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By ficsGiKa

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Yoongi gostava da calmaria. O som dos pássaros de manhã na sua janela, o barulho das ondas no mar e o ruído d... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 64
Capítulo 64
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85

Capítulo 63

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By ficsGiKa

Gatilho: pensamentos confusos


Yoongi acordou com dor de cabeça, o que era um pouco incomum, a não ser que tivesse tido uma forte crise. De repente, antes de realmente abrir os olhos, ele percebeu o tremor pelo o seu corpo e o aperto no seu peito e desanimado percebeu que sim, estava com um episódio de ansiedade e sim, sua mente já o estava bombardeando de informações e pensamentos confusos e desconexos e sim, queria chorar.

— Você demorou para acordar.

A voz era estranha a Yoongi, essa foi a primeira coisa que sua confusa mente o deixou perceber, então ao olhar para o lado e ver um homem que não fazia ideia de quem era, com um meio sorriso no rosto, o coração já disparado de Min pareceu ficar ainda mais agitado e ele quis correr, por mais que seus músculos não respondessem naquele momento.

— Tenho sopa, mas ela está fria porque não tem como esquentar — falou o homem, outra vez sorrindo. — Você parece estar com frio... Desculpa, mas meu cobertor não é dos melhores.

Pela primeira vez, Yoongi viu que tinha algo sobre o corpo dele e com movimentos duros, sem muita naturalidade, mexeu-se até que o cobertor fosse parar no seu colo — o tecido fedia e somente naquele momento que o olfato do moreno captou o cheiro —, livrando seus braços do pano que pinicava em contato com a sua derme.

— Vai querer a sopa ou não? — o homem perguntou, pegando uma colherada e tomando um bocado da sopa. — É só o que tenho, sei que é engomadinho e tudo mais... Ai, que cara de cu que você tem, hein?

— Sou autista.

Min lembrou-se de uma vez que seu irmão — céus, onde estava Jungkook?! Estava com saudades dele —, disse-lhe para que quando tivesse que explicar sobre a sua síndrome para alguém que talvez não a entendesse, deveria usar o termo "Autista", pois seria mais fácil das pessoas o compreenderem e, vendo o homem sacudir a cabeça em afirmação, como se finalmente o entendesse, percebeu que Jeon estava correto.

— Entendo, entendo... Estudei sobre isso na escola. — O homem sorriu fracamente. — Sinto muito.

— Não tem o que sentir.

A palavra "sentir" estava em evidência no momento, pois por mais que tentasse falar com o homem, a cabeça de Yoongi estava pensando em mil e uma coisas ao mesmo tempo e notar aquilo, fez seu coração acelerar no mesmo instante e novamente aquela sensação de estar se afogando — tinha lido em um fórum essa metáfora quando uma das moças a usou — parecia cada vez mais intensa. Estava na rua, sentado no chão, com um cobertor que pinicava sua pele — precisava de tecidos de algodão —, conversando com um homem que não conhecia e pelo fedor, provavelmente era um morador de rua — era rude pensar no cheiro, lembrava-se que Jeon lhe dissera uma vez —, e somente queria ir para casa e receber abraços de Hoseok.

Onde estava mesmo Hoseok? Era Natal? Achava que sim, mas não era um feriado para se passar ao lado das pessoas que amava? Então, por que não estava com o namorado e o irmão? Onde estava mesmo? Sentia-se perdido e antes de se controlar, as lágrimas começaram a sair dos seus olhos. Queria deitar e acordar bem, na sua cama. Estava com medo.

— Ei, cara, você tá pálido — o homem disse. — Tem certeza que não quer a sopa?

— 'Tô passando... m-mal... Q-quero m-minha c-cama... A-ah... D-dói...

— Ai, cara. — O outro pareceu preocupado e esticou a mão, encostando no braço de Yoongi, que se afastou, chorando ainda mais fortemente. — Ai, ai... Não pode encostar! Merda, merda... Deita aí, cara. Desculpa, e-eu não vou te fazer m-mal... Só... deita...

— H-Hoseok — Yoongi falou, encolhendo-se e segurando o cobertor, mesmo que parecesse uma grossa lixa contra a sua derme e assim lhe enviasse vários sensores de dor para o seu cérebro, que há muito já estava sobrecarregado. — Q-quero... ir embora...

Min fechou os olhos — parecia mais fácil assim —, e se encolheu no chão, chorando por precisar de ajuda e não conseguir ir atrás dela. Queria falar com o homem, explicar tudo, mas as palavras não chegaram e tremendo, desistiu de qualquer coisa e deixou as lágrimas varrerem seu rosto, até que o universo lhe deu um descanso e novamente dormiu.

**

Quando o moreno acordou algumas horas depois, estava com muito frio e assim que seus olhos encontraram a claridade, novamente tudo voltou a sua mente para seu desespero que chorou outra vez, não conseguindo focar na voz do morador de rua, que tentava consolá-lo, oferecendo sopa. Contudo, somente quando conseguiu dormir outra vez, que se acalmou.

Na terceira vez que acordou, Yoongi não sentiu vontade de chorar, mas parecia não ter ânsia para nada; estava totalmente apático e odiava aquele sentimento, como se pudesse levar um tiro ou ver o irmão sendo machucado e seu coração não bateria mais rápido em nenhum instante. Por vezes, achava pior ficar daquela maneira do que realmente tendo sua mente sendo demais, com muitos sons e sensações.

— Você parece melhor — o homem disse, sorrindo fracamente.

Hm... É. — Yoongi se encolheu novamente, sentindo falta de Hoseok, de Jungkook e dos seus amigos. — Que horas são?

— Umas quinze horas...

Yoongi quis falar algo, mas não soube ao certo o que. Estava tão triste, porém não conseguia sentir isso; se não tivesse nenhum estímulo, ficaria encarando uma parede por horas e horas. Talvez, aquela não fosse uma má ideia, parecia ser melhor que sentir saudades de pessoas que nem ali estavam para ajudá-lo.

— Ei, não fica olhando para a parede assim — disse o homem. — Vamos nos conhecer, que tal? Eu sei o seu nome, mas você não sabe o meu, parece injusto.

— Você sabe o meu nome? — perguntou o analista, fitando curioso o homem.

— Sim, Yoongi — respondeu. — Você sempre me dava comida, esqueceu?

Min olhou o morador de rua realmente pela primeira vez e estreitou os olhos, reconhecendo alguns traços que estavam na sua mente, porém tinha esquecido ou deixado para lá no meio da sua crise — que ainda estava bastante ativa no seu sistema e queria tirá-lo da apatia para começar a chorar, mas o moreno resolveu respirar fundo e tentar focar no homem —, e percebeu que conhecia os olhos bem puxados, a boca carnuda e o rosto largo, com o nariz da mesma maneira, afinal sempre levava comida para ele quando ficava no antigo prédio que Hoseok morava.

— Eu te vi pela primeira quando te dei a lasanha — falou o moreno mais baixo.

— E depois continuou voltando para dar muito mais. — O homem sorriu. — O meu nome é Choi Youngjae, obrigado por sinal. Você evitou que eu não morresse sem comer por vários dias.

— Eu parei de dar...

— Mas o porteiro legal ainda me dá comida, acho que aprendeu com você — brincou Choi, vendo Yoongi parecer confuso por um momento. — Jaebeom, lembra dele?

— Ah, sim! Eu gosto dele, cadê ele?

— Deve estar aproveitando o Natal com a família — Youngjae falou e ficou pensativo por uns minutos, quase entristecido e mesmo mal, Yoongi pode perceber, por conta da forma como o outro fitou o chão e remexeu em algumas latas. Contudo, o analista não soube o que fazer e sua mente não lhe ajudava em nada naquele instante, então somente voltou a fitar a parede. — Ei, para de olhar a parede — pediu Choi. — Então, estou esperando o porteiro legal... Jaebeom, voltar para avisar que você está aqui.

— Como assim? — perguntou o analista, fitando o outro homem.

— É que o porteiro que está agora é mau e... enfim, ele não é legal.

O analista franziu a testa, tentando entender o que Youngjae queria dizer. Como assim mau? O que aquilo significava? Talvez antes entendesse, mas naquele momento sua mente lhe indicava que deveria dormir. Estava cansado e era melhor daquela maneira, certo? Não tinha nada ali para ele de qualquer maneira.

— Você quer sopa? — Choi perguntou, esticando a lata na direção do outro. — É a única coisa que tenho.

— Não, obrigado. — Yoongi sentia fome, mas não queria comer. Queria somente ir para casa e sair daquele pesadelo; agora entendia o que aquela metáfora queria dizer. — Acho que vou dormir de novo.

— Tem certeza? Você está dormindo demais.

Sabia que era a verdade, mas seus olhos já estavam fechando aos poucos e somente murmurou uma resposta — nem sabendo se o outro escutava —, e encostou a cabeça na parede, deitando-se adormecer naquela posição.

**

A cabeça de Yoongi o gritou para acordar e mesmo que ele soubesse que era loucura, acabou fazendo isso, sentindo o coração mais acelerado do que nunca, porém assim que tentou se mexer, seu corpo pareceu compreender o frio que estava. Min sentiu todas as suas extremadas frias e grunhiu sem perceber.

— Vou te dar meu cobertor. — A voz de Youngjae o acalmou de alguma maneira, por mais que seus dentes estivessem batendo uns nos outros, causando um alto barulho na sua cabeça, que começava a reclamar ainda mais de toda aquela situação. — V-você est-tá com muito f-frio.

— V-você t-também...

— E-estou a-acostumado — Choi disse, dando uma risada e movendo-se até tirar o cobertor de cima dele e colocando sobre o outro. — E-espero que a-ajude.

— N-não q-quero — Yoongi falou, abraçando-se ainda mais. —V-você t-tem q-

— Já estou acostumado — repetiu o homem, cortando a fala do outro. — E-eu f-fique s-sabendo que c-conversar a-ajuda... F-Ficar a-acordado.

— É v-verdade. — Yoongi lembrava-se de ler artigos sobre como deveria manter vítimas de hipotermia acordadas. — Você é i-inteligente.

Youngjae deu uma outra risada, encolhendo-se no próprio abraço. Talvez um dia tivesse sido inteligente, mas agora não era mais, nem tinha certeza se algum dia tinha sido gente.

— E-eu tinha f-falado para você ir para um albergue — Min lembrou, apertando os próprios dedos para tentar evitar que o frio fosse embora.

— A-as v-vagas s-são poucas — explicou Youngjae, tentando sorrir. — Vez ou o-outra consigo.

Yoongi sentiu vontade de chorar com aquela fala do outro e não soube bem o porquê. É triste, pensou enquanto tentava fazer o cobertor o esquentar mais. Ele não merece isso.

— N-não precisa fazer e-essa cara. — Youngjae riu. — Não é t-tão ruim. S-se eu tivesse no albergue n-não t-teria te e-encontrado.

— É a m-minha c-cara.

Choi riu outra vez, concordando com a cabeça e Yoongi pensou como ele podia rir naquela situação quando ele somente chorava. O homem o lembrava Hoseok e a percepção o deixou ainda mais triste do que estava.

— E-eu coloquei álcool no seu ferimento — explicou o homem, fazendo Yoongi franzir a testa e levar a mão ao local. — Parece p-precisar de algum cuidado, m-mas... n-ão tenho nada mais. E-era c-cerveja, d-desculpa.

— Obrigado — falou o mais baixo. — E-eu disse que v-você era inteligente. — Yoongi mordeu o lábio inferior com força. — Choi?

— P-pode me chamar de Jae.

— A-apelido? — perguntou, vendo o outro balançar a cabeça em afirmação. — Jae, n-não apareceu n-nenhum p-policial? E-eu... quero voltar para c-casa.

— Não! — A voz de Youngjae foi alta, quase um grito, e Yoongi se encolheu, assustado. — Polícia, não! E-eles são m-maus com a gente.

Uma parte de Yoongi quis perguntar o porquê, mas outra simplesmente desistiu e concordou com a afirmação do outro, encolhendo-se ainda mais com frio. Sentia saudades de Hoseok, de Jungkook e da sua casa. Será que demoraria para poder vê-los? Ou tinham desistido dele? Fazia algum sentido aquele pensamento? Já não sabia dizer.

— Desculpa — pediu Min, expirando com força. — S-só q-quero ir para casa.

— Eu também.

— Por que v-você não v-vai? — Yoongi perguntou. Ele queria voltar a dormir, mas a parte sã da mente dele lhe dizia que era para se manter acordado. — É l-longe?

— Não tenho mais casa — disse Youngjae, encolhendo-se ainda mais no lugar. — E-eu p-perdi.

— C-como a-assim?

Youngjae suspirou fundo, fechando os olhos por um momento. Min — que tentava focar no rosto de Choi para se manter acordado —, ficou preocupado do homem ter dormido, mas em seguida o morador de rua os abriu e outra vez sorriu.

— Eu e-era inteligente — afirmou o homem. — F-fazia Engenharia e t-tinha um e-estágio que me pagava b-bem. M-mas perdi tudo.

— N-não entendi. — Yoongi tinha a testa franzida e mesmo sua mente estando cansada, sabia quando lhe faltava informações para entender tudo. — C-como p-perdeu?

— N-não sou bom da cabeça — explicou Youngjae, sorrindo. — Falaram q-que eu era bipolar. U-um dia eu t-tinha t-tudo e no outro n-nada. Gastei t-tudo, b-briguei com c-chefe e com m-meus pais e d-depois deixei a f-faculdade. É... foi isso.

— Mas e o t-tratamento?

— D-descobri t-tarde demais, n-não tinha mais d-dinheiro. — Youngjae respirou fundo. — Mas d-deixa de história triste... Passaram das vinte horas e daqui a pouco Jaebeom chega.

— O outro p-porteiro é mau?

— Sim — disse simplesmente. — Jaebeom é legal e m-me dá c-comida. G-gosto dele.

— Quando e-eu tiver de v-volta em c-casa, vou te dar c-comida.

Youngjae sorriu.

— Não precisa — disse Choi. — Tenho a-algumas latas de s-sopa... C-consegui no mercado aqui p-perto. Estão v-vencidas, então e-eles jogaram fora, mas eu peguei; q-quase um banquete. T-tem c-certeza que não quer?

— N-não — falou Yoongi, fungando. — S-sinto f-falta do m-meu namorado e meu i-irmão e... e... m-meus a-amigos.

— T-tenho certeza que e-eles t-também.

O morador de rua então estendeu a mão para Yoongi em sinal de conforto o que o morno logo aceitou, ele gostava de segurar a mão das pessoas.

Os dois permaneceram daquele jeito por alguns instantes. Min se sentia bem mais calmo, principalmente quando o outro começou a murmurar alguma melodia suave. O rapaz era afinado e mesmo apenas cantarolando percebia-se o talento nato.

— Jae!

A nova voz fez os dois erguerem a cabeça e um sorriso brotar nos lábios de Youngjae.

— Jaebeom chegou. Você vai poder ir para casa agora, Yoongi — Choi avisou, apertando um pouco mais a mão do rapaz.

— Jae! Feliz Natal! Eu te trouxe... Yoongi?

Yoongi sentiu lágrimas vindo aos seus olhos ao ver Jaebeom. Finalmente, poderia ir para casa.

O porteiro estava chocado em ver o rapaz ali com Youngjae.

— Céus, Yoongi... Estão todos desesperados atrás de você — Lim comentou. — Tem até cartazes com fotos suas. Jae, porque não o levou a polícia?

— Não gosto da polícia! Eu estava esperando você voltar. Eu fiz minha parte! — Youngjae queria gritar, mas não o fez. Por que estava levando bronca quando só ajudou? Não parecia justo. — Que merda!

Jaebeom suspirou fundo, lembrando-se da vez que o outro lhe contara como alguns policiais tinham o surrado por estar pegando comida em uma lixeira. Claro que ele não gostava de policiais.

— Desculpa, Jae — pediu o porteiro, agachando-se ao lado de Youngjae. — Se você morasse comigo, isso não aconteceria.

Youngjae cruzou os braços, com um bico nos lábios e Yoongi piscou algumas vezes, querendo perguntar muitas coisas, mas desistindo quando Jaebeom retirou o casaco e o entregou. Era um tecido que não pinicava na sua pele! Sentia vontade de comemorar aquela pequena vitória.

— Vem, Yoongi... Vou ligar para Hoseok.

— Hoseok... — O moreno repetiu o nome esperançoso.

— É. Ele vai estar aqui em dez minutos, do que jeito que é doido por você...

— Tomara. Eu estou com saudades.

— Youngjae, tem comida na bolsa. Por favor, coma. Hm... Tem um presente também. — Jaebeom sorriu. — E, por favor, vem comigo? Está muito frio aqui na rua.

— N-não.

— Vem, Jae — pediu Yoongi, esticando a mão na direção de Choi. — Segura a minha m-mão? V-vem...

Choi soltou algumas reclamações, mas juntou suas coisas e se levantou, novamente reclamando, porém, permitindo que Yoongi segurasse em sua mão enquanto seguiam Jaebeom para dentro do prédio. A rua em que Youngjae ficava — e a que encontrara Min —, era a do lado da antiga moradia de Hoseok, então não demoraram para estar no saguão que definitivamente era um local mais quente.

— Jae? — Yoongi chamou o outro, vendo-o levantar o olhar que mantinha no chão na sua direção. — O-obrigado.

— Não precisa agradecer. Só ligue logo para o seu namorado vir te buscar está muito frio.

— Okay.

Yoongi olhou na direção de Jaebeom, mas antes de pedir por um telefone, o porteiro já lhe entregava o celular. Min pegou o aparelho tremendo, respirando fundo para se lembrar dos números que sabia de cabeça. Ele pensou em ligar para Jungkook, mas antes de parar, já estava ligando para Hoseok.

— Alô?

A voz de Hoseok estava tão baixa e não parecia a mesma. Yoongi queria ouvir o riso livre e aquele tom que sempre fazia o seu coração se acelerar. Estaria o seu namorado doente? Teria que perguntar quando o visse.

— Hobi?

— Q-quem é?

— Yoongi.

Min ouviu o namorado arfar pelo telefone e então uma série de sons que muito pareciam com choro. Ele não queria que Hoseok chorasse.

— Hobi, n-não chora...

— O-onde você está? Yoon... E-eu... Pela divindade, Yoongi! Eu estava apavorado! Onde você está, amor? Eu te amo tanto...

— Eu também te amo, Hobi.

E então, Yoongi também começou a chorar, o que causou uma confusão, pois Hoseok queria saber onde o namorado estava e Min simplesmente não conseguia parar de soluçar. O analista por fim entregou o celular para Jaebeom que com um sorriso falou com Jung, explicando tudo e o endereço de onde se encontravam.

— Pronto, Yoongi. Hoseok já está vindo — Jaebeom proferiu, gostando de ver o sorriso que nasceu nos lábios do moreno. — Agora que tal vocês comerem alguma coisa, hm?

— Já comi — disse Youngjae, ficando de pé. — Eu vou indo agora...

— Aquela sopa vencida não é comida — Jaebeom proferiu, cruzando os braços com a expressão séria.

— Fica, Jae... Está muito frio — Yoongi proferiu, segurando a mão do rapaz. Ele descobriu que gostava bastante de segurar a mãe de Youngjae. — M-meu Hoseok irá querer te conhecer. Por favor?

Choi balançou a cabeça negativamente e abaixou o olhar.

— Eu estou todo sujo — comentou o rapaz.

— Também estou — afirmou Yoongi, franzindo o cenho. — Hoseok não liga para isso. Eu não posso deixar meu amigo no frio.

— Chega, Jae. Senta seu traseiro aí, coma alguma coisa e abra seus presentes. É Natal! — Jaebeom proferiu, aproximando-se do amigo também e o tocando no ombro, sorrindo docemente em seguida.

Droga, Youngjae detestava aquele sorriso. O outro sempre conseguia o que queria com ele.

— Será que Hoseok vai demorar? E Jungkook?

— Tenho certeza de que eles estão vindo o mais rápido que podem — o porteiro proferiu, já abrindo os potes com comida e distribuindo os talheres. — Agora comam, por favor? Eu fiz tudo com muito cuidado.

— Você fez? — Yoongi perguntou, curioso. — Você cozinha?

— Quando tenho tempo — explicou Lim, observando Yoongi comer com cuidado, como se provasse para saber se era do seu gosto, já Youngjae praticamente engolia a comida. — Ei, Jae, Jae... Calma. Mastiga.

Era costume do morador de rua comer com rapidez, afinal podiam levar sua comida a qualquer momento, mas Jaebeom não faria isso, tinha que se lembrar, então respirou fundo e começou a verdadeiramente mastigar a comida.

— Estou com saudades de Hoseok e Jungkook — repetiu Yoongi, comendo um pedaço de frango. — Levaram meu celular... Estou com saudades deles.

— Ele não 'tá muito bem — comentou Choi para o porteiro. — Do nada fica assim, daqui a pouco começa a chorar e vai dormir.

— Deve ter sido bem difícil para ele ficar perdido esse tempo todo, felizmente você o salvou, Jae. Você é um anjo da guarda, sempre soube.

Choi voltou a reclamar baixo e fitou a comida. Odiava Jaebeom e seus sorrisos.

— Jae, não vai abrir o seu presente? — disparou Yoongi, novamente parecendo um pouco mais alerta. — Estou curioso. Gosto de presentes.

— É, Jae? Não vai abrir? — Jaebeom sorriu.

Metade envergonhado, metade contrariado o moreno puxou a sacola que continha os presentes que Jaebeom lhe dera. De dentro ele tirou duas mudas de roupas, ainda com etiquetas de loja o que indicavam que era compradas para ele e não doadas, um cobertor fofo e quentinho — ele podia sentir só de tocar no tecido — e um livro, um dos que ele se lembrava de ter comentado com o porteiro que gostaria de ter lido antes de sua vida descer ladeira abaixo anos atrás. Era idiota, mas sentiu lágrimas vindo aos olhos; queria poder abraçar o outro e agradecer propriamente, mas não iria sujá-lo, então somente abaixou o olhar e respirou fundo.

— Não precisava — Youngjae falou, com a voz um pouco afetada pela vontade chorar.

— Jae? Você sabe que pode morar comigo, não é?

Yoongi ficou interessado na conversa e estava pronto para falar para o novo amigo como era uma boa proposta e oportunidade de conseguir melhorar de vida, quando seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Hoseok.

— Hobi!

O moreno proferiu alto, movendo-se na direção do namorado e o abraçando apertado, pois era a única coisa lógica que se cérebro o gritava pra fazer. Então, Min sentiu os braços de Hoseok retribuindo o aperto e novamente começou a chorar. Tivera com tanta saudade e agora Jung estava ali, então tudo ficaria bem.

— I-irmão... — Jungkook foi a próxima pessoa que Yoongi notou e assim que soltou o namorado, também abraçou o mais novo com força. — E-eu... e-eu... d-desculpa...

Yoongi só abanou a cabeça ainda com o rosto enterrado no peitoral do irmão caçula. Ele estava em casa agora e tudo ficaria bem.

**

Levou alguns minutos para todos se acalmarem outra vez e Yoongi explicar aos poucos o que tinha acontecido. Ele falou como tinham roubado o celular dele e acabou batendo a cabeça quando o homem o empurrou, para depois, quando acordar, estar ao lado de Youngjae, que o protegeu durante o dia inteiro.

Choi então foi surpreendido, pois Hoseok o abraçou sem nojo ou qualquer repulsa, somente segurou fortemente em seus braços e agradeceu tantas vezes que Youngjae ficou um pouco tonto ao tentar responder todas as palavras de agradecimento lhe foram jogadas.

— Por favor, nos deixe lhe agradecer propriamente — pediu Jungkook, levando a mão a carteira, mas parando no mesmo instante e disfarçadamente a colocando de volta no bolso. — É Natal. Talvez... hm...

— Uma noite bem dormida — ofereceu Hoseok, sorrindo ao sentir Yoongi apertando sua mão. — Banho, comida... Por favor?

— Não sei — disse Youngjae, voltando a fitar o chão. — Acho que não é uma boa ideia.

Yoongi então se afastou de Hoseok pela primeira vez desde que se reencontraram e foi até Youngjae, buscando sua mão sem se importar que os outros estavam olhando.

— Não solta a minha mão, Jae — disse Yoongi, dando um meio sorriso. — Não solta a minha mão que dará tudo certo.

Jaebeom levou a mão ao olho e pigarreou, disfarçando a sua vontade de chorar. Yoongi era tão doce, tão bom e era aquilo que Youngjae merecia no Natal e em todos os dias do ano. Merecia alguém que segurasse sua mão e o ajudasse novamente a ver o brilho da vida. O porteiro torcia para que tudo de bom ocorresse a Choi.

— Você tem uma coisa por segurar a mão — Youngjae falou, reclamando em tom baixo como aquele engomadinho estava o convencendo de ir aos lugares daquela maneira. — 'Tá bom. Eu vou!

Lim foi o que mais comemorou — mesmo que internamente —, e sorriu abertamente ao ver Youngjae indo, por mais que sua mente não realmente quisesse aquilo, mas Choi estava indo para um lugar bom, então retirava noventa porcento das suas preocupações

— Não se esqueça de mim, hein? — brincou Jaebeom.

Youngjae somente revirou os olhos, mas assim que desviou o rosto, sorriu bobamente para o chão ao mesmo tempo que sentia Yoongi segurando sua mão com força. Definitivamente, não esqueceria Jaebeom, pois era algo impossível de acontecer.

**

Assim que entrou no automóvel — o carro era o de Jimin —, Yoongi adormeceu no ombro de Hoseok, segurando com força a mão do namorado enquanto com a outra mão, tinha os dedos próximos a de Youngjae. Ele falava sério quando afirmou que não soltaria o outro.

— Nós nem temos como agradecer pelo o que você fez — Hoseok disse, respirando fundo para não começar a chorar. Foi um dia tão difícil, estivera arrasado durante todos os minutos até novamente escutar a voz do namorado. — E-ele... é autista e quando entra em crise...

— Ele comentou o Autismo — disse Youngjae, não conseguindo olhar o outro nos olhos. De alguma maneira, tinha medo de ser expulso do automóvel ou receber alguma punição, mesmo não sabendo o porquê. — M-mas... eu não fiz nada demais. Yoongi sempre me ajudou antes, me dava comida e... Sério, não foi nada demais.

— Claro que foi — garantiu o ruivo, escutando Jungkook concordar do banco da frente. — Você o salvou.

Youngjae não soube o que responder então somente concordou, voltando a olhar o chão do carro. Ele estava fedendo e suas roupas estavam sujando o estofado do automóvel, mas ninguém parecia estar com raiva dele por isso, então podia ignorar aquela voz na mente e seguir para o apartamento daquela gente tão legal quanto o seu amigo Yoongi.

***

Quando Yoongi acordou, mais tarde naquela noite, tinham algumas cobertas sobre si e ao remexer o braço, percebeu que tinha um curativo na sua testa, contudo o mais importante de tudo era o fato de o corpo de Hoseok estar contra o seu.

Finalmente, estava em casa, nos braços do homem que amava e não havia nada mais no mundo que precisasse para ser feliz.

Notas finais
Choi Youngjae, GOT7

Ps.: Esse Jaebeom é o de GOT7, o porteiro de Hoseok e não Jay Park que quer levar Jaemin.

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