Corbin:
Passei a manha inteira pensando em Rafaella.
Poderia lhe fazer outra visita...
Não, ela já disse que é ocupada.
Decido mandar uma mensagem para ela.
Eu:
Almoça comigo?
Espero por sua resposta que chega segundos depois.
Ella:
Tinha planos, mas esta convidado a me acompanhar.
Eu:
Te pego em alguns minutos na empresa.
Assim que eu mando a mensagem vou para o quarto e me arrimo o maximo que eu posso e tento parecer casual.
Coloco uma bermuda e camiseta.
Ficará estranho enquanto ela esta com roupa social?
Vou pegar ela na empresa.
Nao, tenho que parecer que estou a vontade.
Ficarei assim mesmo.
Saio de casa e vou para a sua empresa.
Assim que chego mando uma mensagem para ela avisando.
5 minutos depois vejo ela saindo do grande prédio.
Linda pra cacete.
Parece uma deusa com esse vestido florido.
Assim que ela vê meu carro se aproxima e abre a port entrando.
- você veio mesmo.- ela diz.
- duvidou que eu viria?- pergunto me aproximando dela.
- não, só achei que você estaria ocupado.- ela fala me olhando.
Nossos rostos estão muito próximos.
Eu posso beija-la facilmente.
E eu vou.
- pode me chamar sempre que precisar de mim Rafaella.- eu digo.
Me aproximo ainda mais de sua boca, eu a beijo delicadamente.
Ela dá espaço para a entrada da minha língua.
Esse beijo é diferente do primeiro, não tem fogo, apenas o desejo de sentir um ao outro.
Ficamos ali algum tempo nos beijando lentamente ate que nos separamos.
- Aonde quer ir.- pergunto a ela.
- vamos ao shopping, depois vamos nesse endereço.- ela me entrega um papel.
- voce quem manda.
Dirijo para o shopping mais próximo da empresa dela e acho um vaga no estacionamento.
Assim que entramos no shopping vejo os olhos delas passeando pelas lojas.
Ela me chamou para fazer compras?
Mulheres...
Ela caminha na frente, e eu olho para a sua mão.
Não penso no meu desejo de pegar na mão dela, apenas vou lá e faço.
Assim que pego sua mão ela me olha.
- Oque foi? Já saímos na revista, todo mundo acha que estamos juntos, nao vamos desapontar ninguém.- digo e contínuo caminhando segurando a mão dela.
Ela nos diz nada, apenas continha segurando minha mak enquanto andando.
Estamos os dois vestidos casualmente e posso dizer que realmente parecemos um casal.
Ela para em frente a uma grande loja para crianças e entra pegando um grande carrinho no interior da loja.
Acho estranho mas a acompanho.
Pego o carrinho dela e começo a empurrar pelos corredores enquanto ela enche o carrinho de brinquedos.
- para que tudo isso?- pergunto.
Sera que ela tem filhos?
Não, duvido muito.
- são presentes.- ela diz e continua com suas compras.
Sorte que meu porta malas é grande.
Assim que ela termina de fazer as compras e paga, vejo meus braços pesados de tanta sacola que eu carrego.
Enquanto eu carrego muitas sacolas, ela leva apenas uma, que contem algumas bonecas da Barbie.
Ela me olha e sorri.
- Sabia que voce esta lindo assim carregando sacolas?- ela pergunto me elogiando.
- eu sou sempre lindo, ate agora que voce esta abusando da mina forca.- digo para ela que rí.
- ta bom garanhão, podemos almoçar e depois ir para o endereço que eu te dei. Oque acha?
- uma ótima ideia, já que ontem voce quis ir embora antes da comida ser servida.- digo me lembrando que nem mesmo jantei ontem e ainda estou sem comer.
- voce não comeu nada ainda?- ela pergunta preocupada.
- Não, mas eu estou bem.- digo.
- não mesmo.- ela fala pegando algumas sacola de mim e dividindo o peso.
Ela engancha seu braço no meu e me leva para um restaurante.
Nos temos um almoço leve com muitas risadas.
Cada vez que ela sorri, fica ainda mais perfeita.
Assim que terminamos o almoço, colocamos todas as compras no quarto e vamos para o endereço.
Saímos de um bairro nobre e entramos em um com vários prédios onde familias de baixa classe vive.
Paro em frente a um sobrado de 4 andar.
Ella o observa antes de sair do carro e me pedir para ajuda-la a levar tudo para dentro.
A porta da frente esta aberta e quando entramos encontramos uma mulher.
- a senhorita por aqui?- ela pergunta surpresa.
- vim fazer uma visita e trouxe presentes para as crianças.- ela diz para a senhora.
A senhora ainda continua surpresa mas nos convida a entrar.
Quando antramos em uma sala e vejo varias crianças entendo onde estamos.
É um orfanato, decadente, sem condição para criar essas crianças, mais ainda sim o lar delas.
Olho para Rafaella que admira todas aquelas crianças brincando naquele pequeno espaço.
Seus olhos se enchem com as lagrimas que insistem em sair.
Chego perto dela e seguro em sua cintura, ela me olha com um sorriso meigo e se vira novamente para as crianças.
- oi.- ela diz para um grupo de crianças de uns 4 a 8 anos que estavam próximos a nós.
- oi- respondem todos em uníssono.
- Do que estão brincando?- Rafaela pergunta.
- jogo da velha, Pietro fez as peças para a gente brincar.- diz uma das meninas ali que parece ser a mais velha do grupo.
- Esse Pietro deve ser um menino muito talentoso.- ella diz.
- ele não gosta que chama ele de menino, diz que já é um homem.- a menina diz e Ella sorri para ela.
- então se ele diz é verdade, gostam de bonecas meninas?- ela pergunta e as crianças ficam tristes.
- gostamos, mas não podemos ter uma.
Rafaela me olha por um momento e vejo que seu coração aperta.
- Mas oque eu faço com as bonecas que eu trouxe?- ao dizer isso, não só as crianças que Rafaela estavam conversando, mas todas as crianças que estava na sala ficam quietas e vem para perto ouvir Rafaela.
Ela sorri e entrega as bonecas para as meninas, enquanto os garotos olham com tristeza por não terem ganhado nada.
- Oque estão fazendo ai? Não vão vir pegar o de vocês?- digo para eles que logo se animam.
A sala fica uma bagunça que só com as risadas das crianças e a alegria ao abrir as caixas de brinquedos.
Ainda sobraram um pouco de brinquedos e Rafaela entrega para a senhora que cuida do orfanato.
Nesse momento um adolescente entra na sala e seu olho esta roxo, ao ver a bagunça que esta na sala com todas as crianças brincando e caixas vazias espalhadas, sua cara se fecha e ele sai em direção as escadas.
-me desculpe por Pietro, já tentamos de tudo, mas com o passar do tempo tem ficado mais rebelde.- diz a senhora.
- ele é o Pietro que as crianças falaram?- Rafaela pergunta.
- sim, ele é o mais velho e esta aqui a mais tempo que as outras crianças.
Rafaela me olha antes de se virar novamente para a senhora.
- Podemos falar com ele?- Rafaela pergunta
- se deseja.- ela diz- é só subir um lance de escadas, é no último quarto do corredor.
Eu e Rafaela concordamos com a cabeça e vamos em direção as escadas.
- voce ajuda esse orfanato?- pergunto.
- é a minha intenção, fiquei sabendo sobre ele a pouco tempo.- ela diz mas encerramos a conversa ao batermos na porta do quarto e entrarmos.
O quarto tem um tamanho consideravam, mas as beliches que estão ali e alguns colchões espalhados no chão, faz parecer que o quarto é pequeno e apertado.
- oi.- Rafaela fala chamando a atenção do menino que estava deitado em dos colchões que estava no chão.
Ele se senta e nos observa.
- se querem saber sobre as crianças, Priscila é a mais nova, gosta de desenhar, Pablo tem sete anos e diz que quer ser médico, Fabiana canta e marcela quer aprender a tocar piano.- ele começa a falar sobre todas as crianças que tem naquele orfanato, Rafaela apenas se senta no colchão ao seu lado e ouve tudo oque ele diz com atenção.
Eu faço o mesmo e o observo ate que ele termina de falar de todas as crianças.
- Felipe tem treze anos, pode ser uma criança grande mas é muito educado e inteligente, se adotassem ele, tenho certeza de que nao daria trabalho para vocês.- ele termina de falar.
- E você?- Ella pergunta e ele a olha surpreso - me fala um pouco de você.
- Quer saber de mim?- ele pergunta sem entender oque ela quer dizer.
Ela me olha e eu me aproximo dos dois.
- Ouvimos você falar de todos os outros, mas e você lutador?- digo apontando para seu olho roxo.- oque você gosta de fazer?
Ele nos olha confuso não esta acostumado a falar de si mesmo e nem ter alguem perguntando isso a ele.
- eu não sou violento.- ele diz baixinho e de cabeca baixa.
- Nao dissemos isso querido.- Ella diz acariciando seus cabelos.- Quer nos contar oque houve?- sia voz é delicada ao falar.
- Não é nada demais, só uns meninos velhos da minha escola.- ele diz.
- E por que eles te bateram?- pergunto preocupado.
Ele não responde de imediato, nos olha por um momento e pensa antes de responder.
- Eles só queriam meu dinheiro do almoço da semana.- ele diz.
Almoço da semana?
- não estuda em uma escola publica? Por que tem que pagar pelo almoço?- Questiono.
- as outras crianças sim, mas eu fiz uma prova e consegui uma bolsa em uma escola particular, mas por causa disso nao posso mais pedir dinheiro para dona estela outra vez.
- e como vai almoçar?- ella pergunta a ele que da de ombros.- de jeito nenhum vai ficar sem comer mocinho, te dou o dinheiro do almoço da semana.
Ela pega a carteira e entrega uma nota de 100 reais para ele.
- isso é muito, paga quase o almoço do mês todo, a senhora não precisa fazer isso.- ele diz abaixando a cabeca.
Ella ainda continua com a nota estendida.
- mas eu quero, por favor aceite.- ele a olha e com um pouco de relutância pega a nota.- precisamos ir, vai ficar bem?
- sim, senhora.- ele diz.
Eu e Rafaela deixamos o quarto e eu vejo o jeito que ela olha para ele.
Não vai ser a ultima visita que ela fará e isso dá para ver.