Capítulo 15 - Não existe paz nesse mundo.

2.8K 262 25
                                    

- Seu irmão?- sussurro.

- Sim.- ele fita o chão.- Você conhece ele?

- Um pouco.- franzi a testa.- Cody, o que é isso no seu braço?- aponto para a marca vermelha no mesmo. Ele colocou a mão por cima.

- Eu só acertei em algum lugar.

- Isso parece a marca de um tapa.- olhei para os dois lados e comecei a falar mais baixo ainda.- Cody, eu sei que você não me conhece, mas eu quero te ajudar. Tem algo que queira me dizer sobre a sua família? Sobre essa marca?- aponto para o seu braço.

- E-eu não deveria conversar com um estranho.

Agora tudo faz sentido. Esse garoto deve apanhar do próprio irmão, por isso que sinto algo ruim quando olho para o Ashton.

- Quem foi que te machucou, Cody? Por favor, me conta.- insisto.

Ele olha em direção a casa e suspira.

- Foi a minha mãe. Eu tinha feito besteira e ela me puniu, só isso.

- Tem mais alguma coisa para me dizer?- sinto que falta algo.

Cody ficou em silêncio, encarando os seus próprios pés.

- Cody!- uma voz feminina grita de dentro da casa. Uma mulher de seus 40 e poucos anos com um cigarro na mão nos observava de cara feia.- Ei, você! O que está fazendo com o meu filho?

- Nada.- respondo rápido.

- Cody, saia de perto desse moleque!- ela deu uma tragada.

O garoto faz o que ela manda e recua alguns passos, ainda olhando para baixo.

- O que eu disse sobre conversar com estranhos? Será possível que você nuca me ouve, pirralho? Que droga!

- Desculpe, mamãe.- sussurra.

- Eu não ouvi!

- Desculpe, mamãe!- diz, um pouco mais alto.

- Olhe para mim, garoto.- ele obedece.- Entre, agora! Espero que não tenha falado nenhuma bobagem para esse sujeito.

- Não fiz nada, eu juro.- Cody sussurra e corre para dentro. Antes de bater a porta, a mulher me lançou um olhar feio. Franzi a testa. Isso lá é jeito de falar com uma criança inocente? Ainda mais quando é o seu próprio filho?

Não, eu não confio nessa mulher, tem algo errado. Além do mais, eu sentí algo ruim vindo dela. Pelo menos, ser um fantasma tem o seu lado bom. Deixei de ficar visível e entrei na casa de Cody, atravessando a cerca e a parede. Olhei em volta, parece uma cozinha e tem latas de cerveja amassadas por todas as partes, cigarros apagados jogados no chão e pisoteados. Uma pequena louça para ser lavada na pia e uma mesa de jantar com três cadeiras em volta, um sentimento ruim por todos os cantos.

- O que você estava fazendo com aquele homem?- a mesma voz de antes grita de algum cômodo da casa. Caminho em direção a voz.

- Ele... Ele só estava pedindo uma informação.- reconheço a voz de Cody.

- Ah, por favor, garoto. Não minta para mim.- ouço o som de algo estalando, como se fosse um tapa, e um grito de dor. Lá estava Cody, com a mão no rosto e a mulher na sua frente, com a cara irritada.

- Eu já disse o que vai acontecer se você ficar espalhando para todo mundo o que acontece dentro desta casa.- rosnou e o garotinho assentiu.- Que isso não se repita, pirralho. Senão, nunca mais te deixo ficar na varanda outra vez.

- Por que a senhora faz isso, mamãe?- Cody choramingou. Ela revirou os olhos e pisoteou o cigarro que acabara de jogar no chão.

- Porque você merece ser tratado assim.- riu.

Haunted |Z.M|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora