De Volta à Primavera • yoonmin

By zettaiwa

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Depois de cumprir o serviço militar obrigatório de dois anos e voltar para casa para descobrir da pior maneir... More

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Bobagem

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By zettaiwa

Às dez da manhã do primeiro sábado após um dos eventos mais marcantes de sua vida, Jimin recebeu uma mensagem.

Yoongi [10:01]: espero que tenha dormido bem.

E aquela mensagem foi suficiente para deixá-lo de pernas bambas, coração batendo rápido dentro de seu peito, e com um sorriso em seu rosto que não o abandonaria pelo resto do dia.

Quando acordou naquela manhã, com uma dor de cabeça levemente incômoda e a sensação de que sua língua estava um tanto seca, Jimin teve a certeza de que nada do que havia vivido no dia anterior foi um sonho realista demais para o seu gosto. Mesmo com a realidade clara diante de seus olhos, mostrando fatos e provas de tudo que tinha acontecido, ele simplesmente não conseguia absorver e entender o que tinha sido sua volta para casa do bar. Na verdade, ele não sabia dizer o que tinham sido aquelas horas num geral – o flerte descarado quando estavam na frente de seus amigos, os toques que traduziam uma vontade explícita de ambos os lados, e depois o beijo desesperado no meio da rua.

O beijo.

Jimin, ainda sonolento, levou as pontas dos dedos e tocou seus lábios com cuidado, sentindo-os levemente inchados por culpa das mordiscadas entre beijos que Yoongi havia o dado na noite anterior.

As palavras do advogado voltaram à sua mente por um instante. A conversa sobre a confusão que ele sentia, e como Jimin se sentia da mesma maneira, mas por motivos um pouco diferentes. O engenheiro lembrava-se da vaga sensação de estar à beira de um precipício naquele momento, como se um passo em falso pudesse levá-lo à sua morte, mas o álcool acabou o ajudando a se esquecer completamente de como ele estava se expondo para Yoongi ao revelar que também estava confuso. As chances de ele ter lido aquela situação de maneira completamente errada ainda existiam, apesar de serem pequenas, mas Jimin resolveu se arriscar mesmo assim em algo que poderia tirar dele uma das melhores amizades que já tinha feito em sua vida.

O risco valeu a pena. Valeu muito a pena. Porque Jimin poderia até estar bêbado e com a cabeça leve quando beijou Yoongi naquela noite fria perto do fim do outono, mas ele achava que jamais seria capaz de se esquecer do impacto que o simples toque de seus lábios teve sobre todo seu corpo. Seus joelhos enfraqueceram, todos os seus órgãos internos pareciam ter se fundido em uma única massa indistinguível, e todas as peças de um quebra-cabeças que ele nem sabia que precisava resolver pareceram se encaixar na hora. Se perfeição existisse, Jimin diria que havia sido o beijo que eles trocaram. E podiam até chamá-lo de dramático, dizer que ele estava apenas se apaixonando, mas ele estava convicto de que nada no mundo era mais certo do que a união deles dois.

A mensagem de Yoongi, um "bom dia" discreto, serviu apenas para mostrar a Jimin que eles estavam bem. Que o beijo tinha sido algo certo, que ambos quiseram, e nenhum deles pensaria em reconsiderar aquela decisão. Jimin riu sozinho em seu quarto enquanto respondia ao advogado, com a certeza absoluta de que ele não tinha se arrependido. Pelo contrário, se pudesse, estaria naquele exato instante beijando Yoongi até ficar sem ar, fazendo apenas curtas pausas necessárias antes de voltar a beijá-lo como se toda sua existência dependesse daquilo.

Jimin acreditava que o empurrão final para que finalmente se entregasse a Yoongi tinha sido a conversa com seus amigos apenas dois dias antes. Normalmente, ele falaria com Taehyung, visto que o professor era o primeiro a ouvir tudo que o atormentava sem nenhum tipo de filtro, mas o amigo andava mais ausente do que nunca. Sempre ocupado, sempre com uma peça para desenvolver, ou algum aluno para ajudar e avaliar. Não que Hoseok e Namjoon fossem segunda opção, não, mas Taehyung tinha um conhecimento maior sobre Jimin, e ele sempre sabia o conselho certo para dar ao engenheiro. Felizmente, o casal também o conhecia muito bem, e em uma situação que Jimin precisava da experiência de pessoas que sabiam o que era gostar do próprio gênero, a ajuda de ambos veio na hora perfeita.

Ele não precisava ter pressa para chegar a respostas, era o que Jimin havia entendido. Ele tinha certeza de que gostava de mulheres e poderia gostar de uma de novo, tinha certeza de que gostava de Yoongi, um homem, e tinha certeza de que isso significava algo. Talvez chegar a pelo menos essa conclusão tenha o deixado mais relaxado em relação ao que estava sentindo, como se precisasse ouvir de alguém com experiência que estava tudo bem. Não havia problema, não havia nada de errado. Se Jimin gostava de Yoongi, que assim fosse, e que ele levasse adiante se quisesse. Por isso, também, o incômodo e a sensação de formigamento foram embora depois daquele dia, dando-o a confiança que ele precisava para deixar suas intenções com Yoongi bem claras.

Talvez ele tivesse deixado suas intenções claras para Jeongguk e Seokjin também, mas isso era o de menos. Yoongi provavelmente contaria a eles sobre o que tinha acontecido uma hora ou outra, então seria questão de tempo até que ele começasse a ver as sobrancelhas de ambos subindo e descendo em uma provocação universal para "eu sei o que vocês têm".

O resto de seu dia seguiu calmo. Jimin aproveitou o silêncio e o frio do lado de fora para ir à academia, e logo depois limpar seu apartamento por completo. As músicas tocando de seu celular, apoiado na estante que ele havia construído com Yoongi, eram as mesmas que eles tinham ouvido no apartamento do advogado pouco menos de duas semanas antes, quando falaram sobre seus passados e dividiram um abraço que agora Jimin percebia que tinha sido carinhoso demais. Um convite para almoçar no apartamento de Namjoon e Hoseok no domingo serviu para selar sua noite, além de uma despedida um tanto longa demais com Yoongi quando já era tarde e nenhum deles queria dormir.

Ficar na presença de seus amigos não serviu para fazer Jimin se esquecer da sensação dos lábios de Yoongi grudados nos seus, movimentando-se, fazendo-o se arrepiar da cabeça aos pés. O filme que assistiram depois do almoço – escolha de Taehyung, que deu a sugestão como um pedido de desculpas por não poder ver os amigos – foi um completo mistério para Jimin, que divagava por longos minutos se lembrando das mãos firmes de Yoongi em sua cintura, ajudando-o a se manter de pé durante os beijos tanto intensos quanto calmos que trocaram. As palavras do advogado ecoavam por sua mente quando os créditos começaram a rolar pela tela, e Hoseok começou a reclamar sobre não ter entendido muito bem o que tinha acabado de ver em sua televisão.

A segunda-feira provou ser um pouco diferente do que Jimin esperava. Ele achou que estaria calmo agora que sabia como era beijar Yoongi, e tendo a certeza de que a vontade tinha sido recíproca, mas, enquanto se arrumava em frente ao espelho de manhã cedo, Jimin não conseguia fazer seu coração bater em uma velocidade normal de jeito nenhum. Ele tentou respirar fundo enquanto ouvia música esotérica, tentou passar alguns minutos a mais debaixo da água quente de seu chuveiro, mas nada adiantava. Sua mente o lembrava constantemente de que aquela seria a primeira vez que veria Yoongi depois do que aconteceu. Sóbrio, com o peso do dia-a-dia em suas costas, com suas preocupações diárias em sua cabeça. Não teria a mágica de uma saída com os amigos, nem teria a falsa coragem que apenas algumas doses de álcool proporcionavam.

Seria apenas Jimin. Normal, divorciado, com um emprego que nem mesmo era de sua área. E ele tinha medo de Yoongi querê-lo apenas quando haviam fatores extras para que ele tomasse coragem de ficar com o engenheiro.

Jeongguk o cumprimentou de maneira normal naquela manhã. Não deu um sorriso malicioso de quem sabia o que tinha acontecido, nem arqueou uma sobrancelha em uma tentativa discreta de perguntar no que tinha dado os flertes descarados de sexta à noite. A vida real tinha voltado. Talvez Yoongi nem tivesse contado nada a ninguém porque não achou que fosse importante. Talvez ele só quisesse um beijo, quem sabe uma transa se ele tivesse gostado, e acabaria aí? Droga, Jimin xingou, sacudindo a própria cabeça de maneira discreta tentando afastar aquele tipo de pensamento. Ele não deixaria nenhum tipo de insegurança maluca estragar a sensação gostosa que tomava conta de seu peito desde a fatídica noite. Mas a realidade sempre podia ser cruel, ainda mais agora que ele conhecia de maneira tão crua o que significava decepção.

— Ei, Jimin-ssi. — Jeongguk chamou, fazendo o engenheiro virar sua cabeça rápido na direção de onde tinha ouvido a voz. As olheiras de seu chefe estavam mais fundas do que ele se lembrava, mas o sorriso em seu rosto ainda era simpático. — Yoongi hyung e Seokjin hyung já estão nos esperando no restaurante novo. Vamos?

Se Jeongguk tivesse feito aquela pergunta naquele contexto para o Jimin de alguns meses antes, ele teria negado o pedido. Teria comido as duas barras de cereais que ele deixava em sua mochila em caso de emergência e teria fingido que foi a melhor refeição que poderia ter feito. Mas ele raramente pulava refeições agora, ou raramente se recusava a fazê-las, sem contar que seu estômago tinha começado a roncar um pouco alto demais fazia menos de vinte minutos. Então Jimin concordou, pegou suas coisas e seguiu Jeongguk pelas ruas do centro da cidade, mantendo uma conversa rasa e amigável apesar de seus pensamentos estarem a mil com medo de algo que talvez nem fosse um problema.

Suas pernas estavam fracas quando Jimin entrou no restaurante ao lado de Jeongguk. Assim que eles localizaram a mesa onde deveriam se sentar, era como se Seokjin e Yoongi também tivessem os visto, e então, a atenção de ambos estava totalmente presa a eles. Jimin se sentia especialmente observado. E ele sabia que não era coisa de sua cabeça, não era nenhuma insegurança sua querendo inventar sensações que nem existiam, porque ele tomou coragem para encarar Yoongi de volta na mesma intensidade que era encarado. Era um olhar profundo, de entendimento, de algo que só eles seriam capazes de compreender. Yoongi estava pensando no beijo deles de sexta-feira, e para Jimin não era diferente.

A comida desceu arranhando pela garganta de Jimin. Ele não conseguia se concentrar em nada, não quando seu pé esbarrava no de Yoongi vez ou outra, mas nenhum deles fazia menção de trocar os mesmos carinhos que ficaram a semana anterior inteira trocando. Às vezes, quando estava falando em uma conversa e gesticulando com suas mãos, ele sentia o olhar pesado do advogado em seu rosto, além de receber atenção de seus outros dois amigos. A maneira como Yoongi o olhava era pesada. Ele queria ser notado, queria que Jimin o olhasse de volta, e o engenheiro estava começando a achar difícil negá-lo algo do tipo. Estava ficando nervoso, com a sensação de que devia fazer algo.

Então, quase como da primeira vez que havia visto Seokjin e Yoongi, Jimin se levantou da mesa de súbito e perguntou onde ficava o banheiro. A diferença é que, dessa vez, ele não estava nervoso por motivos ruins, não, longe disso. Jimin estava começando a sentir um calor novo percorrer seu corpo, e precisava sair dali para se acalmar e conseguir ficar na presença de Yoongi.

A água gelada batendo em seu rosto não foi suficiente para acalmá-lo por completo, mas, pelo menos, serviu para acalmar suas bochechas que ganhavam cor com velocidade enquanto ainda estava na mesa. Eles estavam quase prontos para sair do restaurante, esperando apenas a sobremesa que Jeongguk e Seokjin tinham pedido para dividir, e então Jimin estaria livre. Ele não pensaria em olhares intensos, não pensaria na firmeza das mãos de Yoongi em sua cintura, e definitivamente não pensaria em beijos profundos que deixavam suas pernas bambas. Jimin engoliu em seco, olhou para o próprio reflexo no espelho, e jogou água no rosto mais algumas vezes para se recolher e sair do banheiro o mais rápido possível, querendo dar espaço a outras possíveis pessoas na fila da cabine única do restaurante.

Mas assim que abriu a porta, um suspiro alto de surpresa escapou de sua garganta.

— Relaxa. — Yoongi abriu um pequeno sorriso. Se Jimin não estivesse tão atordoado de vê-lo ali, encostado na parede de braços cruzados, terrivelmente lindo e relaxado, teria notado o leve tom de tristeza na única palavra que ele pronunciou. — Eu só vim usar o banheiro.

Jimin assentiu, engolindo em seco. Ele não confiava na própria voz naquele momento para falar qualquer coisa. Passando as mãos pela calça para secá-las direito, ele fechou a boca em uma linha fina e deu um passo adiante, fazendo menção de que sairia do banheiro e daria espaço para Yoongi entrar, mas algo o fez parar por completo e simplesmente esperar.

— Jimin.

A voz de Yoongi saiu em um sussurro, algo que não era para ninguém além deles ouvir. Jimin parou, sentiu um calafrio percorrer toda a extensão de sua pele, e tomou coragem para olhar para o lado, sabendo que o advogado estaria parado bem ali, seu corpo a centímetros de tocá-lo.

— Você disse na sexta que queria fazer uma bobagem. — Yoongi disse no mesmo tom de antes, sua voz saindo mais grave que o normal, e, involuntariamente, Jimin umedeceu os lábios com a ponta da língua. O advogado desceu os olhos para a ação, mas os levantou de novo para encarar o engenheiro enquanto fazia sua pergunta. — Aquilo foi bobagem para você?

Jimin engoliu em seco, segurou o lábio inferior entre os dentes. Ele queria dizer que bobagem era dizer que ele não quis aquilo, e que não queria muito mais, mas ele não sabia se conseguia formular frases completas quando sua mente estava tão bagunçada por vontade. Então, Jimin olhou para trás de Yoongi, vendo que não havia ninguém atrás dele esperando sua vez de usar o banheiro, e nem viu mesas lotadas de pessoas, mostrando que o restaurante estava parcialmente vazio. Voltando a olhar para o advogado, Jimin deixou uma de suas mãos subir pelo peitoral dele até que segurasse com firmeza o nó de sua gravata, puxando-o um pouco para frente ao mesmo tempo em que dava passos para trás, balançando sua cabeça de um lado para o outro como forma de negar a pergunta de Yoongi.

— Não. — Jimin conseguiu sussurrar, sua voz saindo fraca demais até mesmo para seus ouvidos, e seu olhar caído absorvendo cada detalhe do rosto do advogado.

Ele puxou Yoongi para dentro do banheiro, fazendo com que os dois ficassem um de frente para o outro, e, com sua mão livre, empurrou a porta pela maçaneta, fechando-a com um pouco mais de força que o necessário antes de trancá-la e finalmente deixá-los sozinhos em um local privado. Jimin balançou sua cabeça de um lado para o outro de novo, murmurando um "não" ainda mais baixo que antes, e ouviu a mesma palavra no mesmo tom de volta de Yoongi. Suas costas bateram na parede gelada do banheiro, sua mão puxou a gravata do advogado com mais força, e, em questão de milésimos de segundos, seus olhos se fecharam e suas bocas se encontraram na mesma intensidade com que haviam se encontrado na sexta-feira anterior.

Jimin deslizou suas mãos do peito de Yoongi, passando por seus ombros até chegar em seu pescoço, puxando os fios curtos da região da nuca com delicadeza, ajustando o ângulo do beijo deles antes de suas línguas se tocarem para arrancar suspiros fracos de ambos. Imediatamente, o engenheiro sentiu um par de braços fortes em sua cintura aproximando seus corpos ainda mais do que antes, seus tórax completamente grudados um ao outro.

— Não foi bobagem. — Jimin sussurrou contra a boca de Yoongi em uma curta pausa, olhando em seus olhos e segurando os fios de cabelo do advogado com força entre seus dedos, roubando um selinho antes de completar seu raciocínio. — Bobagem é você achar que eu não te quero, hyung.

Yoongi murmurou um palavrão antes de desviar seus beijos para a bochecha de Jimin, descendo para sua mandíbula, até trilhar um caminho para trás de sua orelha, dando uma leve mordiscada no lóbulo que fez o engenheiro ficar nas pontas dos pés. Um suspiro alto demais ecoou pelo banheiro e ambos trocaram um olhar surpreso de imediato, suas risadas tomando conta do ambiente por alguns instantes até que suas mãos relaxassem e eles separassem seus corpos aos poucos, apesar de manterem seus rostos pertos para trocar alguns selinhos enquanto se acalmavam do contato intenso e repentino.

— Só queria garantir que não foi uma loucura de bêbado sua. — Yoongi murmurou contra a boca de Jimin, deu um último selinho, e se afastou enquanto deixava uma de suas mãos apoiadas na parede, a outra segurando o rosto do engenheiro com delicadeza. — Aliás, eu queria entender o que aconteceu desde a última vez que nós fomos ao bar até sexta passada. Porque você disse uma coisa daquela vez que contraria isso tudo que está acontecendo agora.

— Vai lá em casa amanhã. — Jimin respondeu, ainda com o olhar completamente preso à boca de Yoongi, sem conseguir prestar atenção em qualquer outra coisa. — Hoje fiquei de ir no Hoseok hyung. Vai querer ir também?

— Eu vou. — Yoongi murmurou e levantou o rosto de Jimin, querendo que ele o olhasse nos olhos enquanto falava. — Mas amanhã você é todo meu.

Jimin teria passado o resto de seu dia, sua semana, e sua vida ali dentro daquele banheiro beijando Yoongi se pudesse, mas eles já tinham passado tempo demais ali, e eles não sabiam se outras pessoas estavam na fila esperando que eles saíssem. Por sorte, não havia ninguém. Mas na pressa de sair dali Jimin notou com os olhos arregalados que o cabelo de Yoongi estava uma completa bagunça, e sua gravata estava levemente torta depois do puxão que ele havia dado. Sua situação não devia estar muito melhor, era verdade, então, antes que pudessem voltar para a mesa, eles pararam no meio do caminho para se ajeitarem, escondidos de qualquer par de olhos que pudesse perceber o que tinha acontecido poucos minutos antes.

E mesmo se esforçando para parecer que nada tinha acontecido...

— Jeongguk, por que você também não me beija com raiva toda vez que vai no banheiro junto comigo?

Esconder de Seokjin e Jeongguk era uma história completamente diferente. Mas eles eram amigos, e as bocas de Yoongi e Jimin estavam realmente vermelhas, então só restou a eles dois rir enquanto trocavam um sorriso largo. Era bom saber que eles não ligavam. Era bom saber que eles gostavam o suficiente da ideia para fazer brincadeiras com o ocorrido, então Jimin só podia se sentir relaxado.

Foi boba a maneira como Jimin se sentiu durante o resto do dia, com um sorriso fraco no rosto toda vez que ele pegava seu celular nas curtas pausas que fazia para ler as mensagens de Yoongi. Os flertes eram discretos, provocativos, e, apesar de não ser completamente diferente da dinâmica que eles andavam construindo havia algumas semanas, era novo saber que tinha um motivo de ambos os lados para continuar agindo aquela maneira. Em algum momento, Yoongi mencionou com todas as letras sobre o beijo que eles haviam trocado no banheiro, e Jimin precisou se controlar de verdade para não soltar um suspiro alto demais quando todos os seus colegas de trabalho ainda estavam no andar.

Ainda mais com Jeongguk ali, que saberia exatamente o motivo para Jimin estar soltando suspiros apaixonados quando menos se esperava.

Quando Jimin viu Yoongi parado no mesmo lugar de sempre, de braços cruzados, encostado à porta de vidro, ele sentiu toda a euforia que sentia há meses ao vê-lo ali, mas agora com a certeza de que poderia beijá-lo se quisesse, e que poderia flertar sabendo que o advogado entenderia claramente suas intenções. Era uma sensação nova que fazia os pelos de seu corpo se arrepiarem, ao mesmo tempo que deixava as pontas de seus dedos formigando, ansiando o momento em que poderia tocá-lo livremente. Jimin não conseguia esconder seu sorriso ao ver Yoongi o esperando, e não tinha certeza se queria. Se Jeongguk olhou para trás, confuso ao vê-lo daquela maneira, e depois balançou a cabeça de um lado para o outro por saber exatamente o motivo depois de ver seu amigo, nem Jimin nem Yoongi ligaram, focados demais um no outro para prestar atenção em qualquer outra coisa.

As caminhadas que davam pelas ruas da cidade continuavam a mesma coisa, talvez apenas com a pitada de algo a mais que Jimin enxergava em tudo que eles faziam agora. Eles ainda andavam lado a lado, um pouco mais perto que o necessário, com seus braços se tocando e com calafrios percorrendo por sua pele que não tinham nada a ver com o vento frio que corria entre as árvores e prédios. Naquela noite em específico, Yoongi usava uma máscara preta que cobria metade de seu rosto, mas toda vez que Jimin fazia uma pausa na história que contava para olhar para o lado, ele conseguia ver nos olhos do advogado o sorriso que estava escondido por trás do tecido. Em momentos como aquele, mesmo com alguns estudantes passando por eles pelas calçadas estreitas, Jimin sentia vontade de pará-lo apenas para roubar um beijo antes de seguir seu caminho.

Ambos soltaram um suspiro assim que entraram no prédio de Hoseok e Namjoon, aliviados por não sentirem mais o vento frio batendo contra seus rostos. Mesmo assim, mesmo com a temperatura mais agradável de um local fechado, eles não se separavam. Jimin não fazia menção de que ia para o lado, e Yoongi não tinha vontade de ir para o outro. Esperaram o elevador lado a lado, com o engenheiro descansando a cabeça no ombro do advogado, as pontas de seus dedos se tocando vez ou outra como se quisessem se entrelaçar de uma vez por todas, mas não tivessem coragem para fazê-lo.

Ao entrar no elevador, Jimin pressionou a tecla que os levaria para o andar onde seu amigo morava, e se encostou completamente ao espelho. Uma mulher bem vestida, que prestava atenção em seu celular, saiu logo no segundo andar sem olhar para trás nem desejar uma boa noite aos dois. Então, restou apenas Yoongi e Jimin ali dentro, um em cada canto, encostados ao espelho enquanto olhavam para a porta metálica fechada diante deles. Os segundos iam passando devagar, com Jimin tentando ignorar a vontade que sentia de olhar para o lado, mas chegou um momento que ele não quis se segurar. Olhou para o lado, mais especificamente para Yoongi, e quando o viu com a máscara preta descansando debaixo de seu queixo, ele não quis se impedir de trilhar seu caminho até o advogado.

— Achei que não fosse tirar essa máscara nunca. — Jimin disse em um murmúrio, levando as pontas de seus dedos até as bochechas de Yoongi, aproximando-se mais do advogado enquanto o tocava. — Estava com frio?

— Um pouco. — Yoongi abriu um meio sorriso e segurou a mão de Jimin que o acariciava, devolvendo o carinho com seu polegar. O engenheiro estava diante dele agora, os olhos caídos o observando com atenção e sempre levando um tempo a mais para observar seus lábios. — Você devia estar usando uma também, aliás. A poluição do ar hoje está pior.

— Hmmm... — Jimin murmurou, descendo sua mão de onde fazia carinho na bochecha de Yoongi para tocar o lábio inferior do advogado com seu polegar, dando toda sua atenção à boca dele. — Depois você fala sobre a poluição, hyung.

A risada nasalada de Yoongi foi a última coisa que Jimin ouviu antes de avançar para um beijo, tocando seus lábios em um ritmo lento, suas línguas se encontrando com mais preguiça ainda. O engenheiro os separou por um segundo antes de mudar o ângulo de sua cabeça, deslizando sua mão pelo casaco grosso do advogado antes de encontrar um lugar perfeito em sua cintura para segurá-lo com força e aproximá-lo ainda mais. Os braços de Yoongi imediatamente subiram para descansar ao redor de seus ombros, seus suspiros fracos servindo de incentivo para Jimin puxar seu lábio inferior entre os dentes e continuar o beijando com toda delicadeza do mundo, diferente do desespero que havia sido mais cedo no restaurante.

Eles só se separaram enquanto saíam do elevador, já no andar de Hoseok e Namjoon, mas se mantiveram perto como sempre faziam. A única coisa que poderia denunciar o beijo deles era o tom mais avermelhado de suas bocas, além da fina camada de saliva que cobria seus lábios, e, claro, as câmeras de segurança que registraram todo o momento, mas se seus amigos não pudessem notar de fato o que tinha acontecido, então Jimin ficava mais tranquilo.

Não era que Jimin não queria contar para seus amigos, não, mas ele já achava que estava escondendo coisas demais de Taehyung, e não queria ter que fazer aquela mesma revelação duas vezes. Era uma mudança importante em sua vida, e ele já tinha escolhido falar sobre sua descoberta apenas para Hoseok e Namjoon na semana anterior. Taehyung esteve lá em todos os momentos críticos e momentos inesquecíveis da trajetória de Jimin, e, agora que ele estava se apaixonando por um homem, indo contra absolutamente tudo que ele achava que seria sua vida depois de fazer trinta anos, ele achava que seu melhor amigo também deveria saber junto com os outros, assim que Jimin estivesse pronto para contar com todas as palavras sobre o que estava acontecendo.

Mas Taehyung não aparecia para jantar há muito tempo. Enquanto esperava Hoseok ou Namjoon atenderem a porta, Jimin estava olhando para seus próprios pés tentando se lembrar da última vez que tinha visto o melhor amigo. No dia em que ele tinha conhecido Yoongi, talvez? Já fazia um bom tempo, mais tempo do que ele estava acostumado a ficar sem ver Taehyung. As mensagens que trocavam eram poucas, e ligações eram ainda mais raras. Jimin sabia que uma amizade não precisava de conversas constantes para se manter, mas era algo que aquele pequeno grupo estava acostumado a fazer e cultivar, então acabava sendo estranho que Taehyung aparecesse tão pouco.

Os pensamentos sobre Taehyung e sua constante ausência desapareceram assim que Namjoon abriu a porta, cumprimentando-os com um sorriso e algumas palavras sobre como ele tinha trazido sobremesa do restaurante além do jantar. Jimin sentiu como Yoongi o esperou para entrar no apartamento, mantendo-se perto até mesmo enquanto tiravam seus sapatos e casacos mais pesados na entrada, e deixando seu braço esbarrar no outro com frequência demais para ser apenas uma coincidência. Jimin queria pegar os dedos do advogado e entrelaçar aos seus, mas sabia que não seria algo muito discreto a se fazer, e Namjoon já parecia se atropelar em suas próprias palavras só de reparar em como eles dois estavam próximos.

Apesar de Namjoon ainda conseguir disfarçar sua curiosidade em relação ao que estava vendo, Hoseok já não conseguia – ou não queria – manter a mesma discrição do esposo. Jimin sabia que, em partes, toda a atenção que ele e Yoongi estavam recebendo era culpa sua. Foi ele que teve uma conversa um tanto quanto suspeita com os amigos menos de uma semana antes, e era ele também que estava com a perna por cima das coxas de Yoongi, além de constantemente olhar para o advogado como se ele fosse a única pessoa presente na mesa. Toda vez que Jimin desviava sua atenção para Namjoon e Hoseok por dois segundos que fosse, ele reparava em como os amigos olhavam para outra direção, como se sentissem culpados por observar tanto e não quisessem ser pegos.

Jimin não ligava tanto para os olhares. A única coisa que o incomodava era querer contar aos dois o que estava acontecendo, que sim, Yoongi era a pessoa sobre quem ele tinha falado na semana anterior, mas ele sentia as palavras morrendo em sua língua quando pensava no quanto queria que Taehyung também estivesse ali para ver aquilo tudo. Jimin queria ver as sobrancelhas do melhor amigo indo parar no meio de sua testa quando ele visse o engenheiro fazendo algo bobo como limpar uma sujeira no canto da boca de Yoongi, mas ele não estava ali. Não aparecia mais com tanta frequência, sempre tinha algo para fazer, e apesar de Jimin amar Namjoon e Hoseok com todo seu coração, Taehyung era o único que esteve ali desde o início e estaria ali até o final.

Sua presença era vital, mas ele já não aparecia mais com tanta frequência.

Os pensamentos sobre Taehyung acabaram afetando a maneira como Jimin agia. Ele conseguia ouvir a conversa acontecendo ao seu redor, e sentia a mão de Yoongi massageando de leve a parte de sua coxa um pouco acima de seu joelho, mas não estava mais com humor para participar ativamente do assunto na mesa. Os apertões de Yoongi em sua perna ficavam mais fortes quando ele ficava mais distraído, e, apesar de não estar o olhando diretamente, Jimin sabia que o advogado estava fazendo aquilo em uma tentativa de perguntá-lo se estava tudo bem enquanto engatava em qualquer conversa com Namjoon e Hoseok.

Jimin só sentiu a atenção de Yoongi completamente voltada para ele quando o casal se levantou da mesa para tirar os pratos e potes que antes tinham comida e levá-los para a cozinha. Imediatamente, o advogado tirou uma de suas mãos da perna de Jimin para levantá-la em direção ao seu rosto, iniciando um carinho leve em sua bochecha assim que as peles entraram em contato. Yoongi soltou uma risada fraca quando o engenheiro fechou os olhos e murmurou satisfeito, mas logo tocou com delicadeza as pálpebras de Jimin, um pedido para que ele o olhasse para ter uma conversa.

— Aconteceu alguma coisa? — Yoongi perguntou em um murmúrio, aproximando seu rosto de Jimin e roubando um beijo rápido do engenheiro. Ele recebeu uma resposta negativa em forma de um aceno de cabeça, e pensou por alguns segundos antes de continuar a falar. — Tem certeza? Você ficou meio quieto do nada.

— Eu só estava pensando em uma coisa. — Jimin deu de ombros e desceu o olhar para os lábios de Yoongi, roubando mais um, dois beijos antes de se afastar e abrir um sorriso, levando um de seus braços para trás da cadeira onde o advogado estava sentado e puxando os fios de cabelo da nuca dele entre seus dedos, fazendo um carinho leve na área. — Mas prometo que está tudo bem.

— Se você diz. — Yoongi franziu o cenho, fez um bico com os lábios e relaxou em sua cadeira, aproveitando o carinho que estava recebendo. Ele olhou para trás uma vez, querendo saber se o casal já estava saindo da cozinha, e quando percebeu que eles ainda tinham mais alguns segundos de privacidade, inclinou-se para frente de novo, arrancando uma risada de Jimin. — Você pode me contar qualquer coisa se precisar botar para fora.

Cada beijo que trocava com Yoongi dava a Jimin a sensação de estar nas nuvens. Por alguns segundos, era como se a gravidade deixasse de existir e ele começasse a flutuar pelo céu, ao mesmo tempo em que sentia uma tempestade dentro de seu peito, seu coração batendo com velocidade e as borboletas em seu estômago voando todas ao mesmo tempo. Ele ficava tão aéreo, tão imerso em Yoongi, que nem tinha ouvido as vozes de seus amigos se aproximando da sala novamente. A sorte é que o advogado os ouviu e conseguiu se separar do mais novo antes que eles fossem flagrados ali. Não era a hora de dar explicações. Jimin queria aproveitar mais a sensação de formigamento em sua boca antes que precisasse usá-la para contar a Namjoon e Hoseok sobre tudo que andava acontecendo desde a sexta-feira anterior.

Apesar de se sentir muito mais livre e leve na presença de Yoongi agora que a existência de uma atração entre eles estava resolvida, Jimin ainda sentiu um nervosismo pesar em seu estômago no dia seguinte, quando estavam caminhando lado a lado nas ruas vazias do bairro onde moravam depois do trabalho. O advogado tinha dado um beijo rápido em sua bochecha quando percebeu sua tensão, o que ajudou o engenheiro a relaxar um pouco mais, mas ele ainda estava preocupado com a conversa que o mais velho tinha pedido naquela noite. Aquilo ainda era muito novo para Jimin. Ele tinha certeza de seus sentimentos, mas não sabia até onde estaria disposto a ir em um envolvimento emocional depois do que tinha acontecido com sua ex-esposa, e não sabia até que ponto Yoongi poderia ser tão compreensivo com ele.

— Eu devia ter trazido luvas hoje. — Yoongi murmurou quando estavam a uma quadra do prédio de Jimin, mexendo os dedos das mãos para manter a circulação de sangue na área. — Não achei que fosse esfriar tanto à noite.

— O que seria de você sem mim, hyung? — Jimin disse em um tom brincalhão, um sorriso se formando em seu rosto enquanto ele pegava a mão de Yoongi e entrelaçava seus dedos. Sem cerimônias, o engenheiro enfiou as mãos deles dentro do bolso do próprio casaco na tentativa de esquentá-las antes de chegar em casa. — Pronto. Eu te empresto uma luva quando você for sair mais tarde.

O peso no estômago de Jimin não foi embora enquanto eles subiam até seu apartamento pelo elevador, mas certamente diminuiu enquanto ele sentia os beijos de Yoongi em seu rosto, e dava risadas fracas das bobeiras que o advogado falava enquanto abraçava sua cintura. Se antes Yoongi dava um jeito de acalmá-lo com as palavras certas que Jimin precisava ouvir, agora ele tentava fazer o mesmo com beijos, carinhos, tudo que ele já não recebia há tanto tempo, e que com certeza não achou que receberia tão cedo – ainda mais de outro homem. Apesar de tudo aquilo ajudá-lo de certa forma, também o lembrava da conversa que eles precisavam ter, e dava a ele o entendimento de que estava receoso com o possível futuro da relação entre eles dois, fosse amistosa ou romântica.

Assim que entrou em seu apartamento, Jimin se virou de frente para Yoongi e o ajudou a tirar o casaco de inverno que ele usava, aproveitando o contato para deslizar suas mãos pelo braço do advogado, descansando-as em sua cintura logo em seguida. Por um instante, ele quis aproveitar que estava na privacidade de seu apartamento – não era em uma rua vazia, não era no banheiro de um restaurante, não era na mesa de jantar de seus amigos – e puxou Yoongi para perto com firmeza, recebendo apenas uma risada nasalada do mais velho como resposta. Jimin ainda usava seu próprio casaco, mas não se incomodou em tirá-lo depois que sentiu os braços de Yoongi ao redor de seus ombros, puxando-o para baixo quando ele próprio se inclinava para trás.

Se sua memória não estava o enganando, aquele beijo sendo trocado na entrada de seu apartamento quando a porta ainda nem estava completamente trancada o remetia muito ao beijo de sexta-feira. Não estava sendo afoito, com mãos desesperadas e bocas famintas, nem estava sendo calmo demais, com toques suaves e selinhos trocados de olhos entreabertos. Era perfeito, apaixonado, com a velocidade certa e firmeza ideal onde eles se seguravam um no outro. A cabeça de Jimin ficou leve em um piscar de olhos, suas pernas enfraquecendo no mesmo ritmo, fazendo seu corpo se inclinar demais para frente e causando uma risada fraca em ambos. O engenheiro esticou um dos braços até achar uma parede para se apoiar, e assim que achou, sem parar o beijo por um segundo que fosse, encostou Yoongi sobre a superfície e se aproximou ainda mais para que seus corpos ficassem completamente grudados.

Um dos braços de Jimin estava completamente ao redor da cintura de Yoongi, fazendo-o se aproximar muito mais do que qualquer outra vez, permitindo-o sentir de verdade o contato de seus dois corpos. Os dedos do advogado se entrelaçavam aos fios de seu cabelo deixando-o completamente bagunçado, mas fazendo um arrepio correr por sua pele com cada leve puxão que ele sentia na área. A primeira grande pausa que fizeram serviu para Jimin tirar o casaco grosso que usava, agora o incomodando com o calor desnecessário ao invés de mantê-lo aquecido na noite gelada da cidade. Ali dentro, com apenas eles dois, estava muito mais quente. A peça de roupa caiu no chão com um som abafado, e logo em seguida eles fecharam seus olhos novamente antes de suas bocas se encontrarem com um pouco mais de entusiasmo do que antes, como se os poucos segundos que ficaram separados tivessem sido suficientes para sentir saudade.

O ritmo apaixonado do beijo deles mudou em um instante quando, para incentivá-lo a continuar, Yoongi puxou com mais força os fios de cabelo na nuca de Jimin e um suspiro mais alto que o comum ecoou entre eles. Na mesma hora, o engenheiro sentiu um calor familiar descer para sua região pélvica, e como uma resposta automática para aquela sensação, ele buscou por mais contato na área, empurrando-a para frente na direção de Yoongi. O movimento pareceu despertar algo no advogado também, porque o gemido quebrado que saiu de sua garganta logo em seguida teria sido capaz de deixar Jimin tonto se ele não estivesse se segurando com tanta firmeza no mais velho.

A partir dali Jimin ficou extremamente atento à maneira que o beijo deles pausava com mais frequência, tudo porque ambos buscavam por mais contato entre as ereções que cresciam bem aos poucos dentro de suas calças, e suas bocas estavam ocupadas demais emitindo gemidos fracos para que suas línguas se encontrassem no mesmo ritmo de antes. Os olhos de Yoongi estavam entreabertos, encarando os de Jimin que se encontravam no mesmo estado, e sua boca se abria e se fechava cada vez que ele gemia num ritmo igual aos movimentos que o engenheiro fazia com seus quadris. O mais novo murmurou um palavrão antes de descer seus beijos pela mandíbula de Yoongi até chegar ao seu pescoço, agora ouvindo melhor os sons que o advogado emitia diretamente contra sua orelha, além de conseguir sentir a respiração quente e pesada dele batendo contra sua pele.

Um gemido sofrido escapuliu dos lábios de Jimin quando ele sentiu sua ereção roçando com precisão contra a de Yoongi, determinado a repetir aquele movimento com ainda mais força, mas o chamado fraco de seu nome e a ausência de mãos firmes em seu cabelo o fizeram diminuir seu ritmo.

— Jimin. — Yoongi repetiu, dessa vez com um pouco mais de determinação, e apertou os ombros do engenheiro em uma tentativa de fazê-lo parar. Jimin soltou um suspiro e levantou seu rosto, encarando o advogado nos olhos enquanto seu peito subia e descia com velocidade e seu corpo relutantemente criava certa distância entre eles. — Vai por mim, eu não queria parar, mas eu queria muito conversar com você para entender de onde isso veio.

— Tem razão. — Jimin concordou e relaxou seus músculos, deixando a palma de sua mão deslizar pelas costas de Yoongi e diminuir o aperto ao redor da cintura dele. O engenheiro engoliu em seco e concordou com a cabeça mais uma vez, roubando um último selinho do mais velho antes de dar um minúsculo passo para trás para criar mais distância entre eles. — Vamos pedir alguma coisa para jantar?

Jimin demorou alguns minutos para se acalmar por completo, o peso de sua ereção ainda o distraindo com mais frequência do que ele gostaria de admitir, mas ele ficava satisfeito em ver que Yoongi parecia tão desconcertado quanto ele com seus lábios avermelhados e roupa completamente desarrumada. Eles escolheram o restaurante e fizeram seus pedidos com calma, soltando um grunhido frustrado com o tempo de entrega maior do que a fome que sentiam, e assim que Yoongi deixou o celular em cima da mesa de centro e olhou diretamente para Jimin sentado do outro lado do sofá, um silêncio pesado e desconfortável surgiu entre eles pela primeira vez.

— Eu não quero que isso seja desagradável para nenhum de nós. — Yoongi abriu um pequeno sorriso e abriu seus braços também, um convite claro para Jimin se encaixar ali. — Eu só queria entender. Vem?

— Claro. — Jimin sorriu junto de Yoongi, engatinhando em cima do sofá até ficar de frente para o advogado e se sentar de frente para ele, suas pernas se cruzando por trás das costas dele ao mesmo tempo que sentia que o mais velho estava fazendo igual. — Você tem razão. Acho que seria bom para nós dois falar sobre tudo que está acontecendo.

— Então só... — Yoongi gesticulou com as mãos, fez uma careta e soltou um suspiro longo, olhando em outra direção que não fosse o rosto de Jimin enquanto pensava em como formular suas perguntas. — Eu realmente não quero parecer intrometido. Mas você disse uns meses atrás que tinha interesse exclusivo em mulheres, e de uns tempos para cá...

— Eu deixei na cara, né? — Jimin franziu o nariz, abriu um pequeno sorriso, e Yoongi só conseguiu concordar com uma careta parecida no rosto. — Hyung, eu vou ser sincero com você. Eu realmente achei que fosse hétero durante, tipo, minha vida toda. Mas teve um dia que...

Jimin fez uma pausa, lembrando-se do sonho romântico que teve com Yoongi no dia em que eles construíram as prateleiras que, no momento, estavam longe do seu campo de visão, e lembrando-se também de alguns dias depois quando, para sua surpresa, sentiu vontade de beijar o advogado.

— Eu senti vontade de te beijar, e foi a sensação mais doida que eu já senti na minha vida. — Jimin arregalou os olhos e ergueu as sobrancelhas, lembrando-se também da frase infeliz que disse sobre estar com vontade de ir ao banheiro para fugir de Yoongi o mais rápido possível. — Porque foi novo, inesperado. Foi só vontade de beijar, mas foi com alguém que eu realmente não esperava sentir vontade de fazer... isso.

— E foi só vontade de beijar mesmo, Jimin? — Yoongi perguntou, sua voz saindo mais fraca que antes, uma expressão mais séria tomando conta de seu rosto normalmente neutro.

— Foi um bilhão de coisas ao mesmo tempo, para ser sincero. — Jimin riu fraco, pensando em todos os sinais que estiveram diante de seus olhos antes de ele sentir vontade de beijar Yoongi, mas que ele não soube interpretar. — Por um tempo eu só achei que te admirava demais, que gostava demais da sua companhia, que ligava muito para o que você acharia de mim... — Jimin fez uma pausa, olhou para as próprias mãos em cima do sofá, perto de onde estavam as de Yoongi. — Hyung, eu fiquei nervoso para saber o que você acharia do corte do meu cabelo. Foi a coisa mais estúpida do universo, eu não sei como não percebi antes.

— Então o que te fez perceber foi essa... vontade de me beijar que você sentiu, foi isso? — Yoongi perguntou, um pequeno sorriso crescendo em seu rosto, guardando aquela pequena confissão embaraçosa em sua memória. — Antes você achava que só me admirava?

— É, foi isso. — Jimin admitiu com uma careta no rosto, mais uma vez se lembrando do choque que sentiu quando seus pensamentos tinham o único objetivo de observar os lábios de Yoongi. — A atração física foi a cereja no topo do bolo para me fazer perceber, porque eu tenho quase certeza de que eu já gostava de você há muito tempo.

— Assim você faz eu me sentir menos culpado por já gostar de você há tanto tempo. — Yoongi murmurou, fazendo Jimin levantar a cabeça em uma fração de segundo e encará-lo de olhos arregalados. O advogado riu fraco, aproximando-se um pouco mais do outro em cima do sofá, e tomando a liberdade de colocar suas mãos por cima das mãos do engenheiro. — Aquele dia que você disse que era hétero... Foi um balde de água fria na minha cabeça, não vou mentir.

— Jura? — Jimin abriu um sorriso, deu uma risada curta e mordeu o lábio inferior para se impedir de rir mais. Yoongi concordou, uma careta em seu rosto, provavelmente envergonhado por admitir aquilo. — Eu acho que começou por ali, para mim... Toda aquela admiração que eu na verdade não sabia o que era.

— Jimin, eu... — Yoongi manteve sua boca aberta, pensando em como continuar sua frase, e depois de alguns segundos escolheu fechá-la e umedecer os lábios com a ponta da língua. Ele puxou ar, fechou os olhos e soltou tudo em um único suspiro. — Eu não quero duvidar de você, eu juro. Mas eu gosto bastante de você, e eu já me decepcionei muito nessa vida, então eu preciso muito saber agora se eu estou sendo só uma aventura de descoberta para você.

— Yoongi. — Jimin chamou, a voz suave, o honorífico completamente esquecido para mostrar o quão sério ele estava. Uma de suas mãos subiu em direção ao rosto do advogado, seu polegar acariciando a bochecha dele enquanto olhos intimidantes o encaravam de volta com certo receio. — Eu não decidi te beijar só porque eu acordei um dia e questionei minha sexualidade, e pensei, hm, o Yoongi hyung pode ser uma boa opção para eu testar uma teoria.

— Não? — Yoongi perguntou, sua voz saindo quebrada em uma mistura de alívio e um resquício de receio.

— Não, não foi assim. — Jimin negou com a cabeça, levando sua outra mão para o rosto de Yoongi também, vendo o advogado fechar os olhos com o carinho que recebia. Jimin sorriu e continuou. — Foi assustador admitir para mim mesmo o quanto eu gosto de você, o quanto eu me sinto atraído por você, o quanto eu te quero, de todas as formas.

Jimin respirou fundo, assustado com a própria honestidade, ainda mais quando estava dizendo tudo para a pessoa que o fazia se sentir daquela maneira. Estava sendo tão impactante quanto admitir em frente ao espelho, em voz alta, que gostava de Yoongi. Estava fazendo calafrios percorrer por seu corpo como acontecia toda vez que ele pensava no advogado de maneira romântica, com beijos, carinhos, e tantas outras coisas que ele um dia fez com sua ex-esposa.

— Eu ainda não posso te dizer com todas as letras o que significa, para mim, gostar disso e daquilo, ou gostar mais disso do que daquilo, ou, sei lá, gostar igual, porque eu estou descobrindo essas coisas aos poucos. — Jimin respirou fundo de novo, aproximou seu rosto de Yoongi até que suas testas se tocassem, e encarou no fundo dos olhos do advogado enquanto sussurrava o resto de sua frase. — Mas eu posso te dizer, com toda certeza, que eu gosto de você. Muito. E se você for uma aventura, hyung, eu acho que não me incomodaria de viver eternamente me aventurando.

A última coisa que Jimin viu antes de ser beijado de uma maneira que nunca havia sido beijado antes, foram as maçãs do rosto de Yoongi se levantando devagar, até que seus olhos se fecharam involuntariamente com o contato de suas bocas. Não era um beijo bonito, muito menos coordenado, mas Jimin conseguiu sentir todas as emoções que Yoongi estava sentindo sendo transferidas para ele através de toques desesperados por seu corpo. A posição era desconfortável e seus dentes se bateram demais, o que fez ambos darem risadas e se separarem a uma distância segura, segurando as mãos um do outro e se olhando com tanto carinho que Jimin sentiu seu coração se aquecer por completo.

— Ah, Park Jimin... — Yoongi abriu um sorriso mais largo que mostrava suas gengivas e escondeu o rosto no ombro de Jimin, apertando os dedos do engenheiro com um pouco mais de força. — Você sabe bem conquistar o coração de um homem.

— Eu posso dizer o mesmo para você, hyung. — Jimin deu uma risada fraca e beijou o rosto de Yoongi algumas vezes, aproveitando o ângulo em que o advogado estava, com a testa apoiada em seu ombro. — Eu nem cogitava gostar de um antes, e você fez isso do nada! Sem se esforçar! Vou te mandar a conta do cardiologista, o que você fez com meu coração não é normal.

— Você é bobo. — Yoongi levantou a cabeça, deu uma risada fraca. Jimin sorriu junto e avançou para distribuir alguns beijos pelo rosto do advogando, ouvindo-o murmurar satisfeito com o carinho, mas afastá-lo da mesma forma. — Agora que a gente sabe que gosta um do outro, isso me leva à pergunta... o que nós somos agora, Jimin?

— Hm... — Jimin parou, levou uma mão ao queixo, e depois de pensar por alguns segundos, proferiu a melhor resposta que conseguiu formular em sua cabeça. — Alguma coisa, definitivamente. Mais que uma amizade, mas não... com rótulos. Pelo menos não ainda. Eu já te conheço como amigo, mas eu acho que ainda falta te conhecer romanticamente.

— Eu entendo. — Yoongi concordou, sua expressão séria, mas não porque ele estava descontente. Ele parecia estar imerso no assunto, e não queria ver aquilo como se fosse uma bobagem qualquer. — Achei que você fosse pedir calma por causa do divórcio também, mas o que você disse faz sentido.

— Isso também. Não tem nem um ano que eu me separei, e eu não quero me jogar em um relacionamento de novo assim. — Jimin completou seu raciocínio, mas fez uma careta por conta das palavras que tinha usado. — Não me leve a mal, eu gosto muito de você, hyung, de verdade, mas um relacionamento não depende só disso. Tem muito mais coisa no meio para fazer funcionar, e eu estou disposto a descobrir se nós daríamos certo.

— Não, você tem razão. — Yoongi concordou novamente e abriu um sorriso mais largo, apertando a mão de Jimin sem muita força, apenas para assegurá-lo de que estava tudo bem. — É melhor ir com calma. Eu não estou com pressa, e se ir com calma vai garantir que a gente consegue ficar junto...

— Então eu tenho toda a calma do mundo. — Jimin completou a frase, aproximando-se de Yoongi para roubar um selinho longo, que o fez soltar um suspiro lento. Passou-se se alguns segundos até algo estalar em sua mente, e, com uma incerteza que ele não teve até então na conversa, o engenheiro se afastou para continuar a falar. — Por falar em calma... E-eu sei que eu me empolguei ali na porta mais cedo, mas–

— Nós vamos com calma em todos os sentidos. — Yoongi levou uma de suas mãos até a nuca de Jimin, acariciando o cabelo curto da área. O engenheiro prendeu a respiração e assentiu, fechando a boca em uma linha fina enquanto ouvia o que o advogado tinha para falar. — Eu não quero que você se sinta pressionado a fazer nada, e, se você se sentir, me avisa. Isso é para ser bom para nós dois. Se um não quer, acabou. Entendeu?

— Eu quero. — Jimin inclinou o queixo um pouco para baixo, levantou o olhar, e umedeceu os lábios com a ponta da língua enquanto se lembrava do beijo intenso que trocaram mais cedo, além da semi-ereção que o incomodou por alguns minutos. — Só quero ir com calma porque eu não tenho muita experiência nessa... área.

— Eu te prometo que pode ser muito, muito bom. — Yoongi inclinou o queixo para cima e direcionou o olhar para baixo, o oposto do que Jimin estava fazendo, mas com a intenção exatamente igual. — E nós vamos ter tempo para descobrir tudo que você gosta, tudo que você não gosta, e descobrir o que nós dois gostamos.

— Hmmm... Eu vou adorar descobrir tudo com você. — Jimin abriu um sorriso e se aproximou para deixar um beijo mais demorado nos lábios de Yoongi, afastando-se apenas um pouco antes de completar seu raciocínio. — Mas por enquanto eu sei que gosto muito de te beijar, então...

Já havia passado um tempo desde a última vez que Jimin passou longos minutos beijando uma pessoa apenas por beijar, sem nenhuma segunda intenção por trás de mordiscadas leves em lábios e beijos molhados em pescoços expostos, então ele tinha se esquecido como a sensação era boa. Quando o jantar chegou, eles não quiseram perder tempo saboreando a comida com calma nem fazendo elogios sobre como estava deliciosa. Eles comiam tão rápido que, em um momento, Yoongi engasgou e precisou de muitos tapas nas costas e mais algumas goladas de refrigerante para se acalmar de vez.

A despedida deles foi mais longa que o necessário, com toques que se estenderam por segundos demais, e beijos que nenhum deles se cansava de trocar. Enquanto Yoongi calçava seus sapatos, Jimin o impedia e o puxava para perto de novo, sua língua encontrando a do advogado com facilidade. Se Yoongi tentava vestir seu casaco para enfrentar o frio que fazia do lado de fora, Jimin deslizava suas mãos por dentro do tecido, como havia feito mais cedo, e pedia só mais cinco minutinhos enquanto já sentia os lábios do mais velho roçando nos seus. Ele já devia estar cansado a aquela hora, sentindo sua boca dormente depois de tanto beijar Yoongi, mas Jimin não conseguia parar. Não queria. Era uma pena a vida de ambos continuar e eles precisarem dormir, porque, se pudesse, continuaria nos braços do advogado a noite toda.

Yoongi se despediu com a promessa de que se veriam no dia seguinte, dando um último selinho em Jimin antes de precisar sair correndo para o mais novo não puxá-lo para perto pela milésima vez e impedi-lo de ir embora. No entanto, quando a manhã de Jimin começou, com o sol nascendo aos poucos do lado de fora, as mensagens em sua tela bloqueada fizeram um bico se formar em seus lábios antes mesmo que seu cérebro acordasse por completo.

Yoongi [06:16]: lembra daquele problema de semana passada? Bem, ele voltou, e eu vou precisar resolver hoje.

Yoongi [06:16]: não vou poder te ver.

Jimin não se deixou abalar muito pela decepção que o incomodou durante toda a manhã, até porque a companhia de Jeongguk e Seokjin ainda era agradável, e ele havia recebido um convite de Namjoon para jantar com o casal à noite. Ele só achava que sentiria falta de dedos que encontravam os seus em meio às ruas vazias, e definitivamente sentiria falta de beijos que eram para ser curtos, mas se estendiam por segundos até demais. Ele só estava gostando bastante de uma pessoa, que mal tinha isso? Querer a companhia de Yoongi não tinha nada de errado, mas, já que ele não tinha no momento, Jimin se permitiria ficar um tanto decepcionado enquanto não estivesse se distraindo com outras coisas.

Quando a hora de ir embora estava se aproximando, Jimin pensou que aquela noite poderia ser uma boa oportunidade para contar para seus amigos sobre tudo que estava acontecendo com Yoongi, ainda mais agora que eles tinham resolvido exatamente o que queriam entre si. Mas Jimin queria a presença dos três melhores amigos, e não apenas de dois. Então ele pegou seu celular, arriscou uma mensagem perguntando se poderia ligar para Taehyung mais tarde, e, quando recebeu uma resposta positiva com um pouco mais de exclamações do que ele estava esperando, Jimin se permitiu pensar que talvez o amigo finalmente fosse vê-lo depois de tanto tempo.

Ele mandou aquele trecho das mensagens com Taehyung para Hoseok, acompanhado de uma pergunta um tanto sarcástica sobre eles finalmente poderem ter esperanças de ter a companhia do professor no jantar, e tudo que recebeu de volta foram longas risadas e um igualmente sarcástico "eu não teria se fosse você". De certa forma, Jimin se sentia mal por estar fazendo aquilo e agindo daquela maneira, mas ele também estava frustrado. Taehyung era uma grande parte de sua vida, e saber que ele não estava lá para ver uma mudança tão grandiosa e, francamente, chocante, deixava-o ainda mais decepcionado do que não ter a companhia de Yoongi durante um dia.

— Oi, Taehyungie. — Jimin cumprimentou o amigo no telefone assim que ele atendeu à chamada, escondendo o sorriso que se formou em seu rosto atrás de sua mão livre. — Fiquei de ligar e cumpri minha promessa. Como você está?

— Exausto. — Taehyung respondeu com uma pontada de drama, e Jimin sentiu seu cenho se franzindo na hora. O sorriso sumiu de seu rosto aos poucos, já imaginando aonde aquela conversa iria. — Mil coisas que já fiz, e mil coisas ainda para fazer. E você?

— Eu estou bem. — Jimin respondeu em um murmúrio, levantando a cabeça quando viu uma movimentação maior que o normal ao seu redor. Um trem estava chegando na plataforma, e ele sabia que a chamada ficaria barulhenta por alguns minutos. — Exausto, é? Achei que já estivesse de férias.

— Não, ainda não, mas de qualquer forma, um professor não para nem por um segundo. — Taehyung disse com uma risada fraca e pouco convincente servindo de ponto final. A conversa deles ficou em silêncio por alguns segundos, Jimin deixando a decepção se fazer em casa antes mesmo que ele pudesse fazer qualquer pergunta e receber qualquer resposta negativa. — Você tinha algum motivo para me ligar?

— Eu ia te perguntar se você queria ir jantar no Hoseok hyung...

— Ah... — Taehyung disse, estendendo a vogal de tal maneira que Jimin já sabia sua resposta antes mesmo que ele dissesse qualquer outra coisa. — Desculpa, eu não vou poder. De verdade. Tem alguns alunos aqui que eu preciso ajudar para–

— Nem se você chegar bem tarde? Não precisa nem jantar com a gente, só chega lá depois. — Jimin insistiu, querendo muito ver o amigo o quanto antes. Ele queria compartilhar uma felicidade sua, uma mudança drástica e positiva em sua vida. Ainda mais depois de Taehyung tê-lo visto no fundo do poço no início do ano. — Tem tempo que eu não te vejo. Tempo que eu não vejo meu amigo.

— Que bobagem, Jimin, eu ainda sou seu amigo mesmo sem te ver. — Taehyung tentou dar uma risada, aliviar o clima que pesava aos poucos na ligação, mas Jimin não conseguia rir. Não achava nem um pouco engraçado. — Desculpa, ok? Vamos marcar de nos ver, sim. Só não dá hoje.

— Tá. — Jimin respondeu, o tom claramente seco e irritado. Taehyung parecia estar com a respiração presa do outro lado da linha, porque nenhum som vinha do homem. — Depois você me manda uma mensagem avisando quando tem espaço para seus amigos nessa sua agenda lotada.

Jimin não achava que era bobagem, nunca achou. Jimin valorizava suas amizades, e valorizava ainda mais o fato de conseguir ver seus melhores amigos com tanta frequência, sempre mantendo o assunto em dia, cada um sempre fazendo de tudo para ver o outro. Ele desligou a chamada com uma irritação chata roubando o espaço da decepção em seus sentimentos, ficando ainda mais irritado por estar se sentindo daquela maneira logo com Taehyung. Tinha anos que aquilo não acontecia, não de maneira tão intensa. Eles tinham suas pequenas discussões, seus desentendimentos, mas, para Jimin, aquilo parecia algo maior que ainda se estenderia por mais um tempo, apesar de já estar se arrastando por mais semanas que o esperado.

Se Hoseok tinha alguma piada sarcástica para fazer sobre a ausência – mais uma vez – de Taehyung no jantar, as palavras morreram em sua língua quando ele viu o cenho franzido de Jimin ao passar pela porta da frente. O engenheiro tentou sorrir e dizer sem demonstrar tanto seus sentimentos que o amigo deles não seria capaz de ir, mas, a julgar pelos olhos arregalados de Namjoon, a última coisa que ele estava conseguindo fazer era ser discreto. O clima na sala do casal não era dos mais agradáveis, um pouco tenso demais, mas, aos poucos, eles podiam espantar aquela atmosfera e começar uma conversa leve, talvez até contar algumas histórias sobre o dia que tiveram.

O que mais irritava Jimin em tudo aquilo é que ele só queria contar logo para Namjoon e Hoseok sobre o que andava acontecendo desde a sexta-feira anterior para ter mais liberdade ao lado de Yoongi. Ele não queria se impedir de buscar pela mão do advogado ou roubar um beijo rápido apenas porque seus amigos não sabiam. Era idiota. Eles estavam em um local privado, com pessoas que jamais o julgariam por se gostarem, então por que diabos ele deveria se privar de trocar um carinho bobo com Yoongi? Só por que ele também queria que Taehyung soubesse aquilo? Taehyung nem os veria direito, já que ele não aparecia mais nos jantares com tanta frequência. Talvez ele nem ligasse tanto quanto o casal de amigos porque não conhecia Yoongi tão bem assim.

Eram Namjoon e Hoseok que estavam o acompanhando naquela jornada, não Taehyung, então, para Jimin, de repente parecia mais do que certo contar aos dois de uma vez por todas.

— Gente, vocês se lembram daquela conversa que nós tivemos semana passada?

Jimin interrompeu o assunto entre o casal, ganhando a atenção total dos dois em questão de segundos. Eles trocaram um olhar demorado, ambos demonstrando uma surpresa explícita com suas expressões, mas assim que absorveram a pergunta e decidiram que estavam prontos para respondê-la, ambos assentiram com a cabeça e colocaram os dedos entrelaçados por cima da mesa, dando ao engenheiro a impressão de que estava falando com seus pais. De novo.

— Sobre você gostar de um–

— É o Yoongi hyung. — Jimin admitiu antes mesmo que Namjoon pudesse terminar sua frase. Dessa vez, as expressões de surpresa não foram tão descaradas, mas o engenheiro ainda conseguiu ver dois pares de sobrancelhas subindo por culpa de sua fala. — Eu estava falando do Yoongi hyung. Eu gosto dele, muito mesmo, e eu acho que vocês merecem saber disso.

— Bom. — Hoseok limpou a garganta, umedeceu seus lábios com a ponta da língua e se ajeitou em sua cadeira, inclinando-se um pouco para frente. Jimin estaria rindo da postura de "pai falando com um filho sobre sexo pela primeira vez" do amigo, mas estava tão nervoso que achava melhor não emitir nenhum som para evitar que soasse escandaloso demais. — Interessante você falar isso, porque eu acho que ele–

— Nós nos beijamos. Sexta passada. — Jimin engoliu em seco e interrompeu a fala de um deles de novo. Agora sim suas expressões de surpresa foram descaradas, Namjoon até mesmo abrindo sua boca em um formato oval com o que tinha ouvido. — E segunda. E ontem também, e eu queria ter beijado ele hoje, mas...

— Eu sabia que vocês tinham sentimentos um pelo outro, puta que pariu. — Hoseok não esperou Jimin continuar sua frase, soltando aquilo em um grito, dando um soco na mesa logo em seguida com a empolgação da descoberta. Namjoon ainda estava parado na mesma posição, mas seu esposo o chacoalhando fez com que suas sobrancelhas voltassem ao normal, pelo menos. — Eu te falei! Eu te disse que aquele negócio de botar a perna por cima era igual a quando você ia ao cinema comigo e ficava–

— Ok, o Yoongi era óbvio, mas você realmente esperava que o Jimin fosse aparecer um dia falando ei, então, eu estou gostando para valer de um cara? — Namjoon respondeu em um tom indignado, tão alto quanto o do esposo. Hoseok agora estava com as mãos em seu próprio cabelo, empurrando a franja para trás com um sorriso enorme no rosto. — Eu só comecei a considerar a hipótese depois daquela conversa, porque aí sim começou a fazer mais sentido–

— O Yoongi era óbvio? — Jimin interrompeu a fala de Namjoon, surpreso com tudo que estava ouvindo, mas principalmente com aquele pedaço de informação. — Ele era realmente óbvio?

— Querido, o Yoongi conseguia ser pior que você, e olha que você ficava praticamente se esfregando que nem um gato nele. — Hoseok comentou com uma sobrancelha arqueada, apontando na direção do amigo e se sentando com uma postura mais adequada na cadeira de novo com um suspiro. — Mas enfim, é. Vocês eram até mais discretos quando começaram a vir aqui, mas com o tempo...

— Com o tempo ficou óbvio demais. Dos dois lados. — Namjoon ajudou a completar a frase com uma leve careta no rosto, como se estivesse constrangido por Jimin. — Mas é claro que nós esperamos você falar alguma coisa. Ainda mais que você sempre foi o... você sabe.

— Hétero do grupo, eu sei. — Jimin soltou em um suspiro e cobriu o rosto com as mãos. Um grunhido saiu de sua garganta por alguns segundos, e, depois de se recompor de sua vergonha, ele voltou a olhar para os amigos. — Eu não sou mais o hétero do grupo. Não mesmo. O Yoongi hyung vai me deixar maluco qualquer dia desses, porque eu só penso em quando vou ter a oportunidade de beijá-lo, e no quanto eu quero ficar com ele, e, nossa, eu nunca achei que ia gostar disso, mas o jeito que ele me pega

— Esse é o momento mais doido e mais mágico da minha vida. — Hoseok interrompeu Jimin, sua boca levemente aberta enquanto ele digeria tudo que estava ouvindo do amigo. — Park Jimin está com um cara. Pera, isso– Essa coisa que vocês têm, isso é para ser sério?

— Nós conversamos. — Jimin limpou a garganta, afastando todo e qualquer pensamento de quadris se movimentando contra os seus, e de gemidos ao pé de sua orelha. — E combinamos de levar tudo com calma. Para ver se um relacionamento romântico daria certo entre nós, e também porque meu divórcio ainda é meio recente.

— Eu espero que dê certo. — Namjoon disse, um sorriso suave desenhando seus lábios em um instante, diferente do tom de brincadeira que ele e o esposo tomaram no início da conversa. — De verdade. Ele parece ser uma boa pessoa, e também parece te fazer muito feliz.

— Ele me ajuda bastante. — Jimin concordou, lembrando-se de todas as ocasiões que Yoongi o estendeu uma mão quando tudo que ele queria fazer era se isolar e lidar com seus problemas sozinho. — Eu gosto muito, muito dele. Não tenho dúvida disso. Ele faz eu querer mudar para melhor, sabe?

— É assim que uma pessoa deve nos fazer sentir, Jimin. — Hoseok concordou com a cabeça, abrindo um sorriso similar ao do esposo. — Namjoon faz eu querer ser uma pessoa melhor todo dia, lutar por mim mesmo todo dia. Se o Yoongi faz você se sentir da mesma forma, então cuida disso que vocês estão construindo aos poucos. Pode se tornar algo muito, muito bonito um dia.

Depois de ver como o clima entre o casal ficou mais romântico por causa da conversa, Jimin decidiu que era sua hora de ir. Ele sentia seu peito muito mais leve agora que tinha dito em voz alta que estava com Yoongi, que gostava do homem, que queria ficar com ele e que ele o fazia querer melhorar sempre. Namjoon e Hoseok estavam grudados um no outro quando se despediram de Jimin, vendo-o pegar o elevador, e trocaram um beijo antes que a porta se fechasse por completo. O engenheiro estava com um sorriso bobo no rosto enquanto caminhava pelas ruas, quando pegava o metrô e ia para casa, tudo porque pensava no que o amigo havia dito sobre sua relação com Yoongi poder se tornar algo muito bonito um dia.

Yoongi [21:13]: muito cedo para dizer que sinto sua falta?

Mas, para Jimin, o que eles tinham já era lindo.

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