HAG: Human Among Gods - LIVRO...

By taemeetevil

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[CONCLUÍDO] História vencedora do Premio Wattys 2020 LIVRO 1 - HUMAN AMONG GODS Zeus foi assassinado. Em um m... More

Avisos necessários
CAPITULO UM - O DEUS ESTÁ MORTO
CAPITULO DOIS - TEORIA DA MEMORIA
CAPITULO TRÊS - O HOMEM DO MAR
CAPITULO QUATRO - ABAIXO DO CHÃO, ACIMA DO INFERNO
CAPITULO CINCO - NÃO PODE SER APAGADO
CAPITULO SEIS - SALA DO TRONO
CAPÍTULO SETE - ESTADO DE SÍTIO
CAPITULO OITO - CONTRA A CORRENTE
CAPÍTULO NOVE - SARGA, DE FUMAÇA E SANGUE
CAPÍTULO DEZ - CONFERÊNCIA DE PAZ
CAPÍTULO DOZE - CASA AZUL
CAPÍTULO TREZE - CONFLITO INTERNO
CAPÍTULO CATORZE - FESTA DA UNIFICAÇÃO
CAPÍTULO QUINZE - LEVADO EMBORA
CAPÍTULO DEZESSEIS - ENERGIAS E MEMÓRIAS
CAPITULO DEZESSETE - INVASOR VERMELHO
CAPÍTULO DEZOITO - SEFIRA
CAPÍTULO DEZENOVE - UM GRANDE RETORNO
CAPÍTULO VINTE - JANTAR DE CASAMENTO
CAPÍTULO VINTE E UM - INIMIGO NAS SOMBRAS

CAPÍTULO ONZE - VISITANTE INESPERADO

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By taemeetevil


JEON JEONGGUK

Eu dormi por muito tempo. Não tinha noção dos dias, mas pude escutar depois de um longo tempo no vazio, a voz de SiYeon-noona. Dos Young. As vozes dos meus pais e de outros deuses. Não consegui compreender o que diziam, era como se soassem igual uma criança de colo. Imaginei que estava muito dopado para conseguir absorver qualquer palavra.

Tentei contar os momentos de lucidez na escuridão como dias, então contei oito até ouvir com clareza as vozes no quarto, e aquele momento foi o primeiro que senti ser capaz de abrir os olhos. O primeiro que reconheci foi Hoseok. Havia uma voz feminina que não conhecia, mas era grave e forte, e parecia irritada, porque ela resmungava a cada dois minutos. E por último tinha a voz dele, que apenas soou uma vez.

— Então, não conseguiu descobrir nada? — era a voz da mulher, parecendo muito irritada quando Hoseok disse que não conseguiram descobrir qualquer coisa relevante sobre mim.

— O corpo dele é diferente. Mas eu não consigo identificar o que existe no garoto que encobre tão bem a magia. É como um emaranhado de fios que só fazem sentido para quem os colocou lá. Talvez só o Universo possa nos dizer. Ele provavelmente já nasceu assim — Hoseok respondeu, ele soava formal, até meio amedrontado pela áurea raivosa da mulher.

— Eu ainda não entendo... — ela respondeu e seu tom amenizou dessa vez — Tem energia universal nele?

— Acredito que sim... mas é difícil saber o que essa energia significa e no que isso o afeta. Não tem precedente, eu não sei o que procurar, ou como. Ele é tipo- — Hoseok fez uma longa pausa — Um bolo. Com dezenas de camadas. De diferentes sabores e recheios.

Houve um longo momento de silêncio.

— Um bolo? — a garota riu baixo, dava pra perceber a incredulidade no tom — Um bolo... Era esse o tipo de explicação que eu precisava ouvir.

— Por enquanto é tudo que tenho.

— Um bolo? — a mulher e realmente, era uma explicação engraçada.

— Ok, já incomodaram meu paciente por tempo o bastante, fora os dois — ouvi passos, o som de saltos batendo no chão e mais um indo para a porta — Taehyung-ah? Você não vem?

— Só mais cinco minutos — Taehyung disse, e me senti inquieto quase que de imediato. Não tinha por que me agitar.

Se me servia de algum consolo, aparentemente eu não estava ligado a nenhuma máquina, não havia nenhum sinal muito óbvio de que a presença dele me agitou de nenhuma forma, apenas sentia o soro passar pelo meu braço. Ouvi a porta ser fechada e finalmente abri os olhos.

Ele estava bem em cima da luz, que parecia meio azulada, fazia sombra em rosto, não dava pra ver o suficiente. Taehyung afastou um pouco, me permitindo vê-lo bem. Talvez fosse a quantidade de medicação em meu corpo, mas eu queria muito, muito mesmo, que ele me tocasse. Eu só queria sentir algum contato. Seu olhar, mesmo que direcionado pra mim, era vago e vazio.

— Você... nunca sorri? — minha voz soou estranha, meus lábios mal se abriam. Não sabia por que disse aquilo, só senti vontade.

— Eu já sorri. Você só não prestou atenção.

Ainda assim, me sentia incomodado. Por que ele não sorria? Só um pouco. Não era um grande sacrifício. Poderia voltar a dormir se ele sorrisse pra mim. Tentei me mexer, porém o máximo que consegui foi mover a cabeça um pouco para o lado, sua mão tocou por debaixo da minha nuca, tentando me ajudar a mudar a posição.

— Taehyung?

— Hum...

— Sorria.

Ele sequer ergueu o canto dos lábios.

— Conte uma piada, então — ele estava debochando e queria mandá-lo ir a merda por zombar de mim, mas o que disse na verdade foi:

— O que... É um pontinho vermelho. No meio do mar?

— Você não sabe o fim dessa piada, acabou de inventar. E você tá dopado há 10 dias... nem está consciente.

— Eu... estou total- total...- urgh... muito consciente — minha voz soou num suspiro, seu rosto estava saindo de foco, como se o visse por uma lente borrada.

— Então o que é um pontinho vermelho no meio do mar?

Continuei olhando pra ele, até seu rosto entrar em foco de novo. Ele chegou um pouco mais perto do leito e consequentemente seu rosto estava mais perto do meu.

— Eu não sei... Acabei de inventar.

Taehyung sorriu.

Ele não riu, só sorriu. Um sorriso largo de quem queria rir, mas não daria o braço a torcer. Taehyung mostrava os dentes quando sorria, tinha um formato retangular que deixava seu rosto fofo, como se fosse muito jovem. Talvez por parecer assim, eu quis muito tocar seu rosto. Ou talvez me sentisse culpado por tudo que falei e sua atitude preocupada comigo quando eu o ataquei daquela forma me fazia sentir pior.

— Sinto muito... Você é... Kim Taehyung. Só... Kim Taehyung.

Ele sorriu com os olhos dessa vez.

— Volte a dormir.

— Me desculpe...

— Não tenho o que desculpar. Só durma, garoto.

Fiz exatamente isso, fechei os olhos, e não houve qualquer som na escuridão. Nenhum comentário, nenhuma voz conhecida ou não. Nem a voz de Taehyung retornou no vazio, me pedindo pra acordar. Não houve nada, por muito tempo, até eu não lembrar quando estava acordado ou preso no escuro da minha mente, que era cheia de camadas, como um bolo de muitos recheios.

(...)

Eu ouvi a voz deles de novo. Eram somente Taehyung e Hoseok dessa vez, o último tinha dito algo sobre sono induzido por Morpheus e que eu deveria ficar completamente inconsciente até o efeito passar. Pela sua lógica eu não devia estar acordado ouvindo-o explicar isso.

— Ainda não achou nada? — Taehyung perguntou.

— Não... é como se o Universo liberasse energia quando tento descobrir algo, como se me desse choques de alerta quando chego perto demais. Ele não quer que a gente saiba sobre isso...

— Que maravilha — senti dedos tocando os meus, a sensação me provocou um arrepio — Os amigos dele estão aí fora? — Hoseok provavelmente assentiu ou negou com a cabeça.

— Você tá bem? Depois de-

— Nunca estive melhor. Mas fale com Min Yoongi, precisamos fazer buscas lá embaixo. Uma coisa é espíritos escaparem, outra é usarem veneno. Isso não pode ser ignorado.

Parte de mim queria acreditar que Taehyung insistia em ter essas conversas no meu quarto pra que estivesse ciente também. Ou talvez não e era só o lugar mais quieto que tinham na provável confusão que estava lá fora. Senti a ponta de seus dedos subirem pelo meu pulso e temi que notasse meus batimentos agitados demais.

— Você gosta do garoto? — Hoseok perguntou, Taehyung tirou a mão.

— Ele é só um humano.

— Não foi o que perguntei. E ele não é só um humano, na verdade, ele pode s-

— Ele não é — Taehyung cortou a tentativa de argumento — Muito jovem, temperamental como uma criança... E apesar de não parecer fisicamente, é um garoto frágil.

Frágil?

"Ele me chamou de jovem, temperamental e frágil? Baiacu desgraçado! Eu tinha pedido desculpas a ele, estava pronto pra recomeçar nossa parceria! Quem aquela sardinha velha do Olimpo pensava que era pra falar como se eu fosse..."

Então eu percebi que ele só falou isso por não ter interesse romântico por mim e apesar de ser rude, fazia um pouco de sentido. Mas ele não deixava de ser um grande idiota mesmo assim! Ok, que eu tinha ofendido ele também... Mas eu pedi desculpas!

Frágil... ele ia ver quem era frágil.

— Deixe-os entrar — ouvi passos e senti a presença se distanciar. A porta se fechou e abriu novamente, com o som de vários passos de uma vez. Arrisquei abrir os olhos um pouquinho vendo Woojin-hyung, seguido pela noona e os Young. O hyung estava de serviço, vestia um jaleco por cima da camisa e ele puxou a máscara só pra que pudesse vê-lo sorrindo. A noona começou a balançar as mãos e tentar cobrir o rosto quando começou a chorar. Os Young pegaram em minha mão juntos e senti como se tivesse voltado dos mortos.

— Eu tô bem... — minha voz saiu rouca e esganiçada.

"Não force sua voz, Jeongguk. Passou um mês sem falar"

— Um mês? — se tivesse voz pra gritar, eu gritaria. Eu nem precisei repetir em KSL pra ele, meu susto ficou óbvio o bastante.

"Como assim um mês?" perguntei em sinais dessa vez. KSL era matéria obrigatória na escola desde o ensino infantil, mas eu só aprendi de verdade graças a noona e o hyung, ainda demorava nos gestos, mesmo harabeoji conseguia ser mais ágil que eu, mas era bom o suficiente.

"Sono mágico. Induzido por Morpheus"

— Eles disseram que tinha veneno no seu sangue, Ggukie-Ah — a noona enxugava os olhos, mas ainda parecia com cara de choro — Você quase morreu, tem uns dias desde que Jung Hoseok-shi disse que você iria acordar em breve. Seus pais voltaram pra Busan pelo festival, não podiam deixar a loja fechada mais tempo.

— Eles... viram você? — ela somente assentiu. Claro que meus pais, especialmente o papai, tinha sido rude com ela. Nem precisava verbalizar pra saber — Desculpe...

— Tudo bem. Não force a voz — assenti.

— Acho que você vai ser liberado da investigação, pequeno Jeon — halmoni afagou meus cabelos, seus olhos pequenos sumindo em meio as rugas quando sorriu — Poseidon vai falar com as pessoas. Chamou os jornais. Estão todos ainda com raiva... do pequeno deus.

Pequeno deus na linguagem dela era Min Yoongi. Ou Park Jimin. Mas levando em conta o que houve antes do meu coma de um mês, era óbvio que se tratava de Hades. Um mês... O quanto eu tinha perdido nesse tempo todo? Se ainda estavam com raiva, provavelmente a explicação sobre a duplicata não saiu como esperado.

"Jung Hoseok-nim falou sobre você e a espada pra nós" gelei antes do hyung sequer terminar o último gesto "Você estava morrendo. Eles não quiseram esconder"

"Meus pais sabem também?" questionei de volta.

"Eles não quiseram vê-lo. Não me deixaram explicar também. Seu pai estava com raiva. Viu Poseidon em seu quarto"

Ninguém precisou complementar porque todos sabiam sobre a péssima relação que minha família tinha com deuses. A raiva de perder mais um filho quando nem deuses conseguiam me ajudar num primeiro momento - um mês era muita coisa - provavelmente os fez reagir mal. Porém parte de mim estava grato por eles não saberem sobre God Killer. O quanto eu pudesse poupá-los do assunto, eu o faria.

— Podemos ajudar, Ggukie-ah — a noona disse — Seokjin deve te procurar logo, podemos viajar todos juntos! Pra Daegu!

— Daegu? — minha voz soou mais firme dessa vez.

— Os palácios de treinamento então fechados. Você pede a Kim Taehyung-shi e você vai ter um lugar pra treinar.

Woojin-hyung olhou pra ela como se quisesse rir. Harabeoji e halmoni riram mesmo, enquanto eu não sabia bem como reagir, mas deu pra sorrir da expressão emburrada no rosto dela.

— Noona... eu sei que adora filmes de heróis, mas nem todo treinamento do mundo vai me transformar num guerreiro de verdade.

"Se a espada é sua, devia ao menos aprender a usá-la" o hyung argumentou.

"Exatamente" a noona respondeu, dando vários tapinhas no ombro dele pelo apoio — Viu, Woojinie concorda. Você deve treinar como os...

— Espartanos? — halmoni arriscou.

— Isso! Pronto para a guerra. Ou talvez algo mais calmo e preciso, como os guerreiros de Joseon-

— Eu acho que precisa de muitos anos pra esse tipo de habilidade, SiYeon-ah — harabeoji concluiu, mas ela não parecia inclinada a desistir de seu plano de me tornar um lutador lendário. Ela só não iria discutir naquele momento porque eu tinha acabado de acordar de um coma mágico. E se os sonos de Morpheus tinham vantagens, com certeza a maior era não me sentir totalmente travado depois de tanto tempo sem me mexer. Apoiei as mãos no colchão da maca tentando erguer meu corpo um pouquinho, não deu muito certo, tinha várias mãos me aparando logo em seguida.

— Tudo bem, tudo bem, eu só- — olhei na direção da pequena mesa ao lado do leito. Tinha uma rosa amarela ali, o tom vibrante um pouco mais forte do que as que minha mãe escolheu no mercado. Desviei o olhar rapidamente — É... que dia é hoje?

— 14 de junho — halmoni afastou as mechas de cabelo que caiam em meus olhos — Muito comprido, precisa cortar.

"Guerreiros tinham cabelos compridos, halmoni" Woojin-hyung concluiu com um sorriso largo.

"Verdade! Por isso vamos nos casar, querido. Pensamos igual" ri um pouco, mas estava feliz de vê-los ali. Queria que o padre Elijah tivesse vindo também. Talvez até Saul. A depender do caso, animais eram permitidos em hospitais, mas era melhor que ele sequer tivesse sabido o que houve, apesar de que era meio improvável isso não ter passado nos jornais. Padre Elijah já estava velho demais pra se preocupar comigo.

A porta do quarto se abriu de novo e com os quatro à minha volta demorei a enxergar a pequena nuvem de cabelos cacheados passando pra dentro. Jung Sun parecia mesmo uma fada. Ou uma ninfa. Tinha flores amarelas em seus cabelos e ela usava um vestido igualmente amarelo, que parecia uma peça europeia do século passado, por baixo do jaleco. Era tão exagerado quanto Hoseok. Ou era estilo, eu ainda não tinha certeza.

— Pessoal, vocês vão ter de sair. Mas Jeongguk-shi vai ter alta ainda hoje, vocês podem esperar ou voltar em três horas — os três se entreolharam, porque Woojin-hyung provavelmente não podia sair.

— Nós voltamos mais tarde — a noona respondeu — Vou pedir pra avisarem aos seus pais — falou um pouco mais baixo, somente pra mim, assim que os Young saíram e depois seguiu pra fora também.

"Então, você viu a ficha dele, doutor Hae?" Sun perguntou a Woojin-hyung.

"Sim. Fisicamente ele está muito bem. Melhor do que normalmente seria para alguém que ficou em coma por um mês. Jeongguk-shi é especial" ele sorriu pra mim quando terminou o último gesto, o tipo de sorriso encorajador, como se ser o que sou fosse algo maravilhoso.

"Obrigada pelo bom trabalho. Pode tirar o resto do dia de folga, assim podem ir todos juntos. Pode ir agora"

"Obrigado, senhora" ele acenou uma reverência a ela e um aceno pra mim, antes de deixar o quarto também.

— Certo... Você está bem como humano. Mas e aí dentro? — ela tirou uma lanterninha do bolso e nem tive tempo de piscar antes que aproximasse aquilo do meu olho — Alguma sensação estranha? Tontura? Náusea? Impulsos homicidas?

— Nada por enquanto.

— Isso é bom... — ela virou meu rosto, pro lado direito, onde estava a cicatriz — Está maior.

— O que? — toquei meu próprio rosto sentindo com os dedos a linha da cicatriz. Ia do canto da boca até um pouco mais perto do olho — Mas...

— Você fez uma promessa e não progrediu por um mês... Deve ser um tipo de punição.

— Eu estava em coma!

— Ninguém disse que seria justo — ela cruzou os braços — Sabes qué pasó con la investigacion desde que te trajeron aquí?

— Não... Não sei.

— Você entendeu.

Sim, eu tinha entendido perfeitamente o que ela tinha dito mesmo sem qualquer noção de espanhol. Eu simplesmente sabia que era espanhol. E sabia o que significava cada palavra.

— Você não é mesmo filho de um deus? Eu sempre quis conhecer semideuses, sério! E não tem problema se você for filho do Hobi... podemos te adotar! — ela falava como se eu fosse um cãozinho abandonado que levaria pra casa depois de sonhar com isso a vida toda.

— Você não é muito nova pra ser médica?

— Tá desviando do assunto...

— Eu não sou um semideus. Com certeza, não — ela pareceu muito decepcionada.

— Enfim... Sobre o que você disse, eu era médica na minha outra vida. Lembro de tudo. Trabalhei por mais de 20 anos.

— E na vida atual?

— Primeiro semestre... Mas meu diploma antigo ainda é válido pelo conselho de medicina — acenou uma porção de vezes como se a quantidade de acenos tornasse o argumento mais válido e algumas pétalas das rosas em seus cabelos se soltaram.

— O conselho de medicina do país validou sua experiência de outra vida?

—... É?!

Eu não estava muito confiante dessa validação.

— Tudo bem. Em três horas alguém vem te ajudar a se trocar e você pode ir pra casa. Quer que eu chame Taehyung de volta?

— Por que ele especificamente? — não sabia dizer porque eu ri, mas acabei fazendo mesmo assim. Ela pareceu confusa antes de apontar para a rosa no móvel ao lado da cama — O que tem?

— Ele trouxe pra você. Hoje é dia 14 de junho...

Rosa amarela. 14 de junho... Não! Com certeza, definitivamente, não!

— Isso... não é pra mim.

A garota não disse nada por um minuto bem longo.

— Certo... até daqui — olhou o próprio pulso sem relógio — 2 horas e meia, eu acho. Não saia daí!

Esperei que Sun deixasse o quarto pra olhar a rosa de novo. Ainda não tinha se aberto totalmente, as pétalas estavam parcialmente fechadas e pelo que lembrava do trabalho dos meus pais, raramente se vendia rosas assim, porque rosas ainda fechadas significam amores que não podiam florescer, o sentimento devia ficar "fechado como a rosa". Ninguém dava flores assim, elas eram entregues no templo como um tributo, pra que Eros ajudasse o coração a se curar.

Ainda assim era uma rosa tão bonita, que parecia errado tocá-la.

Aquilo não significa nada especial, provavelmente ele só queria ser gentil e só tinha rosas amarelas disponíveis já que tinha o festival e as pessoas em Seul comemoravam tanto quanto em Busan, não com a mesma empolgação, mas ainda era um evento levado a sério. E ele não me daria uma rosa aberta de qualquer forma. Era apenas isso. Não significava nada.

+++

— Ei! Jeongguk-shi!

A noona parou de empurrar a cadeira de rodas, que eu realmente não precisava, mas ela insistiu que sim, e virou na direção da voz. Min Jongin estava vindo até nós pelo corredor que levava a garagem, junto com Jung Hoseok, Park Jimin e bem ao fundo, Min Yoongi, que parecia muito irritado. Não era apenas a atitude, o rosto dele estava até um bocadinho vermelho.

Os Young olhavam o grupo numa reação de choque até um pouco engraçada, pareciam discutir entre eles se chegavam mais perto ou não. SiYeon-noona se encolheu para o lado de Woojin-hyung e ela nem era do tipo de se intimidar. Já o hyung provavelmente estava acostumado. E lá estava eu, rodeado por humanos e deuses, no corredor de um hospital.

— Yoongi-hyung tem algo pra te dizer antes que você vá — Jongin disse, Hoseok e Jimin-shi empurraram Yoongi mais pra frente.

— Precisa mesmo ser na frente de todo mundo? — ele resmungou entredentes — Eu sou Hades, eu não peço desculpas.

— Que pena, Hades-que-não-pede-desculpas — Jimin-shi disse, entregando um bloquinho com vários cartões cor de rosa para ele — Você consegue. Fighting! — Jongin e Hoseok estavam rindo baixinho, mas não discretamente.

— Odeio vocês... Tudo bem — deu um sorriso forçado, olhando para o primeiro cartão — Jeon Jeongguk — próximo cartão, ele precisou mesmo de um cartão pra falar meu nome? — Eu lamento por ter gritado com você quando você estava quase morrendo — próximo cartão, ele falava tão monotonamente que tornava engraçado de ver, era como escutar um robozinho — Nada que eu disse deve ser levado à sério, eu estava irritado depois do que houve, Jimin-shi é o homem mais bonit- Que merda é essa, Jimin?

Dessa vez Hoseok e Jongin riram bem alto. Assim como todo mundo, menos Yoongi, que passou o próximo cartão.

— Busan é muito superior à Daegu — leu, olhando pra ele como se isso fosse uma ofensa terrível — Primeiro de tudo: vai se foder! E segundo, você não disse que ia me ajudar?

— A se desculpar sinceramente — Jimin rebateu — Não pra ler no automático, seja honesto com seus sentimentos!

— Merda de sentimentos... Escuta moleque — se virou pra mim de novo, fazendo uma pausa gigante antes de finalmente dizer — Eu não queria ter surtado e dito que sua vida era uma merda, apesar de que, né?! Dava p-

— Hyung! — Jongin o repreendeu.

— Ok! Eu falei várias coisas na raiva... mas é só isso. Eu não odiava meu irmão e não odeio você também. Não é porque eu sou Hades que eu odeio todo mundo. Só algumas pessoas... Agora até logo!

Em seguida deu as costas e saiu pisando firme, Hoseok e Jongin ainda riam alto enquanto Jimin seguiu atrás dele. Reparei que mesmo de costas, Yoongi reduziu o ritmo até que Park tivesse chegado perto o bastante, assim poderiam andar lado a lado.

— Agora, Jeon... — Hoseok se abaixou ao meu lado como se falasse com uma criança — O que aconteceu com você foi muito grave. Eu ainda não sei o que isso significa, mas depois dos jogos, nós precisamos voltar a esse assunto.

— Jogos? — questionei.

— As competições nórdicas, Ggukie-ah — halmoni lembrou. Era verdade. As Olimpíadas eram em junho. E já era junho.

— Acho que talvez eu consiga te ajudar. Mas por enquanto, só se cuide. E não fique sozinho. — essa última parte ele disse olhando pra noona e o hyung.

— Vamos ficar com ele todo o tempo possível — SiYeon-noona falou, ele assentiu, mas tinha a expressão duramente séria. Nem quando tudo aquilo sobre a espada aconteceu, agora já há um bom tempo atrás, ele pareceu tão angustiado.

— Até logo, Jeongguk-shi — Jongin disse, dando um sorriso pequeno e fazendo reverências a cada um de nós. Ele tocou o ombro de Hoseok, que pareceu despertar de um devaneio — Fiquem bem.

— Vamos ficar — falei, tentando realmente acreditar nisso.

(...)

Woojin-hyung insistiu que ficássemos todos juntos até eu estar totalmente recuperado, então fomos pra casa dele, que tinha mais quartos disponíveis. Ele tinha uma irmã, que cedeu o quarto pra mim, iria passar - os poucos dias que eu esperava ficar lá -, com o pai deles. A mãe do hyung era chefe de uma campanha da Força de Paz, então nem estava em casa quando chegamos, deixando seu quarto vago pros Young. Mesmo sendo um arranjo meio ruim, era bom ter gente em volta. Eu geralmente passava a maior parte dos meus dias sozinho.

Eu não trouxe muita coisa. Algumas peças de roupa. As fotos e a única carta de Poseidon que minha mãe achou e que ainda não tinha aberto. A concha do perdão. A rosa, que continuava perfeita, e tinha começado a se abrir. Não tive coragem de jogar fora. Naquela manhã, estava sentado no chão da sala, esperando a coletiva de imprensa que Taehyung faria começar, enquanto harabeoji fazer um trançado em volta da concha do perdão com uma tira fina de couro e Woojin-hyung tentava um tipo de remédio criado por Hoseok para curar cicatrizes.

"Não tá tão ruim" me entregou um espelho pequeno pra ver "Acho que não vai aumentar mais do que isso também"

"Obrigado, hyung" a cicatriz ao menos não estava mais vermelha como tinha ficado desde que voltei do hospital. Não parecia tão grande também agora que podia reparar, mas ainda era uma droga eu ser punido por não ter investigado quando fiquei em coma.

— Pra que essa concha serve? — a noona perguntou, desviando os olhos das provas que estava corrigindo para harabeoji que estava terminando com o pingente.

— Eu não sei, Taehyung-shi disse que era algo que servia para ajuda no mar. Eu acho... Não lembro bem.

"Você sabe, Woojin-ah?" SiYeon perguntou.

"É uma concha mágica das sereias. Tytia" o hyung começou a explicar "Chamado de guerra. Ela acorda monstros marinhos"

— Monstros marinhos? — a noona exclamou.

Harabeoji travou no susto.

"Como sabe disso, hyung?" perguntei.

"Minha mãe me contou uma história sobre. Durante a Guerra pelo Pacífico, houve um tsunami. Afetou o plano espiritual, sereias ficaram em perigo. Então elas usaram pra acordar um monstro"

"Que monstro?" SiYeon noona perguntou, parecendo empolgada com a história.

"Ela nunca soube. Mas na Força de Paz dizem que o monstro vive no nosso plano agora. No fundo do Pacífico."

Harabeoji me entregou o pingente que fez com a concha. Coloquei-a em volta do pescoço, os três olhando pra concha que era pequena demais para o tamanho de caos que podia causar. Parecia que carregava uma arma junto do peito e esperava nunca ter de usá-la. Olhei para a peça, observando o brilho azul perolado e lembrei da carta. Com todos ali, eu me sentia seguro o bastante. Então fui até o quarto buscá-la, trazendo às fotografias também, sentando no chão novamente.

— Ah, você também tinha uma dessas! — noona exclamou quando viu a minha foto com a espada de brinquedo — A minha era a "Provedora da Justiça".

"A minha era a "Contenção de Danos" Woojin-hyung disse e harabeoji riu alto.

"Não tinha nada mais heroico, Woojin-ah?"

"A da Chaeyoung era a "Causadora do Caos", eu queria ser o oposto. Tem alguma foto por aqui" ele levantou pra procurar a fotografia entre as espalhadas pelo cômodo enquanto eu finalmente abria a carta. O papel estava um pouco gasto, mas não muito, era um material bom e provavelmente caro. Pelas marcas, foi escrito com tinta e pincel, não a caneta. A primeira coisa que reparei foi a data: 05 de setembro de 2003. Poucos dias depois do meu aniversário.

"Adiei essa carta o quanto pude, mas julguei que não mandá-la seria um erro. Provavelmente você não quer minhas condolências, mas eu lamento pela morte do seu filho ainda assim. Nenhuma morte no mar me alegra, e acredite quando digo, eu tentei evitá-la.

Infelizmente, mesmo deuses são limitados, às vezes. Existe um, acima de nós, o chamamos de Moros, vocês o chamam de Destino. Humanos são as únicas criaturas capazes de mudar os traçados dele, a grande história que o Universo quer contar. Talvez uma decisão diferente, um outro dia, outra hora, ele estaria vivo e bem. Mas o Universo seguiu seu caminho, JungHyun o seguiu junto, e lamento de todo coração, que vocês o tenham perdido.

Ao irmão dele, Jeongguk, eu enviei uma benção... "

Parei um momento de ler quando meu nome apareceu. Ele sabia? Que eu era o garoto do acidente no mar? Apesar de que deuses não tinham uma boa memória e fazia sentido ele não se lembrar da aparência dos meus pais se só os viu uma única vez, 18 anos atrás. Mas uma benção... Ele podia mesmo não saber?

"Ao irmão dele, Jeongguk, eu enviei uma benção. Se me derem a chance, ele pode crescer junto com meus favoritos, ter uma vida boa, seguir o caminho que desejar. Espero que considerem a proposta, mas se não acontecer, tudo que posso fazer é respeitar a decisão de vocês. Espero que no futuro, estejam bem, e juntos. Chorem o quanto puderem e precisarem, lembrem de não se sentirem culpados pelo que aconteceu, e lembrem isso a seu filho também. Jeongguk não teve culpa. Ninguém teve.

JungHyun era um bom rapaz, está num bom lugar, disso podem ter certeza. Nenhuma dor deve durar pela eternidade, e espero que em algum momento, quando seus corações estiverem prontos, deixem-na ir.

Fiquem bem. Fiquem unidos. Fiquem a salvo.

Sinceramente,

Kim Taehyung"

— Ggukie-ah! Ggukie-ah, tá perdendo a transmissão! — senti um tapa no ombro que me jogou pra frente, a noona deu um sorriso amarelo — Desculpa... A coletiva — apontou pra TV.

— Marin-ah! Já começou! — harabeoji chamou pela halmoni que estava deitada no quarto, ela resmungou um "Estou indo". A campainha da casa tocou.

"Eu vou lá" Woojin-hyung sinalizou antes de levantar e sumir no corredor pra entrada da casa. A câmera focava diretamente em Taehyung, e ele era tão malditamente bonito que nem um zoom daqueles estragava seu rosto perfeito.

— Eu só não estou lá porque fui envenenado... Ao menos não tenho que dizer pessoalmente ao mundo inteiro que sou um fracassado.

— Você não é um fracassado, Jeongguk-ah — SiYeon começou a me repreender — Você só não é- Kim Seokjin? — ri alto ainda olhando pra TV.

— Claro que eu não sou- — então virei na sua direção e Kim Seokjin estava parado na entrada da sala. O hyung também voltou, parecendo tão confuso quanto nós, mas tinha deixado o deus entrar mesmo assim.

— Desculpem por aparecer sem avisar — halmoni passou a mão pelos cabelos, harabeoji sentou-se melhor no sofá, a noona consertou a postura, Woojin-hyung empurrou um cheetos no chão pra longe com o pé. Seokjin obviamente reparou em tudo isso, dando um sorrisinho de lado — Eu trouxe isso pra vocês. — caminhou até halmoni, tirando um envelope do bolso — Estão no meu programa de assistência agora. Sua medicação pra diabetes começa a ser coberta no mês que vem. Em agosto tem uma consulta com Jung Hoseok-shi. Se o Universo permitir, pode sair curada no mesmo dia.

— Om- O... Obrigada. Obrigada, senhor Kim. Muito obrigada — os dois prestaram uma porção de reverências profundas, enquanto eu, SiYeon e Woojin assistíamos a felicidade deles ainda em choque. Eles estavam esperando há dois anos, SiYeon e Woojin ajudava com a medicação, que era muito cara e eu fazia o que podia. Mas aquilo... Ia mudar a vida deles. Halmoni começou a chorar.

— Halmoni, não... não chora — SiYeon levantou de um pulo pra abraçá-la junto com harabeoji. Seokjin deu um sorriso pequeno antes de se voltar pra Woojin hyung.

"E sua surdez?" perguntou.

"De nascença. O Universo não permitiu mudança, mas estou muito bem. Obrigado por se importar, senhor" Seokjin assentiu quando o hyung terminou de explicar, e foi quando percebi que ele estava com olheiras. As marcas eram quase imperceptíveis, mas um olhar atento era o bastante para notá-las. E provavelmente era necessário muitas noites de sono perdidas para deixar olheiras em um deus.

— Podemos conversar? — pediu, apoiei as mãos no chão, tropeçando pra levantar, a coletiva ainda passava na TV e eu ouvia a voz de Taehyung, mas não realmente escutava o que estava dizendo. Mas o tom parecia com raiva.

— Você foi legal por... ajudá-los. São boas pessoas — lhe fiz uma reverência profunda — Obrigado.

Seokjin esticou os dedos até meu novo pingente de concha.

— De todas as pessoas, por que você? — olhei confuso em sua direção — Sabe o que isso é?

— Uma Tytia. Ela convoca monstros do mar — falei como se soubesse disso a vida toda, Seokjin riu baixo.

— É... isso também. — respirou fundo — Eu quero que faça algo por mim. E por Taehyung também, quero q-

Ele parou no meio da frase, olhando pra TV. Estavam todos olhando, a imposição divina na voz dele vindo da TV de repente soou hipnotizadora e finalmente comecei a escutar o que Taehyung dizia aos repórteres.

"...Nada disso faz sentido! Há imagens, há testemunhas, existe algo maligno solto, que assumiu a forma do meu irmão e matou essas pessoas e por Gaia, eu juro que irei destruir aquela coisa, e trazer justiça as pessoas mortas e feridas. Mas vocês continuam a acusar Min Yoongi, quando ele não fez nada de errado!"

Fui caminhando pra mais perto, vendo a raiva em seus olhos, se prestasse atenção o bastante podia ver o mar revolto dentro deles.

"O querem preso? Ótimo! Ele ficará preso, então. Ficará lá até todos os prisioneiros morrerem, até as paredes ruírem. Até o sol queimar esse planeta porque nem o amor do Universo pela Terra, vai durar pela eternidade... Mas eu juro que mesmo depois do fim, ele continuará lá. Existindo, eternamente. E vocês continuaram sem um culpado."

Jimin estava ao lado dele, as roupas e o cabelo preto lhe caiam bem, quase como se tentasse emular a aparência de Min Yoongi, talvez como uma maneira de representá-lo já que o deus não estava lá.

"Todos vocês continuarão sem ter conseguido justiça. E com as almas condenadas, por julgar alguém por um crime que não cometeu, devo ressaltar. Então do que o ódio de vocês por nós adiantará, no fim? Vocês querem um monstro pra julgar, eu lhes darei um. Mas não é o meu irmão. E querem saber?! Chega dessa merda"

Taehyung se levantou, tirando o microfone preso na blusa, jogando na mesa, o chiado da estática soou alto nos alto-falantes, ele só não irrompeu porta afora porque Jimin o segurou lá. Houve um momento de silêncio em que eles discutiam entre si, claramente Eros tentando mantê-lo calmo. Precisou de mais alguns minutos até Taehyung voltar a falar.

"Pras famílias, eu só peço paciência. Eu vou pegar aquela coisa e trancafiá-lo de volta no fundo do Tártaro" o tom dele abrandou ao falar com aquelas pessoas, mas a câmera ainda estava no rosto dele "Mas eu preciso que confiem em nós. Em mim, ao menos. A cidade está segura, e em poucos dias receberá para o feriado dezenas de deuses, de todo o mundo, disposto a ajudar no que for preciso. Até lá, eu não tenho mais nada a dizer, tenham um ótimo dia"

— Jeongguk-ah vai beijar a TV?

Quando a noona disse foi que percebi que tinha parado diante da televisão de joelhos, como se fosse abraçá-lo. Eu nem notei como fui parar ali, me levantando com um sorriso constrangido.

— F-Foi rápido... a coletiva — comentei.

— Ele ainda aguentou mais do que esperava — Seokjin deu um sorriso estranho, seu olhar estava vago, perdido. Deuses podiam ficar deprimidos? Porque ele parecia estar — Em poucos dias acontece a principal competição dos jogos nórdicos. Jeongyeon irá no lugar de Taehyung na nossa comitiva. Já ele... irá pra Jeju.

— E... — perguntei, harabeoji atrás de Seokjin fez uma careta pra mim por falar tão informalmente.

— Quero que vá pra Jeju. É um dia difícil pra Taehyung, seria bom que não estivesse sozinho. E você deve isso a ele.

— Eu devo?

— Sim. Você deve — o tom que ele falou me faria realmente assumir dívidas que nem eram minhas só pra não desmenti-lo. E precisava deixá-lo feliz pra que me livrasse da promessa.

— Eu... com certeza irei.

— Obrigado, Jeon. E cuidado no caminho... — ele deu uma olhada em volta, dando um sorriso pra cada um de nós — Preciso ir — ele tirou mais uma coisa do bolso do casaco, um cartão com um endereço — Caso se perca — olhei para o pequeno cartão, não havia nada além de um "Sempre ao sul". Que tipo de orientação era aquela? Mesmo assim não contestei, ele não parecia com humor pra ouvir reclamações. Eu podia dar um jeito — Não o deixe sozinho.

Assenti.

— Eu não vou deixar. 

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