Solace ϟ Potterverso

بواسطة EvanoraCaligari

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🐍 Vencedor do Prêmio Wattys 2020 na categoria Fanfiction 🏆 Com antigos seguidores de Voldemort ainda à solt... المزيد

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بواسطة EvanoraCaligari

Minerva dignou-se a dizer um "sente-se" seco ao avistar Isis entrar na sala circular durante o recreio. As pilhas de pergaminhos se erguiam da mesa em uma representação clara de muro intransponível, protegendo a diretora da presença indesejada. As pinturas de alguns diretores encaravam a visitante em uma representação clara de desaprovação a óleo sobre tela. A exceção, já esperada, vinha de Dumbledore, que a observava com os oclinhos de meia-lua, no meio do nariz torto, com nada além de compreensão.

— Como foi a aula de Savage? — A pena continuou a se mover quando Minerva a soltou, entrelaçando os dedos sobre o tampo de madeira. — Não foi a minha primeira escolha para Defesa Contra as Artes das Trevas, mas tive que aceitá-lo às pressas diante de opções escassas e pouco capacitadas. Aparentemente algumas pessoas ainda partilham da ideia obtusa de que o cargo está amaldiçoado.

— Esbarrei em Savage no início do ano. Ele ficou muito ferido ao tentar salvar dois nascidos-trouxas dos sequestradores. — Isis fingiu ajeitar a saia, disfarçando o aborrecimento ante o assunto. — A sorte foi que tínhamos um aprendiz de curandeiro no porão. É uma boa pessoa, um bom auror, e dará conta do trabalho. — A diretora a fitou, ponderando o que ouvira antes de assentir.

O grupo de Savage fora o último que encontrara antes de tudo desandar para ela e para as pessoas que resgatara. Durante a briga com os sequestradores, tivera que escolher entre salvar o auror ou caçar o comensal, que escapara por conta de um descuido. Naquele instante, ao vê-lo correr antes de desaparatar, ela soube que, apesar dos feitiços de proteção e antitrouxas, seu esconderijo cairia. E aconteceu naquela mesma noite, graças a Underhill.

— Terá que bastar por agora. — Minerva se levantou e rumou à área próxima à porta de entrada.

Em frente à lareira, ela pegou um punhado brilhante de pó de flu e o atirou nas chamas, transformando-as em um verde-esmeralda.

— Snape, venha ao meu escritório. Precisamos conversar.

Isis empertigou-se e se preparou para a lição de moral. Até então a diretora não apresentara qualquer sinal de insatisfação além do habitual. Esperava ouvir de novo a respeito dos riscos que envolviam abrigá-la na escola e o fato de não dar valor ao esforço de todos; assuntos que não dependiam da presença de Snape na sala. Havia algo além ali, no chamado repentino.

Os passos de Minerva se aproximaram e, pouco depois, Isis escutou alguém espanar as próprias vestes. Ela não se virou dessa vez, mas o farfalhar da capa preta acompanhou Snape até o professor parar ao seu lado e puxar a cadeira, a convite da diretora.

— Os dois sabem por que estão aqui e eu não fingirei surpresa quanto aos fatos. Minhas expectativas em relação a ambos eram mais pessimistas que uma simples discussão nas masmorras. — Ela ergueu a mão antes que Severus desse início às reclamações pessoais. — Contudo, para não piorarmos o dia, começaremos essa conversa com uma boa notícia. Corban Yaxley foi preso na madrugada de hoje, tentando entrar no Brasil por meio de um navio trouxa. O Ministério brasileiro estava investigando o contrabando de amuletos ilegais e o encontraram em um... — a diretora esquadrinhou um pergaminho através armação quadrada dos óculos — contêiner, seja lá o que isso for.

— É uma caixa grande de metal que os trouxas usam no transporte de mercadorias. — Isis atropelou as palavras e Minerva ficou desconcertada por não acompanhar o ritmo agitado. — Yaxley disse alguma coisa de Underhill? — Ela se achegou para a ponta da cadeira, inclinando-se sobre a mesa.

— Eles conduzirão o interrogatório essa tarde. Se não Underhill, outros nomes e localizações surgirão. — Isis concordou, concentrada na primeira parte a fim de manter a esperança. — As expectativas do Ministério são altas.

— Yaxley foi humilhado — disse Snape, sem camuflar o vestígio de contentamento em sua voz. — Ele sabe que a notícia se espalhará e, em breve, todos saberão que o antigo chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, comensal "fiel" de Lorde Voldemort, foi encontrado abrigando-se junto aos trouxas.

— E em um país onde se conta o número de famílias puro-sangue nos dedos de uma mão — acrescentou Isis, imaginando o comensal acuado em um contêiner sujo. — Queria ter visto a cena.

— Ele também é carente de aprovação. — Snape e ela se entreolharam, dando uma trégua rápida na antipatia entre ambos. — Contentava-se com qualquer migalha vinda de Voldemort. Sem uma figura de poder a guiá-lo, não será difícil arrancar tudo o que sabe acerca de outros comensais.

E aquela foi a primeira vez que Isis concordou verdadeiramente com Severus desde... desde sempre. Tivera o desprazer de encontrar Yaxley algumas vezes, não só na casa senhorial de Underhill, mas também no casarão dos Malfoy. Não houve um só momento em que a bruxa se viu confortável na sua presença. As feições grosseiras, sempre com um ar de superioridade, despertavam um desejo absurdo de torturá-lo até ele se esquecer do próprio nome. A situação piorava ao ouvir a enxurrada de atrocidades que saía de sua boca. Era patético.

— É um alívio ver que os dois são capazes de deixar as rusgas de lado ao se empenharem em falar mal dos outros. — Minerva olhou de Isis ao professor, estudando-os. — Lembrem-se disso na próxima reunião que tiverem. A senhorita não é mais uma criança, embora se pareça com uma agora. No tempo gasto com discussões improdutivas, Underhill está por aí, caçando-a. E você, Severus, não tem mais a desculpa de ser um agente duplo para tratar os outros mal, especialmente os alunos. Dumbledore foi complacente com ambos. Eu não serei.

Isis olhou de soslaio para Snape e o viu sustentar o olhar da diretora com frieza — a sobrancelha arqueada —, agarrando-se com força aos braços da cadeira. O amargor a orbitá-lo o revestia tal qual uma armadura, com ares de proteção a princípio, contra qualquer tentativa de contrariedade, e que, no final, provava-se um estorvo fundado em hostilidade e solidão. A bruxa não recordava o momento exato em que sua aversão a ele se tornara concreta, contudo, reconhecer as próprias imperfeições no professor era o tipo de desconforto que não a ajudava a quebrar esse sentimento.

— Também temos outros tópicos a abordar, Severus — continuou Minerva. — A senhorita pode se retirar. Avisarei assim que tiver notícias de Yaxley, sejam elas quais forem.

— Certo. — Ela fitou os dois, perguntando-se quais seriam os tais tópicos, e deixou a sala com algumas possibilidades em mente.

Nem bem Isis passou pela gárgula, uma sensação incômoda a assaltou como um banho de água gelada. A resposta imediata, e inevitável, foi uma imersão dolorosa em um passado distante, onde a dor irradiava das suas costas para o resto do corpo. Os vergões minavam sangue sem parar na pele pálida. A bruxa, com oito anos na época, encarava os pés nus quase afundados na neve, usando nada além de uma calça puída e uma blusa aos farrapos; flocos brancos criando um véu em cima dos seus cabelos escuros.

Não pe-permitam que se ache alguém no m-meio de vocês que queime em sacrifício o seu fi-fi-filho ou a sua filha — as palavras tremiam assim como as mãos pequenas a segurar a bíblia pesada —; que prati-tique adivinhação, ou se dedique à m-mágica...

Um gemido baixo escapou dos lábios rachados quando os galhos de aveleira fustigaram suas costas, tão forte quanto o vento invernal soprando seus cabelos contra o rosto.

... ou se d-dedique à magia — corrigiu-se enquanto as lágrimas teimavam em escorrer —, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria ou fa-faça encantamentos; que seja médium, consulte os espíritos ou consulte os m-mortos. O Senhor tem repugnância por quem pratica essas coisas, e-e-e é por causa dessas abominações q-que o Senhor, o seu Deus, vai expulsar aquelas nações da presença de vocês.

A água gelada atingiu suas costas de repente, libertando o grito preso na garganta. Mais surpresa que dor. Ela sentiu as gotas escorregarem através da pele castigada e caírem vermelhas no manto branco entre os dedos dos pés. A freira a rodeava como um abutre. Não sabia o que era um dementador na época, tampouco entendia a maldição que a prostrava em um altar de sofrimento, mas a mulher parada à sua frente era a responsável por sorver as gotas raras da sua felicidade.

Não retires a disciplina da criança — os galhos manchados de sangue se encaixaram sob seu queixo, obrigando-a a erguer o rosto e encarar a freira, plácida ante sua dor —, pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno. Um dia me será grata por salvá-la, menina.

O sorriso sádico travestido de doçura nublou os olhos de Isis enquanto, tremendo da cabeça aos pés, voltou ao presente e acompanhou os fantasmas de dois adolescentes seguirem pelo corredor da escola, sem se importarem por terem acabado de atravessá-la; as vestes de Hogwarts para sempre imutáveis, assim como eles. Ela puxou um lenço de dentro da capa e enxugou o suor frio das faces avermelhadas.

— Então, qual foi a reação de Minerva? — Sinistra entrou no campo de visão de repente; o amarelo da túnica queimando seus olhos. — Por Merlin, você está pálida! O que houve? — A professora a puxou para a janela próxima e Isis respirou fundo a brisa fresca do outono. — Snape fez alguma coisa?

— Não, não, nada do tipo. A conversa foi mais tranquila do que o esperado. Eu só... — Isis gesticulou na direção de onde os fantasmas estiveram segundos antes. — É difícil ver todas essas crianças, vítimas da batalha, planando por aí. — Ela pigarreou, tentando se livrar no bolo na garganta. — Já soube da boa nova?

— Sim, a diretora me contou. — Sinistra ainda a encarava com piedade. — Mas o Ministério está mantendo a notícia em sigilo. Pretendem liberá-la após ele contar o que sabe, se é que sabe algo de relevante. Por enquanto, só boatos. O Profeta Vespertino até caiu em um, dizendo que encontraram objetos amaldiçoados, da época do regime, em um navio rumo à China.

"Melhor assim", pensou a bruxa, verificando o relógio e tomando o caminho para a sala comunal com Aurora de companhia. A professora mudava de assunto vez ou outra, disfarçando ao cruzarem com outros alunos, mas Isis mal a ouvia. Lembrar dos detalhes de sua infância ainda tinha o poder de desnorteá-la, apesar de todas as horas gastas no St. Mungus e no hospital Sanyo — em Uganda — com o equivalente bruxo do terapeuta trouxa. Também não podia culpar o medibruxo pelas falhas em seu tratamento, já que ocultava ou distorcia boa parte da verdade.

— Sei que está ansiosa para capturar Underhill — murmurou Sinistra a poucos metros do quadro da Mulher Gorda —, mas não se cobre tanto. A obrigação maior é do Ministério. Você já fez muito e eles reconhecem seus atos. Do contrário, não estaria aqui e sim em Azkaban.

— E ainda assim não me parece o suficiente. — Isis deu de ombros. — Entendo que não seja minha obrigação prendê-lo. Infelizmente, o mundo não gira ao meu redor — Aurora sorriu ao ver a arrogância fingida da ex-aluna —, mas eu preciso me livrar dessa fase da minha vida de uma vez por todas. Nunca vou conseguir isso enquanto Erastus estiver por aí.

— Eu sei. — A professora colocou as mãos na cintura e olhou ao redor, admirando os quadros para fugir do desconforto em falar de Underhill. — Bem, quero que saiba que estou aqui por você. Se quiser desabafar, tomar um chá ou mapear algumas constelações, em nome dos velhos tempos, é só chamar. Hannah Cooper precisará descansar em algum momento.

— Certo, professora. Eu até a abraçaria, mas não quero ficar com fama de americana nerd puxa-saco — brincou, massageando a nuca suada. — Já basta ser conhecida como americana.

— Não por isso, Srta. Cooper. E boa sorte na sua primeira aula de Poções do trimestre... Tente não irritar o professor, sim?

Isis riu com o tom de zombaria da amiga, mas agradeceu mentalmente pela boa sorte, torcendo para que o terceiro encontro com Snape, só naquele dia, fosse mais palatável que o primeiro.

Notas

Nada une mais duas pessoas que falar mal de uma terceira rsrs E mais um fragmento do passado problemático de Isis ;-;

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