QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Liv...

By ailujcoutinho

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Série Irmãos Fiori: Livro 2 * Para entender essa história é necessário ler o primeiro livro da Série: O Acas... More

DEDICATÓRIA
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1 - ANA
CAPÍTULO 2 - DANILO
CAPÍTULO 4 - FLASHBACK DANILO
CAPÍTULO 5 - DANILO
CAPÍTULO 6 - FLASHBACK ANA
CAPÍTULO 7 - ANA
CAPÍTULO 8 - FLASHBACK ANA
CAPÍTULO 9 - DANILO
CAPÍTULO 10 - FLASHBACK ANA
CAPÍTULO 11 - ANA
CAPÍTULO 12 - DANILO
CAPÍTULO 13 - FLASHBACK ANA
CAPÍTULO 14 - ANA
CAPÍTULO 15 - DANILO FLASHBACK
CAPÍTULO 16 - DANILO
CAPÍTULO 17 - ANA FLASHBACK
CAPÍTULO 18 - ANA
CAPÍTULO 19 - DANILO FLASHBACK
CAPÍTULO 20 - DANILO FLASHBACK
CAPÍTULO 21 - DANILO
CAPÍTULO 22 - ANA FLASHBACK
CAPÍTULO 23 - ANA
CAPÍTULO 24 - DANILO
CAPÍTULO 25 - DANILO FLASHBACK
CAPÍTULO 26 - ANA
CAPÍTULO 27 - ANA FLASHBACK
CAPÍTULO 28 - DANILO
CAPÍTULO 29 - DANILO FLASHBACK
CAPÍTULO 30 - ANA
CAPÍTULO 31 - FLASHBACK FINAL
REAPARECI!
CAPÍTULO 32 - ANA
CAPÍTULO 33 - DANILO
CAPÍTULO 34 - ANA
CAPÍTULO 35 - ANA
CAPÍTULO 36 - DANILO
CAPÍTULO 37 - ANA
CAPÍTULO 38 - DANILO
CAPÍTULO 39 - ANA
ALERTA DE GATILHO
ELE
CAPÍTULO 41 - ANA
CAPÍTULO 42 - ANA
CAPÍTULO 43 - DANILO
CAPÍTULO 44 - ANA
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
REDENÇÃO!
PLAYLIST!
GRUPO NO TELEGRAM!!!

CAPÍTULO 3 - ANA

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By ailujcoutinho


Dias Atuais 


Sim, ela vai te dizer que é órfã depois de você conhecer sua família.

Ela pinta seus olhos de preto como a noite agora.

Puxa aquelas sombras pra baixo, firmemente.

Yeah, ela me dá um sorriso quando a dor vem.

A dor vai fazer tudo ficar bem.

She talks to Angels – The Black Crowes



- As coisas parecem cada vez piores entre vocês – Nina disse, enquanto andava pelo corredor do shopping empurrando o carrinho das meninas pelo corredor. Observei seu rosto preocupado e expirei com força.

- E estão. – Respondi, relutante. Eu não queria falar sobre qualquer coisa que envolvesse Danilo e eu na mesma frase. Só servia para cutucar uma ferida que eu lutava para que cicatrizasse logo. – Ele simplesmente não consegue me deixar no meu canto. Como se já não bastasse ter que olhar para a cara dele e me lembrar todos os dias do que aconteceu. – resmunguei, tão frustrada que Nina parou ao meu lado e me puxou para que sentássemos em um banco.

- Eu não consigo nem imaginar o quanto isso te machucou e Deus sabe que eu nunca perdoaria Alex se a situação tivesse sido conosco. – Nina começou, segurando minha mão. Quis puxá-la, eu não estava no clima para abrir meu coração no meio do shopping – ou em qualquer outro lugar. – Mas, você sabe que Danilo continua completamente apaixonado por você, não sabe? – Nina perguntou, me olhando com seus olhos cor de avelã. Minha melhor amiga era a melhor pessoa que eu conhecia, mas sua inocência era algo que me incomodava profundamente. – Esse é o único motivo pelo qual ele ama te perturbar, ele prefere seu ódio ao seu silêncio. – Ela disse baixinho. Revirei meus olhos e puxei minha mão da sua, já me levantando, eu sabia onde aquilo ia chegar.

- Marina, - falei, muito séria, usando seu nome de nascimento e não o apelido que usava. Eu precisava que ela entendesse de uma vez por todas. – eu não me importo com como ele se sente sobre mim, ou sobre o quão fodido ele está, porque você pode ter certeza, que eu fiquei infinitamente pior. Enquanto ele enfiava o pau dele em três bocetas diferentes – falei, assassina, abaixando meu tom. – Eu estava chorando com a porra do meu coração partido! – terminei, num rosnado. Nina se encolheu.

- Mas ele não lembra de nada, ele achava que era você, - Nina começou, falando freneticamente e tive que passar a mão pelo meu rosto para não gritar com ela. – Nós até estamos querendo investigar porque Danilo acha que foi drogado e...

- Marina, pelo amor de Deus, já chega! – exclamei, a fuzilando. – Por favor, - pedi, já sentindo meus olhos queimarem. – Será que você pode aceitar que eu nunca vou perdoá-lo? Será que você pode, por favor, ficar do meu lado nisso? – pedi. Os olhos de Nina encheram-se d'água também e me odiei pelo fato da minha vida amorosa ter fodido todo o ambiente familiar que ela sempre sonhou. – Eu sinto muito por não poder cumprir todos os seus sonhos de família perfeita, mas não vou fazer isso comigo mesma. Já se passaram dois anos. Esse assunto está enterrado para mim. – falei, tentando engolir o nó colossal que tinha se instalado em minha garganta. Nina veio em minha direção e passou seus braços ao meu redor. Ela era três centímetros mais baixa que eu, mas sempre conseguia me abraçar de modo que eu me sentisse num casulo, era provavelmente seu instinto materno, gritando a cada segundo do dia.

- Sinto muito, Aninha. – ela pediu, fungando. – Não quis te chatear.

- Eu sei, flor. – respondi, cansada, me afastando de seu abraço. – Acho melhor nós irmos, eu tenho que ir pro trabalho, ou o Carlos Eduardo vai me matar. – falei, me referindo ao meu assistente, que mais parecia meu chefe. Eu o havia contratado assim que minha empresa tinha pedido para que eu comandasse a nova filial do Rio de Janeiro, e eu o amei a primeira vista, ou a primeira Chanel, já que ele era gay e chegou na entrevista com um terno simples e um sapato da marca. Nós havíamos virado muito amigos, e se não fosse Cadu, eu enlouqueceria com todos os problemas que tinha que resolver naquela empresa. Hoje eu teria uma reunião com os novos investidores e eu tinha certeza que mataria um deles antes do fim do mês. Bufando, seguimos em direção ao estacionamento.




- Ana Cecília Maldonado! – Cadu gritou, entrando em minha sala. – Você quase perde a sua reunião! – Ele resmungou, se referindo ao meu atrasado de dez minutos por conta do engarrafamento dos infernos daquela cidade.

- Eu não tenho culpa se tem mais carros do que gente nessa cidade. – Resmunguei, se sentando na minha cadeira de couro.

- Aqueles engravatados estavam quase arrancando o meu pescoço. – bufou, ajeitando o cabelo dourado arrumado milimetricamente.

- Nem acredito que isso finalmente acabou! – exclamei, deitando sobre minha cabeça. – Isso vai fazer a Bennet Enterprises ir para o topo! – falei, feliz! – Esse contrato foi crucial, Cadu!

- Eu sei! – Ele disse, sorrindo também. – Acho que nós deveríamos sair para comemorar. – Ele falou, piscando um olho azul para mim. Inspirei profundamente, já abrindo um sorriso.

- Qualquer lugar menos o The Closet. – Decretei, levemente amarga. Eu me recusava a ir a qualquer lugar que lembrasse demais de Danilo – e isso era praticamente todo o mundo ao meu redor. – e a boate em que nós havíamos nos conhecido estava no topo da lista.

- Deixa comigo! – Ele falou, levantando e batendo palmas.

- Fui convocada para jantar com meus pais hoje, - informei. – Você me pega às onze? – pedi, piscando meus cílios em sua direção.

- O que esses olhos azuis me pedem que eu não faço sorrindo? – ele falou, com um suspiro. – Boa sorte com papai satã e mamãe diaba. – Ele disse, e eu sorri, mandando um beijo em sua direção. Foquei nos papeis a minha frente. Duas pilhas com o dobro do tamanho da minha xícara de café me encaravam de volta. Respirei fundo, o dia seria longo.





- Oi mãe. – Falei, antes de dar um passo e abraçar a mulher vestida impecavelmente que me encarava com o rosto sério. Silvia Maldonado era uma mulher bonita exteriormente, mas seu olhar era tão frio e austero que mal podia encará-la por muito tempo sem me sentir intimidada. Minha mãe e eu não tínhamos o melhor relacionamento do mundo. Ela era tudo que eu não queria ser: submissa, condescendente, falsamente feliz. Apesar de ser uma médica de sucesso e ter construído um império com meu pai, ela ainda conseguia viver em algum lugar entre 1818 e 1825.

- Olá Ana Cecília. – Ela respondeu, mesmo sabendo a repulsa que eu sentia do meu segundo nome, uma homenagem a minha tia-avó que mais me detestava. Ela me soltou do abraço e permitiu que eu entrasse. Meus pais moravam em uma linda mansão de estilo vitoriana, fruto do dinheiro que eles ganhavam com o hospital e suas muitas clínicas. Era linda, apesar de impessoal. Nada de porta retratos ou flores. Muito poucas cores. Riqueza escorrendo por cada recinto. Toda a minha infância e adolescência havia sido aqui. E apesar de parecer um castelo de conto de fadas por fora, viver aqui havia sido os piores anos da minha vida. Se não fosse Marina e sua família, eu teria enlouquecido.

- Cadê o papai? – Perguntei, de pé na sala, com minha bolsa ainda em minhas mãos.

- Está no escritório trabalhando. – Ela diz, passando por mim. Os saltos ecoando no piso brilhante. Sei que ela quer que eu a siga, então conto até três, respiro fundo e sigo seus passos. – o trabalho vem acumulando desde que você... – "abandonou sua família". Sei que é isso que ela quer completar, mas causaria uma discussão e discussões despertam emoções humanas demais para a mulher racional que ela é. Minha relação com meus pais havia ficado ainda pior desde que eu saíra da direção do hospital para trabalhar com a Bennet Enterprises. Eles não aceitavam que eu não pertencia a medicina. Ambos ficaram dois meses sem me dirigir uma palavra quando contei que estava trocando medicina por administração. Trabalhar com governança corporativa era minha maior paixão desde os meus dez anos de idade. Para não decepcioná-los demais, continuei trabalhando na direção de seu hospital, mas, depois de tudo o que aconteceu com Danilo, finalmente reuni toda a coragem que me restava para trabalhar com o que eu realmente amava. Talvez, essa seja a única coisa boa que Danilo tenha me oferecido quando partiu meu coração: ele me ensinou a me por em primeiro lugar em todos os aspectos da minha vida. Depois da minha ida para São Paulo, fiquei ainda mais intolerante com o tratamento que recebia deles. Não suportava mais ser tratada como uma garotinha insolente.

Assim que entramos na sala de jantar, vi Margarida, a ajudante doméstica mais linda desse mundo, parada em sua postura perfeita, esperando o comando que minha mãe lhe daria. Minha mãe fez um simples gesto com a cabeça para que ela chamasse meu pai. Antes que ela saísse me apressei em sua direção e a puxei para um abraço.

- Minha florzinha! – exclamei, a abraçando. Margarida era filha de Petúnia, a governanta da minha casa que me deu todo o amor que não recebi de meus pais. Petúnia começou a trabalhar em minha casa, seis meses antes do meu nascimento. Margarida nasceu cinco anos depois, mas ainda assim, éramos muito amigas. Sorri em sua direção, quando ela se afastou, levemente constrangida pela presença da senhora Silvia Maldonado, que a encarava impaciente. Margarida beijou minha bochecha levemente e saiu apressada em direção ao escritório. Não levei meus olhos aos de minha mãe, eu sabia que ela estava secando cada parte do meu corpo em busca de algo a criticar.

- Você está muito magra. – falou, a reprovação mesclada com a sutileza de forma tão natural, que qualquer outra pessoa não a perceberia.

- O ritmo de trabalho tem sido intenso. – eu disse, simplesmente. Eu sabia que ela nunca falaria abertamente sobre minha anorexia nervosa, descoberta anos atrás, curada graças a séculos de terapia e acompanhamento. Ela podia tirar a conclusão que quisesse. Ela apenas fez um som e foi em direção a sala de jantar.

A mesa estava posta da mesma forma que foi durante meus vinte e seis anos de vida. A comida estava nas travessas e esperei em pé ao lado da minha cadeira para que meu pai chegasse. Refeições não começavam até ele estar presente. Cravei minhas unhas nas palmas de minhas mãos para controlar a raiva. Aquilo era ridículo. Eu só queria comer e ir embora o mais rápido possível.

Os passos de meu pai se fizeram audíveis no corredor e eu parei de respirar. Quando ele finalmente apareceu na sala de jantar e me encarou, apertei minhas unhas ainda mais fortes. João Gustavo Maldonado conseguia destruir com um olhar. E era isso que ele estava fazendo agora comigo. A decepção em seu olhar era destruidora. Eu não tolerava mais esse tipo de comportamento.

- Se você já terminou de analisar a maior vergonha da sua vida, eu gostaria de comer. – Desdenhei, aliviando minhas mãos.

- Ana Cecília Maldonado. – minha mãe protestou, do outro lado da mesa. A encarei e me obriguei a sentar-me na mesa.

- Vejo que o dinheiro que gastei com sua educação foi porcamente investido – meu pai declarou, focando no prato de comida a sua frente. Seu tom indiferente era cortante. A risada de escárnio saiu dos meus lábios antes que eu pudesse controlá-la.

- Dinheiro não faz de ninguém um ser humano decente e compassivo. – declarei, tomando um gole da água a minha frente. – Você é a prova viva disso, papai. – rebati.

- Ana Cecília! – Minha mãe gritou. – Nós não iremos tolerar tamanho desrespeito debaixo do nosso próprio teto. – falou, efusivamente. Suspirei, esfregando minhas têmporas.

- Eu nem queria estar aqui, mãe. – respondi. – Você me obrigou, como faz sempre. Se vocês não conseguem separar a profissional da filha de vocês, então de fato, todo esse teatro foi um desperdício. – declarei. Meus pais me olhavam com uma leve surpresa e raiva.

- Você abandonou a sua família! – meu pai falou, expressando pela primeira vez na noite alguma emoção.

- Não! – Eu gritei, me levantando – Eu abandonei um emprego que não me fazia feliz, pai. São coisas totalmente diferentes! – continuei, meu tom de voz firme. – Eu fiquei fora por meses e mesmo assim, tudo com que vocês conseguem se preocupar é o maldito legado! Eu sou a filha de vocês! Seu próprio sangue, mas ainda assim, vocês só se preocupam com o dinheiro.

- Você não está fazendo sentido nenhum. – Minha mãe disse, negando a aceitar a realidade na frente dos seus olhos.

- Sabe porque vocês estão tão preocupados? – indaguei, sarcasticamente. Meu pai me encarava com o maxilar tensionado. – Porque vocês sabem exatamente do que eu sou capaz. Sabem do meu potencial. Eu nunca gastei um único real que não tivesse vindo do meu esforço e trabalho. Eu sou completamente independente. Não preciso de vocês para absolutamente nada. – declaro, sentindo minha cabeça latejar. – Mas eu gostaria de poder passar um tempo com vocês sem me sentir como a merda da maior decepção da vida de vocês. Eu não vou mais aguentar os olhares, as cobranças, o veneno coberto de gentileza. – continuo, vendo meu pai ficar cada vez mais vermelho, e minha mãe apertar seus dedos com mais força. - Quando vocês quiserem jantar com a filha de vocês e não com a funcionária que vocês tanto detestam, me liguem. – digo, arrastando a cadeira de madeira com força, piscando rapidamente para Petúnia e Margarida e saindo batendo meus saltos.

Eu sabia que eles não viriam atrás de mim, eu sabia que não receberia um pedido de desculpas por todos os anos que acabaram com minha saúde emocional. Eu sabia de tudo isso. Mas doía pra caralho mesmo assim. Eles eram meus pais, falhos como fossem.

Liguei meu carro e fui direto para meu apartamento que costumava dividir com Dani. Cadu já me esperava jogado no sofá. O abusado tinha a chave e entrava quando bem entendia.

- Como foi? – Ele perguntou, jogando o braço sobre meu ombro.

- Apenas um pequeno lembrete do porque eu digo que sou órfã às vezes. – digo, com uma lufada de ar.

- Vamos beber! – Cadu diz, pulando do sofá.

- Pode ser aqui? – perguntei. – Desanimei de sair.

- Onde a vodca está, é onde eu estou. – Ele declara indo até minha cozinha. Rio e tiro meus saltos, gemendo de alívio. Cadu volta com a vodca e dois copos, servindo duas doses.

- As famílias fodidas! – Ele exclama. Gargalho.

- As famílias fodidas! – Grito. Viramos a dose com uma careta e rimos. Agradeço ao universo por esse cara doido que faz da minha vida leve nos momentos mais pesados. Sirvo mais uma dose e a noite começa. 


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Cadê meus comentários e estrelinhas??? 

Sei que vocês esperaram demais por esse momento!!!!!!! Não deixem de reler os primeiros dois capítulos porque fiz algumas mudanças amores! 


Beijossssss

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