Rachel estava sentada no sofá do bar dos monstros. A batida da música era intensa, e ela bebia seu gin enquanto um homem de orelhas pontudas fantasiado de policia beijava seu pescoço. Ao virar a dose ela o beijou na boca, e naquele enorme sofá era como se todos ali naquela parte quisesse um pedaço da rainha do inferno.
Ela era desejada por todos.
Logo então Rachel se virou para o lado e outro homem desta vez mais musculoso que o outro a beijou. O olhar dela era malicioso e suas pernas estavam cruzadas enquanto seus braços abraçavam a cabeça do sofá.
Ao se cansar dos dois Rachel ordenou que saíssem e prosseguiu ali de olhos fatais e sérios como se estivesse com raiva. Os braços esticados abraçando o sofá enquanto suas pernas estavam cruzadas.
A rainha estava aguardando alguém.
Uma moça albina, de cabelos ondulados com o lado esquerdo raspado e de tatuagens exóticas se sentou ao lado dela e sussurrou algo nos ouvidos de Rachel. Ela sorriu de canto. A pessoa que ela queria havia chegado.
Um homem de casaco negro e cabelos curtos entrou e sentou-se no balcão onde o barman fazia hora extra devido a ausência da funcionária novata.
Rowan.
Rachel prosseguiu a observá-lo daquele sofá. Aquele era seu ex amor, a última pessoa da qual a rainha já amou. Ela engoliu em seco e a mensageira reparando o estresse beijou o pescoço de Rachel levemente, ao se afastar Rachel a encarou e a mulher arqueou o pescoço para o lado mostrando o pescoço para que Rachel tivesse liberdade de tomá-lo como seu.
A rainha deslizou os dedos pelo pescoço dela e segurou com firmeza logo depois mordendo-o sem suavidade.
A mensageira demonstrava sentir dor. Mas estava feliz por satisfazer as vontades da rainha.
Ao concluir sua refeição, Rachel finalmente se levantou com seu copo de gin na mão indo em direção ao rapaz. Ela se sentou exatamente ao seu lado e ele ainda com aquela aparência derrotada a encarou.
— Imagino que queira conversar comigo. — Afirmou o vampiro.
— O que você pensa que está fazendo? — Ela perguntou.
— Tomando cerveja. — Ele respondeu.
Rachel sorriu e se virou para ele.
— É sério. — Ela respondeu. — O que você está pensa que está fazendo? Quem é você? E por que está destruindo a pessoa que eu amei no passado.
Rowan a encarou de volta, e os dois ficaram ali se encarando por um tempo.
Ele engoliu em seco, já havia passado da hora dos dois terem uma conversa.
O bar parecia mais abafado naquela hora, os dois possuíam ouvidos apurados, então conseguiam se ouvir perfeitamente bem. Ficaram ali se encarando por uns segundos até Rowan virar o copo de sua bebida.
Rachel não tirou os olhos dele.
— Sabe Rachel. As vezes eu me perguntei, como a filha de um conde bem sucedido, foi se interessar pelo filho de um caçador. — Ele fechou os olhos e engoliu em seco. — Estou com Aurora pelo mesmo motivo de todos os outros. A minha felicidade.
— Que você não está feliz isso é bem óbvio. Mas... Mas, é que eu te vi! Eu te vi morrer! Nos meus braços Rowan! Eu te amava! Eu sonhava uma vida com você! Eu sofri com sua perda! Sofri tanto que doeu! Você desapareceu diante dos meus olhos! E me volta? Séculos depois volta todo diferente, sério, frio, e... Com ela? Justamente com ela?! EU NUNCA MAIS AMEI NA VIDA DESDE SUA IDA! Eu jurei não fazer isso com você... E nem comigo também.
— Pois desfaça. — Ele finalmente a encarou nos olhos, e agora parecia mais preocupado do que sério. — Desfaça por que já se passou séculos Rachel. E meu coração não te pertence mais. — Respondeu e a rainha engoliu em seco. As palavras foram frias, mas não doeu tanto quanto ela fosse esperar. — Eu sei o quanto você sofre também... Se empanturra de álcool, drogas e sexo acreditando que sentirá algo. Qualquer coisa que não seja dor. — Respondeu e tanto Rachel quanto Rowan encararam seus copos. — Pode parecer que os métodos de Aurora sejam brutais, e de fato é, mas se ela conseguir... Se ela conseguir eu finalmente vou poder tê-la de volta Rachel.
— Ter quem?
— Amália. O motivo de eu ter me tornado esse monstro. — Ele encheu seu copo novamente. — Logo após eu e você acreditarmos que eu tinha morrido. Acordei em um lugar escuro, sem luz alguma. Uma igreja. Repleta de fiéis fanáticos... Eu me levantei e lá estava ela. Vestida de preto e usando um véu como se fosse a porra de uma santa do inferno.
Rachel franziu o cenho e se arrepiou.
— Ela me encarava com... Com aquele vazio nos olhos Rachel. Porém meu corpo... Eu sentia meu corpo diferente. Quente e não gelado. Forte, estranho. Ela havia me dito que eu havia sido escolhido por ela para servi-la. Em troca da minha felicidade eterna. Ela disse que eu poderia ser humano, poderia me casar e até mesmo ter filhos se eu quisesse. Ela me ofereceu a minha humanidade de novo, e era tudo o que eu mais queria... Mas eu só pensava em você. — Ao dizer isso Rachel o encarou. — Eu ainda amava você. E eu disse não. Eu saí dali o mais rápido que pude, mas eu vi o sorriso dela Rachel. Ela já sabia que eu voltaria pra ela.
— O que é isso? Uma história de amor entre você e a mamãe dos anjinhos? — Perguntou Rachel e Rowan riu daquilo.
— Não... Não mesmo. — Ele olhava para o líquido em seu copo como se buscasse as palavras e não encontrasse. Então as bebeu como água. — Eu procurei você, mas quando cheguei, já não estava mais. Era tarde. Você já havia ido embora... E eu procurei, e procurei. E gritei de ódio por tê-la perdido. E o pior era que você acreditava que eu estava morto. Mas a verdade era que ela havia feito algo comigo Rachel. Aurora. Ela fez algo que me trouxe de volta, não sei como, mas... Eu só tinha medo dela.
A boate parecia ficar cada vez mais abafada.
— Em 1915 eu estava caminhando pelo lugar mais belo de Nova York. Uma praça repleta de flores e crianças correndo. Vi os primeiros carros passearem pelas ruas naquele momento. As rodas imensas de um deles parou justamente na minha frente. E um homem baixinho e bem irritado desceu do carro extremamente puto por que seu carro havia quebrado no meio do caminho. — Rowan sorriu. — E logo depois, enquanto ele abria o capô do carro... Uma moça belíssima desceu dele. Com aquelas roupas daquela década usando um enorme chapéu com um vestido xadrez. Era extremamente chamativo, mas... O que me chamou atenção foi a beleza dela. Era muito parecida com a humana de vocês. A amiga da Macayla Styles. — Rachel encarou Rowan. — Não tinha reparado antes por conta dos óculos, mas a garota sem aqueles óculos fica bem parecida com aquela mulher. — Disse Rowan sorrindo.
— Amália. — Disse Rachel imaginando que era dela que Rowan havia se apaixonado.
— Amália. — Ele repetiu sorrindo. Porém seu sorriso se tornou mais fraco até mostrá-lo triste,
***
Lizzy andava de um lado para o outro naquele hospital. Até que Alexia apareceu com o braço enfaixado e toda ferida com hematomas graves.
— Ei! Você não deveria estar aqui! — Disse Lizzy se levantando e indo na direção dela.
Alex estava pálida, e parecia que a qualquer momento fosse desmaiar.
— Alexia? — Perguntou Lizzy segurando ela.
Seu corpo estava gelado e ela estava reflexiva, ao perceber Lizzy em sua frente os olhos de Alexia se tornaram ainda mais preocupados.
— É impossível. — Ela respondeu e Lizzy franziu o cenho.
— Que? O que é impossível?
— Aurora...
— Não diga isso. Vocês tem pessoas poderosas do seu lado, sei que...
— Olhe pra mim... — Ela respondeu. — Eu e meu irmão possuímos poderes mestiços. Sem contar da armadura que Bellamy nos deu! Mesmo usando a armadura, um só garoto conseguiu nos derrotar. E Macayla? Macayla não pode perder aquele colar Lizzy... Ela é... É.... Aquilo não é ela. Aquela coisa... Aquele vazio nos olhos, aquele tristeza... Ela tinha aquela dor nos olhos. Aquela ira... Tudo de ruim estava nela naquele momento... Aurora venceu. Não podemos contra ela!
Lizzy deu um tapa no rosto de Alex que arregalou os olhos. Óbvio que a menina não fez de propósito foi instintivo já que seu coração palpitava rapidamente e seus pelos do corpo arrepiaram-se.
Lizzy arregalou os olhos e engoliu em seco tomando coragem.
— Nunca mais diga isso. — Ela respondeu e logo se acalmou. — Dizer que ela venceu sem nem sequer tentar acabar com esta guerra é declarar derrota sem saber do futuro. Você e seu irmão são os mais fortes tirando Macayla. Serão necessários Alex. Mas se você se declarar perdedora estará desistindo de tudo que ama. Todos nós deixaremos de pensar como individual. Seremos marionetes pra ela.
— E como sabe que já não somos? — Perguntou. Fazia sentido. Era difícil saber se os movimentos de Aurora eram propositais naquele momento ou não. — Ela só está brincando conosco. — Respondeu e dois enfermeiros chegaram para guiar Alex ao seu quarto.
Azazel havia realmente destruído os gêmeos.
Lizzy respirou fundo e se dirigiu ao quarto de Azakiel. Ela tentou ao máximo ser furtiva, não aguentava esperar o médico liberar a hora da visita.
"Vamos Lizzy... Seja rebelde!" Dizia a si mesma quando olhou para os lados e mordeu os lábios abrindo rapidamente a porta do quarto 411 onde Zak estava internado e fechado ele.
Ela fechou as cortinas e se virou para a cama. Na mesma hora ela havia congelado. Lá estava ele acordado e encarando surpreso a garota.
— Você me assustou. — Disse ele se ajeitando e ela desajeita começou a gaguejar.
— V-VOCÊ ACORDOU?! AH N-NÃO QUE EU FOSSE... HAM.. FAZER ALGO ESTRANHO JURO, é que.. que... eu ia... tentar falar com você e n-não sabia que estava acordado, ai eu fechei as cortinas por que.... por que...
— LIZZY! — Ele falou mais alto. — Calma, respira!
— Desculpa por ter batido na cara da sua irmã. — Respondeu rapidamente e com a voz mais aguda que o normal.
— Você o que?? Por que você fez isso?!
— Não vem ao caso eu só queria saber se você estava bem! Desculpa... — Disse ela e Zak arregalou os olhos novamente sem entender a reação da menina, foi então que ela se aproximou ainda bem nervosa para se explicar. — Preciso te contar um segredo... Sobre mim... — Zak engoliu em seco. — Talvez... Possa existir uma forma de enganarmos Aurora, me usando como isca...
Zak franziu o cenho estranhando.
— Que? Por que?
— Por que... Bom... Eu meio que... Ham... Minha família foi amaldiçoada Zak... A muito muito tempo atrás... Não é coincidência aquele livro de magia ter caído nas minhas mãos...
— Ah céus! — Zak ficou nervoso com aquilo. — Você é uma descendente do inferno?
— Não! Não! Mais ou menos , ah! É muito complicado, mas em resumo eu sou humana! Só que... Ah! Desculpa. Eu não devia falar disso enquanto você se recupera.. Irei esperar você melhorar e então podemos conversar... mil perdões... Eu... Eu... — Ela saiu com medo e atordoada enquanto que Zak ainda confuso e de olhos arregalados não sabia mais o que fazer.
— O que mais falta acontecer agora? — Disse se deitando e respirando fundo.