CAPÍTULO 7 - ANA

4.6K 457 45
                                    


E você pode destruir
Ninguém destrói como você
Você pode rasgar
Ninguém rasga como você

Half light - BANNERS


Acordei com minha campainha tocando.

Grunhi em aborrecimento. Sábado era meu dia de acordar a hora em que eu queria depois da semana exaustiva no trabalho. Rolei na cama bufando enquanto a campainha tocava incessantemente.

Me levantei e caminhei até a porta, xingando alto. Só uma pessoa ousaria me encarar às... oito da manhã – checo no relógio – de um sábado. E quando destranco a porta e puxo a maçaneta, tenho minha dúvida confirmada, conforme um sorriso monstruoso se espalha no rosto deslumbrante do meu melhor amigo. Pisco algumas vezes, tanto para acordar, tanto para me recuperar do soco na cara que é a beleza de Daniel. Eu sempre me surpreendia. Ele era o equilíbrio perfeito entre o lado bad boy que não liga pra nada de Gabriel, seu irmão mais novo, e o lado superprotetor monstruoso de Salvatore, seu irmão mais velho. Ele era também a pessoa que mais me entendia no mundo, junto com Nina, sua irmã caçula.

Ele me conhecia desde que eu tinha cinco anos de idade e ele doze. Quando entrei pra família de Nina, quando nos tornamos melhores amigas, Daniel foi o primeiro a me abraçar completamente. Acho que uma parte de nós dois sempre teve essa conexão bizarra de quem sabia que carregava um peso muito alto nos ombros, e nossa amizade era o que nos aliviava do resto do caos do mundo.

Ele era o filho de ouro da família, o mais inteligente, o mais dedicado e o que havia alcançado sucesso mais rapidamente. Ele era um advogado brilhante, chefiava a filial de uma firma de advocacia no estado e era famoso por nunca perder nenhum caso no tribunal. Ele tinha a responsabilidade de um cara de cinquenta e cinco anos, sem mal ter completado trinta. Era muito fácil para Daniel se perder em sua própria seriedade e senso de responsabilidade. Ele guardava seu humor, carinho e sorrisos fáceis apenas para sua família. Fora de casa ele era apenas Daniel, o Tubarão – o apelido que ele ganhou ainda na faculdade. Simplesmente imbatível.

Por isso, eu sei que ninguém – absolutamente ninguém – acreditaria se eu falasse que esse cara de um metro e oitenta, com o rosto de anjo caído que molha calcinhas e come estagiários no café da manhã, estava parado na minha porta com um sorriso assustador e uma camiseta estampada com a legenda "CÉREBRO É MINHA MELHOR AMIGA" com nada mais nada menos que o ratinho rabugento desenhado ao lado.

Assim que termino de ler, a gargalhada escapa da minha boca sem que eu consiga controlar. Todo o meu mau humor vai embora em um segundo. E conforme observo o sorriso de Daniel ir de assustador para carinhoso, sei que é exatamente isso que ele está tentando fazer. Me fazer rir e relaxar. Porque sabe que teremos um dia estressante pela frente já que iremos encontrar a família toda – Danilo incluso, num almoço na casa de Nina e Alex.

- Oi, cérebro. – Ele diz, ainda sorrindo, enquanto entra no meu apartamento e fecha a porta atrás de si. Percebo que ele tem uma sacola na mão e ele a abre, puxando uma camisa idêntica a sua, num tamanho muito menor, com a legenda "PINK É O MEU MELHOR AMIGO" e o ratinho engraçado ao lado. Nossa brincadeira com Pink e Cérebro havia começado há anos, por conta do meu cérebro esquisito e da idiotice de Daniel. Nina era a Felícia – é claro.

- Oi, pink. – eu digo, ainda rindo, antes de ir até ele e o esmagar num abraço. – Preciso escovar o dente e fazer umas meditações pra não te matar por ter me acordado tão cedo. – falo, indo até a sala, com Daniel ao meu alcance.

- Espero que o meu gesto de fofura tenha sido o suficiente para amolecer seu ódio matinal. – Ele diz, entrando na cozinha e abrindo a geladeira e uma parte de mim sorri por ver como nos sentimentos a vontade na casa um do outro. É como se fosse nosso lar também.

QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETOWhere stories live. Discover now