Ridin'

By iwantsomemilk_

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Na Jaemin é um adolescente rebelde que ama carros e a velocidade, sendo um dos condutores mais famosos de Bus... More

01. o perfeito em tudo e o emplastro
02. boa ação: bluf
03. A raiva
05. saudades
06. horas prolongadas
07. haechan

04. Dívida

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By iwantsomemilk_

Olhando para o teto esbranquiçado — alguns objetos e paredes eram da mesma cor — a dor de cabeça começou a fazer-se presente. Já sabia de que iria ter dores após aquela barulheira toda quando ganhou a corrida que participara à algumas horas atrás antes de ser apanhado pela polícia pela terceira vez consecutiva. Traçara uma frase para o resto da sua vida: Na vida de Na Jaemin, a sorte não existe na questão de bancar um fugitivo; levaria para a vida toda! Esperaria encontrar alguém no Japão que cuidasse dele e não desaparecesse do seu ponto de vista em situações como aquelas.

Agora, sentado naquela cadeira super desconfortável de metal, voltou a olhar para o policial há sua frente que estava sentado na sua cadeira mexendo no computador. Desde que chegara ali, somente disseram-lhe para sentar e ficar calado. Pena que não fazia o que os outros queriam.

— Estou com dor de cabeça. — Queixou-se.

— E eu com isso? — Respondeu rudemente, sem sequer olhá-lo.

— Dá-me remédio! — Falou mais alto recebendo olhares como advertência.

— Na Jaemin... Dezessete anos... Busan... — Sussurrava as suas informações pessoais enquanto escrevia no computador, ignorando-o. — Órfão.

O coração de Jaemin parou no mesmo instante. Fazia tempo que não se lembrava do seu grau de parentesco, e não pretendia relembrar-se desse assunto delicado, mas pelo o que parece, este policial não sabe quando tinha que manter a boca fechada.

— Porque precisam de escrever os meus dados pessoais a todas as vezes que venho aqui? — Perguntou alterando o tom da voz, aproximando-se da mesa, sério.

Recebeu um olhar despreocupado do agente, junto um arquear das sobrancelhas.

— E o que tens haver com isso?

— São os meus dados pessoais!

— E daí? A polícia tem acesso a tudo e é o nosso trabalho registrar o assunto mil vezes, não importa se já citamos isso nas outras vezes. — Pausou — Por isso, faz o favor de ficar aí sentadinho quietinho sem dizer uma única palavra. — Voltou a sua atenção para o computador.

Jaemin emburrou, encostando as costas na cadeira. Estava farto de estar sentado olhando para as facetas dos policiais desconhecidos — não queria conhecer nenhum, realcemos — andando de um lado para o outro, era exaustivo. Só queria ir embora dali sem nenhum sermão queimando suas orelhas e sem multas nenhumas para a sua adolescência. Atingiria a maioridade daqui alguns meses, então teria de ter bastante cuidado para não ser apanhado em plenos dezoito — podendo ir para a prisão.

— Como estás quase a atingir a maioridade, aconselho parares de te meteres com esse tipo de gente do mundo ilegal e começares uma vida clean, entendido? — Assentindo fingindo prometer que iria ter uma vida super clean.

Claro que não iria abandonar "aquela" vida; era o seu futuro! Nunca iria desistir. Crescera para correr na estrada destruindo tudo e todos, acompanhado pela preciosa face, talento, ambição, (ir)responsabilidade, e entre muitas outras qualidades e defeitos. Ninguém era perfeito, como era óbvio, mas uma "vida clean" não estava no seu planejamento e nunca estará.

— É a terceira multa. Próxima vez irás direito para a prisão, jovem. — Alertou. — Mas, felizmente, como as restrições existem, (amém), é obrigatório estares sobre os cuidados dos teus familiares. Aconselho-te ires para a casa do teu pai ou terás sérios problemas. Tens de partir, pelo menos, daqui vinte e quatro horas. Se soubermos que ainda não estás fora do país, seremos obrigados a tomar decisões das quais não me orgulho nem um pouco. — Tentando terminar rapidamente o "sermão", entregou ao indivíduo uma folha de restrição de menores com as três multas por corridas e rachas feitas ilegalmente.

— Entendido. — Encerrando o assunto, pôde se levantar e espreguiçar pela falta de movimentação dos seus membros doloridos.

Impedindo de ser acompanhado até à saída da esquadra, caminhou lentamente para fora do estabelecimento mexendo na cabeleira azulada bufando. Estava farto de ser um lerdo e nunca conseguir escapar da polícia — teria conseguido se Taeil não tivesse aparecido impedindo-o de seguir em frente e conseguir fugir, mas fora tudo planeado. Não queria ir embora de Busan, isso implicaria desapego das suas amizades e objetos, não estava nada contente — por um lado afastar-se era o ideal, já que a sua conversa com Taeil atingiu pontos dentro do seu peito que não eram atingidos à alguns meses.

Agora como teria de ir para o Japão, teria de pedir ajuda ao Lucas sobre dois assuntos dos quais não iria conseguir tratar em apenas vinte e quatro horas. Não gostava quando ficava devendo ao Lucas, e esse desgosto triplicou por ter de mudar de país e não irá conseguir pagá-lo de volta tão cedo.

Deveria ter ignorado Taeil e seguido em frente em vez de ter dado-lhe à letra.

Saindo da esquadra, pôde ver o Lucas encostado num pilar da entrada.

— Ei! O que fazes aqui? — Perguntou franzindo o cenho.

— Jaemin! — Andou até si, dando-lhe um abraço caloroso. — Estava com medo por te ter perdido. Desculpa ter desaparecido. — Começou a lamentar-se com rapidez.

— Ei, ei. Está tudo bem — Sorriu fraco. — Fico feliz por saber que estás bem.

— Como assim, está tudo bem? Foste apanhado pela terceira vez! — Elevou o tom de voz, o que originou vários olhares reprovadores na direção de ambos.

— Fala baixo! — Empurrou Lucas enquanto se posicionaram num cantinho, agora, falando mais baixo — Sim, fui apanhado por causa do Taeil. Foi ele quem chamou a polícia. — Contou o óbvio.

— Não é de admirar. Não devias ter concorrido!

— Porquê? Para perder os biliões que ganhei? Nem penses — Sorriu de lado. — Infelizmente, tenho ordem para sair do país em vinte e quatro horas.

— Para o Japão. — Assentiu.

— Para o Japão. — Respirou fundo.

— Manda cumprimentos ao teu pai por mim — Sorriu fraco.

— Mandarei. — Riu. — Mas... Preciso de dois favores.

— Dinheiro e o carro?

— Exatamente. — Assentiu ressentido. — Eu não queria deixar-te com isso às costas, mas não consigo tratar desses dois assuntos em apenas vinte e quatro horas, e...

— E como confias muito em mim e sou o teu amigo preferido (e o único disponível), peço-te estes favores com o maior prazer do mundo. — Interrompeu-o, fazendo a sua própria conclusão, não estando errado de todo. — Acertei? — Sorriu de lado.

— Sim. — Acompanhou-o nas expressões. — Muito obrigado, Lucas, a sério.

— De nada, bebê. Estou aqui para ti e tu para mim. — Abraçou-o. — Espero que a viagem te corra bem até ao Japão. — Fez carinho nas costas.

— Obrigado. — Afastou-se pelo contato repentino. — O Jungwoo está a deixar-te muito meloso.

— Talvez — Sorriu atrapalhado.

— Obrigado por tudo. Depois eu juro compensar-te! — Comentou afastando-se do lugar para conseguir apanhar um táxi.

— Não te preocupes com isso! — Assegurou gritando pela distância já percorria pelo Jaemin. Não importava se iriam ficar em dívida, isso não importava muito para Lucas.

Mas sabia que Jaemin não iria deixar isso de lado.

Fazendo sinal para o táxi que parou há sua frente para recebê-lo, adentrou-o dando o endereço do seu mini apartamento que iria deixar de fazer uso até completar os seus dezoito anos quando voltar para a Coreia e retornar mais forte do que nunca para as ruas de Busan. Não estava contente nem triste por ter de voltar para a terra natal do seu pai, mas não lhe agradou muito ter de "abandonar" a sua terra natal pelas multas cometidas.

Nunca pensara que isto fosse acontecer.

Pagou ao taxista e saiu do carro assim que chegou ao ponto de encontro. Caminhou até à entrada e cumprimentou o porteiro que esperava-o todos os dias quando saía de casa.

— Jaemin. — Chamou-o, conseguindo a sua atenção. — Tens uma visita.

— Quem? — Jurou ter sentido o coração bater bem forte dentro do peito. Quem visitaria-o àquela hora? As desgraças não paravam de acontecer e Jaemin estava quase no ponto de ser levado à loucura.

— Ele não disse o nome, mas pediu para lhe informar como "JunJun". — E Jaemin teve a certeza que estava mais pálido do que uma parede.

Porque raio Xiaojun era a sua visita? Vinha parabenizá-lo por ter sido apanhado pela terceira vez pela polícia e obrigado a sair do país para estar sobre os cuidados dos parentes? Depois de perder para Jaemin e Lucas, Xiaojun tinha a cara de pau para aparecer, na sua casa?

— Obrigado — Agradeceu pela informação e chamou o elevador.

Se fosse para foder com o humor de Jaemin já esgotado demais, Xiao teria de dar meia volta ao quarteirão, não estava com cabeça. A dor ainda estava presente e precisava de tomar remédio rapidamente. Chegou no seu andar e abriu a porta devagar, percebendo que estava destrancada — possivelmente pelo porteiro.

Não culpava o senhor por estar fazendo o seu trabalho, até porque ele não sabia o que acontecia na vida do morador e dos acontecimentos entre os seus amigos, por isso, nunca proibiu a entrada de ninguém à sua casa caso necessário. Nunca pensara de que iriam até há sua casa para lhe encher a paciência inexistente.

Chatear na rua tudo bem, agora na sua própria casa?! Inadmissível!

Fechou a porta atrás de si, vendo os cômodos todos escuros pela falta de luz das lâmpadas que estavam desligadas e Jaemin não se daria ao trabalho de ligar; a mínima luz dos postes da rua eram o suficiente para iluminar a sua sala e cozinha que eram interligadas. Viu o corpo de Xiaojun virado para a grande janela da sala, apreciando a bela vista. Jaemin caminhou até à cozinha, abrindo uma gaveta e tirou de lá o remédio para as dores de cabeça, pegando num copo e enchendo com água, tomando-os seguidamente.

— Devias descansar melhor para não teres dores de cabeça constantemente. — Preocupou-se.

— O que fazes aqui? — Perguntou com calmaria, lavando o copo que usara.

— Vim fazer uma visita para desejar-te boa viagem até ao Japão.

— Todos já sabem é? — Limpou as mãos ao pano. — As notícias percorrem tudo muito rápido.

— Demais. Quando foste apanhado pela polícia, não era de se admirar que iriam ficar a saber tão rápido da notícia.

— Estás com o Taeil outra vez? — Quis saber, encostando-se no balcão da cozinha, olhando para o seu velho amigo.

— Desta vez não. — Virou-se na direção do dono da casa — Por isso que vim desculpar-me.

Jaemin levantou as sobrancelhas em surpresa. Xiaojun? Pedir desculpas? Que surpresa! Nunca pensaria algo assim vindo dele depois do que aconteceu.

— Desculpa?

— Foi isso mesmo que ouviste. — Suspirou. — Desculpa-me Jaemin, sério. Nunca te quis fazer mal ao todo, mas sabes como funciono.

E era verdade. Jaemin sabia exatamente como Xiaojun funcionava, e não esperava menos dele. Antes de conhecer Jaemin, Xiaojun era muito próximo a Taeil. Moon contou mentiras e especulações que não tinham uma pitada de verdade na história toda, fazendo Xiaojun acreditar totalmente no mais velho, fazendo o que lhe fora pedido.

— Quando fui conhecendo-te aos poucos com intenção do mal, apercebi-me de que és uma pessoa muito boa e única, Nana.

— Não me chames assim. — Avisou com a voz furiosa. O apelido de "Nana" trazia-o boas e más memórias do passado e a razão estava muito evidente. — Não te atrevas a chamar-me assim outra vez.

— Entendo — Abaixou a cabeça. — Só quero que saibas que sinto muito, não devia ter continuado com o plano do Taeil quando tive oportunidade de pôr um ponto final no desastre.

— E porque não puseste?

— Eu precisava de dinheiro. Muito dinheiro. Tu sabes o porquê.

— Eu poderia ter te dado, mas tu recusaste! Por isso não venhas com essas desculpas esfarrapadas para cima de mim depois de tudo o que fizeram-me.

— Nunca implorarei o teu perdão, por isso, só quero que saibas que sinto muito por aquilo que te causei ao ajudar o Taeil. Eu gosto muito de ti, Jaemin. Desculpa-me por tudo.

Respirando fortemente pelo clima estranho criado na sua casa, tentou não ceder às lágrimas. Taeil e Xiaojun foram muito importantes para si, nunca esquecera o que passaram juntos antes de tudo desmoronar, como era habitual. Nunca os perdoaria, mas guardaria cada pedaço dos bons momentos que passaram juntos. Todos os sorrisos sinceros, abraços acolhedores, risadas histéricas de felicidade, elogios e conselhos ótimos... Os três tinham muitos momentos memoráveis juntos, mas claro, não podiam voltar atrás para impedir a desgraça acontecer — era impossível voltar atrás no tempo. A merda fora feita, era só aceitá-la e seguir em frente.

Era complicado para os três amigos/inimigos ultrapassarem isso. Nada era feito sem esforço.

— Tchau, Jaemin. Espero voltar-te a ver. — Repousou uma das mãos no ombro do morador, apertando de leve e saindo do apartamento.

Jaemin agachou-se e cedeu às lágrimas. Não conseguia ocultar o quanto aqueles assuntos delicados ainda o machucavam tanto, achava que nunca iria superar tal castigo. Fora merecido? Fora merecido tal maldade com a sua pessoa? Tinha mais certezas do que incertezas, o que originou ódio por si mesmo, por ser quem ele era. Nunca se deve odiar a nós mesmos, mas as duas pessoas que foram como irmãos para si que se afastaram e fizeram-lhe do pior, faziam-no acreditar que era uma má pessoa apesar de Xiaojun ter dito que ele era uma boa pessoa.

Será que era?

Sim, era, mas o afastamento de duas pessoas, antes queridas por si, destruiu-o de uma forma inexplicável que o fazia odiar-se a si mesmo. Porque Jaemin culpava-se tanto? Não tinha a certeza nem motivos para isso, mas continuaria culpando-se até certo dia perceber que o real problema nunca fora ele, mas sim a saúde mental dos outros.

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