CAPÍTULO 14 - ANA

3.6K 443 47
                                    


"Eu sei que nós empurramos tudo até o limite

E eu sei que não vou desistir de você nem por um minuto

Se está tudo bem, se está tudo bem

Talvez nós só tenhamos nos perdido na loucura

Está tudo bem perdoar tudo

E fazer dar certo?" 

The Wave - Colouring



Estaciono no estacionamento do restaurante dos Fiori e respiro fundo dentro do carro antes de sair. O trabalho estava acabando comigo. Depois de uma reunião de quatro horas que acabou na quebra de um contrato importante da empresa, eu estava destruída. Só precisava de um abraço, um prato de comida da Mama e minha cama. Arrumo meu cabelo e saio do carro de uma vez antes que eu desista.

O restaurante está cheio, como sempre fica na hora do almoço e não me demoro muito para chegar até os fundos, onde fica a casa dos Fiori. A mesa gigante de seu quintal está cheia. Nina, Alex, Salvatore, Gabriel e Dani, Mama e Seu Heitor estão sentados conversando e rindo de algo que Danilo diz. Vi e Mel estão correndo pelo gramado espaçoso e nem percebem minha presença. Aproveito os poucos segundos que tenho e observo Danilo sem que ninguém perceba. O maldito está lindo como sempre, o cabelo muito mais comprido do que ele usava, camiseta preta abraçando todos os lugares certos, jeans ajustados. E o sorriso lindo plantado nos lábios enquanto ele fala.

Meu coração se aperta com uma saudade tão familiar que me distraio na sensação. Me distraio tanto que só percebo meu telefone berrando em minha mão quando todos os Fiori e Montenegros param de falar e me encaram. Dou alguns passos, me aproximando da mesa, os olhos de Danilo cravados em mim sem vergonha alguma.

Meu celular continua vibrando e tocando e olho o visor, lendo o nome de minha mãe piscando em vermelho. Respiro fundo e fecho os olhos, me preparando mentalmente para seja lá qual for o motivo dela estar me ligando. Atendo a chamada e trago meu telefone para meu ouvido.

- O que você quer mãe? - Eu pergunto, sem dar tempo para ela me cumprimentar. Mas, o que me espera do outro lado da ligação é ainda pior do que qualquer violência passiva agressiva vinda da senhora Silvia Maldonado. Isso porque pela primeira vez na minha vida, minha mãe está gritando. Gritando não, berrando. Completamente. Minha mãe está gritando alucinadamente no meu ouvido. Todos parecem perceber que tem algo de errado, porque se levantam da mesa. Daniel é o primeiro a chegar até mim e seu cenho franzido demonstra sua preocupação. Tento entender as palavras que vem do outro lado da chamada e foco em cada um de seus berros descontrolados.

- É TUDO SUA CULPA! TUDO SUA CULPA! - ela berra, sua voz embargada me prova que algo muito sério aconteceu. - VOCÊ MATOU SEU PAI! - Ela grita, finalmente e mesmo sem entender do que ela está falando, assim que as palavras se assentam em meu cérebro, meus joelhos fraquejam. Daniel me segura e vejo Nina correndo em minha direção.

- O-o que? - Eu gaguejo, meu coração batendo tão acelerado que o escuto em meus ouvidos.

- VOCÊ MATOU O SEU PAI! VOCÊ O MATOU! - Ela continua gritando. Meus braços tremem tanto que Daniel tira o celular das minhas mãos e coloca a ligação no viva-voz. - Eu falei pra ele que não adiantava tentar colocar juízo nessa sua cabeça imbecil! - ela berra. - Mas é claro que ele quis conversar com você sobre os negócios da família, "não é certo vivermos assim" ele disse - Ela fala sarcasticamente, mas suas palavras se embolam em meio a suas lágrimas. - E agora ele está MORTO! - Ela grita e eu me encolho, me sentindo completamente dormente.

QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETOWhere stories live. Discover now