All Star's e Tangerinas

By emilydesousalima

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Uma história baseada na música "All Star" do Nando Reis. Caleb era uma pessoa bagunçada, completamente bagunç... More

Notas Iniciais
Epígrafe
Prólogo
01/05
02/05
04/05
Uma carta para Kate Collins
05/05
Epílogo
agradecimentos

03/05

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By emilydesousalima

No dia do nosso primeiro beijo, eu fiquei lá até o anoitecer.

Quando fui interrompido por outra ligação da minha mãe.

— Tenho que ir. — Disse a Kate, me levantando do tapete, enquanto o Renato Russo cantava "Eduardo e Mônica" na vitrola.

— Te vejo depois? — Ela questiona, na porta do apertamento dela.

— Com certeza. — Falo, antes de dar um beijo na testa dela. Eu estava caminhando para o elevador, mas Kate me puxou para um beijo.

Coisa de amigo. — Ouço a mãe dela dizer no fundo, e sorrio um pouco.

— Pronto, agora pode ir. — Kate fala, quando nos separamos. Ela tinha um sorriso no rosto.

— Está me expulsando? — Questiono, arqueando a sobrancelha. Collins revira os olhos.

— Não quero mais te ver por hoje, enjoei. — Ela fala, irônica, apontando para o elevador.

— Você não disse isso quando tava me beijando! — Falo, indo embora.

— Até, Caleb! — Kate grita, antes que as portas metálicas se fecham. Eu estava com um sorrisinho bobo nos lábios.

Mas, quando eu cheguei em casa, meu sorriso se desfez. Era o mesmo cenário de sempre: minha mãe gritando por algo que o meu pai não fez, e ele assistindo a tv, ignorando ela.

— EU FALEI PARA VOCÊ PARAR COM ESSAS GRACINHAS! QUAL ERA A VAGABUNDA QUE VOCÊ ESTAVA CONVERSANDO?! — ela gritou, para ele. — E aonde você estava, Caleb Sympson? — Faço uma mini careta por ela ter usado meu nome inteiro.

— Aqui do lado. — Falo a verdade. Minha mãe ergue uma sobrancelha.

— Ta, você pode começar a arrumar suas coisas para nos mudarmos. — Ela diz, com toda a calma do mundo.

Que eu tinha quase esquecido. Por causa da Kate.

— Não. — Solto. Eu já estava cansado. Ninguém me ouvia naquela casa.

— Caleb, você vai com a gente, fim de papo. — Minha mãe fala, pegando uma caixa.

— Eu já disse que eu posso ficar morando com a Violet! — Quase grito.

Assim que os meus pais citaram a mudança, eu fiquei perplexo. A última coisa que eu queria era ir embora de Laranjeiras

Violet foi a única pessoa que eu contei. Ela era praticamente minha única amiga, e era de maior, e morava sozinha.

E ela me ofereceu com muito bom gosto o quarto de hóspedes da casa dela. Eu havia amado a ideia.

Só que os meus pais não. Definitivamente não. Não me entenda mal, eles não são preconceituosos com a Violet ou algo assim, na época em que Joe namorou ela, eles a amavam.

Só que a ideia de deixar um filho na cidade em que o outro se suicidou não pareceu muito agradável.

— VOCÊ NÃO VAI! — minha mãe grita. — NÓS NÃO VAMOS PERDER VOCÊ TAMBÉM! — Fico sem fala. Sinto meus olhos marejarem.

Era isso que ela pensava? Que eu iria desaparecer da vida dela? Que, se eu ficasse, iria morrer assim como Joe morreu?

— Caleb, eu... — Minha mãe parece perceber o peso das palavras, e tenta se desculpar. Mas eu não a deixo acabar, e corro para o meu quarto.

Bato a porta, e procuro desesperadamente pelo maço de cigarros.

Vou para a minha varanda, e antes de acender, começo a olhar a varanda a minha frente. E Kate vem a minha cabeça.

Como se fosse mágica, ela aparece lá.

Primeiro, ela abre aquele sorriso esperto, mas quando percebe que eu estava meio... Abalado, ela fica um pouco preocupada.

Kate entra no quarto de novo, e eu achei que ela só tinha desistido de lidar comigo.

Mas, ela voltou, com o celular dela em mãos. E quando eu percebi, o meu começou a tocar.

Coloquei o meu maço de cigarros em qualquer lugar, e entrei, pegando meu celular na cama, e voltando para a varanda.

Você está bem? — Ela questionou, assim que eu apoiei apoiei meus braços na grade de proteção.

— Essa é uma pergunta interessante, né? — Comecei. — Como a senhorita quer que eu responda? — Brinquei um pouco. Kate me encara negando com a cabeça.

O que você quer dizer?Collins me pergunta. Eu suspiro.

— É como... A tangerina perfeita. — Solto. Vejo Kate franzir o cenho, e rio um pouco.

Caleb, você está bêbado?Eu rio um pouco mais.

— Não. Eu juro que não. — Falo. — Nem deu tempo de eu ficar bêbado. — Kate cruza os braços, lá da outra sacada.

Então me explique o negócio da bergamota. — Mordo o lábio inferior para não rir.

— Comer tangerina é um negócio bem simples né? É fácil de descascar, e você só tem que engolir os gomos. — Falo. Kate me encara um pouco mais confusa.

Certo.

— Então, mas as pessoas gostariam que fosse mais simples. Sua vida seria melhor se você não tivesse que ter o trabalho de ficar tirando ou engolindo os caroços. — Concluo. — Perguntar se alguém está bem é querer comer uma tangerina sem caroço. Ninguém nunca irá admitir que está com vários caroços, então, só vão se passar pela tangerina perfeita. — Kate fica em silêncio por alguns segundos.

Quando você pensou nisso? — É a pergunta que ela me faz.

— Agora. — Falo, sincero.

Merda, casa comigo. —  Ela pede, e dessa vez eu rio alto.

Eu fico com um sorriso no rosto, e apoio minha cabeça na barra, ao lado do meu celular.

Caleb? — Kate me chama.

— Sim?

Se você fosse uma bergamota, eu te comeria mesmo com caroço. — Rio mais dessa vez, e Kate acaba rindo comigo.

— Você não existe, Collins. — Falo. Kate abre um sorriso.

Existo sim. E você também. — Ela meio que entorta a cabeça. — O que é meio perigoso né, porque Deus deixaria duas criaturas perigosas de lindas ficarem juntas? — Eu só consigo rir mais.

Talvez Kate tenha esse efeito sobre mim também. O de me alegrar quando eu mais preciso.

Depois de um tempo em silêncio, nós começamos a nos observar. Mesmo a distância, ainda parecíamos próximos. Era como se nós dois tivéssemos criado uma atmosfera própria, onde só existia nós mesmos.

Ainda está aí? — Ela me perguntou.

— Estou.

Quer vir para cá? — Faço uma cara confusa.

— Mas são tipo, dez horas da noite. — Falo. Kate abre um sorriso esperto.

Mas nós somos vizinhos. E minha mãe não vai ligar de você passar a noite. Ela te adora. — Eu penso na possibilidade. Seria bem melhor acordar sem os gritos da minha mãe, ou levando uma bronca do meu pai.

— Estou indo. — Falo, e ajeito minha postura. Collins mexe no cabelo.

. — Ela diz, sorrindo.

— Tá. — A respondo.

Te vejo em cinco minutos, Sympson. — E ela desliga a ligação. — O SEU SOBRENOME CONTINUA SENDO HORRÍVEL! — Kate grita, da sacada dela, alto o suficiente para eu ouvir. Eu rio um pouco, e jogo um beijo no ar para ela.

— OBRIGADA! — Grito em resposta.

— VAI LOGO CALEB! — E eu fui.

E foi uma noite muito boa. Kate me distraiu de muita coisa que estava acontecendo na minha vida, e não me perguntou sobre o assunto.

Eu dormi na sala, óbvio. Mas acho que nada se compara a ver Kate com uma cara de sono e o cabelo solto, igual ela estava naquela manhã.

E, havia sido o primeiro de muitos dias que eu passei sem fumar desde que Joe se foi.

Hoje, fazia uma semana. Estávamos no café da mãe da Kate, e a Violet estava conosco.

— Uma música? — A minha amiga pergunta, assim que contamos daquele projeto.

A gente não tinha feito nada. Nada. Não tinha escolhido a música, pensado em como ia ser o clipe, ou qualquer coisa.

Nada.

Toda vez que eu ficava sozinho com Kate ou a gente acaba se beijando, ou indo ouvir música, que era o mesmo que se beijar.

— Sim! — Kate exclama. — Como ela quer que a gente decide uma música e produza um clipe?

— Essa professora é doida! — Eu falo.

— Ei, olha o respeito com os mais velhos! — A mãe de Kate fala, aparecendo com sorvete para nós.

— Mas eu respeitos os mais velhos. — Ela me encara duvidosa.

— Como? — Ela questiona.

— Você está muito bonita hoje, Bella. — Falo, piscando para ela. As duas garotas da mesa riem, junto com a mãe de Kate.

— Acho que você tá passando tempo demais com a sua namorada. — Ela fala, e aperta uma das minhas bochechas.

— Mãe! — Kate exclama, meio constrangida.

— O que foi agora? — A minha "sogra" questiona.

— Nós não estamos namorando. — É o que Kate diz, meio corada.

— Não estão porque não querem. — Violet fala.

— Ela está certa. — A Bella diz. — E vocês não querem tirar o dia para sair um pouco? Está tão bonito lá fora.

— Eu concordo com a sua mãe, Kate, mas tenho outros planos. — Violet fala, se levantando.

— Tem certeza que não vai querer ajuda, mãe? — Kate questiona, tirando o avental.

— Não, o Klaus já vai me ajudar. Podem ir. — Ela fala, quase nos expulsando, e se referindo ao novo funcionário da cafeteria.

— Então, vai para aonde bonita? — questiono, passando o braço pelo ombro da Violet, que era só um pouquinho mais alta do que eu.

— Trabalhar, para manter vocês dois, né meu filho — Ela diz, irônica.

— Com certeza, mamãe. — Brinco também.

— Brincadeira, mas eu vou mesmo para uma entrevista para um novo emprego! — Ela admite.

— Ai que bom! — Falo, abraçando minha amiga. A Violet trabalhava para um cara ridículo, que era super preconceituoso. Meio que foi por falta de opção, já que ela teve que aceitar literalmente qualquer coisa na época em que fez a transição pelos custos médicos. Ela só continua com ele porque usa o dinheiro para pagar a psicóloga que vai a uns anos.

— E você, já contou para ela que está de saída? — Violet sussurra para mim, se referindo a Kate que estava conversando com a mãe dentro da cafeteria.

Eu suspiro. Ainda não havia contado para ela que eu iria ir embora de Laranjeiras.

— Logo eu vou contar. — Digo para a minha amiga, que me olha como se duvidasse.

Eu não queria contar para Kate. Porque iria doer menos para ambas as partes.

Nós não iríamos durar para sempre. Eu sabia disso, nós dois juntos estávamos fadados ao fracasso.

Eu iria embora. E iríamos acabar assim.

Fim da história.

— O que tá rolando? — Kate pergunta, aparecendo aqui do lado de fora.

— A Violet conseguiu uma entrevista de emprego! — Anuncio, mudando o rumo do assunto. Violet nega com a cabeça discretamente, como se me estivesse me repreendendo.

— Que incrível! — Kate fala, indo abraçar a Violet.

Eu achei muito fofo o jeito que as duas pegaram intimidade rápido. Quer dizer, Kate não conhecia praticamente ninguém em Laranjeiras além de mim, ela também comentou brevemente que não tinha muitos amigos na cidade antiga, logo ela e a Violet viraram amigas, e inclusive, até já rolou uma noite das garotas comigo como convidado especial.

— Boa sorte Violet, vai dar tudo certo! — Kate fala, beijando a bochecha da minha amiga.

— Eu sei que vai, eu sou incrível. — Violet fala, brincando.

— Ainda bem que sabe. — falo, feliz.

Ver ela feliz me deixava assim também. Porque ela havia ficado tão... Devastada com a morte do Joe.

Havia sido muito ruim para mim. Mas foi para Violet também, porque ela namorava ele.

O bom disso tudo, é que apoiamos um ao outro, o que fortaleceu muito a nossa amizade.

— Então é isso, eu vou indo, beijos, e se peguem muito. — Ela fala, jogando um beijo no ar. Eu rio, e a Kate também.

— Ah, eu adoro ela. — Kate fala, quando Violet vira numa rua.

— Eu gosto que vocês se dêem bem. — Confesso. Nós ficamos um tempo em silêncio.

— Então, vamos para onde? — Ela questiona, enquanto brincava com a alça da mochila que carregava, já que nós tínhamos saído da escola e ido para a cafeteria.

— Quer ir para a praia? — Questiono, falando da praia dos amantes. Não estava o clima para entrar no mar em si, mas sempre tinha umas pessoas por lá fazendo piquenique e conversando.

— Ok, vamos então. — Kate fala, estendendo a mão.

Nós vamos caminhando de mãos dadas, listando tudo o que vemos que tenha a cor laranja.

— Carro laranja. — Ela fala, quando um carro passa.

— Loja laranja. — Digo, apontando para uma vitrine.

— Laranja laranja. — Ela diz, apontando para uma Laranjeira, e nós dois rimos. Aproveito o momento, e tiro uma foto da Kate na Polaroid que estava pendurada no meu pescoço, já que eu havia a levado para a escola hoje. — Ei! Me deixa ver! — Ela pede.

— Espera um pouco. — Peço, balançando o pedaço de papel que a máquina tinha impresso.

Quando mostro para Kate, ela abre um sorriso feliz.

— Você vai me deixar ficar com ela? — Ela me questiona, a respeito da Polaroid.

— Só se você me der algo em troca. — Collins revira os olhos.

— Vamos ver. — Ela fala. Nós dois finalmente chegamos na praia. Eu jogo minha mochila na areia, e me sento seguido de Kate. Ela começa a tirar um caderno da mochila, e o estojo.

— O que você vai fazer, Collins? — Pergunto, quando vejo ela pegando um lápis de escrever.

— Vou te desenhar. — Ela diz, num tom casual.

Ah, eu havia quase esquecido de mencionar que Kate desenhava também. Esse era um dos motivos para praticamente todas as roupas dela terem alguma coisa pintada a mão.

Por exemplo, a calça jeans larga que ela usava hoje tinha o bolso pintado com nuvens.

— Então, você pinta, toca, e ainda tem um bom gosto musical? — Pergunto, brincando. Kate abre um sorrisinho, e desvia os olhos do caderno só para me olhar.

— Eu sou tudo em uma só, Caleb. — Ela fala. Me deito, e tiro um caderno da mochila também. — Você é sortudo para caramba! — Eu rio.

— Sou, é? — Questiono.

— Claro, você me tem, e eu sou praticamente aqueles combos do McDonald's com desconto. — Eu rio mais e roubo um selinho da Kate.

Minha cabeça ficou martelando na frase: "você me tem."

"Você também me tem Kate.

E você ainda me terá quando os nossos all-star's ficarem desgastados demais para usarmos"

— O que você está escrevendo aí? — Kate me pergunta, tentando pegar o meu caderno. Eu recuo.

— Listando algumas músicas de opção para o trabalho de artes. — Falo, para a ruiva.

— Acho que nós iremos tirar nota baixa nisso, nunca dá certo. — Kate murmura, enquanto volta a se focar no desenho. — A gente sempre acaba se beijando. — Eu sorrio.

— Como se você não gostasse... — Provoco. Kate revira os olhos.

— Pff, não aguento mais te beijar. — Ela ironiza. Eu arqueio a sobrancelha. — Já até me cansei, oh céus. — Collins dramatiza, colocando a mão na testa.

— Que coisa feia, mentindo desse jeito... — Murmuro. Kate abre um sorriso provocativo.

— Você sabe que eu nunca minto. — Ela me diz com a sobrancelha arqueada.

— Ah é? — Questiono, como se estivesse perguntando se Kate queria mesmo comprar esse desafio.

— Uhum. — Ela me responde, com um sorriso nos lábios.

Era isso, o desafio estava dado.

Me levantei, deixando o caderno de lado, e fui na direção da Kate.

E comecei a fazer cosquinha nela.

Kate esperniava, enquanto intercalava entre rir e me mandar parar.

Eu ria junto, mais por causa dos casais que olhavam estranho para mim e para ela.

— Para Caleb! — Kate diz, entre risos. — Não vale! — Ela fala, já completamente vermelha. — E-eu não tô conseguindo respirar! — Kate fala, entre as risadas, o que me faz parar.

Eu me jogo ao lado dela, ainda rindo um pouco, enquanto a ruiva recuperava o fôlego.

Kate se vira de lado para me olhar. Eu me viro também, e começo a fita-la.

O que estamos fazendo? — Sussurro, para Kate, que me olhava atentamente, sem nem piscar.

Competição para ver quem pisca primeiro. — A Collins me fala, ainda sussurrando, e eu rio com isso.

Só me beija logo, ruiva. — Peço, e Kate atende ao meu pedido.

Era muito engraçado isso.

Eu sentia que conhecia Kate. Sentia de verdade, parecia que ela era uma velha amiga minha que eu não via a anos.

Mas nós nunca havíamos nos encontrado.

Eu tinha essa sensação de familiaridade vindo dela, ao mesmo tempo, que beijar Kate era uma sensação completamente nova toda vez que acontecia.

Eu sentia tudo ao mesmo tempo.

O coração palpitando, o estômago contorcido, e a minha cabeça simplesmente se esvaziava toda vez que nossos lábios estavam juntos.

Será que era isso a famosa paixão?

— Você perdeu. — Kate fala, se referindo ao negócio de piscar, assim que nos separamos do beijo, e uma das suas mãos pousava na minha bochecha.

— Não, você perdeu. — Digo, e aperto uma das bochechas dela. Ela bate na minha mão.

— Por que eu perdi? — Questiona, assim que eu me sento novamente na areia. Eu a puxo para ficar sentada também.

— Porque você me beijou primeiro, ué. — Explico. Collins revira os olhos.

— Ah, se é só por isso eu perderia mais mil vezes. — Eu sorrio, e ela volta a desenhar. Enquanto eu, volto a escrever.

— Kate? — A chamo. Ela desvia os olhos do papel.

— Sim?

— Você acredita... — Em nós. Eu deveria ter falado, mas ainda não tenho coragem para isso. — No amor? — A ruiva suspira, e prende alguns fios soltos no coque frouxo que ela usava, como sempre.

— Eu... Acho que tenho motivos para não acreditar. — Ela me diz, enquanto balançava o all star azul. — Mas, eu ainda acredito.

— Por que? — Falo, muito curioso.

— Porque sim. — Ela me responde, como se fosse óbvio. Eu cruzo os braços. — O que você tinha me dito aquele dia? — Eu franzi o cenho.

— Qual dia? — Falo, estranhando muito isso.

— O dia em que a gente se beijou pela primeira vez. — Ela me explica. — O que você me disse antes da gente se beijar? — Collins insiste.

— "O seu all star azul combina com o meu preto"? — Repito. Kate confirma com a cabeça, sorridente.

— Eu acredito no amor por causa disso. —  Ela me responde. Eu me sinto meio vermelho.

— Porque os nossos tênis combinam? — Questionei, baixinho. Kate abriu um sorriso e se aproximou de mim.

— Por causa de você. — Collins me diz. Ela beija a minha bochecha.

Kate acreditava no amor por causa de mim?

— O que eu tenho que fiz você mudar de ideia? — Questiono. Kate respira fundo, e começa a fitar o meu rosto.

— Você é tão... — Ela parece procurar a palavra certa. — Apaixonado pela vida. E ela é por você. — Ela suspira. — Vocês meio que se namoram, só que sem saber. — Eu franzi o cenho. Acho que nunca havia visto a Kate tão... Poética e sincera assim.

— Você está bêbada? — Ela bate no meu ombro, e ri levemente.

— Não me insulta. — Eu rio, dessa vez.

— O que você quis dizer?

— Eu acredito que a vida é como uma pessoa. E ela tem um certo apego emocional a todo mundo.

— Todo mundo? — Pergunto.

— Todo mundo que vive. — Ela abre um sorriso. — Mas, acho que como todo mundo, a vida tem os amores preferidos dela. Aqueles que ela zela com o maior cuidado, e sempre dá um toque especial. — Eu quem sorrio dessa vez. — Uma dessas pessoas é você. É tão evidente que você ama tanto viver, igual a vida ama te ter. — Rio, completamente apaixonado pela garota que estava diante de mim.

— Não sei como te elogiar depois disso. — Falo com um meio sorriso.

— Você não precisa me elogiar. Só... — Seu olhar muda para a minha boca. — Me beije. — E eu fiz o que ela disse.

Eu encostei os meus lábios nos dela mais uma vez.

E eu explodi por dentro. Mais uma vez.

Kate se separa, sorrindo. Eu passo meus braços pela cintura dela, e Ela apoia a cabeça na dobra do meu pescoço.

— Sabe o que eu me lembrei? — Ela me pergunta, quebrando o "silêncio" que tinha. Já que vários casais riam, e tinha o barulho do senhorzinho pescador, que estava cantarolando algo no fundo.

— O que? — A questiono. Kate se ajeita.

— Você ainda não me contou o porquê do nome da cidade ser Laranjeiras.

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