Quando acordou na manhã seguinte, Changbin sentia-se estranhamente bem, seu corpo apesar de um tanto dolorido não fazia seu bom humor mudar. Sentado na cama, seus cabelos negros e com alguns fios vermelhos estavam bagunçados, seu rosto amassado e seus lábios inchados, passou os dedos pelo cabelo enquanto olhava ao redor. Nem sinal dos dois. Levantou-se pegando a camisa que Chris vestiu na noite anterior e pescou sua roupa íntima que estava jogada em algum lugar, saiu do quarto andando devagar e foi até a cozinha, vendo um papel grudado na geladeira por um imã.
Pegou o papel e leu rapidamente. Era um recado pequeno de Jisung lhe dizendo que tinham uma coletiva de imprensa pela manhã e que ligaria para o moreno pelo período da tarde, assim que resolvessem tudo do trabalho. Changbin amassou o papel e o jogou no lixo ao lado do fogão, pegando um suco de caixinha na geladeira e foi para sala, sentando-se no sofá e ficou encarando a parede sem pensamentos, até que se tocou que tinha ficado com Jisung e Christopher, que eles tinham mesmo voltado.
Sempre que o Seo acordada de manhã era como seu cérebro tivesse sendo ligado aos poucos e só se tocava das coisas tinham acontecido no dia anterior de repente, seu coração acelerou e ele começou a rir para o nada como um maluco. Virou seu rosto para a esquerda, naquela direção tinha um espelho preso a parede. Viu as marcas em seu pescoço e por céus, o que Jisung tinha feito ali? Passou a mão no cabelo se e jogou contra o sofá.
- o que eu fiz? - encarou o teto, tendo as imagens da noite anterior repassando como um filme em sua mente.
Pousou sua mão sobre o coração, sentindo ele bater rápido. Fazia tempo desde aquela sensação, bastante tempo. A campainha tocou, mas suas pernas não o respondiam ou apenas não queria ir atender, mas a pessoa era insistente. Irritado, o Seo caminhou até a porta, a abrindo, pouco se importando se estava apenas de camisa e cueca. Estava em casa, errado era quem estava lhe perturbando.
- oi, bin. - Changbin encarou o Felix.
- oi.
- você estava ocupado? - o garoto encarou o moreno dos pés a cabeça.
- não, entra aí. - deu espaço para o ruivo entrar, assim fechando a porta logo depois da sua entrada.
Pediu para o Lee ficar à vontade, sentando-se de volta no sofá com o ruivo perto, perto demais.
- o que te traz aqui? - puxou as pernas descobertas para cima do estofado de cor cinza claro, cruzando-as e puxando a camisa para cobrir sua intimidade.
- vim te chamar para sair como eu disse ontem.
- ah, sobre ontem. - encarou o australiano. - eu não te vi saindo, estava ocupado com...
- com aquelas caras?
- não. - franziu o cenho. - eu estava ocupado com o Seungmin, e não reparei quando você saiu.
- claro.
Changbin não estava gostando do rumo que aquilo estava tendo.
- desculpe. - Felix bagunçou o cabelo. - estou dando um de ciumento sendo que não temos nada. - ele riu fraco.
- tudo bem. - disse apenas por educação, mas não havia gostado nada daquela reação.
- sobre o meu pedido, você aceita sair comigo? Pegar um cinema ou ir no fliperama como antigamente.
- claro. - disse, já que não via segundas intenções no pedido do mais novo, ou apenas não queria ver que aquele era um convite claro para dar em cima dele.
Felix era seu amigo, e mesmo que ele tivesse outras intenções o Seo cortaria elas antes de qualquer coisa. Não iria se envolver com o Lee tendo quem amava de volta. Decidiu não pensar muito naquilo e apenas ir se trocar para sair com o garoto. Tomou um banho rápido para tirar a preguiça do corpo e vestiu-se forma confortável, pegou seu celular e carteira.
- vamos? - Changbin chamou o Lee.
Ambos saíram, o moreno trancou a porta e assim desceram pelas escadas.
(...)
O dia seguiu animado para os dois, assistiram a um filme que estava em lançamento e foram no fliperama. Changbin sempre se afastava de todas as vezes que o Lee ficava colocando a mão na sua cintura enquando estava jogando algum jogo, ou fingia não entender as investidas do mais novo. Não queria estragar o dia dando um sermão no garoto, então preferiu apenas se afastar ou mudar de assunto.
O passeio teve seu fim já pelo início da noite. O céu ganhava um tom laranja bonito e as nuvem iam se juntando, dando vez para a lua e talvez uma chuva pela madrugada. Changbin perderá as contas das vezes que olhou o celular à espera da tal ligação, mas passou a tarde toda e nada de notícias de Jisung e nem de chan, e também não ligaria para eles.
- o que tem de tão interessante nesse celular? - Felix riu soprado ao ver Changbin fazer bico olhando para a tela do aparelho.
- nada. - guardou o aparelho, se dando por vencido que eles não ligaria.
Ambos amigos caminhavam rindo pelas ruas nem tão movimentada como de dia. A noite ia caindo e quando o Seo chegou em casa já estava totalmente escuro.
- hoje foi legal. - changbin disse do portão do prédio.
- foi ótimo passar o dia com você. - Felix apoiou uma mão na grade de ferro e aproximou-se do Seo.
Changbin virou o rosto, fazendo o beijo que o Lee estava para lhe dar ir parar em sua bochecha. Felix recuou e sorriu de canto tímido.
- sinto muito, Felix. - disse baixo. - eu não posso te corresponder, pensei que já tivesse entendido.
- é que eu pensei que, já que você não estava com ninguém, estava disposto a voltar a ficar comigo. - passou a mão pelo cabelo ruivo. - você já está ficando com alguém, não é?
- sim, estou. - ajeitou sua postura.- somos amigos Felix, eu sempre deixei isso claro pra você.
- você disse que não estava ficando com ninguém ontem. Por que mentiu? - por que o Seo via ódio nos olhos do Lee?
O moreno não sabia como sair daquela situação.
- eu só não quis dizer. - sua voz era baixa, já que não sabia muito bem o que dizer para fugir daquilo, a aura que Felix possuía estava lhe sufocando.
- certo. Eu tenho que ir, até mais. - Felix disse ríspido, saindo de lá em passos firmes.
Quando ele havia se tornado daquele jeito? Changbin nunca o viu assim, mesmo quando o Seo pediu um tempo, o Lee lhe entendeu e o deixou em paz para pensar. E mesmo quando disse que não queria ter nada com o ruivo porque amava outra pessoa, o garoto aceitou. Ele estava tão diferente. Aquele olhar de ódio foi um tanto assustador.
Balançou a cabeça e fechou os portões, entrando no hall do prédio e subiu as escadas. Entrou em casa e deixou o celular na mesa de centro. Desistiu de Christopher e Jisung, eles não iriam ligar e mesmo não querendo, o Seo estava frustrado. Desejava ouvir a voz deles, saber se eles estavam bem ou perguntá-los como foi seu dia. Era impossível controlar sua saudade. Tirou a camisa e andou até o quarto e quando estava para tirar a bermuda e vestir uma calça moletom ouviu o toque do seu celular. Correu tropeçando na calça que ainda estava na metade do caminho, pegou o celular e atendeu, segurando o celular entre o ombro e a orelha, terminando de vestir as calças.
- binnie? - era a voz de Jisung.
- oi. - subiu a calça de uma vez e sentou no sofá.
- por que você tá ofegante?
- se eu te contar, você vai rir. - mesmo sem saber do que se tratava o han riu, e como Changbin sentiu falta daquela risada fofa.
- você leu o recado que eu deixei? - o moreno murmurou algo parecido com um sim. - desculpe por não ter ligado de tarde como falei, ficamos o dia todo ocupado com coletiva de imprensa, sessões de fotos para uma marca que somos embaixadores e um monte de outras coisas cansativas e chatas.
- tudo bem, eu entendo.
- channie quer falar com você. - passou para o Bang. - Changbin?
- o que você quer, bicho feio?
- isso é jeito de me tratar? - ambos riram.
- desculpe. - sorriu e encostou-se no sofá, sentando-se todo largado no estofado.
- não quer vim passar a noite conosco?
- hm não sei, minha casa parece tão confortável hoje. - fez bico enquanto falava, fazendo assim sua voz ficar fofa.
- não podemos ir aí hoje. - o loiro disse melancólico. - vem pra cá. Por favor, binnie.
O coração do Seo errou as batidas, o jeito que o Bang falou fez seu corpo esquentar. Ele engoliu em seco, sem saber o que responder. Tinha perdido a compostura.
- binnie?
- oi, chris.
- então, você vem?
Seria arriscado, não é? Eles eram famosos, devia ter mil jornalista e paparazzi rondando onde eles estavam ficando e a última coisa que o Seo queria era ter seu nome em blogs de fofoca novamente. Demorou um tempão até todos esqueceram quem era Spearb e não queria jogar todo seu esforço fora. Por mais que sua mente estivesse sendo racional naquele momento, seu coração o traía. Mandava o homem ir atrás deles como um cãozinho desesperado por atenção e Changbin não conseguia ouvir sua mente pela forma acelerada que seu coração batia.
- sim, eu vou.
- ótimo! - foi possível ouvir o Han comemorar de fundo. - vou mandar uma pessoa de confiança ir te buscar, desça em vinte minutos.
- certo.
- até mais, binnie. - chan desligou.
O moreno deixou o celular de lado e encarou o teto.
- por que eu sou assim?