A Luz de Khiva

By SpotplayGaming

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Assim como muitos antes e depois dela, Khiva foi revivida pelo seu Fantasma. Agora sua missão era ajudar o pr... More

O Renascer
A Cidade
Restauração
A Escuridão Interior
A Mente Bélica
O Covil dos Demônios
A Última Matriz
A Escuridão Além
Terras Ferrugíneas
A Espada de Crota
Precipício da Convocação
Câmara da Noite
O Chamado de Uma Estranha
Os Despertos
Cooperativa Ishtar
O Arquivo
O Nexo
Sofrimento Invernal
Caminho Invernal
Olho de um Senhor do Portal
Zona de Exclusão
A Cidade Enterrada
A Espira do Jardim
Uma Maré Ascendente
Cerberus Vae III
Palácio das Areias
O Jardim Sombrio

O Túmulo do Mundo

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By SpotplayGaming

Tudo parecia mais claro agora, inclusive o constante otimismo de Tyler. Nesse momento eu achava que nenhuma missão seria pior do que o Crisol, e por isso eu estava feliz. Mas no fundo eu sabia que isso era temporário. Além do mais, se essa jornada fosse tão simples, Cayde, Zavala e minha mentora Ikora já teria livrado toda a Cidade e honrado o Viajante eliminando toda a Treva. O que me leva a pensar que se Ikora já foi uma lenda no Crisol, o que de pior ela já enfrentou? Sem que eu notasse, meu sorriso tinha ido embora.

— Choque de realidade? — Ashra apareceu ao meu lado. Não sabia há quanto tempo estaria ali, observando a Cidade comigo.

— Talvez. Sei que não é tão fácil quanto parece. — meu olhar se perdia no horizonte, procurando enxergar um futuro aceitável.

— Nunca é. Mas você se saiu bem hoje, isso serve pra alguma coisa, não acha? — olhei pra ela e vi um rosto quase meigo. Apesar do seu jeito misterioso, fez com que eu me sentisse melhor novamente.

— E você? Qual o seu segredo para manter o controle?

— Pra ser sincera, eu nunca espero nada. De nada, nem de ninguém. Vivo um dia após o outro. Também não ligo se eu morrer. Pra mim o dia da minha última morte seria libertador. Essa luta nunca vai acabar.

— Por que pensa isso?

— Basta olhar em volta. Está tudo tão fora de controle que já morremos uma vez, e fomos ressuscitadas, de novo e de novo. E mesmo assim Guardiões são perdidos, e os inimigos só aumentam.

Eu não sabia o que dizer. Ela também encarava algo além do presente, porém não era a espera por um futuro promissor. Seu olhar era triste, rancoroso.

— Pelo menos estamos juntos. Então enfrentaremos o que for, juntos. O que acha? — procurei chamar sua atenção, entrando em sua linha de visão. Ela levantou uma sobrancelha e deu um meio sorriso.

— Até que tem sido interessante.

— Interessante não, divertido!

E demos as risadas mais discretas que alguém poderia ouvir.

— Ei, madames. Vamos ou não vamos? — Tyler se aproximava a passos dançantes.

— Quem está chamando de madame, pirralho? — Ash tinha voltado ao normal. Era o momento que eu mais gostava. Assistir os dois discutindo.

— Vocês ficam aí conversando sobre o próximo tonalizador que está na moda e eu aqui esperando.

— Não há conversa pra isso. Preto é a moda. Sempre vai ser. Não é a toa que é mais difícil de achar. Todos querem, poucos têm.— dizia Ashra de queixo empinado.

— Branco é moda. — implica Tyler.

— Branco suja. — rebate Ash.

— Tonalizador? — Parei nessa parte da conversa.

— Tonalizadores podem mudar a cor de sua armadura. Podem ser encontrados pelo sistema. Ou comprados com Eva Levante. — disse Fantasma — Ela forneceu serviços à Torre muito antes de se instalar por aqui. Guardiões requisitavam o seu trabalho sempre, procurando por marcas distintas, novas e velhas. Então, ela começou a criar emblemas e tonalizadores para os mais ousados e os que desejavam se diferenciar. Hoje em dia ela tem sua própria loja na Torre, orgulhosa dos Guardiões que treinam, lutam e caem sob os seus símbolos.

— É bom para... — as mãos de Tyler dançavam em minha direção — dar uma padronizada nisso aí. — concluiu, apontando para minhas vestimentas. Manto azul, luvas cinzas, botas marrons e o capacete era verde. Naquele momento, me senti nua, e envergonhada. Minha vontade era de encontrar Eva agora mesmo.

— Calma. — Ash previu meus movimentos — Não é pra tanto. Você vai trocar de equipamentos muitas vezes ainda. Não gaste lúmen com isso agora.

Soltei um suspiro como se estivesse segurando o ar há meia hora.

— Tudo bem. Vamos indo? — sugeri.

— Vamos. — responderam todos.

Aterrisamos no mesmo local de nossa última missão, porém a sensação de estar ali era totalmente diferente. Agora eu era mais forte. Fantasma se adiantou com seus relatos.

— A Tumba do Mundo está nas profundezas da fortaleza, mas de acordo com o Fantasma que encontramos, tem um Cavaleiro antigo que a protege. Posso levar-nos até ele, mas vamos ter que enfrentá-lo para encontrar a Tumba.

— Um duelo? Demorou! — os nervos de Tyler estavam se manifestando.

— Vamos nessa. — liderei, e fomos em direção à entrada da fortaleza.

A Lua se mostrou ter muitas instalações danificadas. Passamos por uma espécie de cúpula gigante que poderia ter sido um laboratório. Coletamos novos Filamentos de Hélio e seguimos para uma saída ao norte. Um enorme buraco que dava para uma larga cratera, onde estava nossa entrada. A Colmeia esteve ocupada, por muito tempo. Já haviam dois Cavaleiros Sagrados com ferrões potentes guardando o local. Eles desviavam, perseguiam, eram como Titãs feios e grandes, mas ainda assim não eram páreos para o nosso. Eu dei cobertura enquanto Ashra e Tyler avançavam pelos flancos. Tyler caiu de pancada e escopeta em cima de um, enquanto Ash fazia o outro de bobo, rodeando-o e dando facadas enquanto eu atirava em sua cabeça. Ao caírem, avançamos.

— Tem uma coisa aqui. — disse Ash enquanto seu Fantasma examinava algo.

— Ídolo de Cera Negra. Uma figura malfeita que se transmuta em Lúmen à medida que você derruba inimigos da Colmeia. Dura pouco tempo. Certamente não é feito de cera. — disse ele.

— A parte de transmutar lúmen já importa. Vamos levar. — observei.

Quando adentramos a fortaleza, vimos que tudo ia muito mais abaixo do que parecia ser. Além da arquitetura peculiar, haviam vários casulos agarrados às paredes. "Essa luta nunca vai acabar". As palavras de Ash ecoavam deles.

— A Colmeia arrebentou mesmo a Lua e a encheu com todo tipo de câmaras e catacumbas. — Fantasma parecia tão pessimista quanto eu, e Ashra.

Escadas desciam metros, e cristais verdes iluminavam o caminho, tornando tudo ainda mais macabro e horrível. Chegamos ao Salão da Sabedoria. Como dito, um gigante salão no subterrâneo com estrutura no mínimo espetacular para seres tão temerosos e selvagens. Só consegui olhar em volta e tentar imaginar como criaram tudo aquilo.

— É uma necrópole inteira aqui embaixo. — observava Fantasma.

Alguns Acólitos vieram nos receber, cercando o perímetro. Demos a volta por uma passagem lateral, pois olhar para baixo da beirada parecia uma queda sem fim. O mais incrível foi ver cristais verticais laranja no teto, formando uma espécie de lustre, próximo a uma Feiticeira. Grandes colunas de pedra e metal subiam aos montes, mostrando todo o poder de posse que a Colmeia construiu sob a Lua.

A essa altura, muitos já sabiam que estávamos ali. Uma nave simplesmente pairou no ar de repente. No subterrâneo! Escravos vinham correndo, dando aqueles gritos estridentes. Uivadores guardavam a passagem para a próxima porta, acólitos já atiravam de longe, e Cavaleiros sacavam suas espadas.

— Quem fica com o quê? — Tyler não sabia pra onde atirava.

— Escravos e Acólitos. — gritou Ash, já fazendo uma varredura.

— Uivadores — respondi.

— Sobrou os grandões então! Beleza! — disse ele todo feliz, saindo correndo para dar uma ombrada no primeiro que cruzasse seu caminho.

Foi um tiroteio e tanto. Imagino a superfície tendo tremores lá cima. Quando silêncio reivindicou seu lugar, finalmente cruzamos a passagem.

— O Cavaleiro está por perto. Ele é poderoso e não está só. — informou Fantasma. — Mas ele tem a chave para encontrarmos a Tumba. Vamos ter que matá-lo.

— Que bom que não está sozinho! Seria injusto com ele. — bufou Tyler.

Eu e Ash trocamos olhares sarcásticos e seguimos adiante para nosso próximo desafio. Eu achei que já encontraríamos ele, mas no lugar disso entramos em outra área cheia de inimigos. E era ainda maior do que o último salão, com um espaço gigante a oeste, que a névoa não permitia que víssemos o seu fim. Qual era o tamanho desse lugar?

— O Círculo de Ossos. — disse Fantasma.

— Parece nome de cemitério. — comentei.

— O cemitério que eu vou enterrá-los agora. — Ashra partiu em direção aos acólitos que aterrissaram, pulou por cima deles deixando uma granada de mina de presente. Quando saltaram pelos ares ela simplesmente nos encarou e disse — Vocês vão vir ou não?

Seguimos o objetivo eliminando outros inimigos no caminho, localizando enfim o local do nosso alvo principal. Ali, naquela espécie de templo, Acólitos estavam ajoelhados com mãos pro alto e uma Feiticeira flutuava calmamente com as mãos unidas. Existia religião entre esses monstros? Quebramos o culto e começamos a limpeza. A Feiticeira, para ganhar tempo, lançou sua névoa venenosa em cima de nós e se afastou para atirar suas bolas de arco. Tyler prontamente ativou sua Guarda do Amanhecer para que pudéssemos nos organizar melhor.

— Está ali — disse Ashra.

— Kranox, o Sepultado. Ele é quem guarda a chave da Tumba. — indicou Fantasma.

Após eliminarmos a Feiticeira, abrimos fogo contra o Cavaleiro. Parecia mesmo digno dessa chave, pois demorou a enfraquecer, e sua arma nos cambaleou bastante. Penso como seria se eu tivesse vindo sozinha. Olhei pra Tyler, o guerreiro, e Ashra, a inabalável, e tudo aquilo não pareceu ser tão difícil. Kranox caiu, e adquirimos a tal chave, algo como uma bola verde.

— Esta aí é a chave para a Tumba. — Fantasma analisava todo o item —Certo. Sei pra onde estamos indo. —saímos da área e voltamos à rota principal, seguindo para o norte, onde havia uma nova passagem — Isso deve nos levar para a Tumba, a Tumba do Mundo. Não é a nossa. Deu pra entender.

— Isso era pra ser uma piada? — perguntei, já rindo.

— É a Tumba DELES! — Tyler disparava na frente.

Descemos ainda muitos metros abaixo, atravessando outras galerias gigantes emolduradas em metal e pedra. Em um estreito e íngreme corredor, dezenas de Escravos vieram. Nessa parte a estrutura era precária e tinha pouca iluminação, como um túnel feito às pressas debaixo da terra por toupeiras. No outro salão haviam ossos por todo canto e escadarias com Acólitos nos esperando.

Enfim, na entrada a oeste encontramos nosso objetivo.

— É isso. Lá está! — apontou Fantasma.

E novamente Acólitos e Cavaleiros encontravam-se ajoelhados, dessa vez diante de uma espécie de larga coluna giratória dourada.

— Essa gente reza muito! — e só após o primeiro tiro de Tyler que eles notaram nossa presença.

Os tiros iam de um lado pro outro na Tumba, até que todos fossem eliminados. Alguns tentavam nos surpreender pelas laterais, mas Ashra já estava esperando por eles.

— Não, não. — disse ela dando um tiro no meio dos três olhos verdes fluorescentes deles.

Com a limpeza feita, nos aproximamos e eu acionei Fantasma para abrir a Tumba.

— Ok. Quando eu invadir, eles virão atrás de nós. Então, precisamos estar prontos.

— Não me diga — Ash já estava a espreita com uma sniper.

— Ah é, verdade! Tem essa parte ainda! — Tyler gargalhava como se a missão estivesse encerrada.

Na parte debaixo da onde estávamos havia uma água estranha, que eu não sabia se era funda ou não, mas foi dali que Escravos emergiram e começaram a correr desesperadamente. Acólitos e Cavaleiros vieram por inúmeras portas, e Feiticeiras surgiam sabe-se lá de onde.

Algo diferente surgiu das águas. Movia-se lentamente, abraçando a si mesmo, não tinha rosto e sua cabeça brilhava em um verde água.

— Que coisa é aquela? — Tyler estava indignado.

— Escravos amaldiçoados. — disse Fantasma. — São suicidas. Elimine-os enquanto ainda estão longe, pois explodem.

— Granadas ambulantes, entendi. — concluiu o Titã.

— Tem tantos. Eles ultrapassaram o limite de Beckenstein. — Fantasma ainda varria a Tumba.

— Quem é esse? — perguntei, enquanto aguardávamos os reforços.

— Sem tempo para física quântica agora. Estão vindo!

Uma nova leva de inimigos nos cercava, surgindo de todos os lados.

— Reagrupar! — chamei os dois. Apesar de ser por impulso falar assim, os dois vieram. Não sabia exatamente o motivo pelo qual me escutavam, mas em poucos segundos estavam ali, ao meu lado.

Ainda por último, um Cavaleiro surgiu das águas negras com uma grande espada e veio com tudo pra cima de nós.

— Esse é meu. — sim, eu que disse isso.

Tyler já estava em posição de ataque quando tomei sua frente. Andei atirando na cabeça do monstro e quando ele lançou a espada sobre mim, passei pelo lado e planei pra longe, sacando o lança-foguetes e enviando meu melhor tiro, e assim suas partes foram aos ares.

Quando voltei. Tyler batia palmas calorosamente, e Ashra tinha os braços cruzados fazendo um lento afirmativo com a cabeça.

— Bravo! Bravo! — gritava ele.

— Foi legal. Eu teria sido mais discreta. Mas se está morto, é o que importa. — e esse era o elogio de Ash.

— Também acho. — respondi, vermelha. Sorte que não veriam.

— Ok. Consegui tudo. Tem coisas inacreditáveis aqui. A Colmeia viu milhares de mundos serem tomados pela Treva. E eles estão semeando a Terra a séculos, esperando pelo retorno dos seus deuses. Vou avisar a Cidade. Vamos embora daqui.

— Ei. Tem um baú aqui! E bonito! — Tyler já abria uma arca dourada nos arredores das águas negras. Achamos algumas armas interessantes e armaduras. A Colmeia deve ter guardado ali talvez dos últimos Guardiões que possam ter invadido o lugar, talvez.

— Tudo pronto, agora podemos ir. Vejo vocês na Torre? — perguntei ao meu esquadrão.

— Com certeza. — respondeu Tyler.

— Sempre. — afirmou Ash.

E com um sorriso que não veriam, eu parti, satisfeita por tê-los comigo.

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