Boas Garotas Malvadas

By mihfranklim

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Gretta Alissa Teadele é um lobo em pele de cordeiro. Meticulosa, controladora, inteligente e narcisista, a jo... More

🌸Informações🌸
I - 1
II - 2
III - 3
IV - 4
V - 5
VI - 6
VII - 7
VIII - 8
IX - 9
X - 10
XI - 11
XII - 12
XIII - 13
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XXIV - 24
XXV - 25
XXVI - 26
XXVII - 27

XVI - 16

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By mihfranklim

Lágrimas quentes deslizavam pelo meu rosto. Por mais que eu fizesse força para contê-las, enquanto adentrava o banheiro feminino e me trancava em uma das cabines, era como se não surtisse qualquer efeito.

Sentei-me no vaso sanitário com os joelhos dobrados, escondendo o rosto entre eles. O choro dolorido que eu deixava escapar pela boca era inevitável e queimava cada vez que uma nova lágrima descia feroz pela minha pele. Doía.

E como doía.

Em longos anos de solidão, eu jamais havia me deixado abater por qualquer pessoa. Portanto, não sabia como a Loren havia me atingido tão precisa com suas palavras. Por mais cruéis que elas fossem, não havia apenas um pingo de verdade ali, mas sim, todo um rio.

De fato, Klementyna não tinha considerações por mim. Nem de longe ela fazia questão de demonstrar qualquer tipo de carinho. Mas ouvir isso da boca da Loren foi o cúmulo.

A última vez que me senti assim, foi somente quando meu pai morreu. Depois disso, nada teve tanta importância. Nem mesmo quando ela mentia sobre trabalhar até tarde, mas na verdade comparecia às festas de representantes da mais alta sociedade.

Não conseguia compreender por que ela havia dito que passaria as festas de final de ano em casa. Se ela não se importava nem um pouco comigo, tendo a audácia de dizer aquelas coisas a Loren, ela jamais ficaria em casa por causa de mim. Devia ser tudo uma armadilha; um fingimento egoísta para não ter que guardar remorso.

Por que ela fez isso comigo? Recostei a cabeça na parede, enquanto mais lágrimas caíam dos meus olhos. Por que todas as pessoas me evitam? Fechei os olhos, soluçando.

Queria gritar só para escutar o eco do meu próprio choramingo, afinal, que reconfortante seria escutá-lo num momento como esse, em que a única vontade que preenchia o meu peito, era a de trucidar a filha da puta da Loren Dudek e dar adeus ao destino cruel que Klementyna reservou unicamente para mim.

Será que sempre foi isso que eu mereci? Reclusão em num colégio interno durante oito anos, para no final descobrir que a minha própria mãe, — se é que eu deveria chamá-la assim, prefere outra garota à própria filha?

Mas que merda de mãe, ela é? Me perguntei em pensamentos gritantes.

Um barulho semelhante a passos distantes, me fez levantar o rosto dos joelhos abruptamente. Era tudo o que eu precisava... uma babaca qualquer para eu precisar lidar depois de tudo que a Loren disse sobre mim na frente de todo mundo.

Permaneci em silêncio, enquanto os passos se aproximam ainda mais, ciente de que se eu fingisse não estar aqui, provavelmente quem quer que fosse, iria embora.

— Senhorita Teadele, sou eu... — chamou uma voz pouco distante da cabine onde eu estava.

Reconheci no mesmo instante, era a voz de Damian. Droga! Justo ele?

— Veio rir na minha cara? — gritei para ele entre um soluço e outro. — Vá embora!

— Rir na sua cara? Mas é claro que não! — pela pequena fresta na parte debaixo da porta, fui capaz de ver seus pés.

Ele devia estar recostado na porta da minha cabine.

— Você está no banheiro feminino, sabia? Que eu saiba, isso é contra a regras!

— Convidar um professor para aulas particulares em ambiente privado, também é contra as regras. E nem por isso desisti de ajudá-la com a sua dificuldade. Não será agora que desistirei de você! — sua voz era como um calmante natural para mim, apesar dele sequer desconfiar disso; igual a uma melodia doce e impossível de deixar de ouvi-la.

Mas por que ele estava aqui? Logo hoje? E mesmo depois do que fiz? Ele devia me odiar...

— Me desculpe, Damian! — falei em voz alta.

Escutei um suspiro pesado vindo do lado de fora.

— Pelo que exatamente? — indagou.

Não estava preparada para dizer o que estava por vir, mas se os sentimentos que eu nutria pelo professor Damian fossem mesmo verdadeiros, eu saberia se era capaz de dizer a verdade a ele.

— Por ter feito aquilo na noite anterior... — segurei o fôlego.

— Desabotoado minha camisa? — perguntou ele de forma irônica. — É... tenho que admitir que fiquei bastante surpreso com a iniciativa.

— Não, não... — sussurrei, balançando a cabeça em sinal de negação. Mesmo que ele não pudesse me ver, graças a cabine escura da qual eu estava, tinha certeza de que ao menos imaginava minha reação. — Me desculpe por tudo, tá legal? Não só por ter tocado na sua camisa, mas por ter flertado com você esse tempo todo. Nunca foi a coisa certa e eu me sinto repugnante por acreditar que você me veria com outros olhos.

Engoli em seco ao terminar de falar. Ao mesmo tempo em que me sentia aliviada por dizer a verdade, não conseguia me esquecer um segundo das palavras da Loren. A verdade era desoladora, apesar de significativa.

— Não se preocupe, Gretta. Não vim até aqui para julgá-la por absolutamente nada! Na verdade, fiquei preocupado com o que a senhorita Dudek fez. Imagino que não esteja na melhor nas condições agora, mas se quiser conversar, estou a ouvidos... todo seu!

A última palavra teria sido engraçada, se não fosse cômico escutá-la depois da minha ação noite passada.

Esfreguei as lágrimas secas no meu rosto com a palma da mão, me levantando da onde estava sentada e destrancando a cabine, com o coração acelerado pela sensação de felicidade e satisfação que preenchia meu corpo, só pelo fato de saber que Damian se importava comigo o suficiente para me consolar.

Não era na melhor das horas, é claro, mas eu dificilmente teria outra oportunidade de chorar nos ombros do professor mais gato que já tivemos nessa escola, então, não custava tentar.

Seus olhos fitaram os meus, assim que sai da cabine.

Desde que Damian começou a ministrar suas aulas aqui, eu nunca havia deixado de olhá-lo nos olhos uma só vez, a não ser hoje. Não tive coragem por causa de ontem. A minha vontade era a de me perder no breu dos seus olhos para sempre e fazer morada neles, enquanto pudesse.

— Venha comigo! — chamou de forma paciente, estendendo uma das mãos na minha direção, como se me convidasse para perto dele.

Não o esperei insistir para aceitar o convite. Segurei sua mão com firmeza e de mãos dadas, caminhamos até o outro lado do banheiro, onde permanecemos de pé, ao lado de um grande bonsai, onde ninguém podia nos ver.

Damian se recostou na parede, ajeitando a gola do suéter. Então, voltou a me olhar como antes.

— O que aconteceu com a Loren? Por que ela estava tão zangada?

— Me trouxe até aqui para perguntar sobre a Loren? — franzi o cenho. Um pingo de ciúme e decepção esvaiu-se de mim em meio àquelas palavras.

— Não exatamente, Gretta. Trouxe você aqui para desabafar. A senhorita Dudek é apenas mais uma aluna e é meu dever como professor, auxiliar nos problemas em sala de aula. — ele mordeu os lábios. — Quero que se sinta confortável para me dizer o que de fato aconteceu e então quem sabe eu não possa te ajudar?

Baixei o olhar, não muito surpresa.

Quando Damian me deu a mão, eu pensei que ele tivesse visto qualquer importância em mim, mas mais uma vez estava enganada. Ele só queria fazer o trabalho dele, nada mais. Pelo menos, se eu disser de uma vez o que ele quer saber, vai me deixar chorar em paz.

— Eu e a Loren tivemos um desentendimento no último dia de férias e eu meio que bati nela algumas vezes para ela deixar de ser uma vaca... — respirei fundo, voltando a me concentrar no que ele queria ouvir. — Só que isso não adiantou muito, então ela voltou a me perturbar outras vezes e eu não vi outra alternativa a não ser atingi-la mais uma vez, só que de uma forma menos agressiva e mais elaborada. Por isso, invadi o quarto dela e despejei cola para tecido no vidro de shampoo. Nada demais.

Ao vê-lo apertar os maxilares em sinal de surpresa, revirei os olhos de forma irônica.

— Então, a senhorita Dudek invadiu minha aula, insultando-a, porque você colocou cola no shampoo dela, Gretta? — perguntou, inconformado.

Como se não bastasse os visíveis sinais de decepção em seus olhos, o professor Damian levou a mão até o cabelo, ajeitando-os no lugar. Eu já havia sacado que ele só mexia no cabelo, quando estava nervoso.

— Não entenda mal, ela nunca foi uma boa pessoa nem para mim, nem para ninguém.

Não era mentira o que estava dizendo a ele. Tampouco me importava em contar qualquer mentira a partir de agora, até porque, todos já sabiam as coisas mais dolorosas sobre mim por causa da Loren.

Que mal teria um raio cair na minha cabeça nesse exato momento? Pelo menos as pessoas ficariam com pena de mim e culpariam a Loren pela minha morte, mesmo que ela sequer tivesse culpa.

— A vingança nunca leva a coisas boas, sabia? — me perguntou, enquanto coçava o topo da cabeça.

Realmente não levava, mas por um momento era satisfatório.

Eu não sei ser boa... — sussurrei. Minha voz havia saído tão baixa que imaginei que Damian não tivesse ouvido.

Continuei o olhando como quem não quer nada, sem saber quanto tempo ainda tínhamos para nos encarar sem interrupções. Momentos como esse, seriam únicos até o final do ano. Depois disso, eu seguiria um caminho oposto ao de Damian e nós nunca mais voltaríamos a nos ver. O bom disso, era que pelo menos aos poucos eu o esqueceria e quem sabe, parasse de me iludir por um amor que não tinha qualquer possibilidade de vingar.

— Admiro muitas coisas em você, Gretta. Sei o quanto é uma garota esforçada e seria um tremendo desperdício de personalidade se deixar abater por alguém igual a Loren Dudek. — sorriu para mim, inclinando-se um pouco na minha direção para ficar mais perto. — De todas as alunas que já tive, você foi a única que me despertou um interesse real e importuno pela forma como outras pessoas me veem.

— Como? — perguntei, confusa.

— Aceitei ajudá-la com as aulas particulares, porque vejo grande potencial em você. Um potencial engaiolado, que espera desesperadamente uma oportunidade de sair. Então, não fique chateada com outras pessoas. A verdade é que elas não conseguem enxergar o quão incrível você consegue ser!

Sorri para ele de forma desajeitada, mas verdadeira.

— Obrigada por isso, professor!

Deduzindo que nada além do real poderia acontecer, dei as costas para ele, prestes a sair dali e voltar para a sala de aula. Tinha que encarar a realidade de novo e combatê-la com unhas e dentes. Afinal, a vinda de Damian até aqui e sua preocupação comigo, haviam sido um incentivo para eu ignorar as gracinhas da Loren e erguer meu queixo, como sempre fiz.

Tenho que permanecer forte para cumprir o que havia prometido no último dia de férias, enquanto estava no meu quarto: eu destruiria qualquer um que entrasse no meu caminho. Mas alguma coisa, me fez desistir de deixar o banheiro e olhá-lo nos olhos mais uma vez.

E talvez, isso tenha sido o suficiente para que ele entendesse o recado e se aproximasse de mim, colando seu rosto no meu e unindo nossas respirações por uma fração de segundos ou mais.

O cheiro do perfume que exalava pela pele de Damian, deveria ser crime, de tão perigoso que era senti-lo, quando se estava tão próximo dele quanto agora.

Consequentemente, ele funcionava como uma hipnose. Era quase impossível conseguir se concentrar em outra coisa, enquanto ele estivesse por perto.

Respirei fundo, tentando me convencer de que eu era mais forte que qualquer sentimento importuno. Meu coração batia acelerado, me lembrando do quanto eu estava apaixonada por ele, mesmo com tão pouco tempo.

— Eu nunca fui de acreditar em paixões avassaladoras, sabia? — confessei, olhando em seus olhos. Tinha que dizer a ele como eu me sentia. Essa era a única forma dos pensamentos não pesarem. — Pensei que não passasse de uma quedinha passageira, mas eu estava enganada. Não é só uma queda, é um penhasco.

Seus olhos me avaliaram, antes dele se aproximar mais. Sua respiração roçava no meu queixo, enquanto o aroma do seu perfume atormentava meus pensamentos.

— Tenho a leve impressão de que está tentando me seduzir com esse cheiro no seu pescoço tão perto da minha cara... — acusei, abrindo um sorriso.

— Seria pouco, Teadele.

Será que era tão errado querer beijá-lo nesse exato momento? Porque se fosse, eu já estava condenada com gosto.

Damian levou uma das mãos até a minha nuca e com a outra, me puxou pela cintura, colando nossos corpos. Seus lábios em contato com a pele nua do meu pescoço, me fizeram entrar num tipo de combustão instantânea conforme ele depositava alguns beijos ali e acariciava minha nuca com a ponta dos dedos.

Nada daquilo que estava acontecendo parecia real, apesar de eu sentir que era. A mão que antes estivera sob a minha cintura, agora deslizava pelo meu corpo, como se buscasse qualquer coisa além daquilo.

Ele percorreu minha silhueta, acariciando meu quadril, a medida em que os beijos se intensificavam e continuou deslizando até a altura da minha coxa, quando ele me pegou em seu colo num impulso, recostando minhas costas na parede.

Entrelacei minhas pernas ao redor do seu corpo, levando as mãos em direção as suas costas e olhando-o nos olhos, enquanto ele os fechava e juntava seus lábios contra os meus. Sua língua pediu passagem e pela primeira vez em muito tempo, não tive medo de perder o ar. Aliás, se tivesse a opção de escolher a melhor forma de morrer, diria que era sem fôlego, enquanto beijava Damian Nowak.

Droga, não quero nem pensar como vai ser quando isso acabar. A sensação era tão boa que eu não conseguia pensar em nada além do que estávamos fazendo. Porque definitivamente, esse momento era a coisa que eu mais esperei por parte dele, desde o dia em que trocamos olhares pela primeira vez. E, visto que depois de todas as investidas sem sucesso, eu jamais esperaria algo parecido vindo dele.

Abri os olhos, ainda enquanto nos beijávamos. Damian fez o mesmo, mantendo-se ainda de frente para mim, enquanto minhas pernas ao redor do seu corpo o prendiam.

Depois de alguns minutos, ele interrompeu o beijo para acariciar minhas bochechas levemente com a ponta dos dedos e distribuir beijos pelo meu pescoço outra vez, estes que me causavam arrepios dos quais eu poderia muito bem aprender a gostar. Após isso, me colocou de volta no chão, mantendo-se ainda de frente para mim.

Sua respiração funda e o olhar meio perdido, dava a entender que, assim como eu, ele estava se sentindo um pouco culpado.

— Sabe que estamos encrencados agora, não sabe? — sorriu para mim, soltando um suspiro de preocupação. — Se alguém souber, vamos nos dar muito mal.

Não sabia o que responder.

Ainda não tinha encontrado voz para dizer que aquilo havia sido a melhor coisa que ele podia ter feito por mim na situação em que eu me encontrava. Não tinha sido apenas um beijo, mas sim uma confirmação de que o que eu acreditava sobre ele era verdade: desde o primeiro dia, eu sabia que ele seria meu.

— Estamos? — perguntei levando as mãos até o rosto dele. — Acho que vale a pena correr o risco!

— Mais do que você pode imaginar! — concordou, me beijando outra vez e em seguida se afastando, prestes a me deixar sozinha. — Preciso ir, tem uma sala me esperando. Fique bem...

Com certeza eu ficaria. Mordi os lábios vendo ele sair as pressas do banheiro feminino.

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