Amor Maluco

By alicejfsilva

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Apesar de crescer com a fama, Malu sempre procurou levar uma vida tranquila, morando em Hills City, uma peque... More

Aviso
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Parte 2 - Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Bônus Mike
Capítulo 91
Capítulo 92
Capitulo 93
Capítulo 94
Parte 3 - Capítulo 95
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99
Capítulo 100
Capítulo 101
Capítulo 102
Capítulo 103
Capítulo 104
Capítulo 105
Capítulo 106
Capítulo 107
Capítulo 108
Capítulo 109
Capítulo 110
Capítulo 111
Capítulo 112
Capítulo 113
Capítulo 114
Capítulo 115
Capítulo 116
Capítulo 117
Capítulo 118
Capítulo 119
Capítulo 120
Capítulo 121
Capítulo 122
Capítulo 123
Capítulo 124
Capítulo 125
Capítulo 126
Capítulo 127
Capítulo 128
Capítulo 129
Capítulo 130
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 96

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By alicejfsilva




(Nossa Maluzinha está com essa aparência atualmente)

Um arrepio percorre todo o meu corpo, me fazendo jogar a cabeça para trás. Meu coração está fora do ritmo, me fazendo perder os sentidos.

A batida da música ecoa na minha cabeça, enquanto tento focar na língua que está em minha boca. Seguro os fios do cabelo dele com firmeza, mordendo seu lábio. Me fazendo esquecer completamente da dor incômoda em meu joelho.

- Você quer ir para um lugar mais tranquilo? - O cara desconhecido separa nossas bocas, ele está manchado de batom vermelho em alguns pontos.

- Na verdade - dou risada de alguma coisa, tento tirar o batom de seu rosto com o polegar. - Eu preciso...

Sinto meu celular vibrar dentro do meu sutiã, indicando uma chamada. O nome de Alexsandra pisca no visor, exibindo sua foto de perfil com o Carlos.

- Preciso atender - aponto para o meu celular, já pegando distância.

Atendo a ligação antes que vá para a caixa postal, entro em um corredor da boate luxuosa que diminua o som da música alta.

- Malu? Tá me ouvindo?

- Ooi, tô sim - dou risada. - Melanie também, oi!

- Cacete, Malu - Alex parece irritada. - Você tá bêbada?

- Claro que não!

- Aonde você tá?!

- Em uma boatezinha.

- Que droga, Ma. Você tá sozinha?

- Eu vim com algumas garotas do time, mas nos separamos.

Me encosto na parede, sentindo uma súbita vontade de vomitar.

- Você viaja em algumas horas e tá enchendo a cara?

- Relaxa, ok? Eu não bebi muito - enfatizo, o que não é mentira. - Precisava de um pouco de distração antes de voltar.

- Estamos preocupadas. Você sabe o significado da palavra repouso? Você tá lesionada, Malu! Não faz duas semanas que isso aconteceu e já tá abusando desse jeito?

- Eu tô bem, sério.

Eu não tô com a menor vontade de ir embora, não paguei milhares de libras para entrar nesse lugar e ficar tão pouco tempo. Bebi o suficiente para anestesiar a dor maçante na minha costela e joelho.

- Estava com alguém? - Melanie estica o pescoço na frente da câmera. - Sua safada!

- Vocês são duas idiotas. - Contorno meus lábios com polegar, me certificando de limpar o batom. - Não falem para Johnny sobre isso.

Meu irmão está pegando bastante no meu pé, com medo de que eu faça alguma merda. Parece que todos estão esperando que eu cometa algum erro.

- Eu vou ficar bem. Esqueceram que eu tenho o Bruce comigo sempre?

- Ele ao menos está ai agora?

- Claro.

Busco o cara de quase dois metros pelos arredores, não demoro muito para encontrar a montanha de músculos de terno preto feito uma estátua observando a movimentação.

- Ali - viro a câmera em sua direção. - Fiquem tranquilas.

- Seu voo é daqui três horas, Malu.

Às horas aqui parecem passar três vezes mais rápido. Perco a noção do tempo com bastante frequência, o que me rende alguns atrasos. Não percebi que estou aqui nessa boate à horas, acho que nem vou ter tempo de dormir. Não queria essa viagem, não preparei nada ainda e ela acontece em algumas horas.

- Caramba, já?! Preciso ir - me desencosto da parede, sentindo um pico de adrenalina. - Depois ligo para vocês.

Desligo antes de receber uma resposta, cansada de tudo. De repente a música me causa dor de cabeça e as luzes doem minha vista.

As garotas do time sumiram do mapa, é sempre assim, cada uma some para dançar, encher a cara ou transar. Sempre viemos juntas, mas sempre vamos embora separadas. Se tornou um costume, mesmo a equipe de Barcelona funcionava da mesma forma.

Aceno para Bruce, meu segurança particular. Ele é um cara calado e extremamente profissional. Não queria contratar um, mas Gabriel Willians, meu pai e também empresário, não me deu muitas opções. Depois do meu sequestro, eles não deixaram de se preocupar desde que vim morar sozinha. Para não matá-los de preocupação, acabei aceitando ter um segurança na minha cola.

Chego a minha cobertura exausta e caindo de sono, mas não posso dormir. Eu nem fiz as malas, não preparei nada direito e se eu dormir agora tenho certeza que irei perder a hora.

Enfim sozinha, largo meus sapatos no chão e me livro do vestido tubinho, deixando ele caído no chão. Desabo sobre o sofá, vestindo apenas roupas íntimas.

Não posso dormir. Forço meu corpo para cima, sentindo meus músculos doloridos protestarem, além da minha costela estar latejando. Não devia ter saído hoje, forcei meu joelho demais, além da minha costela. Inconsequente do caralho. Agora é tarde para lamentar, se eu tiver ferrado alguma coisa não sei como vou aguentar ficar mais tempo parada.

Uma das piores partes de se tornar um atleta são as lesões, ficar afastada é horrível, além da dor constante. Odeio ficar parada, odeio cancelar compromissos e odeio ficar horas em casa. Ficar aqui, sozinha, significa que passarei tempo demais pensando e pensamentos me levam para um certo alguém que eu lutei para superar. Aprendi detestar lembranças, elas nos fazem sentir saudade. E a última coisa que eu quero e preciso, é desse sentimento.

- Ai que merda - mordo meu lábio com força, sentindo o gosto metálico quando tento me levantar firmando minhas pernas no chão, quase acabo gritando de dor. Meu sangue esfriou e não pareço mais estar sob o efeito do álcool.

Estico meu braço para pegar meu celular, são quatro da manhã. Deveria falar com meu fisioterapeuta, mas deve estar dormindo essas horas. Suas recomendações foram bem claras, repouso absoluto e evitar andar. Achei que com duas semanas estaria melhor para poder andar um pouquinho, sem forçar tanto. Ele me deu dois meses, disse que se a situação não melhorasse precisaria demais tempo. Me recuso a passar mais tempo do que o necessário em Hills City.

Não queria e nem planejava voltar para Hills, me acostumei com essa vida de liberdade e solidão, apesar de corrida. Só aceitei o convite de mamãe porque ela parecia extremamente animada com a possibilidade de me ver novamente. Também usaram o argumento de que eu não posso ficar sozinha nesse estado se quiser melhorar. Todos já estavam comemorando antes mesmo de eu aceitar.

Não é como se eles estivessem há quatro anos sem me ver. Faz quatro anos que eu não vou lá, mas vira e mexe minha família aparece aqui de surpresa. Adoro receber suas visitas, me sinto menos sozinha nessa cobertura. Estou a mais de um ano sem vê-los porque fiquei fora do país e voltei recentemente pela recontratação com Manchester. Eles ficaram tão felizes, não fui capaz de recusar no momento e agora me arrependo, mas não vou voltar atrás com a minha palavra.

Meu maior receio em voltar tem nome e sobrenome: Mike Collins. Desde a última vez que o vi após os seis meses com a companhia, esperava que ele tivesse me perdoado e que viria correndo me abraçar, principalmente depois da minha carta. Mas ao invés disso, Mike me deu as costas e sequer falou comigo. Aquilo foi terrível para mim, que estava louca de saudade e só queria beijá-lo e abraçá-lo.

Contei os dias para voltar vê-lo durante aqueles seis meses, esperava no mínimo um cumprimento ou um sorriso. Nada.

Aproveitei muito meu período com as garotas na companhia, tive dias incríveis com elas. Foi surreal a rotina como uma dançarina profissional, as coreografias eram perfeitas e perigosas, um dia a dia extremamente exaustivo e puxado. Nesses meses dançando, eu finalmente entendi minha relação com a dança: amo dançar, me sinto viva no palco, mas meu destino sempre será o futebol. Dançar é mais um hobby que nasceu comigo, que jamais vou ser capaz de deixar de praticar. Melanie e Alexsandra escolheram prosseguir como dançarinas, o que nos proporcionou uma despedida bem triste. Nossa amizade se fortaleceu de uma forma absurda, mas sempre pisei mais atrás. Depois do Mike, tenho problemas com confiança.

Depois do Mike: não me apaixonei, não confiei em ninguém, não me apeguei e nem fiz novas amizades. Rodei pelo mundo inteiro, conheci milhares de pessoas, convivi com muitas delas e tive contato diário, mas nunca sai do raso. Me fechei para qualquer sentimento, construi uma fortaleza ao meu redor. Fria e insensível, é como me defino. Além de ter desenvolvido problemas de raiva, confiança e impaciência. Aquela garota de bem com a vida não existe mais.

Não penso mais nele, mas meu subconsciente sempre dá um jeito de me pregar peças. Tenho sonhos e pesadelos constantes com Mike. Decidi tirá-lo da minha mente desde o dia que deixei HillsCity, acho que tive sucesso após os dois primeiros anos de tentativa. O que me favoreceu foi meu tempo corrido, minha agenda ficava cada dia mais cheia; passava em casa apenas para dormir e olhe lá. Se tornar um fenômeno não é tão legal quanto pensei, sempre tem cobranças constantes em cima de você e se a equipe perder, carrego o peso de ser criticada por todo o país. Então minha cabeça tinha outras preocupações, não sobrando tempo para pensar no passado.

Conheci os mais diversos lugares, as mais diversas pessoas e nada disso foi capaz de me fazer relaxar.

Não consegui mais me mover, deu seis horas e eu ainda estava vegetando no sofá. Bruce deve estar chegando, vou ter que pedir sua ajuda. O problema é que estou de roupas íntimas. Péssima ideia, Malu.

Forço meu corpo com uma perna só, suportando o incômodo da costela. O problema mesmo é a lesão do joelho, aquela cretina me acertou em cheio de propósito. Ainda bem que foi expulsa. Por culpa disso terei que voltar para HillsCity por dois meses, isso se eu não tiver piorado a situação.

Pulando em uma perna só, travo no pé na escada. Ainda bem que eu tenho uma perna forte e com músculos bem trabalhados o suficiente para sustentar o impacto dos meus pulinhos. Se eu já reclamei dos exercícios para musculatura da perna não lembro.

Seguro no corrimão com as duas mãos, pulando para o primeiro degrau. Minha costela protesta a cada impacto brusco, mas não desisto. Demoro quase cinco minutos para chegar ao topo, me sentindo dolorida.

Chego ao meu quarto finalmente, ainda bem que deixei as malas na parte de baixo do closet, ia acabar me ferrando mais ainda se tivesse que pegá-las em uma prateleira alta.

Dobro depressa um bocado de roupas, tanto as mais caras quanto meus confortáveis moletons desleixados. Enfio algumas coisas extras e pessoais em uma mochila separada.

Não tenho muito tempo sobrando, só vou conseguir tomar um banho corrido e vestir as primeiras peças que ver pela frente.

O percurso até o aeroporto foi tranquilo, consegui andar com muletas e a ajuda de Bruce com as malas. Vou lhe dar férias para ele ficar com sua família esses meses que não precisarei dos seus serviços.

Me arrumei sozinha no meu jato particular, não quero chegar feito uma desleixada. Consegui me virar do meu jeito, acho que fiquei bem.

Decidi mudar meu cabelo recentemente, o cortando abaixo dos ombros e colorindo de loiro. Fiquei esses quatro anos na minha cor natural, não me arrependo de ter mudado.

Passamos por uma turbulência no exato momento em que estava pintando meus lábios de vermelho. Se tem uma coisa que nunca vou me acostumar, são esses momentos horríveis no avião. Ainda bem que esse foi um percurso curto. Se é que posso considerar isso bom.

Sorrio ao ver meu carrinho, senti falta dele. Paguei uma transportadora para trazê-lo, não conseguiria ficar meses aqui sem meu automóvel, assim tenho o pretexto de poder sair de casa sem esforço físico.

Realizei meu sonho de comprar uma moto e poder dirigir em alta velocidade. Meu outro objetivo foi essa gracinha aqui, um carro esportivo. BMW i8, tenho todo o cuidado do mundo com ele. Suas portas que abrem para cima facilitaram a minha vida. Eu teria trago a minha moto no lugar do carro, se estivesse em condições de pilotar.

Agradeço ao funcionário que me ajudou com as bagagens, colocando elas no meu porta malas. Ele me pediu uma foto e eu tirei sem hesitar. Dei sorte da notícia não ter vazado, caso contrário aqui estaria uma aglomeração de pessoas.

As familiares ruas de Hills continuam iguais, ainda continua sendo uma cidade pequena e acolhedora. O único problema é que não me sinto confortável. Cresci nesse lugar e sempre gostei daqui, nunca imaginei que as coisas fossem ser diferentes um dia.

Por onde meu carro passa, chama a atenção das pessoas. Ninguém consegue me ver, mas imagino que saibam quem é. Os boatos correm rápido nesse lugar. Lembro que meus pais escolheram morar aqui por causa da fama, aqui não atraiam tantas pessoas, até porque não é uma cidade com alto número de habitantes e todos já conheciam a nossa família e, eventualmente, se acostumaram com ela.

Passo em frente a Hills High School, sendo levada para uma época distante e feliz. Meu time do colegial, meus meninos. Pelo o que vi nas redes, todos estão indo muito bem. Não posso esquecer os bons momentos que tive nesse lugar, não são poucos.

A B.D.A. parece ter mudado um pouco exteriormente, parece maior. Mamãe fez ótimos avanços nesses quatro anos. Sinto falta das aulas aqui. Nunca deixei de dançar, sempre estive praticando sozinha no meu apartamento. Vez ou outra posto vídeos curtos no instagram, parece maluquice para as pessoas uma jogadora de futebol ser bailarina. Eu quebro totalmente aquele estereótipo machista de Maria Macho, adoro contrariar esse tipo de gente.

Cada vez mais perto.

Minhas mãos endurecem no volante quando entro na rua que dá para a casa dos meus pais. Paro o carro no meio do caminho, estou quase hiperventilando. Fecho meus punhos e abro, repetindo o gesto outras vezes. Preciso manter o controle da situação. Encosto minha cabeça no volante, esfregando as mãos em minhas pernas amostra.

Que inferno.

Não é un bicho de sete cabeças. É só minha família, minha antiga vida e ele. Não tenho ideia de como vou reagir, como é se reencontrar com a pessoa que você mais confiou durante toda a sua vida e isso não ter significado nada para ela.

Não importa.

Arrumo a postura e ligo o carro. Eu já passei por coisas muito piores.

Paro no meio-fio, entre a casa dos Willians e dos Collins. Nada parece ter mudado.

Bato a cabeça no encosto de couro, cerrando meus punhos. Uma enxurrada de lembranças está dominando minha mente. Mike e Malu por toda a parte.

Com as mãos trêmulas, digito uma mensagem para meu irmão. Olho uma última vez para as duas casas antes de clicar em enviar. No estado em que estou, seria capaz de desistir e correr de volta para minha casa, bem longe desse lugar.

Fecho meus olhos com força ao ver a porta da casa vizinha ser aberta. Johnny é o primeiro a sair, depois Travis e em seguida Peter, empurrando eles para passar. Ele cresceu tanto, está tão bonito. Lamento ter perdido seu crescimento.

É quando o vejo.

Mike acabou de sair, não tenho uma visão muito privilegiada, mas é o suficiente para me fazer congelar.

Eles não conseguem me ver ainda, somente meu carro.

Eu pedi para eles não contarem para ninguém, que droga.

Respiro fundo, checo minha expressão no retrovisor e dou uma arrumada nos cabelos. Indestrutível, Malu. Só mantenha a calma.

Abro a porta, esperando ela subir por completo antes de sair.

Apoio minha perna boa no chão, saindo do carro usando apenas ela de base.

Coloco minhas mãos no teto da minha BMW, olhando para o meu irmão caçula que vem correndo.

- Malu! - Recebo seu abraço, me apoiando no carro para não cair.

- Ei, como você cresceu - fecho meus olhos, beijando seus cabelos. - Que saudade, baixinho - Peter é o único capaz de me fazer esquecer a postura de durona. Ele sempre foi capaz de atravessar minhas barreiras, meu caçulinha ganhou meu coração desde que abriu os olhos pela primeira vez.

Peter não me solta, apertando minha costela frágil. Queria poder ignorar a dor, assim aproveitaria mais do momento com ele.

- Cuidado, sua mana tá meio zoada - faço uma careta.

- Eu esqueci, desculpa. Machucou?

- Não, relaxa - seguro suas mãos, analisando ele por completo. - Você tá tão grande, caramba. Quando foi que ficou tão bonito e crescido?

- Faz tempo.

- Sabe que pra mim você sempre vai ser meu bebê, né?

- Para com isso - empurra minha mão, me fazendo rir com sua audácia. Ainda não acredito que ele cresceu. Quando sai daqui, Peter nem conseguia falar direito. Era a fofura em pessoa.

- Dá pra parar de babar no Peter e vir abraçar seu irmão mais legal?

Já estou sorrindo antes mesmo de olhar para Johnny, se eu estivesse bem já teria pulado para abraçar os dois de uma vez só. Meus irmãos, como senti falta, nossa. Só percebo isso agora que estou diante deles, já que evitava pensar no passado e recordar lembranças.

- Cala a boca e vem logo me abraçar.

Johnny estica os lábios em um grande sorriso, tomando o cuidado de não me machucar ao me abraçar com carinho.

- Que saudade, mana - murmura contra meus cabelos. - Fico feliz que tenha chegado bem.

Coloco minhas mãos nos ombros dele, analisando cada novo traço que adquiriu. Johnny parece cansado, mas muito feliz. Soube que recentemente assumiu a vice-presidência da empresa do papai, após concluir a faculdade de administração. Ele e Melanie também compraram uma casa e estão morando juntos, por culpa da mãe dela que estava fazendo da vida de Mel um inferno desde que voltou da companhia. Peter é o único filho que restou com meus pais, o que deve ser esquisito para eles. Mas sei que nunca estão sozinhos, até porque amigos é o que não faltam.

- Caramba, quando você ficou tão gata?! - Atrás do Johnny, vejo Travis de braços cruzados.

- E você contínua ridículo, né? - Empurro seu braço, aceitando seu abraço em seguida. - Cadê a Maya?

- Tá em casa, dormindo.

Desde que fui embora, não perdi o contato com meus velhos amigos. Por isso, sei tudo sobre o relacionamento dos dois que deu super certo. Fico contente em ter dado um empurrãozinho para isso acontecer.

- Esse carro é mesmo seu? - olho para Peter no exato momento que ele se estica para tocar a porta.

- É sim, gostou? - Passo a mão em seus cabelos que agora não são cumpridos como antigamente. - Podemos dar uma volta depois, o que acha?

- Perfeito! - seu sorriso ilumina tudo.

- Eu também quero, não é todo dia que vemos um desses - Johnny coloca a cabeça para dentro do meu carro.

- Tem quatro lugares, certinho para nós - indico.

- Posso dirigir? - Travis é mais ousado.

- Ai você tá querendo demais! - Destravo meu porta-malas. - Podem dar uma mão aqui?

Peter pega a mochila e Johnny as duas malas, que parecem leves para ele.

- Toma - jogo as chaves para Travis. - Eu deixo você colocá-lo na garagem.

- Sério?! Caramba, valeu! - Travis some dentro do meu carro, feliz da vida.

Estava tão distraída que não percebi estar olhando na direção da residência Collins. Mike ainda está paralisado na entrada, com os olhos fixos em mim. Ele não mudou muita coisa, só parece ter mudado o corte de cabelo e deixado a barba crescer um pouco, além de parecer mais forte. Inflo minhas narinas com o encontro de nossos olhos, não consigo pensar com clareza. Tantos anos depois. Não posso me permitir abalar, não vou deixar que Mike chegue perto para me quebrar depois. Não vou cometer o mesmo erro. Além de que, se ele não queria falar comigo antes, por que iria querer agora? Ainda continuo sendo uma traíra mentirosa para ele. Nada mudou. A distância não significa mudança.

Desvio os olhos antes que alguma coisa aconteça, não vou deixar que meu coração siga por esse caminho. Nunca mais.

- Pode se apoiar em mim, não tá conseguindo andar? - Johnny chama minha atenção.

- Obrigada - passo meu braço pelos seus ombros. - Eu achei que estava melhor, acabei forçando o joelho ontem e piorou tudo.

- Que droga, Malu.

Apoiada no Johnny, consigo pular os pequenos degraus da varanda, enfim entrando na minha antiga casa. Nada parece ter mudado, ainda posso sentir que moro aqui. Foi aqui que eu cresci.

- Que barulheira é essa, meninos? - sorrio ao escutar a voz severa da minha mãe, ela está descendo as escadas e ainda não me viu.

- É assim que você me recebe, dona Isabella Bullworty? - Mamãe arregala os olhos, colocando as mãos na boca.

Não aguentando mais ficar de pé, me sento no sofá para conseguir abraçar ela sem correr o risco de cair.

- Como você tá linda, filha - seus olhos já estão marejados, me fazendo rir. Ela não mudou nada. - Ainda não acredito que você tá aqui.

- Por sua culpa, aliás - mamãe sobe e desce suas mãos pelas minhas costas.

Ela se afasta para ver cada detalhe meu, sorrindo para os meus cabelos.

- Não chora, mãe - dou risada, secando suas lágrimas. - Eu tô aqui, certo? Por dois longos meses.

- Dois longos meses? - Johnny entra na conversa. - Duvido muito que seja só isso, você forçou suas lesões esses dias e deve ter piorado.

- Como assim?

- É exagero do John - olho feio em sua direção.

Peter senta ao meu lado, passando seu braço pelas minhas costas. Envolvo seus ombros da mesma forma, sorrindo.

- Amanhã um clínico geral vem te analisar. Imagino que vá precisar refazer os exames - Johnny também se senta ao meu lado.

- Não acho que tenha necessidade, mas se você faz tanta questão.

- Sabe que eu só tô preocupado, né? - Meu irmão mais velho segura minha mão.

- Eu entendo, não se preocupe.

Escuto passos na escada, não consigo conter a sensação de entusiasmo.

Papai entra na sala esfregando os olhos, vindo diretamente em minha direção. Seu abraço me aquece, matando minha saudade desse homem que é meu pai.

- Eu sou o pai mais orgulhoso do mundo - murmura. Apoio meu queixo em seu ombro, tentando não esticar muito meu tronco.

- Vocês estão ótimos.

E é verdade, eles não mudaram muita coisa. Acho que mamãe cortou os cabelos um pouco e papai ganhou algumas pequenas rugas no canto dos olhos, eles estão envelhecendo e não me sinto preparada para isso.

- Você que está. Parece que Peter é o nosso único bebê agora, pequena.

- Eu não sou bebê - resmunga, debaixo do meu braço. - Né, Malu?

- Não, não é - e a minha ficha ainda não caiu.

- Nossa família está unida novamente - mamãe funga, tentando secar as próprias lágrimas.

- Para de chorar, mulher. Não gosto de te ver assim - meu pai puxa ela para seus braços, me fazendo sorrir feito boba com a cena.

Talvez isso tenha válido o meu retorno, estar com eles se tornou minha maior felicidade após passar tanto tempo sem ninguém. Passei valorizar minhas companhias antigas quando fui morar em Manchester, passava todo o meu tempo livre sozinha, e como não busquei me aproximar de alguém, acabei ficando bem solitária. No começo foi difícil e deprimente, mas acabei acostumando. E pensar que antigamente eu estava sempre rodeada de pessoas.

- Você deve estar exausta.

- Bastante - considerando que estou há mais de vinte e quatro horas sem dormir.

- Seu quarto continua o mesmo. Troquei a roupa de cama quando você disse que viria, está pronto pra você.

- Obrigada, mãe. Eu realmente preciso dormir.

- Vamos, eu te levo - Johnny se levanta, me pegando no colo. - Aproveita que isso não vai acontecer de novo, você é pesada.

- Você é mau - aceno para meus pais e Peter. - Nos vemos mais tarde.

Minha mente navega para todos os momentos que tive aqui. Sinto saudade daquela época em que parecia não existir problemas, que eu era uma garota feliz.

Johnny me coloca em minha cama, parando na minha frente de braços cruzados.

- Caramba, que nostalgia... - olho para essas paredes que foram meu refúgio por dezessete anos, as coisas estão como deixei.

Tenho até medo do que posso encontrar aqui, lembranças me assustam.

- Você não queria vir - John fala.

- Não.

- Por que?

- Você sabe, não vou falar sobre isso. - Puxo meu edredom. - Não agora que tudo ficou no passado.

- Ficou mesmo?

- Do que você tá falando?

- Vocês precisam conversar.

- Eu já descartei essa hipótese anos atrás. Não há porquê voltar ao passado.

- Você ignorou ele.

Franzo minha testa, ficando subitamente irritada.

- E não foi o que ele fez comigo várias vezes antes? E eu não o ignorei, só não tinha porquê falar algo. Ele e eu não somos amigos, não somos colegas, não somos nada. Apenas completos estranhos.

- Nós já tivemos essa conversa antes.

- Sim, Johnny, e eu não mudei minha opinião. Respeito que ele ainda seja seu melhor amigo, mas deixou de ser o meu faz anos.

- A verdade é que vocês são dois cabeças duras. Há quatro anos atrás eu estava tendo uma conversa parecida com ele, e quatro anos depois estou tendo essa conversa com você. Uma conversa poderia ter mudado tudo.

- E eu tentei! Você sabe disso - aumento meu tom de voz. - Respeito a amizade de vocês, mas não vou permitir que tente mudar o que aconteceu entre mim e ele. Mike e eu não temos mais uma chance. Mike faz parte do meu passado e quero deixá-lo lá. Não vou permitir que ele entre na minha vida mais uma vez e acabe com ela, quando sequer me recuperei pela última vez.

Não consigo falar desse assunto sem ficar estressada, sabia que se voltasse escutaria esse tipo de coisa. É uma merda compartilhar dos mesmos amigos que ele.

- Certo... - meu irmão passa a mão pelos cabelos, se dando por vencido. - Desculpa, não quis forçar - Johnny relaxa os ombros, se sentando em meu lado. Deve ser esquisito estar na posição que ele se encontra, no meio de duas pessoas importantes. - Só é difícil estar entre vocês dois, vejo o quanto estão afetados e me dói ver meus melhores amigos assim por algo que poderia ser resolvido com uma conversa calma.

- Esquece isso. Se eu esqueci, você também consegue - apoio meus cotovelos no colchão, sustentando meu peso com eles. - Vou dormir.

- Precisa de algum remédio para dor?

- Não, está suportável. Só andei um pouco hoje, é provável que já esteja melhor quando eu acordar.

- Tudo bem - Johnny me cobre até o pescoço, parando para beijar minha testa. - Você fez muita falta, mana.

- Você também - murmuro, apertando sua mão antes que ele apague as luzes e saia. - Todos vocês me fizeram falta - digo sozinha, pensando nos momentos solitários que vivi.

Cada canto desse quarto me traz uma lembrança amarga e indesejada, um momento que foi bom algum dia, mas agora apenas me machuca e me tormenta. Essa cama, essas paredes, os móveis e, principalmente, essa sacada. Um pensamento traiçoeiro me lembra que há poucos metros daqui, Mike está em seu quarto digerindo meu retorno. Odeio saber que estamos tão perto, odeio ter medo de enfraquecer. Passei todos esses anos focando em ser indiferente, agir como se não me importasse com relação a tudo. Não vou jogar isso no lixo.

Vou me manter intocável enquanto estiver aqui.

Acordei cerca de uma hora atrás, estou até agora sozinha olhando para as paredes. Não quis chamar ninguém, sei que está de noite pela escuridão no quarto. Meu celular foi mais prático, me mostrando que se passa das sete.

O aparelho vibra na minha mão repetidas vezes, indicando uma nova chamada de vídeo. A foto de Sierra ilumina meu rosto.

- Ei, garota! - aceno para a tela do celular.

- Me diz que você já chegooou?

- O que você acha?

- Sim?! - estica a palavra.

- Sim! Cheguei de manhã, você pode vir me ver quando quiser.

- Mesmo? - seus olhos brilham. - Ainda não consigo acreditar que você está aqui.

- É, nem eu - mostro a língua, fazendo ela rolar os olhos. - Quando você vem?

- Agora está tarde para eu sair, sabe como é perigoso aqui na comunidade.

- Não tenha pressa, pode vir amanhã. Tenho dois meses aqui. - é a minha vez de fazer careta. - Como você tá?

- Cansada, estou fazendo lições desde cedo.

Sierra está com quatorze anos agora, faz três anos que conseguiu uma bolsa na Hills School. Acompanhei e a ajudei por longas chamadas de vídeo sempre que tinha tempo, a garota estudou como ninguém para ser aceita lá e quer manter as melhores notas. Essa menina sonha em ter uma vida melhor, sair da casa de sua mãe e seu padrasto. No que eu puder ajudá-la, não hesitarei em fazer.

- Precisa de ajuda?

- Não, já terminei tudo.

Antes que eu possa responder, escuto alguém gritar por ela. Sierra respira fundo, olhando para o lado.

- Preciso ir.

- Ei, melhora essa cara, amanhã você vai me ver - isso é o suficiente para fazê-la sorrir antes de desligar.

Sierra e eu nunca perdemos o contato desde que fui embora, ela se tornou uma irmã mais nova para mim e sempre tentei ajudá-la em seus piores momentos. Todas as suas novidades eu era sempre a primeira saber. Quando teve sua primeira menstruação, quando teve sua primeira paixão não correspondida, sua primeira cólica, seu primeiro beijo e suas experiências com o futebol. Melanie e Alexsandra se acostumaram com ela, já que nos falávamos constantemente por ligação nos seis meses que moramos juntas por causa da companhia.
Batidas na porta me despertam por completo, não faço nada além de permitir a entrada.

- Nossa que escuridão, alguma vida aqui? - Alexsandra acende às luzes, cubro meus olhos que lacrimejam com a claridade repentina. - Olá, flor do dia!

- Nossa, você precisa levantar - Melanie aparece logo atrás dela.

As duas morenas se tornaram mulheres lindas e bem sucedidas, morro de orgulho dessas duas.

- Se eu conseguisse me mexer sem sentir dor, não tenha dúvidas de que não estaria aqui.

- Alguém trocou as ferraduras - Alex senta no sofá. - Tá doendo muito?

- Parece ter piorado.

- Claro, você teve uma pequena melhora e foi fazer o quê? - Melanie me reprova. - Ir para uma boate, sua maluca.

- Eu achei que não afetaria tanto, até porque tomei cuidado para não forçar nada.

- Você consegue levantar?

- Acho que se eu não apoiar a perna esquerda no chão, não tem problema. A costela só dói quando eu faço algum esforço, sempre fui mais sensível com ela, desde o sequestro.

- Ela sempre te incomodou ao dançar, devia ver isso - Melanie aconselha.

- Meu fisioterapeuta falou que eu forcei muito essa região quando não tinha me recuperado por completo, naquela época. Nunca permiti que a cicatrização acontecesse, não podia parar com a dança e o futebol.

- Então agora é a sua oportunidade de ficar bem quietinha.

- Exatamente - Alexsandra cruza as pernas. - Caso contrário você vai acabar fraturando de vez e vai ferrar com tudo.

E eu concordo com isso, estou disposta a melhorar essa lesão de anos. Antes eu tinha a desculpa que não parava, mas agora é a minha chance.

- E como vão seus garotos? Como é essa vida de morar com o namorado? - Faço um gesto para Mel. Fiquei muito contente quando recebi a notícia de que iriam comprar uma casa, só me resta esperar pelo casamento.

- É maravilhosa, resolvemos as coisas tão facilmente.

- Imagino que sim, são apenas vocês dois e podem fazer o que quiserem - Alex tem um olhar distante. - Eu quero sair da casa dos meus pais em breve.

- Quer morar com o Carlos?

- Ainda não, por enquanto quero morar sozinha. Mas pretendemos fazer isso no futuro, quando estivermos mais estáveis.

Faz sentido, eu faria isso se estivesse em seu lugar. Sair da casa dos pais não é uma tarefa tão fácil, ainda mais se pretende morar com o namorado. Eu consegui minha casa por causa do futebol e acabei precisando ser emancipada. Mas foi estressante ter que lembrar de pagar tudo, manter a dispensa em dia e cuidar da residência. Fui adquirindo essas responsabilidades aos poucos.

- E você, Ma? Como anda o coração?

- Fazendo a função dele de bombear meu sangue muito bem.

- Não seja palhaça - Melanie abre espaço na poltrona azul que costumava ser minha favorita. - Ainda naquele processo de prevenção?

- Sempre.

As duas ficam em silêncio, conheço elas o suficiente para saber que querem perguntar algo.

- Podem falar.

- Tá, não consigo me controlar - Alex levanta do sofá, abrindo espaço para sentar na minha cama. - Você e o Mike já se reencontraram?

- Era isso? - Encho meu pulmão de ar, liberando pela boca. - Já.

- E...?

- E nada, ué - firmo meus cotovelos no colchão para pegar impulso e me sentar. - Ele me viu, eu vi ele. Fim. Vocês conhecem a história. Não tenho o que falar.

- Esperava mais fogo no parquinho - Melanie olha para seu esmalte roxo, fingindo desinteresse.

- Se tem alguém que sabe o que eu passei, são vocês duas. Não quero me aborrecer, acabei de chegar.

Elas estavam comigo enquanto eu contava os dias para voltar da companhia e reencontrar o Mike, esperava que com a minha carta poderíamos esclarecer tudo e talvez tentar de novo. Acho que eu merecia pelo menos uma conversa com todas as coisas que escrevi, merecia qualquer coisa que não fosse um virar de costas e ser completamente ignorada. Nunca havia sido tão transparente e o resultado foi um fracasso. Alexsandra e Melanie ficaram me esperando ansiosamente para saber como tinha sido a conversa, se havíamos finalmente nos entendido. Elas viram o quanto fui afetada com a indiferença que recebi após meses de esperança e saudade.

Prometi para mim mesma jamais deixar que me tornasse tão dependente de alguém novamente. Não estava disposta passar por àquilo outra vez. Percebi que nunca tive sorte em meus relacionamentos, então pra que insistir? Notei que posso ser autossuficiente. Sozinha. Independente.

- Isso é verdade, acho que você aprendeu se divertir sozinha. Agora me responde: dinheiro traz felicidade ou não?

- É relativo - dou risada. - Posso comprar coisas e ir para lugares incríveis, que sim, me fariam felizes naquele instante. Mas o que resta depois além do vazio? - Pondero por um segundo. - Afinal, a felicidade não é feita de momentos? Então acredito que posso ser feliz com grana, porém não ser totalmente realizada. Sempre me parece faltar algo. Faz sentido?

- Acho que entendi - Melanie prende a unha do seu polegar com os dentes. - Mas é estranho. Você é um dos nomes femininos mais poderosos da atualidade, é bilionária, é linda, trabalha com o que ama, é reconhecida por todos, tem influência sobre milhares de meninas e mulheres, é craque no futebol e um fenômeno... mas te falta algo. É isso?

- Basicamente. Talvez seja saudade da minha família e das minhas amizades. É engraçado pensar que eu me sentia mais completa antigamente, sabem?

Não faz o menor sentido para mim. É como ter tudo, mas ao mesmo tempo não ter nada. Alguém foi responsável por abrir um buraco em meu peito, mas esqueceram de fechá-lo.

- Você mudou. Não sei se essa mulher que é agora seria feliz como antes, se nada tivesse mudado. - Alex comenta. - Apenas precisa encontrar seu ponto de paz, nessa nova fase. Talvez falte uma simples coisinha para você se sentir totalmente realizada.

Tenho medo do que isso possa significar. Acho que nunca seremos capazes de estarmos cem por cento realizados e satisfeitos.



Parece que a coisa vai ser complicada para o Mike. O que acham disso? Haha. E no final, nenhum dos dois se envolveu com alguém, como vocês pensavam.

Beijos

Alice.

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