Macayla estava de boca aberta ainda tentando assimilar a possibilidade de Adam e Aurora serem pais do seu melhor amigo. Ela engoliu em seco e esperou que Rachel terminasse sua explicação.
— Descobri que ela tem uma obsessão em "Salvar a terra", ela acredita que os seres humanos não merecem a liberdade que possuem. Como ela vai fazer isso, eu não sei. Mas sabia que precisava ser completamente onipresente, assim como ela. Era o único jeito de vencê-la. Dois anos depois de ser torturada me mantive no silêncio e nas sombras. Invisível, assim como ela era. Quatro anos nas sombras observando...
— E o que você descobriu?
— Apenas uma coisa. — Aquilo retirou completamente toda esperança de Macayla. Anos e anos de pesquisa e apenas uma informação? — Mas é tudo o que eu precisava saber para entender os planos dela melhor. — Logo Maca encarou Rachel esperançosa novamente.
— E o que é?
— Pense comigo. Tudo o que ela vem dizendo é que os seres humanos são uns lixos e que não era para ser assim. Que Deus resolveu dar liberdade demais e eles não possuem regras como os anjos. Apenas na morte. — Macayla pensou nas palavras da vampira. — É o livre-arbítrio. É isso que ela quer sumir. Ela quer tirar o livre-arbítrio e controlar o mundo. É assim que todos seriam felizes e teriam seus finais da maneira que ela acredita ser o certo.
— Isso é impossível! Não tem como retirar isso! Ela não tem esse tipo de poder!
— Ela não. — Respondeu Rachel. — E é aí que você entra. A sua necromancia é irrelevante, mas o que acontece depois que realiza ela é o que interessa. Nesses anos observando você e Aurora eu percebi. — Rachel apontou para a foto na mesa de Macayla. — Você mandou Hela buscar a bola, mas o cachorro não era adestrado.
— Todo cachorro gosta de brincar com bolinhas Rachel! Do que está falando!
— Diga-me uma coisa que você disse para Hela que ela não tenha feito. — Maca pensou. — E seu pai... Ele já te disse não a algo que tenha dito?
— Não... Mas ele agia normal... Não como um robô controlado!
— Exatamente! É isso que ela quer! Você tem o poder de controlar todos que possuem sua marca Maca! É como os meus poderes hipnóticos. Mas os seus podem atingir quantos quiser. E os meus são temporários. Exceto se eu transformar alguém. Mas transformar em vampiros daria muito mais trabalho do que usar necromancia no planeta inteiro. É isso que ela quer fazer!
— Rachel... Ressuscitar uma pessoa me consome muita energia... Agora ressuscitar um planeta inteiro e controla-lo, literalmente me mataria! É impossível!
— Tenho uma teoria. Depois que fizesse isso, você morreria de fato, e era aí que entraria o filho de Aurora, ou a própria Aurora. Seu colar possui resquícios de sua necromancia. Com a magia de um Deus ou semideus, e o seu colar, seria fácil para eles moldar o planeta perfeito.
— Nossa isso... É loucura... — Respondeu Maca.
— Ei... — Rachel voltou a segurar a mão de Maca. — Eu não vou deixar isso acontecer. Inclusive, tenho que te pedir perdão por ter sumido... E pelo que Aurora fez a você...
— Não foi sua culpa.
— Foi sim. Isso foi vingança dela. — Respondeu Rachel encarando Macayla. — Matei os seguidores dela. Todos eles...
— Uau...
— É... Enfim... — Respondeu descarregando tudo o que tinha a dizer . O silêncio ficou estranho naquele momento, nem Rachel e nem Maca diziam uma única palavra. E para remover aquele silêncio esquisito Rachel mudou completamente de assunto. — Então. Você vai ir para a escola hoje?
— Depois de tudo isso, acho que preciso descansar... — Respondeu Macayla, e o silêncio fluoreceu novamente. — Rachel... Se ela queria meu poder. Porque ela não extraiu meu poder quando teve a chance?
— Ela está esperando algo... — Disse Rachel e Macayla arregalou os olhos e correu para cima assustando a vampira.
A menina trocou de roupa rapidamente e pegou sua mochila. Ao ver a cena Rachel franziu o cenho da testa desconfiada.
— Tem comida na geladeira, esquenta ago no microondas, ou sei lá bebe sangue de algum pedófilo na rua, mas não se meta em confusão, assim que as aulas acabarem eu corro pra casa. — Disse a menina.
— Acabou de dizer que não ia pra escola hoje.
— Isso foi antes de eu lembrar de um livro que foi parar nas mãos de uma humana da escola. Óbvio que foi proposital, mas não acho que Aurora mandou o livro nas mãos dela. Foi Laura! E acho que aqui diz exatamente o que Aurora está esperando.
— Por que Laura mandaria esse livro pra uma humana?
— Não sei. Se quiser pesquisar fique a vontade, seu endereço está na agenda da minha mãe dentro da gaveta... Preciso levar isso ao Azakiel.
— Por que?
— Só bruxos sabem ler! — Disse ela saindo do quarto as pressas. — Ele é metade bruxo! — Respondeu correndo com a mochila e o livro nas mãos.
Enquanto Maca buscaria respostas do livro. Rachel teria que fazer uma visita.
A vampira se dirigiu até o quintal onde Eva estava cuidando das plantas e então encarou Rachel espantada.
— Quis deixar vocês a sós. — Disse Eva se levantando. — O que houve?
— Vamos. Achei o momento perfeito pra você conhecer sua filha. É hora de visitar nossa milady. — Respondeu e Eva sorriu entusiasmada.
***
Rafael andava vagamente pela escola. Os alunos bagunceiros já não o incomodavam mais, ele andava incomodado com tudo e com todos. tanta coisa se passava em sua mente naquele momento. Tudo o que ele havia sofrido e no final descobrir que seus pais eram mentirosos, como eles puderam esconder aquilo dele? Ele esteve com seu pai biológico todo aquele tempo e nem sabia!
Rafael abriu seu armário e ficou encarando os livros por uns momentos sem de fato entender nada.
— Rafa? — Chamou uma voz masculina acordando o rapaz de seus devaneios.
— Oi. — Era Azakiel o chamando, porém sua cabeça estava tão cheia, que ele não estava dando atenção devida ao rapaz.
— Está tudo bem? — Perguntou Zak notando o desconforto do rapaz.
— Eu... Estou sim... Estou bem Azakiel. — Perguntou fechando seu armário.
— Ah... Desculpa... Vou deixar você sozinho. — Respondeu ele envergonhado e entendendo que o problema era a companhia do menino que o desconfortava.
Ultimamente ele sentia que só tinha sua irmã já que nem a garota da qual ele gostava parecia querer sua presença.
Ao perceber que Zak havia ficado chateado Rafael acordou para vida e foi atrás do menino para resolver o mal entendido.
— Zak! Espera... É que... — Ele disse e Zak o encarou esperando uma resposta. — Eu... Bom é que no caso... Preciso de um amigo para conversar já que a minha ainda não chegou... Esperava que você... Bom... — Ele olhava para o chão.
— Voltasse a ser seu amigo? — Perguntou sorrindo envergonhado.
— Eu pisei na bola com você... Entendo sua raiva, e sei que infernizei sua vida... — Respondeu Rafael.
— Você tinha 10 anos Rafael. O otário fui eu que achei que sendo um babaca atrairia popularidade e fama com garotas. Perdi algo mais precioso do que isso... E foi meus amigos, e fiz isso consciente. — Respondeu e Rafael sorriu.
— Amigos? — Perguntou mostrando a palma da mão em sinal de cumprimento.
— Amigos. — Ele respondeu apertando a mão do rapaz. — Então... Parece que temos muito o que conversar certo? O que tá pegando?
— Em resumo, meu pai biológico é gay, e me criou como se eu fosse adotado por ele e pelo marido, minha mãe biológica é a mãe dos anjos e Deusa deles, aparentemente ela quer salvar o mundo fazendo uma grande merda, minha mãe adora xburguer, e eu sou um semideus. — Respondeu fazendo Azakiel arregalar os olhos e abrir a boca.
— Como eu disse... Temos muito o que conversar parceiro... — Respondeu ainda assustado.