Laura e Eva passaram horas e horas conversando sobre as aventuras de Laura até os momentos atuais onde Carmilla e ela seguiram em frente.
— Você diz que terminaram pois suas ideologias são diferentes neste século... Mas e o seu coraçãozinho? Por que pelo que vi, Carmilla é uma pessoa que você ama muito e ela também te ama...
— Você não liga pelo fato de eu ser... Bem...
— Lésbica? — Perguntou e Laura arregalou os olhos surpresa. — Ah Laura querida a mamãe vive no inferno a milênios. Eu não sou capaz de julgar ninguém.
— É que pelo fato de você ter sido sabe... A Eva! — Ela sorriu desajeitada. — Deus te mandou se multiplicar e casar com Adão etc...
— Exatamente por isso que eu entendo as formas de amar. — Ela respondeu. — Minha história é muito mais profunda do que se é contado na bíblia... Fui feita para servir o homem, mas eu não tive uma opção de escolha. Ele era o único homem que existia. Me ordenaram a servi-lo e foi o que fiz. Não podia fazer nada. Fui feita da costela dele. Submissa. — Respondeu e Laura abaixou a cabeça.
— Sinto muito.
— Um dia irei te contar a história completa. Mas o que você tem que saber. É que hoje você tem o direito de escolher. Se ainda ama Carmilla, ela tem que saber. E ela tem que entender que se ela te ama também, terá de respeitar suas escolher de ter ou não ter uma família.
— Ela não quer uma família pois ela é uma vampira e não quer ter que... Assistir a morte dos filhos...
— E se ela fosse humana? Ela mudaria de opinião? — Perguntou Eva e Laura encarou sua mãe seriamente.
— Consegue? Trazer ela de volta como humana?
— Eu não. Macayla sim. — Disse Eva e Laura franziu o cenho.
— Mas ela não consegue controlar os poderes... Eu mesma os selei por estarem ficando cada vez mais fortes.
— Selou em um colar certo? Um colar que supre a magia dela, ou seja...
— Um colar repleto de necromancia...
— Se conseguirmos extrair magia do colar sem remove-lo do pescoço de Macayla...
— Conseguiríamos fazer uma magia de cura... A cura do vampirismo! Mãe você é um gênio! — Disse Laura beijando o rosto de Eva e sua mãe sorriu ao ver os olhos da filha repleto de esperanças.
***
— Quando é o próximo solstício de inverno Lizzy? — Perguntou Macayla.
— Vai deixar o Rafael ir sozinho? — Perguntou Zak.
— Ele precisa ficar sozinho... — Respondeu Maca. — As vezes, precisamos extravasar a raiva no nosso canto, e depois vem os amigos. — Respondeu e logo Macayla encarou Lizzy esperando a resposta.
— 22 de dezembro é quando se inicia o inverno no hemisfério norte... — Respondeu Lizzy ajeitando seu lenço amarelo ao redor do pescoço.
— Temos muito tempo ainda... Tenho que avisar Eva e os outros... — Disse Maca.
— Ainda não acredito que Rafael é filho daquela megera... — Disse Alexia.
— Se você não tivesse usado a armadura celestial ainda teríamos uma surpresa para ser usado contra Aurora sua cabeçuda! — Disse Azakiel.
— Se eu não usasse eu teria morrido!
— Por isso não deveria ter ido atrás dela! — Retrucou ele..
— Ei! Vocês dois! Parem de brigar! Vão pra casa e tentem extrair algo mais desse livro e eu vou atrás do Rafael, e Lizzy... Continue na escola.
— EI! Eu posso ser útil tá! — Respondeu a menina e os gêmeos se encararam.
— Por que estão se encarando assim? — Perguntou Macayla. — Conheço esse olhar qual merda vocês aprontaram desta vez?
— Meio que... Bom... É que... — Disse Zak coçando a nuca.
— A gente tava pensando... Se tipo você... — Dessa vez foi Alex brincando com o pé direito feito uma criança pedindo doce.
— Podia deixar a gente morar... Na sua casa?
— Que? — Perguntou Macayla.
— A gente saiu de casa... Briga feia com o nosso pai... — Respondeu Alexia. — E qual é desse lenço no pescoço? Tá um calor dos infernos tira isso. — Disse Alexia encarando Lizzy que cerrou os olhos.
— Tá na moda ok? Lenços deixam as pessoas mais chiques! — Se defendeu.
— Enfim! Maca... É só por uns dias, eu consegui uma oferta de trabalho hoje, não tive tempo de falar pelo que estava acontecendo, mas começo hoje... Posso te ajudar a pagar as contas. É só até eu e meu irmão conseguirmos nos virar sozinhos...
— Bom... Acho que não tem pro...
— Nem pensar! — Disse outra voz. — Nunca, never, niemals, kesshite, Cóng bù e nunquito! — Era Adam. — Minha afilhada não vai morar de baixo do teto de um garoto bonitão nem por cima do meu esqueleto repleto de purpurina rosa!
— Padrinho? — Perguntou Macayla. — O que você está fazendo aqui?!
— Tive uma visão amor. Vim tirar umas dúvidas. Mas! Porém, acabei escutando uma parte da conversa. — Respondeu ele. — Não que eu estivesse escondido ouvindo a um bom tempo, sou um adulto agora e nem um pouco infantil! — Se defendeu claramente mentindo. — Vocês dois. — Ele apontou para os gêmeos. — Vão ficar na minha casa até sua mãe retornar. — Concluiu. — Onde está Rafael?
— Bom... Ele... — Disse Macayla.
— Ele foi beber uma água eu acho. — Disse Alex.
— Ele está chateado por que a mãe biológica contou toda verdade pra ele. — Respondeu Zak e Macayla e Alexia o encarou.
— O QUE?! — Respondeu Adam de olhos arregalados.
— Eu vou ir ao banheiro... — Disse Lizzy se retirando ao ver que a coisa iria ficar feia.
— Aonde ele foi? — Perguntou Adam.
— Eu não sei... Desculpa achei que essa foi a visão que você tinha tido! — Disse Zak.
— Oh céus! Pelo Santo Rupaul's drag race! Eu vou ir atrás dele. — Respondeu Adam indo em direção ao filho porém parou no mesmo instante e se virou para Macayla.
— Maca... Sobre a minha visão... — Disse ele sussurrando o resto em seu ouvido.
— O que?! — Disse Macayla.
— Cuide disso que eu cuido do meu filho. — Ele respondeu saindo do caminho. Macayla pareceu com raiva e preocupada no mesmo momento.
— Galera... Preciso ir. — Disse Maca fazendo os gêmeos franzirem o cenho da testa.
Lizzy foi ao banheiro e ao entrar acabou se lembrando da cena horrível em que se encontrara. A líder de torcida com aqueles olhos.
— É... O mundo está repleto de demônios Lizzy. — Disse ela se aproximando da pia. Abaixou a cabeça e retirou seu lenço e o óculos para lavar o rosto. Secou o rosto e continuou com o papel segurando-o firme ao redor do pescoço.
Lizzy se encarou no espelho sem os óculos. Respirou fundo e jogou o papel fora revelando seu pescoço. Estava coberto de hematomas, era como se ela tivesse sido estrangulada.
— Última moda... Foi uma boa desculpa... — disse Macayla assustando Lizzy que se afastou na hora.
— Macayla? O que... Eu.. Isso não foi nada.
— Adam me disse que teve uma visão de você sendo espancada por um homem. — Respondeu maca. — O que aconteceu?
— Lizzy colocou o lenço de volta.
— Ele viu errado...
— Adam não erra, é um médium, suas visões são sempre sobre o futuro ou passado. Lizzy quem fez isso com você? Alguém anda te machucando? Esse homem... É ele que fica colocando na sua cabeça que você não é bonita? — Perguntou se aproximando e Lizzy engoliu em seco com as lágrimas no seu rosto.
Apesar do jeito divertido e confortável, aquilo tudo não passava de uma máscara escondendo uma garota repleta de dor e tristeza.