CHERRY • TOMDAYA [Concluída]

By AzorAharya

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|| TODOS OS DIREITOS RESERVADOS|| PLÁGIO É CRIME! Tom Holland e Zendaya são estrelas em ascensão. Estando amb... More

1. Primeiras Impressões
2. Fingimentos
3. Cacio&pepe
4. Esquisitices
5. Confissões
6. Vamos ensaiar?
7a. Desculpas
7b. Uma noite
8. Luz, Câmera, Prazer
9. Se beber não tire fotos
10. Controle De Danos
11. Timmy Show
12. Tive uma ideia
13. London (parte 1)
14. London (parte 2)
15. Fica comigo
16. Adeus, Zendaya
17. Rotina
18. Relembrar a infância
19. Fantasmas do passado
21. Reconectar às raizes
22. Um reencontro inesperado
23. Um Show de horrores
24. Diga alguma coisa
25. Ametista
26. Usada
27. Te amo em segredo
28. Borboletas no estômago
29. O reencontro
30. Encontro de almas
Prólogo

20. Surto coletivo

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By AzorAharya

- O que aconteceu Zendaya? - Tom perguntou ja impaciente

- Porque você não me disse que isso tinha acontecido? Porque você simplesmente agiu como se tudo estivesse bem? Eu tinha o direto de saber !! - Zendaya gritava as palavras na direção de Tom conforme as lágrimas escorriam por seu rosto.

- Calma Zendaya, do que você ta falando? - Tom estava começando a entrar em desespero.

- Disso! Estou falando disso! - a morena entregou o celular na mão de Tom. Na tela, um vídeo do momento da live em que ela passava por trás do britânico usando apenas sua camiseta e uma calcinha e logo em seguida Holland deixava a câmera apontar para a beirada se sua cueca mostrando a marca Calvin Klein.

Tom assistiu o vídeo de poucos segundos calado e não esboçou reação ao terminar de assisti-lo. Abaixou a cabeça, o maxilar travado e os olhos sem vida, deixou os ombros caírem e Zendaya tomou o celular de sua mão com mais força que o necessário. - Eu...Eu não sei o que dizer -

- Mas eu sei muito bem - levantou se da cama ainda em prantos - Eu estou indo pra minha casa, nós precisamos nos afastar. Eles tem tudo o que eles querem agora e eles nunca mais vão parar até nós afirmarmos esse namoro - a garota começou a colocar um monte de roupas dentro de uma mala, sem se importar em dobrar ou não.

- Edai Zendaya? O que eles viram não é nada além da verdade. O que tem de tão errado nisso? O que tem de tão errado em assumirmos nosso namoro? Eu ja te disse que não sou o Travis ok? Eu não vou te machucar. - Tom se colocou entre a garota e o guarda roupas - SERÁ QUE VOCÊ PODE PARAR COM ISSO E ME OUVIR PORRA? -

- Nunca mais na sua vida levante o tom de voz pra mim - Zendaya disse entre dentes e pausadamente apontando um dedo nos olhos de Tom.

- Eu só to tentando te fazer me ouvir Zendaya, por favor. Para com isso! Não faz isso comigo. Por favor -

- Tarde demais Thomas - Daya fechou o zíper da mala - Você fez isso com a gente - se calçou - Você me fez tomar essa decisão -

Tom saiu desesperado até a porta da frente. Se colocou de joelhos na frente de Zendaya a impedindo de passar.
- Não termine tudo sem pensar. Tome seu tempo, mas por favor não me faça pagar por algo que eu não cometi. Nos dê uma chance Zendaya. E por favor não se esqueça o quanto eu amo você-

Lágrimas grossas escorreram dos olhos de Tom que estavam vermelhos, assim como a ponta de seu nariz. Zendaya evitou olhá-lo. Mas sentiu um aperto no coração com aquelas palavras. Ela sabia que não tinha certeza de sua atitude no momento.
Mas o medo de se machucar era maior. E ela só precisava sair dali antes que aquela sensação lhe sufocasse. Ela encarou Thomas de cima pra baixo. Sem perder sua postura e disse seria, embora as lágrimas caíssem de seu rosto sem que ela pudesse controlar
- A gente conversa depois Thomas. Só me deixa ir embora. -

Com muita relutância. Tom se levantou - Posso pelo menos te dar um beijo? -

Zendaya fez que sim com a cabeça e Tom se aproximou lentamente a abraçando. Os soluços do garoto faziam os corpos se balançarem. Ele a apertou forte contra si tentando fazer com que ela reagisse ao abraço mas ela não se movia. Seus braços continuavam colados junto ao corpo. Talvez por orgulho. E Tom acabou desistindo sentindo seu coração mais ferido e mais apertado ainda por conta daquele abraço unilateral. Ele a soltou e deu lhe um beijo no rosto. Sussurrou em seu ouvido

- Eu te amo pra sempre -

E se afastou caminhando sem motivação em direção ao quarto. Tom não esperou para ver Zendaya passar pela porta de saída e entregar a chave à Harry. Não teria forças para isso.
Nesse momento ele ja estava em sua cama. Deitado no lado em que ela costumava ocupar, sentindo o cheiro de jasmim e baunilha que havia impregnado nos lençóis e abraçado ao travesseiro. Naquela noite Thomas chorou compulsivamente até dormir de cansaço. E Harry que não sabia como lidar com aquilo por nunca ter visto o irmão tão entregue à tristeza. Achou melhor apenas esperar. Amanhã seria um novo dia, cheio de novas possibilidades. E em último caso ele poderia ligar para Harrison.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀***⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Zendaya saiu da casa de Tom atordoada, não olhou para trás quando a porta se fechou atrás dela.
Mas no segundo que as portas do elevador cerraram se, findando a última fresta que dava visão à um Harry cabisbaixo e atordoado pelos últimos minutos que havia presenciado, permitiu que os sentimentos que tanto segurava viessem finalmente a superfície. Caindo num choro compulsivo que fazia suas pernas fraquejarem e todo seu corpo se balançar junto aos soluços que a impediam de preencher seus pulmões com ar. As lágrimas que rolavam eram tão grossas que molhavam o moletom cor de vinho.
A caixa de metal logo parou chacoalhando uma vez antes de estabilizar no andar térreo e apitar avisando que as portas abririam novamente. A morena puxou a manga do moletom com a palma da mão e passou nas têmporas, limpando o excesso de umidade ali presente. Fungou algumas vezes, respirou fundo tentando interromper os soluços e caminhou arrastando sua mala para fora do elevador.

Não demorou muito para que avistasse o carro de Darnell virar a esquina e saber que o amigo se aproximava adiantou algumas lágrimas insistentes que ainda rolavam involuntariamente pelo rosto da menina. Assim que Darnell parou o carro na porta do prédio de Tom Zendaya logo entrou no banco do passageiro, colocou o cinto de segurança e jogou os pés sobre o painel olhando para o lado de fora da janela enquanto apoiava o queixo pelo cotovelo na porta. Se não fosse pelos barulhos de pequenos soluços e fungadas discretas podia ser dito que passaram a viagem toda em silêncio.
Darnell conhecia a amiga bem demais pra saber que aquele não era o momento de falar sobre isso.
Ele sabia o que tinha acontecido. Todos sabiam. A internet sabia. O mundo sabia. E esse era o pior pesadelo de Zendaya. A exposição de sua vida amorosa nas redes sociais, mais uma vez. Sem que ela pudesse ter controle nenhum sobre isso. Talvez ela não soubesse ao certo do que tinha medo em expor seu relacionamento com Tom. Mas ele não tinha o direito de ter feito isso sem tela questionado. Não mesmo!
Ela estava frustrada, com raiva, magoada, se sentia traída. Não fisicamente traída, mas com a confiança traída. Ela se abriu para Tom, confiou nele. E ele a expos, assim como Travis. No fundo eles eram iguais. A usaram pelo mesmo motivo. E ela nunca mais queria vê-lo.

Mais um soluço!

Darnell olhava para o lado de relance vez ou outra, dirigindo o mais rápido que podia sem infringir as leis de trânsito e colocá-los em risco, afinal, lá fora chovia. Um dos raros dias de chuva da ensolarada Califórnia. Mas ele tinha pressa em levar Zendaya para sua zona de conforto. Colocá-la num ambiente seguro e confortável. Pra que ela pudesse finalmente chorar tudo aquilo que ele sabia que estava entalado na garganta da amiga.

Noon no banco de trás estava deitado pacientemente, apesar de não ver sua dona fazia alguns dias, pois estava com Darnell durante esse tempo, o Schnauzer parecia sentir que naquele momento o melhor que ele poderia fazer era esperar.

Em questão de minutos, ja estavam abrindo as portas da casa de Zendaya. Nell carregava as bagagens da menina enquanto ela se jogava no sofá, deitada em posição fetal, abraçou uma almofada e encarou o horizonte sem realmente prestar atenção em nada do que via. Noon subiu no sofá e se aconchegou perto de seu pescoço, dando varias lambidas em sua bochecha como quem queria simplesmente enxugar suas lágrimas. Darnell largou a mala em qualquer canto e se dirigiu ao sofá, ergueu a cabeça da amiga delicadamente e a fez deitar em seu colo, mechendo em seus cabelos

- Querida, você sabia que uma hora ou outra vocês iam acabar aparecendo na mídia - a voz terna e cheia de compaixão pela situação de sua melhor amiga ainda era firme

- Não foi na mídia Nell, você sabe bem disso. Não é como se um paparazzi tivesse nos fotografado em uma loja ou num café. - Zendaya sentou se com as pernas cruzadas, sem querer afastando Noon com o susto - foi ELE quem postou - deu ênfase na palavra ele, apontando seu dedo em riste, deixando que sua raiva transparecesse.

- Eu sei Zendaya, mas pelo que eu assisti, ele não tinha como saber que você ia aparecer bem naquela hora, e vamos combinar que nosso amigo é bem burro quando se trata de tecnologia. - ponderou Darnell, tentando defender Thomas. Ele sabia que o garoto não havia feito por mal. Isso ficava claro pra qualquer um que tivesse visto o vídeo e Darnell havia tido sua conversa com Tom em Londres. Acreditava mesmo que o rapaz era diferente. Naquela época Nell apostava suas fichas que ele seria capaz de fazer Zendaya se abrir e Tom até conseguiu. Mas aparentemente não tanto quanto Darnell imaginava.

- nosso amigo? ele não é nada meu! Thomas pode morrer pra mim. Ele não passa de mais um traste assim como o Travis - havia um certo amargor na fala de Zendaya. Algo que não pertencia ao nome direcionado. Todo aquele rancor pertenciam ao passado e refletiam agora, em atitudes do presente, em amores do presente, que Zendaya ainda não conseguia reconhecer.

- Não diga isso, querida. Você não pode culpa-lo por algo que ele não fez. Você sabe muito bem que ele não é o Travis e você o está julgando por erros que ele não cometeu. Isso não é certo Zendaya. E é meu dever te alertar sobre isso. - Darnell se endireitou, cruzando os braços.

- Não estou fazendo isso. Para de repetir que estou julgando ele por crimes que ele não cometeu- Zendaya tapou os ouvidos como uma criança birrenta

- repetir? É a primeira vez que eu te falo... - Nell fez uma pausa, para em seguida ter um momento de epifania - mas pelo visto eu não sou o único que te disse isso não é? - dirigiu lhe um olhar blasê. -Pois bem Srt. Coleman, a consciência é sua, faça como achar melhor - O moreno de olhos azuis se levantou, e foi até a cozinha seguido por Noon - vou cuidar do seu cachorro e dar água às plantas, parece que ninguém faz isso há século. Sobe e toma um banho. Descansa e tenta pensar melhor amanhã. Você precisa se lembrar que vocês ainda tem um cenas pra gravar juntos. -

- Que droga de melhor amigo que você é? Eu não te trago aqui pra ficar me fazendo sentir pior do que eu ja estou ok? - Zee lançou furiosamente, jogando as almofadas longe e caminhando escada acima

- Oh querida, sua ingenuidade chega a ser fofa - Darnell soltou um riso anasalado - eu apenas estou te lembrando os fatos da vida real porque te amo querida. Se alguém te faz sentir mal, culpe a sua consciência.

- AARGGH - Zendaya urrou, subindo as escadas a passos pesados e rapidamente. Sumindo de vista.

***

Tom acordou pela manhã lamentando por ter despertado. Sua cabeça doía e parecia pesar uma tonelada assim como o resto de seu corpo. A sensação era de ter sido pisoteado por uma manada de rinocerontes famintos. Era muito perto de uma ressaca, a diferença é que as lembranças da noite passada não eram nem um pouco divertidas e nem se quer envolviam álcool. Ao pensar nisso, todas as imagens da cara desapontada de Zendaya, as lágrimas escorrendo por seu rosto, abraço que ela não correspondeu, tudo isso invadiu a mente de Thomas de uma vez só como num avalanche. E ele fechou os olhos retorcendo o canto da boca em uma expressão de dor, levando a mão à testa.

Ainda deitado, tateou a mesa de cabeceira em busca de seu celular, quase derrubando um copo com água que Harry havia deixado ali com um comprimido para dor de cabeça e um bilhete que ele se inclinou, apoiado pelo cotovelo, para alcançar e ler

Hey Bro, bom dia

Espero que vc esteja melhor, imaginei que vc ia ter dor de cabeça. ( Mamãe sempre diz que vc tem dores de cabeça quando chora) então deixei esses comprimidos aqui.
Fui no mercado comprar algumas coisas pra gente comer, e beber também. Espero que não se importe mas peguei dinheiro na sua carteira.

Te amo Bro,

Harry

Tom sorriu fraco para o bilhete, e murmurou - Folgado - pegou os comprimidos e tomou, sendo grato por ter um irmãos tão atenciosos como Harry. Em seguida desbloqueou a tela de seu celular que tinha como plano de fundo uma foto dele e de Zendaya fazendo careta. Suspirou para isso e foi logo checar as notificações em busca de alguma mensagem da garota. Alguns grupos de whatsapp, uma mensagem de Haz, Uma de Sam, ambas falando sobre o video. Algumas ligações perdidas de sua mãe. Ele apenas ignorou tudo. Bloqueou a tela e voltou a deitar, fechando os olhos. O cheiro da garota ja quase não estava mais presente. Ele afundou o rosto no travesseiro e inalou fundo, sentido os últimos resquícios das notas do perfume da invadirem seus pulmões e chamou o nome dela baixinho. Ficou ali até que Harry chegasse do mercado. Com várias sacolas de porcarias e xingando aos quatro ventos porque era um absurdo não venderem cerveja para pessoas de 20 anos.

Naquele dia, as cenas gravadas seriam noturnas, e Harry decidiu que a melhor forma de passar o tempo seria assistindo algum filme de comédia enquanto comiam salgadinhos e bebiam as últimas cervejas da geladeira. Mas Tom apenas não conseguia se concentrar no filme. E as risadas exageradas de Harry eram um gatilho para Tom explodir a qualquer momento. Então o mais velho decidiu apenas se levantar na metade do filme e tomar um banho.

- Não vai terminar de ver? - Harry disse desapontado

- Desculpa cara, outro dia - Tom caminhou sem olhar pra trás, batendo a porta do quarto atrás dele e ligou o chuveiro enquanto deixava seus pensamentos voarem. As falas de Zendaya o jeito duro com ela o havia tratado. Tudo isso ainda era um peso no coração do britânico. Porque ela não era capaz de amá-lo da forma como ele a amava? Será que ele não era bom o suficiente pra ela? Porque ele sempre tinha que estragar tudo o que tocava?
Tom nem havia percebido quando lágrimas invadiram seu rosto. Ele se apoiava no box, deixando o contorno da palma de suas mãos no vidro embaçado. Tinha os olhos fechados enquanto encarava o chão, tentando respirar fundo, mas o nó em sua garganta parecia impedir que o oxigênio traçasse seu caminho até as veias de seus pulmões. O britânico tinha o torço nu ja suado e os cabelos cacheados pelo vapor. Fungou uma vez, limpando as lágrimas os polegares e se despiu por completo entrando em baixo da agua corrente de uma só vez. A força dos jatos parecia massagear seus músculos e a temperatura quente o envolvia numa especia de abraço. Trazendo lhe o amparo que Tom tanto precisava para conseguir colocar para fora aquele sentimento engasgado em si.
E quase que num grito eles sairam, enquanto Tom se abraçava, caindo de joelhos no chão frio do box. O choro agoniado repercutiu nas paredes, ecoando pelo banheiro de forma que parecia ainda mais alto e urgente. Tom abaixou a cabeça deixando a água bater em sua nuca, levando seus cabelos para frente de seu rosto, tapando sua visão.

- PORQUE? - Tom gritou sentindo se culpado. Não conseguia entender porque Zendaya não podia ter lhe dado uma chance de se explicar.

Três batidas foram ouvidas vindo da porta que estava trancada.
- Tom, sou eu... Cara, abre pra mim por favor - Harry insistia em mover a maçaneta, como se isso magicamente fosse mover a tranca e abrir a porta.

- ME DEIXA EM PAZ HARRY - a voz esganiçada de Tom denunciava o nível de seu choro, Apenas alarmando mais ainda o pobre ruivo, que ficava com o coração na mão de preocupação e meio sem saber o que fazer.

- Cara, eu não vou te deixar, ok? Se você não quer abrir, conversa comigo por aqui então. Desabafa, me diz tudo, mas entenda que vc não tem que passar por isso sozinho -

Um período de silêncio se estendeu e Harry aproveitou para deslizar pela porta até encontrar o chão, colando o ouvido na madeira para se esforçar em ouvir o irmão com o barulho da queda d'água

- Eu não entendo Harry, não entendo como eu sou capaz de estragar tudo. Eu tentei mais do que tudo manter esse relacionamento em segredo. POR ELA! você sabe o quanto eu sou aberto, me conhece, sabe o quanto isso me custou. Não poder levar ela nos lugares e apresentar pras pessoas como minha namorada. Não dizer pra ninguém o quanto tenho orgulho da mulher que eu tinha ao meu lado porque simplesmente ninguém sabia nem se quer que eu TINHA alguém ao meu lado. Eu tive que negar as especulação mesmo querendo assumir todas elas com um sorriso no rosto. E eu fiz isso por ela. Por que eu sabia que era isso que ia deixar ela feliz. Mas ai por causa de UM DESLIZE. UMA COISA QUE EU NEM TIVE CULPA! SIMPLESMENTE PORQUE EU SOU BURRO DEMAIS PRA ESSA PORRA DE CELULAR... - O mais velho despejou tudo em um fôlego só, sem arriscar perder a coragem de dizer o que sentia no meio do caminho. Porém a raiva lhe fez parar, e um barulho alto e oco chamou atenção de Harry que se colocou de joelhos espiando pela fechadura

- O QUE VOCÊ TA FAZENDO CARA? -

O som se fez mais 3 vezes, e pela pequena fresta da fechadura, Harry pode ver Tom socar os azulejos na parede até que um deles se partisse no meio, cortando a mão do rapaz.

- Merda! - Tom reclamou, segurando a mão ainda fechada em punho pelo pulso e analisando o corte. Desligou o chuveiro e abriu a porta para Harry.
- Pega a caixa de primeiro socorros -

Harry olhou para a mão do irmão, em seguida para seu rosto e uniu as sobrancelhas, torcendo os lábios em reprovação. Sem dizer nada se dirigiu ao armário na dispensa, pegou a caixa de primeiro socorros e correu em direção à Thomas.

- Tom, acho que isso não vai fechar com band-aid - Harry disse ao ver que o sangue não estancava e que o corte parecia ser mais fundo do que o normal.

- Vai sim, só preciso fazer parar de sangrar - o garoto insistia, colocando a mão mais uma vez em baixo da água

- Cara não pode por em baixo d'água -
Harry alertou

- Harry, eu sou o mais velho aqui, ok? Eu sei o que to fazendo -

- Eu to vendo mesmo que você sabe o que ta fazendo Tom, você sabe tanto o que ta fazendo que ta com a mão arrebentada por ter socado a porra de um azulejo. Será que dá pra vc parar de bancar o sabe-tudo e deixar eu te ajudar? Ou eu vou ter que ser o irmão pé no saco que liga pra mamãe e conta o que você ta fazendo, porque você não me dá ouvidos. PORRA! - Harry tomou a mão de Tom pelo pulso num puxão. Exaltando se com a falta de confiança do irmão em lhe deixar ajudar. Tom não fazia por mal, era apenas o fato de que na visão do mais velho, Harry ainda era aquele bebezinho de bochechas vermelhas e cabelinho ruivo arrepiado que havia chego em casa 20 anos atrás, trazendo de brinde um outro saquinho de cocô que tinha uma das melhores risadas do mundo, também tinha bochechas rosadas mas que em nada se parecia com Harry. Desde aquele dia, Tom assumiu uma postura protetiva perante os irmãos. Era ele quem cuidava de Harry e Sam, não o contrário. Mas talvez o dia dos papéis se inverterem, ou pelo menos se igualarem, havia chego. E levando a bronca de Harry em consideração, Tom permitiu que o mais novo assumisse o controle da situação. Enrolando em sua mão uma faixa bem apertada para segurar o sangue e  discando do telefone de Tom mesmo o número indicado por ele de um médico de confiança que poderia atendê-lo em casa. Harry informou a urgência da situação e ajudou o irmão a terminar o banho e se vestir. Aguardando o médico.

***

As gravações daquele dia ja tinham começado fazia algumas horas, seriam apenas algumas regravações e reajustes de algumas poucas cenas, e Tom e Zendaya tinham apenas uma cena para fazer juntos, a qual era uma noturna marcada para as 21h. Os diretores os aguardavam próximo à rua fechada para as filmagens, dentro de um dos trailers e ja eram 21h em ponto quando os Russo deram por conta do atraso dos atores e resolveram investigar a situação.

- Hey Barry - Joe chamou de longe - viu Tom e Zendaya por ai? -

- Não vi não, senhor. O pessoal da maquiagem e do figurino disse que eles estão atrasados - Barry torceu os lábios como quem diz "ja sabemos o motivo"

- Esses dois pensam que enganam quem? Vou ter que ligar pra eles. Me da um segundo - Joe prosseguiu, arrancando uma risada de seu assistente enquanto caminhava e mexia em seu celular discando algum número

- alô? - uma voz doce atendeu

- Zendaya, onde vocês estão? - Joe disse, inquisidor.

- Desculpa diretor, eu estou chegando...- uma pausa para uma respiração funda - mas você precisa ligar pro Thomas pra saber do paradeiro dele ok? Até ja -

A linha ficou muda de repente, indicando que Zendaya havia desligado a ligação.

- E-ela desligou na minha cara? Hoje em dia não se tem mais respeito pelos diretores mesmo - Joe disse retóricamente, rindo um pouco de sua própria situação

Estava discando o número de Tom quando o garoto apareceu em sua frente. Os nós dos dedos da mão direita enfaixados. Cobrindo os 5 pontos recentes que ele havia acabado de levar na mão. Andava acompanhado de seu irmão, usava uma calça jeans preta colada com um moleton branco e um boné preto cobrindo seus cachos sempre bagunçados.

- Tom, o que houve com a sua mão? -
O olhar preocupado do diretor se dirigia ao ferimento do garoto, onde a faixa branca, ainda uma mancha vermelha, mas dessa vez por conta da rifocina usada no curativo. Tom segurou seu pulso entre o polegar e o indicador esquerdos, girando o mesmo e observando a faixa que envolvia toda a parte interna de sua mão e também seu polegar direto e uniu as sobrancelhas num olhar consternado.

- Nada demais diretor, só um acidente mesmo, sabe como eu sou desastrado não é? - forçou um sorriso, mas mesmo com sua melhor tentativa não foi dos melhores.

- Claro que sei, pelo menos não quebrou o nariz pela quarta vez não é? - Joe soltou uma gargalhada batendo no ombro do ator algumas vezes

Tom soltou um riso anasalado e sorriu
- É, deve ter sido sorte - concluiu - bom, eu vou la me trocar, só quis passar aqui e falar primeiro com você e o Anthony, pra explicar o motivo do atraso -

- Você consegue gravar, não está sentindo dor? -

Aquela era uma pergunta difícil, ele estava sim sentindo dor. Uma das piores que havia sentido em sua vida. Poucas coisas doeram tanto quanto perder Zendaya. Ser rejeitado lara seu papel em Billy Elliot pela primeira vez. Ter ouvido de seu pai que tinha vergonha de ter um filho disléxico, a morte de seu avô, nenhuma delas em ordem, claro. Mas vez Zendaya olhá-lo de cima para baixo daquele jeito. Como se ele não fosse nada. Como se ele não significasse nada, depois de tudo. Aquilo doía sim. Seu coração doía constantemente. A cada respirada que ele dava. E saber que ele teria que encenar com ela era mais dolorido ainda. 

- Não, não dói. Eu estou bem. Vou indo lá diretor. Não quero atrasar a gente ainda mais - Tom virou de costas respirando fundo e obrigando as lágrimas a retomarem seu caminho de onde vieram.

***

As horas passavam arrastadas entre uma tomada e outra. Durante as cenas, tudo corria perfeitamente bem, pelo menos era o que as aparências mostravam. Tom e Zendaya eram ótimos atores afinal, e mesmo que ambos estivessem sentindo seus estômagos embrulhados perante a situação, mantinham suas feições limpas e transmitiam atravéz delas apenas as emoções necessárias para trazer a vida Nico e Emily. Mas era apenas o corte de cena ser anunciado para os olhos de Zendaya se voltarem para o chão, pezarosos e desconfortáveis fugindo do encontro com os de Tom que se tornavam instantâneamente melancólicos. A tensão logo surgia no ar, densa e tão real quanto palpável.
O britânico tentou por duas vezes iniciar uma conversa, puxando algum assunto ou ao menos perguntando se sua amada passava bem. Mas ambas as vezes foi ignorado friamente, o que o fez desistir de qualquer contato e até perder um pouco das esperanças quanto aos concelhos que Harry havia lhe dado sobre dar tempo ao tempo e esperar que as coisas se resolvessem.
No fundo, Holland acabava por começar a perceber que talvez as coisas não tivessem mais solução. E assim como muitas coisas que ele amava na vida, Zendaya era mais uma daquelas que ele tinha que ver partir.

Passado alguns vários takes e uma certa quantidade de horas de trabalho, quando o dia quase anunciava suas primeiras horas, os Russo finalmente se deram por satisfeitos. Anunciando a liberação de Tom e Zendaya do set, e com isso o encerramento de seus trabalhos em Cherry. Todos aplaudiram, alguns assobiaram alto usando seus dedos, outro gritavam palavras de incentivo e agradecimento para os atores por seus trabalhos tão bem feitos. Mas nenhum deles conseguia sorrir ou se sentir genuinamente grato e feliz por aquele momento. Estavam ambos ali, num abraço intermediado pelos
Russo, com sorrisos forçados enquanto desviavam seus olhares toda vez que percebiam que seus caminhos se cruzavam, falhando miseravelmente em fingir que não tentavam olhar um ao outro.

Quando o burburinho se dissipou, Tom foi até o trailer de Zendaya. Precisou de uma dose extra de coragem pra bater na porta, e expirou forte antes disso, bufando, como se tentasse despressurizar seus músculos. Ao ouvir a porta bater, Zendaya ja tinha uma noção de quem era por isso apenas gritou do outro lado da porta de metal

- O que você quer? - encostou as palmas das mãos no metal frio da porta, imaginando as mãos que estariam do outro lado.

- Eu... só queria conversar - Tom disse desanimando, o nível de sua voz baixo, quase inaudível.

- Não tem nada pra conversarmos, Acabou Tom, me deixa em paz - fechou as mãos em punhos forçando as unhas contra as palmas.

- Você tem certeza Zendaya? Certeza absoluta? Vc me disse que ia pensar, e você não precisa me dar uma resposta agora, eu só queria que você me ouvisse antes.... - o tom de voz do Britânico era suplicante, beirando o desespero.

O silêncio do outro lado mostrava que a garota estava em conflito. Seu coração pedia algo mas sua razão e ego a mandavam fazer outra coisa bem diferente, e ela ainda não sabia qual dos lados seguir. Subitamente o barulho da tranca fez o coração de Holland bater mais forte, e ele deu um passo para trás nas escadas para que Zendaya abrisse a porta e ele pudesse entrar.

- Entra logo antes que eu mude de idéia - a garota disse tendo a cara amarrada e os braços cruzados uma vez que Tom ficou parado nas escadas tamanho o shock pela morena ter aceitado lhe ouvir.

Ele entrou e ficou em pé meio desconfortável, enquanto Zendaya se sentava numa cadeira no canto do pequeno vagão, com as pernas e braços cruzados. Tinha os lábios torcidos e uma sobrancelha arqueada numa expressão de desdém.
- Fala logo Thomas o que você quer? Eu não tenho a noite toda... - olhou no relógio em seu pulso - quer dizer, a manhã toda -

- Eu... Só queria te pedir desculpas - Tom começou

- Ta desculpado Thomas, é só isso? Pode ir embora então - Zendaya ameaçou se levantar, descruzando as pernas mas Tom repeliu sua ação quando começou a confrontá-la.

- Você acha que é assim que funciona Zendaya? Olha, eu cansei das coisas serem do seu jeito. "Vamos ser só amigos Thomas" "Vamos manter em segredo Thomas" CHEGA! - Tom afinou a voz, fazendo uma imitação cafona de Zendaya -  Eu sou uma pessoa que tem sentimentos também. E EU TE AMO PORRA!! desculpa se eu sou um idiota e não consegui desligar aquela porra daquela live a tempo. Desculpa por ter estragado O SEU segredo. Mas eu NUNCA quis esconder você. Tudo o que eu mais queria era mostrar pro mundo a mulher maravilhosa que eu tinha do meu lado. Então FODA-SE! - Tom tinha o rosto vermelho, e uma única lágrima escorria de seus olhos a qual ele limpou com a manga de seu moletom.

- conseguiu o que queria então, agora eles sabem quem você tinha do seu lado, meus parabéns - o tom de Zendaya era ríspido e ao mesmo tempo irônico e isso fazia o sangue de Thomas ferver em ódio.

- Tanto faz Zendaya... - o britânico se encaminhou em direção a porta, abrindo a mesma e parando no meio do caminho para olhar a garota nos olhos uma última vez antes de sair - Você nunca me amou mesmo. - com essa constatação, Tom fechou a porta atrás de si e foi embora. Ele tinha muita coisa pra resolver. E eram apenas 5 horas da manha.

***
Notas

AAAAA me desculpem por isso 😭
Eu estou sofrendo junto com o nosso casal. Mas eu avisei que a bomba vinha. Espero os surtos de vocês la no grupo.

💥Quem ai ta preparada pro terceiro e último de hoje depois dessa bomba?

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