HAG: Human Among Gods - LIVRO...

Galing kay taemeetevil

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[CONCLUÍDO] História vencedora do Premio Wattys 2020 LIVRO 1 - HUMAN AMONG GODS Zeus foi assassinado. Em um m... Higit pa

Avisos necessários
CAPITULO UM - O DEUS ESTÁ MORTO
CAPITULO DOIS - TEORIA DA MEMORIA
CAPITULO TRÊS - O HOMEM DO MAR
CAPITULO QUATRO - ABAIXO DO CHÃO, ACIMA DO INFERNO
CAPITULO CINCO - NÃO PODE SER APAGADO
CAPITULO SEIS - SALA DO TRONO
CAPÍTULO SETE - ESTADO DE SÍTIO
CAPITULO OITO - CONTRA A CORRENTE
CAPÍTULO NOVE - SARGA, DE FUMAÇA E SANGUE
CAPÍTULO DEZ - CONFERÊNCIA DE PAZ
CAPÍTULO ONZE - VISITANTE INESPERADO
CAPÍTULO DOZE - CASA AZUL
CAPÍTULO TREZE - CONFLITO INTERNO
CAPÍTULO CATORZE - FESTA DA UNIFICAÇÃO
CAPÍTULO QUINZE - LEVADO EMBORA
CAPÍTULO DEZESSEIS - ENERGIAS E MEMÓRIAS
CAPITULO DEZESSETE - INVASOR VERMELHO
CAPÍTULO DEZOITO - SEFIRA
CAPÍTULO VINTE - JANTAR DE CASAMENTO
CAPÍTULO VINTE E UM - INIMIGO NAS SOMBRAS

CAPÍTULO DEZENOVE - UM GRANDE RETORNO

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Galing kay taemeetevil

[NOTAS] to terminando umas paradaskkkk deve sair mais um capitulo amanhã, perdão por tá com o calendário de postagem tão atrapalhado, já tive melhores momentos comigo mesma :c

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JEON JEONGGUK

QUEM SABE?

— Acho que já tive um pesadelo bem assim um tempo atrás — Hansol disse, sentado no chão diante de mim. Suas roupas tinham manchas de fuligem e ele cheirava a queimado ou talvez fosse o cheiro que exalava de mim mesmo, não saberia dizer. Apesar do espirito não ter chegado perto o bastante de mim, ele tinha deixado o cheiro de madeira queimada por todos os cantos e em nós parecia mais forte ainda — Você o deixou entrar, não foi?

— Tinha sido só um sonho. Como eu ia saber que isso faria aquela coisa entrar? Nunca aconteceu antes.

— Você é o portador da Assassina dos Deuses e ela já foi um espirito... Talvez usem essa ligação entre você e a arma como um tipo de ponte pra sua mente. Seus sonhos não são confiáveis, precisa tomar cuidado com eles a partir de agora.

— Eles podem estar plantando coisas na minha cabeça? — Hansol não respondeu de imediato, mas depois de um momento, assentiu.

— Orin te convenceu a deixá-lo entrar só com um sonho, o que mais ele seria capaz de fazer com você? É perigoso, sabe disso — ele apertou as mãos no rosto, não dava pra saber se estava frustrado ou com raiva, talvez os dois.

Eu não podia confiar nem mesmo nos meus sonhos, mas a grande questão pra mim era se os sonhos sobre Taehyung eram plantados na minha mente também, mas eu não conseguia entender o proposito em colocar aqueles sonhos em especifico. Pareciam lembranças, como uma historia de um amor que sobreviveu. Que sentido tinha colocar isso na minha cabeça?

— Como... Como pegou a espada? — perguntei — Achei que só eu podia.

— Ninguém te explicou as regras de uso? Qualquer um pode pegá-la se tiver muita raiva ou num caso de necessidade contra um espirito. Acho que um espirito invadir minha casa explica bastante sobre a raiva e a necessidade — era uma ótima explicação. Ainda olhávamos um para o outro e podia dizer que ele sabia sobre minha incursão secreta pela casa — Achou o que procurava?

E essa era a confirmação de que sim, ele sabia.

— Cuidado com o que procura, Jeongguk. Talvez eu não consiga te salvar da próxima vez — não sabia o que responder ou sequer tinha certeza se deveria tentar, parecia uma ameaça passiva ao mesmo tempo em que, gostando ou não, eu era mesmo o errado da historia se estava bisbilhotando a casa dele sem permissão. Mas o fato do pedestal de God Killer estar na sua sala de armas tinha de significar alguma coisa — Sei que não confia em mim.

— Você me dá bons motivos pra não confiar... — murmurei — O que não tá me contando? Por que tá tentando esconder q-

— Eu não estou te contando muita coisa. Mas tenho um motivo pra estar escondendo informações, Jeongguk. Não é o momento certo de saber. Existe uma hora certa e esperar pode ser sua única chance de sobreviver.

— Você me trouxe pra cá pra me dar respostas enquanto esconde coisas de mim, isso não faz-

— Faz sentido! — concluiu antes de mim — Não faz agora, eu sei. Mas, por favor. Existe um bom motivo pra eu estar guardando coisas de você. Jeongguk, você não me conhece, quase ninguém me conhece na verdade... Só por favor, confia em mim. Não tenho nenhum motivo pra estar contra você, eles são meus inimigos também, nenhum deles terá compaixão de mim se assumirem o poder. Cantera, o mais forte dos espíritos, controlava destinos, por que precisariam de mim na nova ordem que querem implantar?

— Então... Vai me contar em algum momento. Só que não agora — conclui e ele assentiu. Eu não tinha muito que fazer além de aceitar seus termos.

— Vou te mandar de volta, mas vou procurá-lo de novo. Quando for o momento certo.

— Você fala muito sobre momentos certos, sobre tempo...

— Eu entendo bem do assunto — deu um sorriso pequeno e mesmo que Hansol não parecesse nada confiável, eu não conseguia desconfiar dele de verdade. Parecia sincero, real. Cada palavra — Adeus, Jeon.

A sensação de queda era quase familiar agora, despencando pra um lugar tão escuro que não sabia se era a magia de Moros ou meus olhos apertados aguardando um impacto violento que nunca viria. Quando abri os olhos novamente, estava de pé, era manhã e estava chovendo, a água me ensopando em segundos.

Não fazia ideia de onde estava, era somente uma rua, numa manhã chuvosa porque não tinha como o céu estar naquele tom de cinza à noite. Havia pessoas na rua, com guarda-chuvas e capas. Olhando em volta, enxerguei uma placa de metrô no fim da rua e mesmo sem ver o nome nela, dava pra ver a cor. Era vermelha. E a linha vermelha ficava em Peloponeso.

Olhei minhas roupas, tinha voltado as mesmas peças que cheguei na Casa azul, sentia o celular no meu bolso de trás e as chaves do meu apartamento no bolso do casaco. Eu nem tinha dinheiro pra pegar o metrô, mas eu podia buscar ajuda lá dentro e ligar pra SiYeon-noona.

Me apressei na direção da entrada, tirando o celular do bolso somente pra constatar que estava sem bateria e desci as escadas, que escorriam agua como da ultima vez, só que felizmente, em bem menos quantidade. Então eu parei, vendo algo bem especifico numa das telas informativas, uma foto minha com o número de contato da equipe de desaparecidos da policia, uma linha praticamente inutilizada há uns bons anos. Em letras garrafais estava escrito:

DESAPARECIDO

Por quanto tempo eu tinha sumido?

Tinha noção que o tempo na Casa corria de forma diferente, mas pra chegar ao ponto de colocarem cartazes a minha procura era bem mais do que eu esperava que fosse acontecer. Olhei em volta, buscando qualquer pessoa que pudesse me ajudar.

— Oi, oi... Desculpa, eu sei que parece maluco — parei duas mulheres, as duas idosas e de mãos dadas, a que estava mais próxima realmente me olhou como um lunático — Mas... Sou eu — apontei para o cartaz — Sou eu, o detetive. O detetive que sumiu, eu preciso de ajuda — parei ao lado da foto como se isso fosse tornar minha história mais crível. As duas continuaram a me olhar confusas até comparar minha cara, molhada de chuva e com o cabelo mais comprido do que na imagem, com a versão cheia de gel da foto que usaram do meu registro na policia de uns três anos atrás.

— Você é Jeon Jeongguk? O detetive dos deuses... — uma delas, a que estava mais distante de mim, com cabelos tingidos de loiro e olhos gentis como os de halmoni, perguntou e assenti freneticamente, empurrando os cabelos molhados pra trás, não era tão bom quanto o gel, mas assemelhava o suficiente com a foto — Om- Eu vou... Vamos chamar ajuda. Querida, ligue para o número — apontou para o telefone de emergência no cartaz.

— Obrigado, muito obrigado.

— Você sumiu por tanto tempo, rapaz — a que estava mais perto, ela parecia ter a expressão mais irritada, até sua voz soava assim, oposta a companheira — O grande feriado buscou por você por dias.

— Grande feriado? — perguntei e movi para o lado quando pessoas passaram por nós. Felizmente parecia ser um dia de fluxo reduzido, então não estávamos atrapalhando tanto assim. Pelo menos eu esperava que não.

— O grande cachorro. Que fica no submundo — demorei um momento pra perceber que elas falavam de Holly, provavelmente entenderam que o nome do cãozinho do inferno era Holiday, como feriado. Era um nome próximo, de qualquer forma — Isso com certeza é um sinal vindo de Apolo — a mulher deu um sorriso largo, e foi quando percebi o pequeno broche de sol em seu casaco. Não era igual dos favoritos de Hoseok, mas ela devia gostar muito dele ou trabalhado com o deus, ao menos.

— Alô? Sim, tenho informações importantes. Eu o encontrei, Jeon Jeongguk, está bem na minha frente — a senhorinha disse, afastando o celular e colocou perto do meu rosto — Fale rapaz.

— É... Sou eu? Eu voltei — não sabia o que dizer ou se poderiam reconhecer minha voz. Ela afastou, voltando a ligação.

— Sim, eu disse que era ele. Estação Orfeu, sim, sim, a primeira entrada ao leste...

— Viu? — a outra disse, sorrindo largo pra mim, dando tapinhas em meu ombro parecendo animada olhando de mim pra companheira, enquanto ela continuava a falar com a pessoa do serviço de busca — Os deuses foram bons, lhe deram uma nova chance. Você logo vai voltar pra sua família.

(...)

— Ora, ora se não é minha carona favorita?!

Irene foi a primeira a descer do carro cruzando os braços com um sorriso satisfeito, logo depois do banco do carona, Mark pulou pra fora do veiculo direto pra mim, me abraçando como se eu fosse seu filho desaparecido, achei até que fosse chorar de emoção.

— Você sumiu por quase um mês! Onde estava? Como? — ele afastou e começou a olhar pra mim, erguendo meus braços e mexendo a minha cabeça — Quebrou alguma coisa?

— Se ele quebrou você tá terminando de machucar, gênio — Irene empurrou Mark pra fora do caminho — Ele tá te procurando há mais tempo que eu.

— Eu sumi um mês? — parecia surreal constatar isso quando pra mim foram apenas dois dias.

— Você sumiu lá pelo dia... 04 de julho? Hoje são 02 de agosto — poucos dias para um mês inteiro. Era surreal constatar o fato quando alguém dizia pra mim e provavelmente seria ainda mais quando visse a diferença que o tempo causou — Taehyung não ficou nada feliz com seu sumiço — acenou pra que eu assumisse o banco do carona — Você vai atrás, Mark. Rápido, rápido, eu quero voltar pra casa, odeio lugares claros — ela nem deu tempo de discutirmos sobre, só entrei no carro, colocando o cinto e afundando no banco como da última vez.

— Delegacia — Mark lembrou, espremeu o corpo na divisória dos bancos — Ele precisa mostrar que está vivo pras autoridades humanas — jogou o corpo de volta pra trás, digitando algo no celular e imaginei se estava falando com os outros deuses e se entre eles, avisaria a Taehyung.

Queria encontrá-lo, que ele visse que eu estava bem, ver bem seus olhos e não encontrar qualquer brilho vermelho neles e o desejo era completamente ridículo. Dois dias atrás eu estava disposto a tentar avançar numa relação, mesmo que não fosse a decisão mais certa, mas pra ele passou um mês inteiro. Muita coisa podia mudar nesse intervalo.

Talvez Hansol estivesse certo sobre o que disse quando cheguei, tentar começar um relacionamento com Taehyung era estupidez. Ele ainda era um suspeito, eu ainda não tinha certeza de nada sobre a minha vida... Não tinha espaço para pensar em qualquer perspectiva romântica enquanto espíritos queriam me matar.

Retornar a delegacia de Salamina foi estranho mesmo que pra mim não tivesse sido tanto tempo desde que a vi. Alguém provavelmente espalhou a noticia que eu estava vivo, porque havia uma "recepção" pra mim na entrada, quase todos os oficiais e um batalhão de repórteres olhando para o carro, como pra ter certeza que eu estava ali, mesmo que não fosse possível me ver ainda.

Entendia a curiosidade, claro. Eu sumi por tempo o bastante pra me julgarem morto e nem mesmo deuses sabiam onde eu estava.

— Sua família vem te buscar, já estão a caminho. Certo, Mark? — recebemos um sinal positivo vindo de Mark no banco de trás, que só esticou a mão entre os dois bancos. As portas do carro destravaram — Cuidado lá fora. A gente se vê, garoto.

Assenti, descendo do carro como se fosse uma celebridade, tinha câmeras na minha cara e pessoas me fazendo perguntas, Jaebum-hyung e outros oficiais abriram caminho pra que eu entrasse, usando a cartada de que "Poseidon não vai ficar feliz por atrapalharem" para manter as pessoas distantes, mas não parecia estar fazendo efeito, em especial com a imprensa.

— Garoto você sumiu por um mês — Jaebum disse, me levando sozinho dessa vez pelos corredores do distrito enquanto o resto da equipe "segurava" os curiosos. O cabelo dele estava maior que dá ultima vez que o vi, os olhos mais cansados também, parecia mais magro — Tinha patrulhas quase todos os dias buscando você, em todo o país. Que merda aconteceu?

— Parece maluco, e você vai achar que eu sou... mas eu estava com o Destino. Moros. Ele existe mesmo. A casa onde que onde ele vive... Eu não sei, o tempo é diferente lá. Pra mim foram somente dois dias. Só isso — ele não argumentou, apenas olhou pra mim, sem expressar nada — O que tá acontecendo?

— Pra resumir? Deuses nunca foram tão impopulares. Estão havendo mais ataques, mais daqueles monstros soltos, não houve novas mortes, mas... É uma merda. As coisas estão voltando ao normal tem menos de uma semana, só que nem dá pra saber se vai durar — ele parou diante da sala do delegado Im — Parece que tudo ficou sem rumo quando você desapareceu.

Jaebum e eu nunca fomos exatamente amigos, então fiquei surpreso quando depois de falar isso, ele me abraçou, um aperto forte que me pegou tão de guarda baixa que demorei a retribuir. Ele nem era do tipo de demonstrar afeto, o que me deixava mais surpreso ainda.

— Eles vão te dispensar da investigação. Sai de perto dessas pessoas enquanto pode. Você vai morrer, Jeongguk. É só um cara comum.

— Eu sei que não tem nada mais clichê que isso, mas... Eu não sou normal, hyung.

— Jeon, pelo amor de De

— God Killer? — chamei e estendi a mão no exato segundo que a espada surgiu. Eu parecia mais legal do que realmente era com ela, exibindo uma espada magica que reluzia sob a luz péssima do corredor da delegacia — É por isso que não posso deixar a investigação. Ela me escolheu e tem que ter um motivo pra ela ter me escolhido.

— Você... — baixou o tom, ainda olhando assustado da espada pra mim — Você é um deus? — neguei, seria difícil explicar sendo que nem eu mesmo não fazia ideia do que era — O que aconteceu com você, Jeon?

— Não sei... Mas eu posso consertar as coisas. God Killer, pode ir — ela se foi e se o hyung ficou surpreso com ela surgindo do nada, ver a espada desaparecer o fez dar vários passos para trás, olhando do meu rosto pra minha mão, chocado demais pra reagir por uns longos segundos.

— Eu- e... Eu vi mais magia em quatro meses que numa vida inteira nessa droga de cidade. Só... Só não morra por essa gente, ok?! Você com certeza não merece um final como esse — Jaebum voltou pra entrada da delegacia, me deixando sozinho diante da porta, quando abri delegado Im já me esperava, com sua expressão natural de impaciência e a barba mais branca que da última vez.

— Sente-se, Jeon. Acredito que Jaebum já lhe avisou sobre o que quero falar, então será uma conversa rápida. Mas eu só queria perguntar... Onde estava esse tempo todo?

— Na casa do destino — ele só olhou pra mim, o rosto sem expressar o que quer que fosse, nem mesmo parecia irritado como de costume — Eu sei que é difícil explicar e-.

— Jeon desde que essa investigação começou foi apunhalado por um espirito que injetou veneno em você, testemunhou três assassinatos numa emissora de TV, ficou em coma por um mês entre a vida e a morte, esteve presente no ataque a ministra Kim — demorei a associar que ele falava de Jeongy — E agora foi sequestrado por outro mês inteiro, movendo toda a força tarefa do país e deuses do mundo todo, enquanto você diz que só estava na casa do Destino, que também é um deus, mas não avisou que ia levar você pra passear... Esqueci algo?

Bom, oficialmente era só isso.

— Está fora do caso — completou — Kim Seokjin está a caminho, ele concorda comigo em tirá-lo da investigação. Foi estupidez desde o inicio colocar um humano para investigar um crime dessa magnitude. Até que a confusão que os deuses causaram se normalize, você está suspenso.

— Suspenso? Eu... Eu não posso-

— Jeon, você não gosta desse trabalho, nunca gostou. Não está demitido, considere isso como férias e pode voltar no fim do mês se achar que deve, mas sinceramente... Não acho que seria o melhor. Quando tudo normalizar, procure algo que goste de verdade, está muito velho pra fazer algo que nunca quis.

— Meus pais-

— Eles se importam tanto assim? — o comentário fez algo afundar em meu peito — Jaebum e eu estivemos mais no hospital pra te ver do que eles. Sei como é difícil ouvir isso, eles são seus pais afinal, mas você sabe que família vai vir te buscar hoje.

Sim, eu sabia.

Batidas soaram na porta e virei no momento que Seokjin entrou, assim como todo mundo, ele parecia diferente também, tinha algo no seu rosto que demorei a notar porque nunca tinha visto um deus precisar disso: Maquiagem. Estava tentando esconder as olheiras abaixo dos olhos.

— Sente-se, senhor Kim — delegado Im acenou para a cadeira ao meu lado.

— Não precisa, já tratamos o suficiente — ele olhou pra mim, tinha algo a mais ali, que não conseguia dizer, como se sua dor estivesse exalando por seus poros — Está livre da promessa, Jeongguk. Eu liberto você — apertei os olhos por um momento quando senti a pele da bochecha queimar, porém a sensação se foi tão rápido quanto veio — Infelizmente a cicatriz não vai sumir. Lamento por tudo que aconteceu desde que teve de aceitar a função.

— Senhor Kim- — tentei falar, mas ele cortou.

— Eu preciso mesmo ir. Obrigado pela atenção, tenham um ótimo dia.

— Senhor Kim, eu- — Seokjin não deu tempo de que eu terminasse, apenas deixou a sala sem nenhuma palavra a mais.

— Deixe-o ir, Jeon. Está livre agora, é o que importa — delegado Im disse e toquei meu rosto ao som da palavra "livre". Eu imaginava algo mais grandioso pra minha libertação, mas levando em consideração que fui condenado no leito do rio Han aquele dia, sem qualquer grande acontecimento magico ao ter minha alma à venda, acabar tão fácil quanto fazia sentido.

— Eu preciso ir, senhor — disse, fazendo-lhe uma reverência.

— Jeon!

Deixei a sala somente pra constatar que Seokjin não estava em qualquer lugar à vista, ainda podia ouvir o barulho das pessoas lá fora, basicamente a imprensa tentando falar comigo como se eu tivesse alguma ótima historia de cativeiro quando na realidade foram dois dias numa mansão magica com um deus estranho e um espirito assassino. Ainda seria uma boa historia, mas com certeza não a que esperavam contar.

Sentei numa das cadeiras no canto do corredor, puxando o celular do bolso mesmo que continuassem sem bateria. Segurei a concha do perdão entre os dedos também, ela era obviamente magica ou já teria quebrado ou sumido enquanto eu era jogado de um lado para o outro pela Casa azul.

— JeonGgukie! — a voz da noona soou do fim do corredor, e levantei a tempo de ser esmagado em vários abraços juntos. Os Young, SiYeon-noona e WooJin-hyung me esmagando em afeto. E nenhum sinal dos meus pais... O delegado Im estava certo sobre a família que viria me procurar — Onde estava? — ela perguntou quando os quatro finalmente me soltaram — Você sumiu do nada! Por que não mandou noticias e-... Não, não... Não precisa dizer agora. Pode falar quando chegarmos em casa. Os deuses querem te ver.

(...)

Era fácil identificar uma casa construída por deuses. A casa em que estávamos agora tinha aparecido na capa de todos meus livros de historia no colegial, foi a primeira mansão dos greco-romanos – todos foram obrigados a viver juntos na época – em algum período depois deles serem aceitos como figuras divinas pelo governo. Não saberia dizer datas corretas, mas foi entre os anos 70 ou 80, provavelmente.

Era igual a qualquer palácio de treinamento, inclusive tinha uma enfermaria e mesas compridas na sala de jantar como um refeitório. A cozinha não tinha muita coisa, talvez porque deuses não tinha a necessidade de alimento que um humano tinha. SiYeon-noona disse que eles tinham se mudado pra lá pouco depois que sumi e alguns deuses ficavam na casa também, para oferecer segurança, principalmente. Segundo ela tinha mencionado no caminho, eles viriam me ver logo e alguns deles ficariam para me ajudar a treinar, como era esperado antes que eu sumisse por um mês.

"Ele tá bem mesmo, né WooJin-ah?"

"Não tem muito que possa examinar aqui" WooJin-hyung não tinha mesmo muito que fazer, a única coisa errada que eu tinha eram alguns hematomas no tórax pela queda enquanto a casa me fazia de bolinha de ping-pong, mas nem mesmo estava doendo "Talvez seja bom fazer um raio-x, por garantia"

"Eu tô ótimo, hyung" garanti "Perdi muita coisa nesse tempo sumido?".

O quarto que me deram era o antigo quarto de Jongin e quase me fez lembrar o meu quarto na Casa azul pelo excesso de brancura, mas o do garoto era com certeza mais legal. Havia arcos e flechas antigos em suportes nas paredes e mapas estelares colados perto de uma mesa de estudos. O teto reproduzia um céu estrelado, com uma lua grande bem no meio. Dava pra passar horas só olhando as estrelas mudarem de lugar, a cama era tão grande que cabiam três de mim.

"Bom, eu dou aulas pela manhã e a tarde vou resolver algo do casamento. Sempre com um favorito de Poseidon do lado" noona deu um suspiro antes de continuar "Eles moveram as Forças de Paz de volta pra Coreia, a mãe do WooJin-ah voltou há três semanas."

"As coisas melhoraram semana passada, parece que a maioria dos espíritos menores foram pegos e banidos de volta. As lojas e empresas voltaram a funcionar, mas as pessoas estão com medo. E vez ou outra, ataques ainda acontecem" WooJin continuou, seu rosto transparecia bem a gravidade da situação "Essas coisas são muito rápidas, Hades disse que eles somem como fumaça" assenti, lembrava bem das ocasiões que vi.

"Pensamos em adiar o casamento. Talvez pra dezembro... Parece otimismo demais esperar que tudo fique bem em um mês" a noona olhou pra WooJin-hyung, eles pareciam ter conversado bastante sobre isso "A gente já adiou pro fim de setembro, mas..." ela parou o gesto, os ombros murchando e sentou ao meu lado na cama. Me sentia péssimo por ver os planos deles dando errado.

"Talvez uma cerimonia menor, noona." sugeri "Com menos convidados... Jimin é o deus do amor, tem casamentos o tempo todo no templo dele. Com certeza pode ajudar".

Batidas soaram na porta antes de harabeoji entrar.

"Os deuses chegaram, trouxeram comida. Vamos, vamos" era engraçado como ele gesticulou rápido somente pra voltar rápido pra sala de jantar. Por mais estranho que fosse eu estava com fome dessa vez, mas enquanto a noona e o hyung se apressaram na direção da saída, eu não estava muito animado pra encontrar outros deuses. Irene era o tipo de companhia segura... Eu não sabia dizer sobre os outros.

Quando finalmente segui para a porta, ele chegou antes. Taehyung estava da mesma forma como o deixei, o cabelo loiro tingido, o uniforme da marinha e a cara de indiferente. Tudo igual. Eu nunca me senti tão feliz por algo ser exatamente como me lembrava.

— Você parece bem — ele disse primeiro, a voz baixa, monótona.

— Eu estou bem... Bem... — eu me sentia desconfortável, imaginando se alguém voltaria pra nos chamar, mas era obvio que ninguém retornaria só pra me chamar para o almoço, éramos apenas nós ali.

— Então...

— O destino me levou. Não tive escolha, nem como avisar — ele assentiu, não sabia dizer se estava com raiva de mim, de Hansol, das circunstancias... Era meio ingênuo da minha parte, mas esperava uma recepção mais calorosa uma vez que ele ficou um mês sem saber onde fui parar ou se estava bem. Qualquer coisa mais receptiva seria melhor que os olhos frios numa expressão pseudo raivosa que recebia naquele momento. Um beijo na testa já estaria bom!

— Temos muito que conversar, mas você precisa se alimentar primeiro — ele acenou para fora.

— Ok — disse, enfiando as mãos nos bolsos porque não sabia o que fazer com elas. Caminhei para mais perto, parando bem diante dele — É... — o que eu devia dizer? Era muito estranho estar em tempos diferentes, literalmente nesse caso, porque o deixei há menos de 36 horas enquanto ele e os outros enfrentaram quase que uma guerra e permaneceram no escuro sobre mim por mais de 20 dias.

O fato de que tanto tempo tinha se passado ainda não entrava na minha cabeça.

— Pode ir — ele acenou pra fora de novo e assenti antes de fazer isso.

Pelo que a noona tinha dito, quase todos os cômodos tinham sido ocupados, mesmo que os ocupantes não ficassem lá o tempo todo. O quarto de Taehyung era ao lado esquerdo do meu, de Jeongy ficava a direita, assim como os de SiYeon e WooJin e o dos Young também. Thoth e Irene ficavam nos dois cômodos do outro lado do corredor. Nunca estive numa casa com tanta gente, o máximo que interagi com tantas pessoas foi nos testes da policia e da Força de Paz, isso se levar em conta acenar com a cabeça e perguntar que horas era o jantar como interação.

— Ele disse algo? — Taehyung perguntou, descendo as escadas alguns passos atrás — Moros disse alguma coisa?

— Sobre o que? — parei, e Taehyung parou no mesmo degrau ao meu lado — Ele devia dizer alguma coisa?

— Se ele não disse, acho que... Não era o tempo certo — provavelmente eu não era o primeiro que Hansol enrolava sobre saber esperar — A maioria dos deuses não sabe sobre ele, Moros sempre se escondeu de nós, nunca consegui compreender muito bem suas razões — voltou a descer as escadas, e me apressei pra acompanhá-lo — Eu mesmo ignorei por muito tempo que o destino existia. Hansol é um deus... Difícil.

Espera... Hansol? Como...

— Como... Como sabe que o nome dele é Hansol? — questionei.

— Ele me disse. 70 anos atrás.

Mas... O que? Como ele...

— Há 70 anos? Tem certeza? — insisti.

— Sim. Eu sei que nossa memoria não é confiável, mas nunca esqueci a conversa em que Moros disse o próprio nome — minha cabeça estava tentando processar a informação, mas simplesmente não fazia sentido. Como eu podia ter dado ao deus o mesmo nome que já era dele? — Aconteceu alguma coisa?

Neguei com um aceno. Era mais uma questão que ficaria pra depois.

— Jeon...

— Nada eu só... Nada.

Desci os últimos degraus, seguindo para a sala de jantar barra refeitório, o lugar parecia mais cheio do que eu esperava, todos olhando pra mim e Taehyung assim que entramos, num silencio que me fez querer correr de volta pro quarto. Sun e Hoseok chegaram perto de mim com o mesmo olhar curioso de WooJin-hyung, Hoseok apertou meu ombro e mesmo que não sentisse qualquer dor onde os hematomas estavam, sabia que eles tinham desaparecido.

— Ele não envelheceu o mês que deveria... Mesmo que estivesse num lugar onde o tempo passa diferente, devia envelhecer o tempo que não passou logo que voltasse, mas não está... — Hoseok disse, estreitando os olhos pra mim e segurou meu rosto num aperto entre o indicador e o polegar — O que você é, hum?

— Um bolo — ouvi uma voz feminina dizer. Me lembrava de Diana mesmo que a tivesse visto talvez uma vez sequer, ela tinha o cabelo comprido dessa vez, trançado todo o cabelo com ouro, assim como os brincos compridos. Era uma combinação que chamava atenção já que estava de jeans e camisa branca — Esse é nosso grande herói?

— O único que temos — Min Yoongi respondeu.

Hoseok se lembrou de largar meu rosto e consegui dar uma boa olhada em todos no cômodo. Além dele, Sun e Taehyung, havia mais nove junto à mesa. 12 pessoas. Era muito mais gente que eu estava acostumado, quase como uma assembleia divina se ignorasse os humanos além de mim. Me sentei ao lado de WooJin-hyung, e ele deu tapinhas na cabeça como se eu fosse uma criança.

— Devíamos pedir mais comida — a noona disse abrindo as sacolas, com certeza não havia o suficiente para todo mundo.

— Nenhum de nós vai comer — Jimin respondeu, ele estava com a cabeça apoiada no ombro de Yoongi, que afagava seus cabelos, distraído. Hades era o único que ainda usava sua "fantasia", provavelmente não tinha uma nenhuma peça de cor diferente do preto em seu guarda roupa, mesmo Irene tinha largado o terninho preto para um vermelho, mas os óculos escuros continuavam, talvez pra não chocar demais os outros humanos da sala — Viemos ver como você estava, Jeongguk-shi. Fique a vontade.

Assenti, enquanto WooJin e SiYeon colocavam todos os potes com as porções pra que eles, os Young e eu. Halmoni era a que mais parecia envergonhada com a presença dos deuses, ajeitando os cabelos o tempo inteiro, dando sorrisos pequenos pra eles.

O único além de Diana que não era do panteão greco-romano era Thoth, que olhava de um lado para o outro, absorvendo a cena e não sabia dizer se ele estava confuso ou achando aquilo o máximo. Os deuses conversaram entre si durante todo o almoço, vez ou outra conseguia entender frases como "ele viu Moros" ou "Precisamos prepará-lo para o pior". A parte do "pior" era repetida varias vezes, mas eu não conseguia pegar muito bom o contexto da maioria das frases.

Taehyung estava sentado na minha frente, mas não tinha me olhado uma vez sequer, seus olhos estavam na madeira da mesa, erguendo o rosto somente para olhar na direção dos outros a mesa, nunca pra mim.

— Ei, ei garoto — Irene acenou com as mãos pra chamar minha atenção — Amanhã começa seu treinamento, por que você precisa mesmo saber o que tá fazendo a partir de agora. Eu, Miguel, Taehyung e a praguinha vamos cuidar do seu treinamento. Talvez outros devam vir também, mas por enquanto somos nós quatro. Tudo bem? Ótimo — ela respondeu antes que eu pudesse — Que horas amanha? As seis? Perfeito — Diana riu enquanto a garota resolvia tudo sem aceitar minhas sugestões, mas fingindo que sim — Muito bom trabalhar com você, garoto.

— Deixe-o dormir até as sete pelo menos — Yoongi pediu por mim.

— Sete horas então. Tudo bem — ela levantou, assim como outros também o fizeram. Eles dispersaram rápido, com reverências breves e acenos.

— Quem vai ficar na casa pr- — Jimin começou a dizer antes de sair, mas Taehyung o cortou.

— Eu fico — ele disse, erguendo a mão e depois acenou na direção de Hoseok que voltou para o meu lado.

— Desculpe, eu preciso verificar algo — Apolo disse em voz baixa pra mim, colocando a mão sobre meu ombro mais uma vez. Senti os olhos de todos que sobraram junto à mesa sobre nós dois. Os Young, a noona e o hyung, Sun parada do lado da entrada da sala, além de Taehyung, que finalmente me encarava depois de mais de uma hora sem o fazer — Nada. Nenhum vestígio.

— Obrigado, Hobi.

— Do que? — perguntei, mas fui ignorado, recebendo como resposta apenas dois tapinhas na cabeça igual WooJin-hyung fez e um aceno de adeus de Sun quando os dois saíram juntos — De que vestígio ele tá falando?

"Podem nos dar licença?" Taehyung pediu em KSL para não excluir o hyung "Eu preciso falar com Jeongguk em particular".

"Claro, podem chamar se precisarem de nós" harabeoji que respondeu, dando uma porção de acenos e acenando para que os outros saíssem também, a noona foi a última a deixar a sala de jantar, lançando olhares preocupados em minha direção, talvez pela expressão de Taehyung não parecer muito boa, mas ela teve de ir mesmo assim, Taehyung não falaria com algum deles ainda presente. Ele tirou o celular do bolso, destravando a tela e leu em voz alta:

— Jeon JeonHyun — disse, e paralizei. Sem qualquer reação — 27 anos. Morte por afogamento. O corpo foi resgatado pela tripulação do Netuno II, depois de uma tempestade no mar de Busan — olhou pra mim de novo antes de continuar — Não reconheci seus pais no hospital, não entendi a raiva deles por mim, até pedir pra Irene investigar melhor seus... Caminhos. Seu irmão morreu em um acidente no mar.

Não era um segredo, apesar de eu ter escolhido esconder a informação de Taehyung. Ainda que fosse um deus e que ele facilmente descobriria se quisesse, coisa que o fez, não conseguia evitar a sensação comprimindo meu peito, a cada palavra, como se estivesse mexendo em algo que ninguém devia ter conhecimento.

— Procurei seus registros no governo também, e estava lá... Medo de agua em grandes volumes, de embarcações e um trauma ligado ao oceano. Todo seu avanço em anos de terapia foi parar de chorar quando ia à praia... De repente sua reação com o mar de Jeju naquele dia fez muito sentido depois que li isso — ele soltou o celular na mesa, olhando só pra mim dessa vez — Eu dei uma benção para o irmão de JeonHyun, pra você. Não iria impedir o seu receio com o mar, mas conseguiria viver sem piores traumas. Porém, eu deveria sentir essa benção em você e nunca senti nada. Hoseok agora a pouco também não a encontrou em você...

— Você... Você me deu uma benção que não funciona?

— Em teoria, você a anulou. É forte demais pra precisar dela.

— Mas no mar- aquele dia. No porto. O homem-... — suspirei ao lembrar exatamente quem era aquele dia — Hansol. O funcionário disse que eu tinha uma benção, me ajudou a entrar no banco e eu... E eu apaguei. Mas Moros era esse funcionário, ele usou um disfarce, mas porq-.

— Provavelmente não entraria no barco se não soubesse da benção, certo? — sim, eu não iria entrar, o pânico de ficar dentro de um barco ia me segurar no porto — Ele usou a benção como desculpa, porque precisava que você fosse pra ilha. E por que ele precisava de você lá? O que ele queria te mostrar que custou um planejamento tão bom e te tirou daqui por um mês? — Taehyung questionou.

— Eu acredito que o assassinato pode ter sido, intencionalmente ou não, o evento que começaria uma guerra entre deuses — comecei, e a postura de Taehyung desarmou de imediato — Só que talvez agora tenha algo muito pior pela frente.

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