CAPÍTULO 38 - DANILO

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Então você não vai fugir
Se você pudesse seguir seu coração suavemente
Não seria essa bagunça
Talvez algum dia, apenas um dia, você encontre um caminho de volta

Forest Fires - Axel Fióvent


Eu ainda não conseguia acreditar em tudo que havia acontecido nos últimos vinte minutos. Tudo havia sido uma armação fodida para me tirar de Ana. Foi tudo um grande teatro de mentiras. Fui drogado e usado contra minha vontade. Que bagunça de merda. Estava me sentindo triste e perdido, mas ao mesmo tempo nunca me senti tão aliviado e livre em toda a minha vida.

Eu não havia traído Ana, eu nunca a traí. Agora era digno dela, poderíamos ficar juntos se ela me quisesse. Mas sei que ela está se culpando agora pelos últimos dois anos e todas as nossas atitudes que nos feriram muito. Preciso pensar em uma forma de fazê-la acreditar de que não tem culpa por nada. Que fez o que qualquer outra pessoa faria ao achar que foi traída pelo amor de sua vida. A culpa não era dela, era do filho da puta que havia tentado nos separar em primeiro lugar.

Seu olhar está perdido sobre meu ombro conforme estaciono minha moto na frente da casa de seus pais. Salvatore e Diego chegam logo atrás, estacionando na minha traseira. Ajudo Ana a descer da moto, o envelope com os e-mails e fotos da investigação em sua mão, os olhos opacos mas completamente raivosos.

Eu não fazia ideia do que o nome do endereço de e-mail significava para ela, mas não deveria ser coisa boa se estava ligado aos seus pais.

Será que eles tinham sido os responsáveis por isso? Nos separaram para convencer Ana a voltar para o hospital? Para mantê-la ainda mais sob seu controle?

Eu gostaria de dizer que aquilo era inacreditável, que era surreal. Mas a verdade é que era a única explicação plausível para isso tudo. Apesar de não saber o que eles ganhariam com nosso término, eles parecem odiar Ana o suficiente para querer que ela seja infeliz e se contente com uma vida miserável.

Ana caminha rapidamente na nossa frente, guiando o caminho. Troco olhares com Salvatore e Diego, estamos todos apreensivos com o desenrolar dos próximos minutos. Se eles tivessem mesmo feito aquilo qual seriam as providências a serem tomadas? O que significaria para Ana?

A casa gigante enche minha visão e os jardins bonitos me surpreendem. Parece a porra de um castelo de conto de fadas. Mas eu sabia a tristeza que estava entranhada em cada tijolo, a mágoa em cada flor bonita, o ódio na tinta que cobria as paredes. Era tudo fachada.

Ana para no batente da porta gigante de madeira nobre e se vira em nossa direção. As chamas em seus olhos agora me preocupando.

- Não importa o que aconteça, não me segurem e não falem nada. – Ela ordena e não podemos fazer nada além de balançar a cabeça em concordância, porque ela já abriu a porta com violência e está andando para o centro da sala chique da mansão.

- Silvia! – Ela berra, seu grito ecoando pelos cômodos infinitos da casa, o corpo tão tenso que parece uma represa prestes a romper.

- Pai! – Ela berra de novo, e em dez segundos uma manada de empregados e pessoas uniformizadas surgem em nosso campo de visão. Uma senhora de aparência tranquila, que conheço como Petúnia caminha até Ana, a expressão pálida.

- O que é isso, menina Ana? – Ela pergunta. – Sua mãe não vai gostar dessa gritaria.

- Estou pouco me lixando pra isso, Petúnia. – Ana fala, seu tom de voz frio, cortante.

- MÃE! – Ela berra de novo. – PAI!

Ouvimos uma porta abrir e o barulho de rodas no chão e em quinze segundos o pai de Ana surge na sala, o rosto abatido, as pernas ainda engessadas, mas parece preocupado com a filha. Isso me surpreende.

QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETOWhere stories live. Discover now