Nicole 🎀
A vida era estranha, sem explicação. Um dia tudo estava bem, mas bastava um passo e pronto, sua vida já não era mais a mesma.
Camily: Por que você tá assim, Ni? - Falou abrindo a porta do meu quarto e eu limpei meu rosto.
Nicole: Por que você deixou esse homem entrar na nossa casa, mãe? - Falei sem entender, respirando fundo.
Camily: Ele começou a me ajudar, Nicole. Você sabe que não estamos na melhor condição de vida, se não fosse por ele, essa semana iríamos ficar sem comer, sem água, sem luz, sem nada...- Falou com uma expressão cansada. A única coisa que não poderíamos perder, era a casa, pois antes do meu pai sumir, ele comprou a casa deixando no nome da minha mãe.
Nicole: A gente da um jeito nisso, eu não vou aguentar aquele homem perto de mim.- Falei nervosa, negando com a cabeça.
Cami: Eu te prometo que vamos ajeitar tudo isso, mas por enquanto temos que segurar a barra do jeito que dá.- Falou limpando meu rosto.- Agora vem jantar, você não comeu nada.
Eu concordei com a cabeça e me levantei, saímos do quarto e eu me sentei na cozinha, ela colocou um pratão pra mim, até porque eu tinha passado o dia sem comer nada porque só tinha umas bolachas e eu preferir deixar pra minha mãe.
Comi devagar sentindo minha barriga até pulando de alegria por isso, enquanto minha mãe me falava que o Terror tinha parado ela do nada na rua, falou que a água e a luz daqui já estavam pagas e ela não precisa se preocupar por um tempo, após isso ele levou ela pra fazer compras. Eu sabia que tudo isso ia ter um preço, pra mim. Mas por alguns momentos deixei a parte ruim de lado, vendo um sorriso fraco no rosto da minha mãe, enquanto ela olhava boba pro armário e geladeira, que estavam cheios de comidas pra nós.
Não conseguir pregar o olho naquela noite, eu dormia com minha mãe em um quarto e eu fiquei encarando ela dormir a noite toda. Me levantei cedo e ia atrás do meu, procurar alguma coisa pra fazer na rua, cinco horas da manhã eu ia sair, mas fui barrada, por uns homens que eu nunca nem tinha visto pelo morro, na porta da minha casa.
- O único lugar que tu pode sair, é pra falar com chefe, ordem dele.- Eu encarei ele sem entender.
Nicole: Eu preciso sair.- Falei sem paciência.
- Isso tu fala pro chefe, ele já tá na ativa.- Cruzei os braços.- Sobe com o Metralha.
Procurei ele com os olhos e achei, era o marido da Rafaela e braço direito do Terror. Ele tava fumando no canto e os meninos falaram com ele, ele ajeitou o fuzil jogando pra trás e me arrastou pra moto, me neguei a subir e fui entrar em casa, mas um dos meninos puxou meu braço na maior agressividade me empurrando pra moto, olhei pro meu braço que tinha ficado vermelho pela tamanha força que ele me puxou e respirei fundo, subindo naquela moto e sendo direcionada para o alto do morro do Chapadão.