Zayn Malik On
- Já disse que você é o melhor irmão do mundo?- Safaa sorriu pra mim.
- Não.- faço uma carinha triste.
- Você é o melhor irmão do mundo!- ela faz um gesto abrangente e vem me abraçar. Beijo o topo de sua cabeça.
- Melhor do que eu?- Waliyha pergunta arqueando uma sobrancelha. Safaa faz que sim com a cabeça e ri.- Não acredito em você. Isso só pode ser brincadeira.- revirou os olhos.
- Você tem é inveja de mim.
- Não tenho nada, Zayn.
- Se iludam o quanto quiserem, mas todo mundo sabe que a Safaa me ama mais que vocês.- disse Doniya fechando a porta de casa atrás dela e sentando-se no gramado ao meu lado.
- Desculpe, Safaa, pode repetir quem é o melhor irmão?- peço.
- O Zayn!- ela começa a rir das caras irritadas que as meninas fizeram, e acabo rindo junto.
Lembranças. Tudo o que tenho agora são dolorosas lembranças que pensei ter apagado da minha mente há anos. Por que não consigo esquecer? Por que é tão difícil? A Sam me faz lembrar das minhas irmãs e a Holly me faz lembrar de mim mesmo quando vivo. Eu só não lembrava que ainda podia chorar. Droga, eu não posso chorar, não mais. Principalmente na frente dela.
Holly deve estar dormindo agora, não voltei a falar com ela o resto da noite, estava deprimido demais pra conversar. Isso é ridículo, eu sou um fantasma e estou chorando por pessoas que eu perdi, faria mais sentido chorar por perder a minha vida. Só que eu nem ligo mais pra minha vida. Do que adianta viver sem família?
Reapareci na sala e estava tudo escuro, olhei para o relógio na cozinha e marcava meia-noite. Caminhei até a janela e voltei a observar o lado de fora. Era sempre a mesma imagem: A lua lá em cima, movendo-se de uma maneira quase imperceptível, o vento forte quebrando o silêncio e o casarão da frente, todo apagado. Dois idosos moram lá, porém não me lembro mais de seus nomes. Só me lembro que todo Sábado, minha mãe chamava eles para almoçarem na nossa casa e antes de irem embora, eles contavam histórias para mim e minhas irmãs.
Será que eles sentem nossa falta? Como será que reagiram ao saber que fomos mortos?
Um barulho do lado de fora tira-me de meus pensamentos. Dois garotos de seus 15 anos corriam de bicicleta na rua. Perguntei-me por que raios eles estavam fazendo isso meia-noite. Eles riam e empurravam um ao outro, uma hora dessas, ambos irão cair e se não estiverem num dia de sorte, morrer. Tomara que eles não tenham feito pormessas.
- Zayn?- ouço uma voz acompanhada de um bocejo. Viro-me depressa e vejo Holly coçando os olhos. Feito isso, elas os pisca rapidamente e abre um sorriso sem dentes.- O que está fazendo?
- O que você está fazendo?- dou ênfase no "você".- Não era pra estar dormindo?
- Fiquei com sede, só isso.- ela caminhou até a cozinha, abriu a geladeira e tirou uma garrafa d'água de lá.- Fantasmas não podem dormir?- perguntou enquanto derramava a água num copo e o levava até a boca.
- Podemos.- respondo.- Só se a gente quiser.- volto a minha atenção a rua. Os garotos de bicicleta já tinham ido.
- Você... Você já está melhor, Zayn?- ouço passos se aproximando. Eu realmente não queria falar com ela depois do que aconteceu. Acho que estou com vergonha.
- Já.- dou de ombros.- Foi só uma lembrança que eu tive. Nada importante.
- Família é importante.
Abaixo a cabeça quando noto Holly ao meu lado.
- Você não quer me olhar por quê?- ela ri um pouco.
- Não sei...- mantenho minha cabeça abaixada.
- Eu já ví muita gente chorar, sabia? Não tem que ter vegonha disso.
Viro um pouco a cabeça e ela sorriu ao encontrar meus olhos. Eu estava errado sobre essa garota. Eu pensei que ela seria um incômodo, mas de alguma forma, ela me passa conforto.
- Amanhã, depois da aula, eu vou até o orfanato da cidade, que eu encontrei quando estava a caminho daqui. Vou perguntar se Safaa está lá, e se não estiver, perguntar se sabem para onde ela foi. Vou fazer de tudo para encontrá-la e trazê-la até aqui. Mas... Já pensou se ela aprendeu a se virar sozinha?- Holly colocou uma das mãos no vidro da janela.- Você vai poder ir embora.
- Só vou poder ir embora quando eu descobrir que ela não precisa mais de mim. Equanto eu não souber de nada, ficarei aqui.- suspirei.- Obrigado pela ajuda, Holly Walker.- tomei coragem e olhei para ela com um mínimo sorriso no rosto.
- Não há de quê.-riu.- Será que eu posso te dar um abraço?
Aquela pergunta me pegou de surpresa.
- P-por quê?- arquei uma sobrancelha.
- Porque eu vejo que você se sente sozinho, e eu quero te mostar que você está errado.- ela abriu os braços sem tirar o sorrisinho do rosto.
Completamente sem jeito, me afastei da janela e fiquei de frente para ela. Nem foi preciso mais nada, logo em seguida sinto seus braços envolvendo o meu corpo, a cabeça apoiada no meu ombro. Demorei alguns breves segundos para retribuir o abraço. Eu devo ser o fantasma mais tímido do mundo. Mais alguns segundos depois, me acostumei com aquele gesto de carinho e acabei sorrindo.
- Viu? Não foi tão ruim.- ela seprarou o abraço e piscou um olho.- Boa noite, Zayn Malik.
Holly subiu as escadas e provavelmente, voltou a dormir, e eu fiquei lá, tentando aceitar que acabei de ganhar um abraço. Aquele gesto realmente me fez sentir que não estou sozinho. Como ela consegue fazer isso?
O primeiro gesto de carinho deles, aawwwn ^^ Então, para a minha sorte, estou de férias, o que vai facilitar as postagens. Logo, ponho mais um capítulo, estou amando escrever essa história :)
JubsXx