua namorada, não dela mas.. as coisas tomaram outros rumos, a tarde de ontem foi diferente pra mim...foi diferente para ela, eu fui a errada de tudo isso, eu trai você e sei que não é fácil passar por isso como se nada estivesse acontecendo.
– Não. Não é mesmo. - Ela disse deixando as lágrimas virem.
– Pedir desculpas não farão as dores ou a raiva sumir, mas eu peço desculpas por ter falhado com você, com o nosso relacionamento. - Disse vendo ela se sentar no sofá com o rosto entre as mãos. Caminhei até ela respirando fundo. No momento do prazer e sentir as coisas novas que Rafaella me fez sentir eu não pensei nela em um só minuto, não pensei o quanto seria dolorido para ela saber ou para mim contar. Me abaixei ficando a sua altura, ergui seu rosto vendo ela chorar intensamente. - Por favor, me desculpe por ter deixado isso acontecer... Acho que no momento por mais difícil pra mim que seja ver você chorando, sofrendo e saber que a culpa é minha.. por mais dolorido que seja eu não consigo me arrepender.
– Não consegue porque foi ela. - Ela disse entre soluços.
– Talvez. - Disse acariciando seu rosto, seus olhos agora vermelhos e úmidos me encaravam com uma tristeza que doía em mim vê-lá assim. - Eu amo você, não duvide disso... - Encostei meu rosto ao seu a abraçando-a pelo pescoço. - Você é minha amiga antes de tudo... Mas as coisas estão mudando entre a gente, não vamos fingir que não percebemos. - Disse vendo ela limpar as lágrimas que teimavam em cair.
– Me deixa sozinha por favor. - Ela pediu com a voz baixa.
– Mariana, eu não vou deixar você nesse estado..
– Por favor Bianca, eu preciso ficar sozinha agora. - Disse enquanto se desvincilhava de meus braço, levantando-se do sofá e caminhando em direção as escadas sentando-se no terceiro degrau.
– Tudo bem. - Disse em um sussurro enquanto pegava minha mochila que estava em cima ao seu sofá, caminhei até ela parando a sua frente. - Me desculpe por ter falhado com tudo o que temos..
– Ou tínhamos. - Ela me interrompeu rápido.
– Não sei. Acho que o momento não é apropriado para tomarmos decisões. - Disse logo me abaixando para depositar um beijo em sua testa. - Fica bem tá?!
(...)
– Espero que você tenha uma boa desculpa para me dar Bianca Andrade. - Ouvi mamãe dizer assim que fechei a porta por onde entrei.
– Minha nossa mãe, que susto! - Disse vendo Rafa prender o riso recebendo em seguida um olhar sério da dona Mônica. - Por que eu teria uma desculpa?
– Não sei, talvez seja por que eu fui busca-lá na escola e ela não estava mais lá né Rafa?. - Disse agora me encarando. - Não sei, só acho.
– Liberaram as aulas mais cedo, meu celular estava descarregado e eu então resolvi vir andando. - Me expliquei a ela.
– E demorou mais de uma hora? - Ingadou já impaciente.
– Queria o que mãe? Eu vim caminhando. - Disse já me irritando com seu interrogatório idiota.
– Seus dias de castigo vão aumentar Bianca, só espero que você...
– Mônica, você tá pegando pesado com ela foram só uns..
– Eu sei muito bem quando devo pegar pesado com ela Rafaella. - Mamãe disse a interrompendo.
– Tá bom, não está mais aqui quem falou. - A loira disse rindo um pouco sem graça.
– Mãe desconte sua fúria em mim ok. Fui até a casa de Mariana, por isso me atrasei.
– O QUE? - Rafaella exclamou. Eu e mamãe a encaramos, não havia comentado nada sobre a tarde de ontem com minha mãe, também não sabia se a mineira já havia falado sobre o assunto com ela, mas pela confusão em seu rosto. Não, ela não havia comentado sobre nada. - Se eu fosse você Mônica, já teria aumentado os dias do castigo da sua filha.
– Oras Rafaella, achei que eu estivesse pegando pesado com ela. - Minha mãe comentou em meio aos risos me encarando. - Tá tudo bem filha, afinal você só foi na casa da sua namorada. - Eu sabia que aquilo era só pressão pra cima de Kalimann, eu ainda teria muito o quê conversar com a minha mãe.
– Como assim "Tá tudo bem filha"? Ela te desobedeceu Moni, um dos castigos dela é não sair sozinha e não ficar sozinha com Mariana, ela vai te desobedecer e as coisas vão ficar de boa pro lado dela? Pelo amor de Deus Mônica, isso lá é jeito de educar uma filha? - Ela dizia tudo muito rápido fazendo com que eu e mamãe rissemos alto dela. - Têm alguma palhaça aqui por acaso? - Ela perguntou irritada.
– Aí Amiga, chega de drama por favor. - Disse entre risos.
– Não Rafa, meu bem, não tem nenhuma palhaça aqui. - Disse caminhando até ela depositando um beijo em seu rosto. - Mãe, eu e Mari discutimos ontem no caminho até o colégio e algumas outras coisas acabaram acontecendo então eu resolvi passar lá e tentar resolver tudo de uma vez por todas, desculpe-me pelo atraso e também por não te-lá avisado, mas eu realmente não tinha como ligar pra te avisar então...
– Tá tá, e resolveram? - Ela perguntou me interrompendo.
– Depois Rafa, depois conversamos sobre isso. - Disse ouvindo ela suspirar alto, a abracei de lado mordendo sua bochecha. - Vamos almoçar? Tô morrendo de fome. - Perguntei encarando as duas.
– Vamos. - Mamãe disse encarando a mim com os olhos semicerrados. - Por acaso aconteceu alguma coisa que eu deveria saber? - Assenti negativamente com a cabeça vendo minha "Tia" me abraçar para não ter que encarar minha mãe. - Rafaella? - Ela a chamou, tão fácil arrancar as coisas de Kalimann principalmente para minha mãe, ela sempre evitava o contato visual.
– Podemos conversar sobre isso depois por favor Mônica? - Ela disse com a voz meia abafada por estar com seu rosto escondido no meu pescoço.
– Tudo bem.- Senti ela soltar a respiração como se estivesse aliviada por isso.
– Relaxa Rafa, eu vou falar com ela antes.. - Disse sussurrando ao pé de seu ouvido.
– Vamos garotas, vamos porque eu ainda vou trabalhar essa tarde. - Mônica disse indo em direção a cozinha.
– Mãe, queria conversar com você sobre algumas coisas depois, pode ser? - Perguntei vendo ela e a loira se sentarem em volta a mesa.
– Claro, até por que ainda não resolvemos nada ainda sobre a sua escapadinha. - Ela disse sorrindo cínica.
– É meio que tipo.. é exatamente sobre a minha escapadinha que vamos falar. - Disse rindo comigo mesma.