CAPÍTULO 18 - ANA

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"Você vai viver para sempre em mim,

eu garanto,

é só esperar para ver..."

You're Gonna Live Forever in Me - John Mayer 


- Só estou dizendo, - recomeça Cadu, enquanto caminhamos pelo shopping ao lado de Mariana e Nina. Ele e Nina estavam se juntando para tirar a minha paz de espírito e estava funcionando. - que não custa nada vocês tentarem ser amigos. - Ele diz, se recusando a me olhar, pois sabe que vou estar o fuzilando com meus olhos.

- Eu também acho. - Nina diz, lambendo o sorvete gigante em sua mão. Havíamos decidido almoçar no shopping em que Mariana, melhor amiga e colega de apartamento de Cadu, trabalhava para comermos todos juntos. - Não custa nada. - Nina continua, dando de ombros e eu grunho, pronta pra puxar o cabelo dos dois.

- Ele me ajudou quando precisei, sou profundamente grata e fim de história. - Eu resmungo, tentando convencê-los. Eu sentia muito mais do que profunda gratidão e pelo olhar de julgamento no rosto de Nina, ela sabia exatamente disso.

- Mas... - Cadu, recomeça mas é interrompido por um empurrão.

- Deixem a Ana em paz, gente. - Mariana diz, com a voz suave, me puxando para seu lado. Ela era provavelmente a mulher mais linda que eu já tinha visto na minha vida. Alta, ruiva e com olhos quase amarelos de tão verdes. E era tão fofa e delicada que parecia uma princesa. Seu uniforme é horrível, a saia é claramente menor do que deveria para suas pernas longas, mas mesmo assim ela parece que acabou de sair de um ensaio fotográfico.

- Obrigada, Mari. - Eu digo, entrelaçando nossos braços. - Finalmente alguém que me deixa em paz nessa família. - Eu resmungo, dando língua para os dois idiotas andando ao meu lado, que reviram os olhos pra mim.

- Só estamos dizendo que você gosta dele, ele gosta de você, qual é o problema? - Nina continua, e eu riria da sua cara melecada se não estivesse subitamente irritada.

- Puta que pariu! - Eu xingo, a encarando. - Qual é o problema? Jura, Marina? De todas as pessoas, é você que vai me perguntar qual é o problema? - Indago, a queimando com meus olhos. Ela se encolhe um pouco e pisca os olhos de cachorrinho arrependido para mim.

- Só queremos que você fique feliz, Ana. - Cadu se intromete e eu bufo.

- Será que podemos ficar uma semana sem algum de vocês me falarem essa frase?

- Se não fosse necessário você não se incomodaria tanto. - Cadu, o bastardo, fala. Eu dou um passo em sua direção prestes a tirar o olhar arrogante de sua cara mas Mariana me segura pelos braços.

- Ana, vamos falar sobre outra coisa. - Ela pede, me fazendo voltar a andar. - Como está o seu pai? - sua voz doce pergunta, genuinamente preocupada e me forço a respirar fundo.

- Já está em casa. Quase cem por cento recuperado. - Falo, sentindo o peso de sempre em minhas palavras. A culpa ainda me corroía todos os dias.

- Você já foi visitá-lo? - Ela pergunta e eu nego com a cabeça.

- Só quando ele ainda estava anestesiado no hospital. - Digo, sentindo o nó na garganta. - Minha mãe não quer me deixar ir visitá-lo.

- Que horror. - Mariana diz, franzindo as sobrancelhas. - Qual o problema dela?

- Isso é algo que nos perguntamos toda a nossa vida, Mari. - Nina diz, abraçando meu corpo com carinho.

- Pelo menos ela atende minhas ligações. - Eu digo, dando de ombros, tentando colocar minhas emoções no lugar.

- Se eu pudesse, esfregava aquela cara cheia de botox dela no cocô da Violeta. - Marina diz e eu faço um barulho de vômito, que a faz rir. Violeta soltava apenas bombas muito - MUITO! - fétidas. Abraço minha melhor amiga e dou um beijo em seu rosto.

- Vai dar tudo certo.

- É claro que vai. - Nina diz.

- Preciso voltar para a loja, gente. - Mariana diz, parando no corretor.

- Vamos, te levo até lá. - Cadu diz, passando o braço sobre seus ombros. Mari se despede e eu e Nina voltamos a caminhar.

- Você vai jantar lá no restaurante hoje. - Ela diz, e pelo tom que está usando, sei que não tenho escapatória. Gemo e ela ri.

- É importante, não aceito não como resposta. - Ela diz, apontando o dedo pra mim, como se eu fosse uma criancinha e eu bufo.

- Como se eu tivesse escolha de qualquer forma. - falo, e ela ri.

- Ainda vai jantar com o Gabriel? - Ela pergunta e eu confirmo.

- Ele finalmente vai me levar pra jantar no restaurante do mirante depois de todos esses anos enchendo seu saco. - eu digo, fazendo Nina gargalhar. Eu implorava para Gabriel me levar em seu restaurante preferido e badalado desde que eu tinha 16 anos, mas o maldito fazia questão de levar todos os membros da minha família menos eu.

- Você vai amar. - Ela garante e eu concordo, porque sei que vou. Sair com Gabriel era sempre divertido. Ele me fazia rir como ninguém, apesar de ser com quem eu mais brigava. Nossa relação era a própria definição de amor e ódio. E sei que ele estava me levando agora por causa de todo o caos que havia se instalado na minha vida.

- Sinto falta das brigas de vocês. - Nina diz e eu rio.

- Acho que ele está com pena de ser mais um pé no saco, quando já tenho tantos com que lidar.

- Definitivamente! - Ela diz e eu gargalho. Amava Marina porque nossa amizade era exatamente assim: cheia de intimidade e muitas risadas. Era muito mais do que eu merecia.

- Vamos logo porque quero ver minhas florzinhas. - Eu digo, seguindo para o estacionamento.

- Você consegue ser pior do que meus irmãos juntos. - Ela diz.

- É porque elas são meio que minhas filhas também. - Eu digo baixinho, meio constrangida, porque é exatamente assim que me sinto. Amava aquelas garotinhas como se elas fossem minhas.

- São mesmo, Aninha. - Nina diz, toda emocionada. Eu sorrio e dou partida no carro, e vamos cantando Miley Cyrus até chegarmos em casa.





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Amo tanto essa amizade!

Como vocês estão?

Espero que felizes com tantos capítulos na mesma semana! hahahaha

QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETOWhere stories live. Discover now