Sol do Meio Dia - Jacob e Ren...

By alyssamacedo_

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Como entender que seu melhor amigo de infância, na verdade sempre esteve destinado a você? Viver em uma casa... More

1. O despertar
2. Mentira em seus lábios
3. Revele seus segredos
4. Família imortal
6. Ciclos do colegial
7. Perigos constantes
8. Você é minha escolha
9. Desejos reprimidos
10. Sede de sangue
11. Lendas Quileutes
12. Um novo imprinting
13. Sentimentos recíprocos
14. Composição de amor
15. A formatura do colegial
16. Pequeno milagre
17. Diga sim pra mim
18. Feitiços de morte
19. O triângulo do passado
20. Uivos de adeus
21. Luz para minha vida
22. Prisioneira em Volterra

5. Surpresa de aniversário

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By alyssamacedo_

RENESMEE CULLEN

Depois da visita noturna e inesperada de Seth, minha mãe me tirou do castigo. Às vezes é estranho o quanto nos parecemos em algumas coisas e somos totalmente diferentes em outras. Além de fazer literalmente uma semana hoje, ela concordou que o desaparecimento de Jacob estava estranho e deveríamos fazer uma busca. Assim, a família Cullen se dividiu para procurar nas redondezas de Forks e eu fui designada para Reversa Quileute.

Devo confessar minha ingenuidade, todos esses anos minha família de vampiros nunca colocou os pés em La Push e não desconfiei de nada. Os sinais e a verdade estavam na minha cara todo esse tempo. Agora entendo os motivos, porque mesmo os lobos concordando em conviver com os vampiros pelo imprinting. Não significa que toda tribo Quileute se sinta segura ou respeite esse vínculo. Seja como for, sou a única que posso entrar nessas terras e procurar um lobo desaparecido.

Há um ano atrás Jacob me fez ter aulas de direção para carro. Ele também insistiu para aprender aulas de motocicleta, mas optei não arriscar minha vida naquelas máquinas mortais. Então, consegui pegar o carro da minha mãe emprestado e estou em alta velocidade pela rodovia. Retiro minha habilitação falsa no bolso e confiro meus dados, estou filiada aos meus avós paternos. Depois da morte de Charlie, não poderia me livrar da polícia dizendo que era neta do delegado. Depois disso, tio Jasper providenciou documentos falsos, mas verdadeiros o suficiente para enganar qualquer oficial.

Afinal, durante a infância podia me passar como filha adotiva dos meus pais biológicos. Uma mentira que até Charlie acreditou na época. Mas quando minha adolescência chegou pareço ser irmã deles. Por isso agora é necessário fingir para Forks, que sou a nova filha adotiva de Esmee e Carlisle Cullen. Algum tempo depois dirigindo pela cidade nublada, os pneus derrapam na estrada de terra da Reserva. Quando viro o volante na entrada da casa de Jacob, Rachel abre à porta e Billy gira as rodas da cadeira para fora.

— Droga. - sussurro com as mãos ainda no volante.

Isso não deve significar boas notícias, Rachel sempre evitava a casa do pai pelas lembranças da sua mãe falecida. Por qual motivo decidiu fazer uma visita? Respiro fundo e abro a porta do carro, minhas botas afundam na terra molhada pela recente chuva. Coloco duas mechas de cabelos atrás das orelhas e enfrento as pessoas.

— Oi, gente. Tudo bem? Desculpa aparecer sem avisar.... - falo arqueando as sobrancelhas. — O Jacob está em casa? Eu preciso falar com ele...

— Você não quer entrar, Nessie? - Rachel fala apertando o ombro de Billy. — Nós fizemos bolinhos para o café da tarde.

Independente da situação Rachel sempre foi gentil, ela nunca me tratou diferente por ser metade vampira. Na verdade ela me lembra Jacob, apesar dos cabelos negros compridos e os olhos claros. Sempre tive curiosidade de conhecer sua irmã gêmea Rebecca, mesmo desconfiando que ela não tenha nenhum conhecimento do mundo sobrenatural.

— Não, Rachel. Muito obrigada pelo convite. - volto minha atenção para Billy que parece pensativo. — Eu preciso mesmo falar com o Jacob! - não quero ser incisiva, mas a preocupação cega meus olhos.

— Nessie, nós não vimos o Jake há uma semana, pensamos que ele estava na casa de vocês.

— Não. - respondo entre dentes. — Olha, Billy isso não é normal, o Jacob não costuma desaparecer do nada! Minha família está procurando do nosso lado da cidade, mas quero permissão para buscar por ele em La Push.

— Eu vou ligar para o Paul, deve ter notícias de alguma coisa. - Rachel fala subindo o tom de voz e entra dentro da casa para pegar o celular.

Billy olha por cima do ombro a reação da sua filha, depois aperta as rodas da sua cadeira com força e me encara nos olhos.

— Não vamos deixar todos preocupados até ter certeza de alguma coisa, sim? - ele parece sugestivo com minha atitude. — Vou convocar o conselho para ordenar a matilha procurar pelo Jake nas nossas terras...

— O Seth foi ontem à noite na minha casa... - comento da mesma forma sugestiva. — Sabe o motivo ou aonde posso encontrar ele?

— Acho melhor você voltar para casa e ficar segura. - Billy torna-se indecifrável. — Ligo se tiver qualquer notícia.

Não consigo agradecer, apenas aceno com a cabeça e volto para o meu carro. Depois de colocar a chave na ignição e os faróis ligarem, ainda permaneço parada olhando a praia do horizonte da casa de Jacob. Mesmo que todos se movimentem à sua procura, um sentimento de insuficiência me ronda. Será que apenas eu estou realmente preocupada com seu desaparecimento? Parece que todos estavam encarando isso como uma normalidade.

Quando escuto Billy chamar meu nome em atenção, na tentativa de perguntar se estou bem. Não permito uma resposta, os pneus cantam na lama pela estrada sem pavimento. Minha visita na reserva custará toda tarde, tenho certeza que chegarei em casa pelo crepúsculo. Estou preocupada e irritada, não tenho muitas opções a não ser continuar tentando. Conecto meu celular ao carro e ligo no alto falante para Jacob, chama e chama até cair. Confiro a quantidade de vezes que liguei durante essa semana, 128 chamadas não atendidas.

— Droga! - esbravejo socando o volante que entorta levemente. — Ótimo, era o que faltava! - resmungo, ainda mais irritada. Não posso danificar o carro da minha mãe, ela tem certo ódio por gastos desnecessários.

Depois de 30min dirigindo pela rodoviária principal, estaciono o carro na entrada da casa Cullen. Algo parece estranho ou fora do lugar habitual, talvez pelo silêncio que emana da residência ou por todas as luzes apagadas. Quando desço do veículo um cheiro familiar invade meus pulmões, cravo e amadeirado. É ele, sem sombra de dúvidas.

Meu coração acelera ao ponto que o consigo sentir pulsar nos meus ouvidos. Apenas a possibilidade de ver Jacob pessoalmente causa uma pane nos meus sistemas nervosos. Me concentro respirando fundo e meus instintos se aguçam ao ápice. Começo a rastrear o cheiro perseguindo pelo ar. Rapidamente caminho para os fundos da enorme casa, o cheiro aumentando a cada passo que eu dou em sua direção. Então, igual uma brincadeira de esconde-esconde, sou surpreendida com luzes que se ligam por todo quintal e vozes agudas que gritam em uníssono.

— SURPRESA!!!

Não importa que possuo um cérebro hiper evoluído híbrido, entro em transe tentando raciocinar o que está acontecendo. O quintal da casa dos meus avós que geralmente era ignorado pela família, tomou vida em tons branco e creme. Há uma mesa exageradamente grande comandada por um bolo de segundo andar e rodeada de canapés, sobremesas e bebidas. Todo o ambiente está bem decorado, um estilo minimalista e elegante que admiro e reconheço a feitora, tia Alice. Além disso, rostos simpáticos e sorridentes em encaram em busca de uma reação. Meus pais, avós, tios e alguns Quileutes como Sue, Leah, Seth, Embry e Quil.

— O que está acontecendo aqui?! - minha voz soa estridente.

— Uma surpresa! - Alice grita batendo as mãos em empolgação. — Isso é tão divertido, devíamos fazer mais vezes. - ela fala para si mesma e ao seu par, Jasper.

— Feliz aniversário, querida... - Bella fala ao se aproximar e me abraça.

— O que? - pergunto sem entender me desfazendo dos seus braços. — Mas hoje não é... Como pode ser?

— Hoje é 11 de setembro. - Edward se explica me puxando pela mão para o círculo de pessoas. — Feliz aniversário de 17 anos, filha.

— Eu achei que ainda estava de castigo pela festa... - comento envergonhada.

— Seu castigo acabou hoje, mas espero que nunca mais se repita. - Bella me alerta, apertando levemente meu braço. — Você tem minha confiança e quero que isso continue assim.

— Me perdoem, eu fui uma estúpida. - peço abraçando minha mãe e pisco um olho para Edward que nos observa atentamente. — Amo muito vocês.

Felizmente sou desculpada, mas ainda permaneço atônica sob a informação de esquecer completamente meu próprio aniversário. Com o desaparecimento de Jacob obtendo toda a minha atenção durante esses dias, minha cabeça ficou cheia demais para pensar em datas ou comemorações.

Vó Esmee sorrir e rapidamente acende um montante de velas que enfeitam o bolo. Quase tenho a impressão que o fogo da vela pode me queimar, porque sinto um calor se espalhar pelo meu rosto quando todos começam a cantar happy birthday to you. Não consigo manter o olhar fixo em nenhum deles ou controlar o sorriso frouxo nos meus lábios. Nunca tive uma festa de aniversário surpresa e agora a vergonha me vence. Quando a cantoria acabou, recebo felicitações e abraços meus pais, e sou interrompida de abraçar Seth pelo meu pai.

Ele concordou com tudo isso apenas se fosse o primeiro depois de nós... - Edward avisa com um sorriso e aponta com a cabeça para casa agora acesa. — Seu presente está te esperando.

O ar some completamente dos meus pulmões, porque isso sugere encontrar Jacob e no momento é o bastante para responder todas as minhas perguntas. Corro pela escada de saída da residência deixando todos os convidados para trás. Quando abro a porta de vidro o ar carrega o seu cheiro amadeirado. De repente meus pés adquiriram pesos e estou quase me arrastando enquanto atravesso a cozinha. Mas quando finalmente entro na segunda sala de estar, vejo ele vivido e perfeito como em minhas lembranças.

Jake. - escapa pela minha boca.

Os pesos sumiram no exato momento que meus olhos encontraram com os dele. Rapidamente corro pela sala e me jogo em seus braços, que me seguram e apertam contra o seu corpo. Finalmente o ar retorna, me preenchendo com seu perfume forte e sedutor. Quase não percebo as lágrimas brotarem nos cantos dos olhos, a felicidade habitando em mim de novo.

— Feliz aniversário, Ness. - sussurra entre meus cabelos e orelha.

Um arrepio percorre minha espinha dorsal. Me afasto apenas o suficiente para segurar seu rosto em minhas mãos e selar nossos lábios em um, dançando uma música nova em um misto de encontro, ternura e saudade. Não existe mais nenhuma dúvida, a súbita possibilidade de perdê-lo me fez ter todas as certezas necessárias. Eu o quero, sempre e para sempre. Quando paramos nosso beijo, desço da ponta dos pés e ele acaricia meu lábio inferior com o polegar, um pequeno toque capaz de incendiar minhas bochechas.

— O que aconteceu? - pergunto verificando se algo aconteceu fisicamente com ele.

Não posso deixar de reparar na sua beleza. Jacob está mais lindo do que o normal, usa calças de alfaiataria azul escuro, camisa social branca e tênis esportivo na mesma cor. Nunca notei como a cor branca lhe cai bem, destacando-se no tom avermelhado da sua pele. Isso significa que com muita relutância escutou alguns conselhos de moda da tia Alice.

— Nessie, eu estou bem. - Jacob fala sorrindo segurando e beijando a palma das minhas mãos. — Por favor, não fique irritada. Mas eu sumir por uma semana foi um mega plano para você esquecer seu aniversário e a gente conseguir realizar sua festa surpresa.

— Isso é sério?! - pergunto incrédula. — Jacob eu quase surtei pensando mil possibilidades do que poderia ter acontecido com você! - o empurro levemente pelos ombros.

— Eu sei! No começo detestei essa ideia, porque me afastar de você foi a coisa mais difícil que fiz na vida. - ele fala de forma doce e se aproxima novamente. — Mas era o único jeito e você sabe! Você nunca esqueceria seu próprio aniversário por alguma eventualidade.

— Quem teve essa ideia terrível?- me sento no sofá e Jacob senta-se ao meu lado segurando minha mão.

— A Barbie, sabe como ela me ama e todos os planos que resultem meu desaparecimento. - Jacob se refere à Rosalie e sua relação entre farpas.

— Ainda não acredito que fiquei boiando nessa história feito um patinho. - falo chocada.

— Nessie, admito que não foi uma ideia de gênio. - ele diz debochando com um sorriso no rosto. — Mas foi necessário! Você teve seu primeiro aniversário surpresa e só completa 17 anos uma vez na vida.

— Tudo bem, Jacob. - respiro fundo e desfaço minha cara de irritada. Tudo havia acontecido no final das contas e de forma nenhuma quero ser uma mal agradecida. — Porém, nunca mais faça isso de novo ou eu mesma acabo com a sua raça!

— Eu contei os dias e as horas só para voltar à você. - Jacob fala selando novamente nossos lábios em um selinho tímido. — Acredite, não existe nada que eu ame mais do que você.

Tenho a impressão de sentir meu coração derreter e escorrer entre as costelas. Não posso negar o óbvio, Jacob é capaz de despertar lugares em meu corpo que julguei desconhecer. Mas isso não me assusta, ele é quente como o próprio sol. Absolutamente tudo que desejo para me fazer queimar até as cinzas.

— Eu também te amo, Jake. - confesso, mas dessa vez sendo diferente de todas as outras.

— Tenho um presente... - avisa retirando um embrulho do bolso da calça. — Eu mesmo que fiz, espero que goste.

Recebo o presente em mãos com um sorriso e abro o pequeno pacote, dentro um lindo colar de prata com pingente de lobo marrom se revela. Estou encantada pela miniatura e seus detalhes tão bem trabalhados.

— Jake, eu amei! - exclamo enquanto o abraço. — Você é tão talentoso, como conseguiu fazer uma coisa dessas?

— Não levei muito tempo e não é difícil como parece. - se explica meio sem jeito. — Agora me deixe colocar em você.

Aceno com a cabeça e viro-me de costas para ele, Jacob lentamente afasta meu cabelo para um lado dos ombros, as pontas dos dedos roçando quente pela minha pele. Não consigo ignorar a tensão daquele momento, quero suas mãos passeando por todo meu corpo. Ele passa o colar sobre minha cabeça e prende o fecho, depositando delicadamente um beijo no meu pescoço.

— Deixe-me ver. - sussurra ao meu ouvido. Preciso de alguns segundos para obedecer sua ordem, estou suspirando paralisada. Quando viro-me novamente, ele sorrir encarando meu colo. — Você é absurdamente linda.

— Obrigada... - falo tocando o mini lobo. Eu sabia o que aquilo representava para ele, um lembrete do imprinting e do seu destino ligado ao meu.

— Vamos! - fala empolgado e levanta-se do sofá me estendendo a mão para que eu faça o mesmo. — Há uma festa acontecendo e você é a aniversariante.

Devolvo o sorrio e seguro sua mão, me preparando para os próximos acontecimentos que fugiriam completamente do meu controle.

•••

Quando passamos pela porta dos fundos, sou recebida com uma salva de palmas e risadas. O plano deles funcionou, mesmo beirando minha sanidade. Seja como for, sou recebida com abraços, felicitações e pedidos de desculpas. Minha família de vampiros são bons anfitriões, servindo e conversando com os Quileutes. Não preciso de explicações sobre o resto da matilha, nem todos se sentem confortáveis fora das terras da Reserva.

— ...Então, foi assim! - Seth explica o motivo da visita, uma tática para me tirar de casa e conseguirem organizar à festa. — Eu sabia que você iria procurar o Jacob e eu em La Push, só precisei avisar ao Billy para não deixar isso acontecer.

— Ah, meus deuses! Billy foi um excelente ator nessa história toda. - comento provando uma fatia do bolo, chocolate e beijinho. — Ele realmente conseguiu me deixar irritada.

— Isso deve ter causado boas risadas no meu velho. - Jacob rir tomando um gole da sua cerveja.

— Tá, mas aonde você ficou durante essa semana? - pergunto curiosa e limpo meu paladar com refrigerante.

— Eu respondo! - Leah exclama se aproximando do nosso grupo em um pulo. — Ele ficou durante essa longa semana na minha casa, enchendo nosso saco falando o quanto sentia saudade da "Nessie"! - ela gesticula com os dedos e faz uma cena melodramática.

— Cala a boca, Lee! Você sempre precisa me matar de vergonha? - Jacob revira os olhos sem graça.

Continuamos conversando sobre essa semana que passou. Enquanto eu e os Quileutes degustamos os aperitivos da festa, minha família de vampiros apenas seguram taças de champanhe ocasionalmente. Devido sua biologia, a comida humana não lhes dá sustento algum e não tem um sabor agradável, fazendo-se necessário cuspir depois de mastigar.

É interessante vê-los confraternizando dessa forma, como se não existisse nenhuma diferença entre nossas espécies. Sue, Carlisle e Esmee estão sentados na mesa conversando sobre o curso de enfermagem que ela começou há um ano. Em outra roda mais afastados, Quil, Embry, Jasper e Alice conversam sobre caça esportiva no Canadá, uma viagem que meus tios estão planejando nos próximos dias. Sem nenhum tipo de pudor, Rosalie, Emmet e os meus pais soltam risadas e dançam uma música animada. É distante pensar que todos um dia se odiaram ou foram inimigos. Mais bizarro ainda é saber que eu sou o elo que os uniu.

— Tá bom, agora você precisa abrir um presente em especial. - Bella comenta se aproximando ao lado do meu pai. É nítido o quanto estão empolgados pelo momento.

— Não posso abrir mais tarde? Ainda quero experimentar uns docinhos. - falo fazendo careta mostrando meu prato pela metade. É apenas uma desculpa para não abrir presentes e todos observarem minha reação, constrangedor.

— Nessie, você vai gostar desse. Confie em mim, hum? - Edward pisca um olho e me entrega um envelope vermelho. Outra vez lendo meus pensamentos e prevendo minhas atitudes.

Hoje ganhei vários presentes, Rosalie comentou no meu ouvido que as caixas se amontoaram no meu quarto da casa Cullen. Não posso negar que adoro presentes e amo meu aniversário, mas lidar com o constrangimento é uma consequência dessa comemoração. Aceno em resposta para o meu pai, Jacob retira o prato das minhas mãos e recebo o fino embrulho. Abro o envelope e retiro um papel pardo de dentro, enquanto todos esperam minha reação. No começo penso ser uma piada, mas quando reconheço meu nome completo e minha foto sob uma matrícula do Forks High School. O choque é transmitido pela minha boca aberta e reproduzido no grupo de pessoas.

— Mas como isso é possível?! Vocês me matricularam mesmo na escola? - estou sem acreditar.

— Todos concordamos que você poderia dar esse passo importante na interação com o mundo lá fora. - Bella fala sorrindo e abraça a cintura do meu pai.

— Além disso, você parou de crescer desde os 10 anos e nunca aconteceu nenhum incidente com seu controle. - Edward completa. Não preciso de mais explicações para saber que ele se refere a sede de sangue.

— É, mas... - procuro um empecilho enquanto analiso a matrícula, estou filiada novamente aos meus avós paternos. — Eu posso perder o controle, qualquer acidente me colocaria em perigo e seria fatal para um humano.

— Eu sei que você estar com medo, isso é novo. Mas eu estarei com você o tempo todo, sabe? - Jacob fala com um sorriso contagioso no rosto. — Me matriculei nessa escola de caras pálidas, vou voltar para o colegial.

— O que?! Mas você terminou a faculdade há um ano e está disposto a retornar ao colegial? - pergunto incrédula.

— Eu sei, não estou pronto para exercer a profissão e lidar com a matilha... Mas quero passar por essa fase com você e te ajudar no que for preciso. - Jacob comenta empolgado como meus pais.

O benefício de escolher quando envelhece valendo-se aos caprichos de Jacob, facilmente passaria por um aluno do último ano do colegial ou universitário.

— Obrigada por isso, não tenho palavras para agradecer... Mas espera um minuto, e quanto a vocês? - questiono sobre meus pais e tios que frequentaram a escola há 17 anos atrás. — Não podem voltar agora, ainda faz pouco tempo para não serem reconhecidos por ninguém vivo.

— Não quero voltar para o inferno do colegial... - Jasper comenta se unindo a nossa roda de conversa ao lado de Alice. — Deixo essa experiência totalmente para você, sobrinha.

Sorrio pela piada interna e concordo com a cabeça. Diferente do que todo mundo acha, minha família de vampiros odeiam frequentar à escola como disfarce pela eternidade. Quando o colégio acabava, eles procuravam fazer viagens pelo mundo ou cursar universidades de prestígio. Apenas meu pai é formado em medicina, literatura, matemática, direito, engenharia mecânica, em vários idiomas, história da arte e comércio de exterior. Isso fora os outros integrantes da família. A imortalidade lhe dá tempo livre o suficiente para se dedicar ao que quiser.

— Tudo bem, eu aceito o presente! Isso vai ser divertido. - entrego o envelope para Jacob e abraço meus pais fortemente.

— Oh, vai ser muito divertido lidar com um bando de adolescentes. - Leah fala fazendo uma careta, o sarcasmo nítido na sua voz.

— Será mais fácil do que lidar com a minha irmã. - Seth brinca debochando.

•••

Depois de um tempo nos despedimos dos Quileutes, todos foram embora para casa menos Jacob, que decidiu ficar para recuperar nosso tempo perdido. Minha família aceitou deixar a organização da bagunça para o dia seguinte e assistir um filme. Mas eu queria continuar com Jacob de onde paramos...

— Não vai assistir o filme com a gente? - Bella pergunta guardando uma caixa com a metade do bolo que Jacob levará para o seu pai.

— Não, nós vamos para o chalé... - aviso para ela e para Jacob ao mesmo tempo, que apenas concorda com a cabeça. — Queremos ficar um tempo sozinhos.

— Olha lá, o que você vai fazer com a minha filha, Jacob. - Edward avisa pegando a caixa pesada das mãos de Bella. Mesmo ambos tendo a mesma força sobrenatural, ele nunca deixava de ser gentil com ela.

Jacob o encara irritado, depois me olha dando de ombros e alisa o próprio cabelo novamente sem jeito. Quando ele tornou-se tímido ao meu lado? Pelo comportamento dos dois, tenho certeza que meu pai leu os pensamentos de Jacob e estou inclusa neles.

— Edward, não foi você em aceitou ser mais compreensível? - Bella o cutuca na costela e sorrir abertamente para mim. — Tudo bem, querida. Divirtam-se!

Antes mesmo que eu me despeça devidamente, Alice aparece no quintal e ajuda mamãe a levar meu pai super protetor para dentro da casa. Eu e Jacob não escondemos a expressão surpresa e cômica do momento, caímos na risada quando eles nos deixam a sós. Depois de alguns minutos, começamos nossa caminhada pela floresta da casa Cullen para o chalé dos meus pais. Não é longe, mas decidimos caminhar devagar para aproveitar à noite estrelada.

— Agora meus pensamentos estão seguros, longe o suficiente de Edward... - Jacob comenta me lançando um sorriso lascivo.

— Estava pensando alguma coisa que meu pai não aprovaria? - pergunto, segurando sua mão e entrelaçando nossos dedos.

— Sim, mas não vou te dizer. - ele fala levantando uma sobrancelha.

Mesmo com a minha insistência, Jacob não cedeu em me dizer seus pensamentos inapropriados. Nessas horas queria ter o dom de ler mentes do meu pai. Quando finalmente chegamos no chalé, retiro minha jaqueta jeans e me jogo no sofá da sala. Sinceramente, hoje pela manhã ao menos notei a roupa que escolhi. Agora percebo que estou usando um vestido florido azul com branco, meias calças e botas cano alto na cor preta.

— Tudo está mudando tão rápido, não é? A gente e agora estou matriculada no colegial.

— Nós estamos indo rápido demais para você? - Jacob pergunta confuso e senta-se ao meu lado.

— Não foi isso que eu quis dizer... - faço uma pausa pensando sobre. — Na verdade, não sei o que existe entre a gente.

— Como assim?

— Ah, éramos melhores amigos e agora somos o que exatamente? - pergunto, cruzando as pernas em forma de índio.

— Nessie, nós combinamos em ir devagar... - ele se aproxima e puxa meu queixo para encarar seu rosto. — Você precisa de um rótulo para nossa relação? Sabe, ainda sou seu melhor amigo e quero continuar sendo.

— Eu sei. - concordo. É difícil colocar em palavras os sentimentos que desejo colocar em prática. — Apenas me deixe te mostrar o que eu quero.

Jacob acena com a cabeça, um meio sorriso surgindo nos seus lábios. Lentamente me ajoelho no sofá, deixando nossas cabeças na mesma altura e me perdendo na escuridão dos seus olhos. Então, minha boca encontra com a sua em um beijo incialmente lento. Jacob responde, uma das suas mãos nos meus cabelos e a outra em meu rosto. Estamos conectados, seus lábios cheios massageiam os meus e nossas línguas se encontram. Ele tem um sabor único e viciante, algo que nunca experimentei e agora preciso.

Nessie, eu tomei umas cervejas...

Não respondo, me aproximo do seu corpo e intensifico o beijo. Minha língua mergulha no céu da sua boca, fazendo ele arrepiar e suspirar ao mesmo tempo. Não há inibições ou timidez, eu o desejo. Rapidamente subo em seu colo e aperto minhas coxas contra seu quadril, nosso primeiro contato mais íntimo. Jacob segura em minha cintura com força, sua expressão é pura surpresa. Mesmo assim ele não hesita, unindo nossos lábios novamente em um beijo de tirar o fôlego. Queria conseguir descrever a sensação exata de estar nos braços dele, talvez algo como tocar o sol pela temperatura corporal que emana da sua pele quente.

Ness, eu não posso. - Jacob sussurra com sua voz rouca, um sinal confirmando o tesão que posso sentir pelo volume da sua calça. — Por favor, não me torture.

— Ah, tudo bem. - falo com a vergonha me vencendo e lentamente me arrasto para o meu lugar no sofá. — Me desculpa se eu... Nós não precisamos.

Jacob parece confuso, depois vira-se em minha direção e respira fundo.

— Não é isso que está pensando. - segura novamente minhas mãos delicadamente. — Acredite, eu quero tanto quanto você. Na verdade, quero muito mais do que você possa imaginar. Mas nós combinamos de ir devagar, lembra? Nós temos tanto tempo pela frente, posso esperar o quanto for necessário.

— Será que temos que esperar tanto tempo mesmo? Afinal eu fiz 17 anos, isso deve ser útil em algum lugar. - falo dando de ombro, mas minha expressão não esconde a frustração.

— Vamos esperar o tempo certo, hum? - Jacob sorrir, como se minha nova idade não valesse de muita coisa.

— Sabe, você perguntou se eu preciso de um rótulo para nossa relação... - faço uma pausa e ele confirma com a cabeça, curioso com minha possível resposta. — Não preciso. Porque você me conhece, a velha e a futura eu. Todos os labirintos e loucuras da minha mente. E você realmente me ama, é o tipo de coisa que eu sempre esperei encontrar.

Jacob sorrir abertamente e abaixa a cabeça em uma tentativa de esconder seus olhos marejados. Depois levanta-se do sofá e me segura em seus braços, o abraço mais seguro do mundo.

Eu te amo, Renesmee.

Inevitavelmente ouvir aquelas três palavras tão fortes da boca dele, faz minha mente viajar para os primeiros sinais de amor a mais do que apenas amigos...

(Flashback On)

Confiro minha aparência pela câmera do celular e corrijo a maquiagem leve que cobre meu rosto; optei por fazer uma trança longa no cabelo, usar uma blusa branca de mangas, macacão jeans e um tênis Vans nos pés. Talvez devesse colocar algo mais sexy, mas minhas tias seriam capazes de me bater. Não posso negar o óbvio, estou tentando impressionar alguém. Depois de um ano fazendo faculdade em Seattle, hoje Jacob está voltando para passar as férias de verão em casa. Será como nos velhos tempos, apenas eu e ele. Mesmo conversando todas às noites por chamada de vídeo, não é a mesma coisa pessoalmente. Talvez minha fisionomia impressione Jacob, visto que, completei 11 anos de idade e faz um ano que meu crescimento chegou a fase adulta sem mudanças.

Quando estou prestes a ligar para o seu celular e questionar seu atraso, escuto o ronco da moto na avenida principal. Meu coração acelera descompassadamente e tenho a sensação de que ele vai pular pela boca a qualquer instante. Pelos deuses, nunca fiquei tão ansiosa para vê-lo! Jacob finalmente entra na estrada de acesso, estaciona a moto e sobe alguns degraus para me encontrar. Ele está lindo e igual desde a última vez que o vi, apesar do cabelo recém cortado e de uma barba rala surgindo em seu rosto.

— Nessie, você cresceu tanto! - sua voz rouca familiar é como uma onda de lembranças.

Não controlo o sorriso bobo e corro em sua direção me atirando em seus braços. Como um reflexo Jacob imediatamente me segura e agarro seu pescoço enquanto inalo o cheiro amadeirado familiar do seu perfume. É como estar em casa, nos conhecemos melhor do que ninguém. Jacob ri e me gira algumas vezes para finalmente me colocar no chão.

— Eu senti tanto a sua falta, Jake. - confesso com um nó na garganta.

— Acredite, eu senti muito mais a falta da minha amiga. - fala segurando meu rosto com as duas mãos. — Como consegue ficar ainda mais bonita?

Um sorriso tímido escapa dos meus lábios e sinto o ardor queimar minhas bochechas. Abro a boca sem saber o que dizer, mas Jacob percebe minha vergonha e muda de assunto.

— Nós podemos ir para o penhasco jogar papo fora? Tenho tantas coisas para te contar! - fala animado.

— Claro! - concordo.

Jacob me entrega o capacete, mesmo sabendo que minha cabeça é mais resistente que o objeto de plástico. Depois cumprimenta meus pais que nos espiam pelas paredes de vidro da residência e partimos em sua moto. Durante o percurso para Reserva, abraço sua cintura e encosto o rosto em suas costas. Mas percebo Jacob me espiar pelo espelho retrovisor da moto. O único barulho é o ronco do motor e o sopro do vento em nossos rostos. Quando estacionamos até onde a moto consegue ir, fazemos o restante do caminho andando de mãos dadas. Um hábito que desenvolvemos com a convivência. Finalmente alcançamos o tronco de madeira que utilizamos de banco e gravamos nossas iniciais há alguns anos. Nós sentamos lado a lado e ele abraça meus ombros gentilmente.

— Então, acho que é você quem tem novidades... - sugiro para que comece a contar.

— Sabe, preciso confessar uma coisa... - ele faz uma careta um pouco constrangido. — Antes eu odiava estudar, estava sempre com raiva para as coisas entrarem na minha cabeça. Mas você desperta a calmaria na minha alma e me incentiva a sempre buscar mais... Tipo terminar o colegial e começar a faculdade, sou grato por isso.

— Para! Você é inteligente, só precisava de um empurrãozinho. - toco meu ombro no seu e sorrio. — Mas como tá sendo a facul?

— Ah, é tudo aquilo tem nos filmes e um pouco mais. - ele abre os olhos e finge uma cara de espanto. — Como te disse nas ligações, tem pessoas de todos os lugares do mundo, festas nos fins de semanas, garotas, bebidas e coisas ilícitas. Mas isso é para quem procura, ninguém é obrigado a nada! No meu caso não posso fazer esportes, seria garapa com aqueles humanos fracotes. - Jacob finge se gabar das suas habilidades como lobisomem e nós dois rimos. 
— Não faz falta, os caras são uns babacas! Então passo a maior parte do tempo estudando com a Camily.

— Camily?! - pergunto espantada. Jacob não havia mencionado essa garota antes nas nossas conversas.

— Ela é minha colega de turma! - fala empolgado e gesticulando. — Nós passamos as tardes na biblioteca, ela é muito inteligente, engraçada, tem uma moto XRE-300 e me ajuda muito nas disciplinas de cálculos.

— Por que não me contou sobre essa Camily? - minha voz soa alto e Jacob acaba se assustando com minha mudança de espírito.

Não consigo esconder minha irritação. Ele escondeu a existência de uma nova amiga de mim? Talvez esteja com ciúmes, mas não me importo. Jacob é meu melhor amigo, não deveríamos ter segredinhos um com o outro.

— Porque não era importante, Nessie. - explica-se me analisando. — O que houve?

— Nada, quero ir para casa. Talvez você deva voltar e ficar com sua nova amiguinha. - desdenho, levanto do troco e começo a caminhar de volta para a moto.

— Ei, ei... - Jacob me para segurando meu pulso. — Nessie, ela não significa nada comparado a você! Sabe que você é minha melhor amiga e quero ficar do seu lado.

Jacob dá mais um passo em minha direção, estreitando o espaço que nos separam. Ele desliza os dedos pelo meu rosto, como se minha pele fosse um tipo de cristal que pode ser quebrado ao toque. Nós estamos tão próximos que sinto seu hálito se misturar com o meu. De repente, estou presa nos seus olhos negros como o céu noturno, iluminado apenas pelas estrelas em pequenos pontos de luz. Desvio minha atenção para sua boca carnuda, agora tão tentadora como um doce suculento. Pela primeira vez na vida me sinto atraída, pequenos fios de tensão percorrem todo o meu corpo desejando o toque da boca dele. Involuntariamente fecho os olhos e inclino meu rosto, mas sinto Jacob se afastar.

— Nessie? Você está bem?

O constrangimento queima em meu rosto e tenho vontade de morrer na roupa. Pelos deuses, o que estou pensando? Jacob é meu melhor amigo, nada mais ou menos do que isso. Qualquer atitude bizarra e inconsequente destruiria nossa amizade de anos. Não, preciso ignorar essas loucuras de uma possível puberdade. Além disso, em que mundo ele escolheria a garota híbrida estranha invés da Camily futura engenheira mecânica? Sem falar no ponto mais crucial, nossa diferença de idade é gritante! Conheço Jacob para afirmar com certeza que ele jamais me tocaria aos 11 anos de idade, talvez eu tenha uma esperança no fim do túnel quando for mais venha. Mas sejamos realistas, até lá eu serei madrinha dos filhos de Jacob com a adorável Camily. Merda! Não tenho nenhuma chance.

— Eu realmente estou cansada, podemos ir para casa? - minto sem olhar em seus olhos.

(Flashback Off)

☀️🌙

Olá, leitores! O que estão achando até agora? Lembrando, que a Nessie ainda é jovem e seu processo de amadurecimento irá acontecer no decorrer da história. Sobre o Jacob, com a idade ele se tornou maduro e consciente. Mas os nossos personagens terão vários desdobramentos,
vamos descobrir juntos?

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