FAMOUS • jikook

By bluerside

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[INCOMPLETA] Park Jimin, um dos modelos mais bem pagos e reconhecidos de todo o mundo, que carrega consigo o... More

notas
prologue
1 ⇝ i'm not iron, but i'll try to be
2 ⇝ flying high with weed
3 ⇝ first and worst contact
4 ⇝ remember the past isn't good for you, baby
5 ⇝ f*ck it, i'm the best rapper
6 ⇝ don't give a sh*t about this guy
7 ⇝ your lips taste like cherry lollipop
9 ⇝ sorry, i mistook you
10 ⇝ on the road again
11 ⇝ lost bet
12 ⇝ pick your filter
13 ⇝ revelations, apologies and erections
14 ⇝ get you out of my mind
15 ⇝ no regrets
16 ⇝ a secret undefined case
17 ⇝ a song for us
18 ⇝ locked out of heaven
19 ⇝ where do broken hearts go

8 ⇝ i don't want to forget

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By bluerside

É a partir desse capítulo que eu lanço a tag oficial de Famous: #pirulitodecereja.

Votem e comentem!

Boa leitura! :)

💀

— Você claramente beijou na boca.

Foi a primeira coisa que Hoseok disse ao ver o melhor amigo no outro dia.

Acontece que, depois de entrar no seu apartamento assim que JK o deixou na entrada do prédio, seu assessor e melhor amigo já estava lá. Caindo de bêbado e desacordado, mas estava.

Foi um trabalhão pra dar banho nele e tirar aquele desenho horroroso de sua testa, que se sabe lá como ele deixou que aquilo acontecesse. Hoseok fica triste quando está muito bêbado, então não foi surpresa alguma ver ele fazendo cara de choro e começando a chorar escandalosamente enquanto Jimin o enfiava debaixo da ducha à força. Foi um escândalo, chorou feito um bebê sob a água gelada.

Mas foi mais trabalhoso ainda fazê-lo engolir os comprimidos para que sua ressaca não fosse tão bruta. Hoseok engasgou com uma pílula que forçava pra não descer, para o desespero de Jimin. O mais velho ficou roxo, sem ar, fazendo o modelo começar a chorar com o peso da culpa da quase morte do amigo bêbado.

Seria cômico se não fosse trágico.

O sol já estava nascendo quando finalmente tinha conseguido pôr seu assessor pra dormir em sua cama, mas desde então sua única preocupação fora como iria esconder os arranhados que ganhou ao que tentava lavar o mais velho.

Mas a ideia de que Jimin tinha beijado na noite da premiação não saiu da cabeça do seu melhor amigo. Ficou a semana toda dizendo a mesma frase, e recebendo a mesma resposta toda vez.

— Eu tenho certeza que você beijou na boca aquela noite. — gritou do seu quarto pra que o loiro o ouvisse, na sala.

— Puta que pariu, que inferno... — suspirou, apertando seu nariz com o polegar e indicador, irritado. — Eu já disse que não beijei ninguém, caralho. Esquece isso, já faz uma semana!

Com passos apressados e pesados, levando consigo sua mala de rodinhas, Hoseok andou até onde seu amigo estava, com uma carranca fechada.

— Eu te conheço há tanto tempo, Jimin. Você não me engana.

— Que porra! Então me diz, sabichão, como sabe que eu beijei aquela festa? — soltou o celular no sofá e arrumou a postura irritada.

— Eu não sei, mas eu sinto que um macho te tocou. É uma intuição, e você sabe que minhas intuições nunca falham!

Nunca falha mesmo.

— Vai caçar o que fazer, chato!

Voltando naquela madrugada, quase no amanhecer, quando sua missão de babá já estava cumprida e finalmente tomou seu próprio banho e deitou a cabeça no seu travesseiro, pensou um pouco sobre o que aconteceu. Principalmente, claro, sobre o que fez.

Não foi tão fácil admitir pra si mesmo que estava tudo bem em sair com o Jungkook, muito menos aceitar que o beijou. E pior, ele tinha, de fato, gostado. Sentiu que tinha quebrado uma regra consigo mesmo, já que enfiou na sua cabeça que aquele homem era insuportável só pelas pequenas atitudes em que presenciou.

É da natureza dele julgar as pessoas pelo pouco que conhece. Em seu meio social e profissional, tudo, absolutamente tudo que rondava Jimin tinha como um princípio julgar as aparências primeiro.

É uma indústria extremamente artificial, entende-se.

Desde o começo estava pensando em pedir para o mais novo que esquecesse sobre a noite que passaram juntos, e quando se beijaram, concretizou em sua cabeça que isso deveria ser feito.

Não é como se eles fossem se encontrar de novo. O meio social em que vivem são completamente distintos, não seria tão fácil se encontrarem de novo. Tudo já estava certeiramente calculado para que não se envolvessem mais, não tinha motivo para se preocupar novamente.

Agora, estavam se preparando para voar até Amsterdã, onde Jimin tem um desfile de extrema importância para sua carreira.

O inverno não estava tão longe, e mesmo que demorasse uns meses para que finalmente chegasse, as coleções da estação mais fria do ano já estavam prontas. E claro, Jimin seria o primeiro a colocá-las em seu corpo e esbanjar para o mundo inteiro sua postura única e classe invejável.

— Pegue suas coisas, beijoqueiro. Já estão esperando a gente lá embaixo. — irritado, Hoseok arrastou suas malas de rodinha até a porta, esperando que o modelo se apressasse.

Revirando os olhos, Jimin pegou sua mochila e mala de rodinhas para acompanhar o mais velho, que trancou a porta assim que saíram do apartamento.

Andaram silenciosamente até o elevador: Hoseok ainda com a cabeça repassando aquela ideia que tirou sabe-se lá de onde, e Jimin pensando em mais uma desculpa pra dar caso o mais velho dissesse aquela frase de novo.

Queria esquecer, poxa, mas não estava fácil!

— Quem desenhou aquele pênis na sua testa? — no silêncio do elevador, Jimin perguntou curioso.

Hoseok, que tinha atenção no seu celular, quase engasgou, evitando contato visual.

— Você teve uma semana para me perguntar isso, e diz só agora?

— Você vem me atentando a semana toda por causa de algo que sequer aconteceu, — aconteceu sim. — tenho todo direito de perguntar sobre aquela noite na hora que eu bem entender.

— Ridículo. — suspirou, guardando o celular no bolso. — Não lembro quem foi, nem o motivo disso. — corou.

Jimin notou as bochechas coradas, estranhado a reação de imediato. — Está corado assim por que?

Antes que respondesse sua pergunta, o elevador se abriu, parando no térreo do estacionamento. Hoseok suspirou, ignorando o amigo e andando apressado até o carro que os aguardavam.

Ainda estranhando toda aquela situação, Jimin decidiu ignorar. Jurou pra si mesmo que fingiria que nada aconteceu, então por que ficar relembrando daquela noite, não é?

Seus seguranças guardaram as malas no fundo do carro, logo abrindo a porta para que o assessor e o modelo entrassem. Apenas Hoseok agradeceu.

Cansado daquela situação que já virou algo natural do loiro, decidiu ignorar. Não conseguiu mudar o comportamento sem educação do mais novo nem quando o ameaçou, não seria agora que isso mudaria do nada.

Apenas um milagre, talvez.

Discutiam por todo o caminho até o aeroporto, nada sério, mas o suficiente para deixar os dois muito irritados.

— É cabeleleilo.

— Deixa de ser burro, é cabeleireiro.

— Puta merda, Jimin. Você é um modelo de nível altíssimo e não sabe falar uma palavrinha fácil dessa?! É cabelereilo.

— Desisto.

— Isso, desiste mesmo, você sabe que está errado. — voltou a atenção pro celular, irritado. — Cabeleireiro, onde já se viu?

— Esse é o certo! — se segurou pra não esmurrar a cara do melhor amigo.

— O certo é cabereireilo. — disse por fim, com a voz de quem tinha certeza de que estava certo.

Jimin bufou, desistindo de vez de discutir sobre um assunto tão fútil. Observou o motorista e segurança nos bancos da frente segurando a risada, mas os ignorou completamente.

Colocou seu óculos de sol antes de descer do carro, junto com o melhor amigo. Viu de longe algumas pessoas o fotografando no estacionamento aberto do aeroporto. Aquilo não era novidade, de fato. Estava tão acostumado que não tinha nem vontade de reclamar, ao contrário de Hoseok, que fazia caras e bocas assim que via uma câmera registrando-o.

— Moça, oi! — o mais velho gritou, mexendo os braços de um jeito escandaloso. — Chega mais um pouquinho pra direita pra você pegar meu ângulo bom! Assim, olha. — fez uma pose.

— Pelo amor, Hoseok. — Jimin, irritado, puxou o amigo pelo braço, o obrigando a andarem lado a lado até a entrada do aeroporto.

— Como você é chato. Não é só você que quer sair bonito nas fotos não, viu?

O loiro o ignorou, assim como fez com os fotógrafos e fãs que já o esperava para vê-lo embarcando. Os seus seguranças e os guardas do local o cercaram para evitar qualquer tipo de contato desagradável. Hoseok ficou ao seu lado o tempo todo, carregando apenas sua bolsinha.

Ao contrário do resto das pessoas que iam para embarcar em aviões comerciais, o aeroporto tinha uma parte reservada apenas para o jatinho de Jimin, que o esperava juntamente com o piloto e aeromoças particulares. De longe era possível ver o pequeno jato particular, que ostentava indiscretamente a sigla "PJM".

Andaram calmamente até a pequena escada do jatinho, onde seus seguranças não demoraram em guardar suas malas antes que embarcassem. O piloto, que os aguardava sorridente na porta de entrada da aeronave, fez uma reverência.

— É uma honra vê-los de novo, Sr. Park e Sr. Jung.

Jimin sorriu sem mostrar os dentes, forçado. Hoseok retribuiu sua gentileza apertando sua mão.

— E aí.

— É uma honra pra gente também! — Hoseok diz, todo gentil. — Oi, meninas. Wow! Nayeon, amei o corte do cabelo. — sorriu, tocando o cabelo curto de uma das três garotas, que sorriam.

Jimin apenas acenou, subindo a escadinha e deixando o amigo puxa saco para trás. A temperatura já estava perfeita, tudo estava brilhante, cheiroso. Era pequeno, tinha dez assentos, todos reclináveis. Nos bancos de couro branco, o destaque era o bordado em linhas douradas a sigla se seu nome, tudo feito à mão.

Park se sentou em seu lugar de sempre, ao lado da janela, ouvindo o bate papo animado do lado de fora. Não demorou para que seu amigo, sorrindo, entrasse acompanhado das outras três garotas, que também riam.

— E aí ele disse que o certo é cabeleireiro. — gargalhou. — De onde ele tirou isso?

As três riram, uma delas limpava uma lágrima que escapou por um de seus olhos pequenos. Jimin revirou os olhos.

As moças foram para o fundo do jatinho, onde preparariam as coisas para deixar seus dois passageiros confortáveis. Hoseok, ao contrário de Jimin, se sentou em uma poltrona e puxou a pequena mesinha móvel para apoiar o notebook que segurava. Ele sempre trabalhava durante viagens de avião.

— Você não vai dormir? — o modelo perguntou.

— Não, vou resolver algumas coisas da sua agenda. Algumas entrevistas estão marcadas para o mesmo dia, vou consertar isso. — disse enquanto ligava o aparelho.

— Não sei o que seria da minha carreira sem você. — olhou-o, quase emocionado.

— Não seria nada, você com certeza ainda seria modelo de açougue.

— Não me lembre disso! — tampou o rosto com as mãos, rindo.

— Você fedia a bacon — gargalhou. — Lembra daquela propaganda que você tinha que ficar com o rosto coladinho com a carne?

— Ugh, que nojo. — fez uma careta enquanto ria.

Hoseok assentiu rindo, logo começando a digitar no notebook agora ligado. Não demorou muito para estarem finalmente sobrevoando pelo céu ensolarado de Seul. As aeromoças revezavam para oferecer alimentos e bebidas para seus dois passageiros, fazendo o possível para que Jimin ficassem confortável.

O loiro aceitou poucas coisas, logo indo dormir. Seriam doze longas horas de viagem, além de todo o cansaço, o fuso horário divergente os deixaria frustrados, como sempre.

Hoseok trabalhou por algumas horas, mas não tardou em ceder ao cansaço e foi dormir em uma das poltronas confortáveis atrás de Jimin. Antes de tirar seu próprio cochilo, cobriu o melhor amigo com o edredom fofo, depois lhe dando um beijinho na testa.

Park o irritava como um diabo, o estressava e as vezes o fazia sentir vontade de enforcá-lo enquanto dorme. Mas, sinceramente? Não conseguiria viver sem o loiro na sua vida. Era uma parte de si. A melhor parte.

Chegaram na cidade durante a madrugada. A reserva do hotel de luxo já estava feita antes mesmo da semana da viagem chegar, então, apenas deram os nomes na recepção de decoração dourada. O recepcionista tentava disfarçar a tremedeira enquanto entregava as chaves nas mãos bonitas de Jimin, mas só tentou mesmo, já que o modelo teve que conter a risada debochada.

Os quartos ficavam lado a lado, mesmo que o corredor de portas seja extenso, optaram por ficarem perto. Cada um, exausto, caíram sobre suas respectivas camas no quarto de luxo, apagando logo em seguida.

[...]

— Façam barulho pra caralho, Amsterdã! — gritou no microfone, levando seus fãs à gritaria incessante.

A boate era relativamente pequena. Aquela não era sua área de domínio, não tinha tantos fãs na região, mas foi surpreendente saber que a casa noturna estava lotada. Mais surpreendente ainda saber que os ingressos esgotaram quinze minutos depois que seu nome foi anunciado como atração principal da casa.

Conseguia ver claramente onde o aglomerado de pessoas acabava, mas, juntamente à última pessoa da pequena pista, era possível ver as pessoas encostadas nas paredes pintadas de preto, em busca de mais ar, mais espaço. Estava lotado demais, mal conseguiam se mexer. Se uma pessoa pulava, todas iriam juntas.

O segundo andar era como um camarote, lotado também. As pessoas que pagaram mais caro para vê-lo de um jeito melhor não saíram ganhando, já que mesmo de cima era difícil ver o show. Todos queriam apreciar um pouco o rapper JK.

O palco era pequeno, mas o suficiente para fazer um show histórico. Ele já estava sem camisa, suado. Trocou a joia do mamilo apenas para isso, agora, o piercing era de uma flecha dourada, de ouro maciço.

Os desenhos pretos que enfeitava sua pele macia brilhavam sob as luzes coloridas. As mulheres babavam com a visão. Os homens, aqueles que juravam serem héteros, repensaram sobre sua própria sexualidade por um instante.

Um de seus seguranças entregou um apertadinho na mão do rapper, que sorriu sapeca, fazendo as pessoas gritarem de excitação.

A verdade é que, ninguém, absolutamente ninguém entendia o que ele dizia. Apenas gritavam quando ele gritava qualquer coisa.

O beat de uma das suas músicas mais famosas começou a tocar pelas imensas caixas de som. Todos gritaram, mexendo-se ao que o ritmo agressivo ia ecoando pela pequena área do show.

Jungkook cantou com agilidade, habilidade e precisão, gesticulando e andando pela extensão pequena do palco. No auge da excitação do momento, correu para se jogar no meio da plateia, que mesmo pela surpresa repentina, não o deixou cair.

Sentiu dezenas de mãos o segurando pela parte inferior do corpo. Ouviu gritos, palavras que não entendia pelo idioma diferente, mas que tinha certeza de que era palavrões.

Por pouco seu tênis não foi agarrado, o que o deixou em desespero por alguns segundos. Três dos seus seguranças invadiram a multidão eufórica e não poupou brutalidade ao que tentavam puxá-lo novamente para o palco.

Foi agarrado com facilidade pelo seus guardas, que empurrou todos que estavam no caminho para deixá-lo são e salvo no palco. Discretamente, tocou todas as suas joias para se assegurar de que estavam todas lá, apenas por precaução. E sim, estavam.

O andamento do show foi incrível: o público animado fez a madrugada do rapper ser inesquecível. Cantou outras músicas, e mesmo não conhecendo o idioma de Jungkook, isso não foi um problema, já que a vibe que o tatuado exalava era animada, levando qualquer um a pular consigo.

Nos fundos da boate, Yoongi o aguardava dentro da van, com sono.

— Pensei que não fosse acabar nunca.

Jeon se jogou no banco ao lado do amigo, agora vestido, vendo que o sol mostrava seus primeiros raios atrás das casas antigas e altas.

— Puta merda, estou muito cansado.

Seu melhor amigo nada disse, focado em olhar as notícias em seu celular. A van já estava em movimento, em direção ao hotel em que está hospedado. Só pensava em tomar um banho quente e cair na cama.

— Aqui diz que vai ter um desfile foda à noite, anima em ir? — o mais velho perguntou, mostrando a tela do celular de relance.

— Ah, não. Esse tipo de coisa só tem gente mesquinha. E que bebem champanhe como se fosse água.

Yoongi fez uma careta.

— Perdão aí, cristão. Onde que eu estava com a cabeça de te chamar para um evento que tenha bebida alcoólica? Oh, céus! Um monte de bêbado num lugar só. Me desculpe, servo de Deus! — ironizou, revirando os olhos brutalmente.

Jungkook quase enfiou o dedo do meio no olho de Yoongi. — Seu idiota, eu quis dizer que é ruim. Aquele da premiação estava horrível, eu só bebi para passar a ansiedade.

— Então não vamos?

— Se quiser ir, vá. Eu não quero.

— Não vai ter graça sem você xingando os outros. — fez um biquinho, fingindo que limpava uma lágrima.

— Então fique comigo no quarto me dando beijinhos enquanto eu fumo um apertadinho. — deitou a cabeça no ombro de Min, que fez uma careta na mesma hora.

— Vaza daqui, boiola.

Jungkook riu, mas sem sair do conforto do ombro do melhor amigo, que também não fez questão de tirá-lo de lá. O sol nascia aos pouquinhos, lentamente, refletindo de leve o rosto da dupla com seu amarelo lindo. Yoongi aproveitou a iluminação para tirar fotos deles mesmos, enquanto faziam careta.

— Depois nós podemos comprar um piercing novo para mim? Quero trocar o meu. — foi Yoongi quem disse, tocando sua joia do septo.

— Vamos. Acho que vou aproveitar e furar minha sobrancelha também.

— Sério? Vai ficar foda.

— Eu sei.

— Estamos gays demais.

— Ainda bem. — riu, abraçando o braço fino e lotado de tattoos do amigo.

No restinho do caminho JK pegou no sono, fazendo com que Yoongi ficasse numa posição desconfortável apenas para não acordar o amigo, que estava cansado demais.

Foi difícil acordar o rapper mais novo quando chegaram no hotel de luxo. Mais difícil ainda andar com um Jungkook mole de sono pendurado em seu pescoço enquanto tentam pegar o elevador.

Quando conseguiu tirar o cartão da porta de seu quarto do bolso da calça do mais novo, Yoon foi rápido em jogar JK em sua cama, fazendo ele bater a cabeça na mala aberta que estava no colchão.

— Filho da puta! — empurrou-a até que caísse no chão.

Yoongi segurou a risada. — É bom que acorda logo. Vai tomar um banho, carniça.

— Não, quero dormir. — falou embolado, se virando de bruços. Yoongi o puxou pelo pé, como uma assombração.

— Anda logo, antes que um urubu venha te carregar enquanto você dorme.

— Não.

— Agorinha as moscas aparecem pensando que tem um defunto nesse quarto. — exagerou.

Silêncio.

— Caminhão de lixo, você esqueceu um saco de comida podre aqui! — gritou.

Silêncio.

Olhou para o corpo esticado sobre a cama, respirando fundo. Puxou o par de tênis caro dos pés do amigo.

— Se você não for agora, eu vou jogar seu Jordans pela janela. — falou ameaçador, enquanto caminhava lentamente com o par de calçados em mãos até a janela.

— Ai, calma, não precisa pegar tão pesado. — Jungkook levantou num pulo só, como se despertasse na mesma hora.

Tomou seus bebês das mãos grandes do melhor amigo, os colocando com cuidado no canto do quarto. Com uma careta, foi até o banheiro tomar uma ducha quente.

Não se preocupou em ficar pouco tempo no banho, apesar dos seus princípios a favor da natureza. Estava cansado demais, e a ducha quente de fluxo forte o ajudou a relaxar um pouco. Aproveitou para lavar o cabelo, tirando o cheiro de cigarro que impregnou em seus fios macios. Escovou os dentes antes de sair do banheiro com uma toalha amarrada na cintura.

— Olha que delicinha, gente. — Yoongi saudou quando viu Jungkook.

— Por que você não vai para o seu quarto, seu chato? Me deixe dormir.

— Eu estou indo, imbecil. E de nada por ter te obrigado a ficar limpinho. — falou rindo, andando preguiçosamente até a porta. Seu quarto era ao lado.

JK tirou a toalha, esticando-a sobre uma cadeira. Totalmente nu, se jogou sobre a cama de barriga para cima.

— Lá vem ele com esse piroquinha murcha.

— Está falando de que, se você já chupou com tanto carinho? — riu.

— Esqueça esse dia, seu nojento! — gritou indignado.

Gargalhando, viu Yoongi sair do quarto com ódio, batendo a porta num estrondo só, pelo corredor silencioso.

Checou algumas notificações em seu celular, sentindo o coração quentinho ao ver tantas pessoas elogiando seu show nas redes sociais. Ficou mais tempo que o necessário, já que precisou da ajuda do tradutor para entender o que diziam.

Quando deixou o aparelho de lado, conseguiu pegar no sono rapidamente, o que o fez perder total noção do tempo. Só acordou quando finalmente escutou o toque do seu celular. Era a terceira ligação de Yoongi.

Sonolento, atendeu.

— Alô?

Saiu do coma, caralho? Olha a hora que já é, seu irresponsável! — gritou pelo telefone, fazendo Jungkook afastar o aparelho do ouvido.

— Eu estava cansado, hyung.

Já dormiu o suficiente. E lembra que você prometeu que ia sair comigo para fazer compras? E adivinha, você está atrasado!

— Eu não prometi nada. — bocejou, coçando os olhinhos inchados de sono.

Foda-se, agora eu estou dizendo. Você tem cinco minutos para descer aqui na recepção. — e desligou, deixando um Jeon confuso no silêncio do seu quarto escuro.

Olhou para janela, conseguindo observar a lua pequena, no meio das milhares de nuvens escuras. O céu estrelado roubou sua atenção, mas não perdeu tempo olhando-o, já que sabia da ira de Min Yoongi quando se atrasava.

Se levantou rápido, balançando a cabeça e respirando fundo quando sua visão ficou turva. Quando voltou ao normal, correu para escovar os dentes rápido, depois voltando até o quarto para se vestir.

Vestiu um moletom, aproveitando que o clima estava agradável. Pôs uma cueca, contendo sua vontade de ir apenas com isso até a recepção, só para ver a reação das pessoas. Riu sozinho.

Por fim, colocou o primeiro jeans que viu, mas acabou demorando um pouco para escolher qual par de tênis usaria.

— Olha, papai ama vocês igualmente, ok? Nunca duvidem do meu amor por vocês. — beijou os cinco pares que levara. — Mas hoje eu vou com você, meu moranguinho. — pegou o Jordans vermelho com preto, com dor no coração.

Checou a bagunça do quarto, por fim, prometendo a si mesmo que arrumaria quando chegasse. Não queria dar mais trabalho para as camareiras, se poderia fazer isso sozinho, certo?

Não demorou para que finalmente chegasse à recepção, rodando os olhos por todo o salão grande e dourado, à procura do melhor amigo.

O encontrou sentado em um sofá gigante, perto da entrada. Andou em passos calmos, até que finalmente fora percebido pelo rapper loiro. Sentou ao seu lado.

— Você demorou doze minutos, e eu disse cinco! — falou irritado.

— Grande diferença. — revirou os olhos.

— Quer perder um dos dentes? — não disse que ele era um diabo quando se trata de atrasos?

— Você vive com ódio, não é? Parece até um... pinscher. — falou baixinho, deixando que suas lembranças o levassem até aquela noite.

Durante todo esse tempo, desde a última vez que se encontraram, Jungkook evitou a todo tempo se lembrar do ocorrido. Na verdade, dos ocorridos. Tentou, a todo custo, ficar com raiva daquele modelo, mas sequer conseguiu. Era uma escolha dele, certo? Não tinha o que fazer. Simples.

Não pôde não ficar chateado com a situação, nunca lhe ocorrera algo parecido. Geralmente, eram as pessoas quem imploravam por mais dele, então a atitude o pegou de surpresa.

Não contou do ocorrido a ninguém, nem mesmo Yoongi sabia. Também não sabia se era uma boa ideia, já que nem mesmo sabia se valia à pena.

— Cara? Ei, ei! — o loiro mais velho agitava a mão rente ao seu rosto.

Tipo, não queria algo sério, jamais! Mas talvez, quando se encontrassem, poderiam, pelo menos, dar uns beijinhos, né? Não era nada de mais, poxa...

— Jungkook!

— O quê? — desviou sua atenção. — Ah, oi... — focou os olhos no amigo de novo.

— Cara, você estava olhando para o nada, com os olhos arregalados... Que foi?

— Ah, não foi nada. — balançou a cabeça.

— Eu tenho medo de você, às vezes. — enrugou o nariz.

— Vamos ir logo, quero ver se tem algum estúdio de tatuagem aberto. Ainda quero fazer um furo na sobrancelha. — tocou seu sobrecenho.

— Calma, estou vendo os últimos minutos do jogo. — voltou a atenção na tela do celular.

— Então por que me apressou tanto? — bufou, irritado.

— Para eu não ficar sozinho. Agora, faça silêncio. — não desviou os olhos do celular, que passava um jogo de futebol importante.

JK revirou os olhos, se afundando mais no sofá confortável. A movimentação do hotel estava calma, então não tinha muito o que observar. Passou os olhos pelos recepcionistas, que ficavam atrás de um balcão largo de mármore branco, que brilhava sob a iluminação do ambiente.

Olhou o teto, que era enfeitado por uma réplica quase exata de Juízo Final, de Michelangelo. O lustre gigante era um dos mais lindos que já vira na vida, e que provavelmente custava todos os seus carros e tênis juntos.

Estava num silêncio tedioso, ouvindo baixinho o narrador do jogo que Yoongi assistia. Quase pregou os olhos de sono, se não fosse por vozes que praticamente gritavam ao que as portas do elevador se abriam.

— Hoseok! Meu deus, nós vamos nos atrasar!

Reconhecendo a voz, tão rápido como um raio, Jungkook direcionou o olhar até um dos elevadores do salão. Arregalou os olhos quando viu o modelo loiro, de roupão, com o rosto maquiado e o cabelo impecavelmente arrumado para trás. Era possível ver o glitter sobre seus fios loiros.

Carregava uma expressão irritada no rosto. Seu corpo, coberto apenas por um roupão, o qual mostrava um pouco do seu peitoral, tinha como estampa bordada a sigla do seu nome sobre o peito, em linhas vermelhas, que se destacava sobre o tecido felpudo branco.

Pego totalmente de surpresa, não teve uma reação imediata, ainda preso naquela cena. Do elevador, saiu um Hoseok todo arrumado, carregando consigo uma pequena mala de rodinhas. Mais três pessoas desconhecidas saíram do ascensor metálico, todas carregando alguma mochila ou mala de rodinhas.

— Vai a merda, Jimin. Foi você quem nos atrasou. — seu melhor amigo disse, cheio de ódio.

A pessoas que os acompanhavam estavam num silêncio absoluto, provavelmente com medo do loirinho irritado. Tudo estava em câmera lenta na cabeça de Jeon, que ainda estava surpreso com essa coincidência.

Ainda não tinha sido notado por ninguém, e não sabia ao certo se ficava satisfeito ou frustrado com aquilo. O loiro caminhava em passos rápidos e pesados até o grande portal da recepção. Jungkook olhou para fora, sendo capaz de visualizar uma van preta, à espera do modelo.

O caminho até a saída não era longo, apesar do salão ser imenso, Jimin andava apressadamente e ainda com a expressão carregada no rosto, denunciando todo o seu estresse naquele momento.

Não conseguiu ver os detalhes do rosto do loiro, mesmo que sua curiosidade seja imensa no momento. Teria que chegar perto para fazê-lo.

E, como se uma lâmpada tivesse acendido sobre sua cabeça, como nos desenhos animados, Jungkook sorriu, provocador, com a ideia que lhe apareceu repentinamente. Desviou os olhos para Yoongi, que sequer tinha noção do que acontecia ao seu redor, ainda vidrado na tela do celular.

JK se pôs de pé, ainda sem ser percebido pelos demais. Jimin quase alcançava a porta quando começou a dar seus passos desleixados, com as mãos nos bolsos, como alguém que não quer nada.

Ah, mas ele quer.

Não faça isso, Jungkook.

Não. faça. isso. Jungkook.

NÃO!

E ele fez.

Esbarrou no ombro do modelo propositalmente, fazendo-o parar, enquanto andava de cabeça baixa para não ser reconhecido de imediato.

Levantou a cabeça, sorrindo provocador. Jimin, por outro lado, já se preparava para xingar quem quer que fosse aquele alguém, mas quando seus olhos se encontraram, se calou na mesma hora. Hoseok, que notou o que acontecia, parou no mesmo lugar, levando todos os outros a pararem também, para observar a cena que rolava no meio da recepção.

— Perdão, Park Jimin. — disse seu nome lentamente, observando atentamente o rosto do modelo.

Jimin se recompôs, olhando-o de cima a baixo com uma careta. — Eu te conheço?

Se virou com o nariz empinado, voltando a andar em passos apressados até entrar na van preta, sumindo da visão de Jeon, este que estava perplexo com a cara de pau do loiro.

Hoseok, surpreso, uniu todas as forças dos seus chakras internos para não explodir em gargalhadas ali mesmo, seguindo seu rumo sem olhar para trás. Os outros três ajudantes foram juntos.

Foi olhando o veículo sair do encostamento que Jungkook, pela primeira vez, sentiu vontade de morrer.

Ainda parado no mesmo lugar em que passou a maior vergonha de toda sua vida, desviou os olhos para o amigo no sofá, que guardava seu celular em seu bolso. Se pôs de pé, caminhando até o mais novo.

— Vamos, talvez encontramos uma funerária aberta para te enterrar.

Jungkook o olhou com raiva, sentindo seu rosto se esquentar por completo de tanta vergonha.

— Cara, você acabou de ser assassinado. Depois dessa eu fingiria que era mudo pro resto da vida. — Yoongi deu tapinhas em suas costas.

— Você viu o que aquele idiota teve coragem de fazer? — indignado e envergonhado, JK foi puxado para começar a caminhar até estarem de fora do hotel.

— A pergunta é: quem não viu? — abraçou o amigo pelos ombros, ao que andavam pela calçada movimentada. — Nem o gol do time que eu estava torcendo pode ser comparado com o massacre que acabei de presenciar.

— Sai de perto de mim, você é o pior melhor amigo de todos. Para que inimigo, né? — tirou o braço do amigo de seus ombros. Cruzou os braços, fazendo um bico irritado.

— Você está parecendo uma criança.

— Nossa, eu queria muito sentar naquele pau dele só para ver se ele me trataria assim de novo. Porra, que ódio! — esfregou a mão no rosto, ainda irritado, sequer prestando atenção no que o amigo acabara de falar.

— Ok, não parece mais. — se corrigiu. — Esse cara é um babaca, esquece isso. Ele é gato e tudo mais, mas já deixou claro que odeia você.

Por um momento, JK pensou em dizer tudo o que aconteceu na noite da premiação para o amigo. Gostaria de contar tudo, desde o momento em que chegou no loiro até o momento que o deixou em casa, com muitos detalhes. Pensou mesmo, até abriu a boca para falar, mas, quando a cena do carro repassou pela sua cabeça, como um lapso, se calou.

Ele não faria isso. Apesar da vontade imensa que cresceu naquele momento, não o faria. Concordou com Jimin que "esqueceria" daquela noite, e não faria o contrário. Jungkook não é bom em quebrar promessas.

Mesmo ainda sentindo uma pontada de raiva, JK caminhou em silêncio ao lado do amigo, ambos à procura de um estúdio de tatuagem aberto. Aproveitaram o caminho para desfrutar um pouco da cidade, que estava ridiculamente linda naquela noite. A cidade holandesa era incrível, Jungkook sempre admirou o lugar.

Visitaram algumas lojas de roupas que ficavam abertas naquele horário, os dois rappers saíram com sacolas cheias dos estabelecimentos. Não estava tão tarde, então não viam problema nenhum em ficar mais um pouco no centro da cidade.

Quando finalmente encontraram o estúdio que tanto queriam, tiveram que usar o tradutor do celular para comunicar com o funcionário, este que ria com a confusão dos amigos.

— Eu espero que ele tenha entendido, — JK sentou na cadeira de tatuagem, apreensivo. — se ele furar o lugar errado eu enfio a agulha no rabo dele.

— Eu acho que entendeu, sei lá... Tanto faz, não sou eu que vou fazer um furo novo. — Yoongi deu de ombros, sentando na cadeira do lado, enquanto esperavam que o homem viesse com os preparativos para perfuração.

O homem loiro voltou, agora com luvas, máscara cirúrgica e os objetos em mãos. Jungkook engoliu seco, repensando se era mesmo o que queria, por um breve momento. Não que tivesse medo de agulha, não. Na verdade, estava com mais medo de onde aquele homem ia enfiar a agulha.

Gesticulou para que o rapper levantasse a cabeça, e assim feito, passou o algodão com álcool pela região da sobrancelha esquerda. Disse algo que JK não entendeu, mas logo depois sentiu a dorzinha da agulha enfiando em sua pele, depois, sentiu a pequena pecinha metálica no seu supercílio.

Sentiu a região dolorida, mas assim que viu o resultado no espelho que foi lhe dado em mãos, sorriu, gostando do que estava vendo.

— Eu sou um gostoso mesmo, caralho! — riu, olhando o amigo na cadeira.

— Ficou mesmo. Agora saia daí, é a minha vez. — expulsou o amigo do banco reclinável, sentando-se em seu lugar. Iria apenas trocar a joia do seu nariz, não tinha o que temer.

Observou seu amigo trocar o seu piercing de formato de uma miniferradura por uma joia de argola indiana. No final de tudo, saíram satisfeitos do estúdio, até mesmo tiraram fotos com o funcionário de lá, o qual fizeram questão de informá-lo que eram rappers famosos da Coréia. Claro, com a ajuda do tradutor.

— Quer ir em mais algum lugar? As sacolas estão pesadas. — foi Yoongi quem disse, ao que andavam pela calçada.

— Vamos comer.

Andaram mais um pouco, escolhendo, por fim, uma pizzaria lotada do centro. O ambiente era lindo, bem iluminado e com garçons andando rapidamente de um lado para o outro, com bandejas lotadas. Sentaram-se numa mesa para dois, deixando todas as sacolas debaixo da mesa.

— Eu comprei umas paradas em uma tabacaria quando cheguei, quer usar comigo? Não quero ficar louco sozinho. — JK perguntou, olhando o cardápio, focando apenas nas letrinhas miúdas em inglês embaixo de cada título.

— Você está perguntando se macaco aceita banana, Jungkook. — riu. — Vamos postar fotos pelados no instagram e depois colocar culpa nas drogas? Seria foda.

Jungkook negou, rindo.

[...]

— Eu jamais vou esquecer a cara dele! Meu deus, Jimin, eu te amo tanto! — Hoseok gargalhou, dentro do camarim.

— Por favor, Hobi, você está dizendo isso sem parar desde que chegamos. — reclamou, em frente do espelho.

— Eu jurava que você iria fazer o maior escândalo, que a polícia seria chamada, o desfile cancelado..., Mas você matou o garoto com três palavrinhas, meu deus! Ícone, simplesmente lendário. — riu, comendo mais dos salgadinhos que segurava em mãos.

Apesar de toda euforia do melhor amigo, Jimin não ficou nada contente com o acontecimento repentino. Na verdade, odiou!

Qual é, mais cedo ele estava se convencendo de que nunca mais veria o cara, e puff! Ele, como uma ironia do destino, está no mesmo hotel que Jimin! De tantos lugares, tantos países e cidades, por que logo caíram no mesmo lugar? Depois de tudo?!

Não conseguiu engolir aquele acontecimento desde que aconteceu de fato. Durante o caminho, enquanto todos aqueles que presenciaram a "morte do rapper" — como o próprio Hoseok titulou — riam e repetiam a cena várias e várias vezes, zoando, o modelo ficou com uma carranca nada discreta na cara, denunciando todo seu desconforto com o que tinha acabado de acontecer.

Quando chegaram no grande desfile da noite, Jimin estava mais irritado que o normal. Passou pelos bastidores apenas balançando a cabeça para aqueles que o cumprimentava, de um jeito forçado.

Estavam no camarim, agora. O modelo já vestia a peça luxuosa de inverno: suéter de lã branca, com a sigla "KTH" espalhada aleatoriamente por todo o tecido, o sobretudo preto que usava por cima contrastava com toda a delicadeza da peça debaixo, com sua barra chegando em seu tornozelo, uma bolsa vermelha delicada atravessava o tronco do modelo. A bota era um dos destaques, num verde musgo, com textura que se assemelha a pele de cobra. No rosto, um delineado fino contornava seus olhos, sobre a pálpebra com tons escuros. Nos lábios, o típico gloss vermelho.

Hobi andou até ficar atrás do loiro, passando pelo seu pescoço as joias prateadas e de ouro branco, enquanto Jimin enfiava seus típicos anéis em seus dedos bonitinhos.

— Seu cabelo está tão bonito que estou com vontade de comer. — Jung fez biquinho, olhando o amigo pelo reflexo.

— Para jogar esse glitter no meu cabelo foi fácil, quero ver para tirar. — revirou os olhos.

— Se não conseguirmos, a gente raspa. — o mais velho gargalhou, imaginando a cabeça redondinha e brilhante do melhor amigo.

— Você me estressa tanto que nem vai precisar raspar. — mostrou a língua.

— Vai se foder! — bateu no ombro de Jimin.

— Vai você!

— Não, eu mandei você ir primeiro, vai você!

— Para de ser um crianção! — revirou os olhos.

— Crianção é quem me chama, cavalo que te ama. Eu bebo leite tu bebe lama, eu durmo na rede e você na cama, a cama quebra e o diabo te...

A porta se abriu. — Park Jimin, você entra daqui cinco minutos.

Hoseok se calou imediatamente, arrumando sua postura. Fora interrompido pela organizadora do desfile, que os olhou com uma careta confusa por um momento, antes de fechar a porta lentamente.

— Crianção. — Jimin riu.

Se levantou da cadeira giratória da penteadeira do camarim. Deu uma última olhada pelo seu corpo, passando a mão pelo sobretudo. Andou em passos calmos até a porta, sendo seguido fielmente pelo melhor amigo barra assessor. Passou pelos bastidores com a aura dominante de sempre, sentindo seu ego subir a cada pessoa que o olhava com admiração.

Enquanto desfilava, ao que passava confiante pela passarela estreita do grande salão exótico e sofisticado, sentia vontade de sorrir quando escutava elogios à sua pessoa, daqueles que estavam sentados esperando para ver o grande Park Jimin esbanjar todo seu talento, graciosidade e confiança ao que fazia.

Não tinha preço ver a admiração das pessoas de todo o mundo por si.

Andou pela passarela de vidro mais três vezes, todas elas com trajes novos. Na última, andou lado a lado com o talentoso estilista da coleção, que também é seu amigo pessoal.

— Você é excelente, Jimin. Eu sabia que isso seria um sucesso se fizesse parte desse projeto. — segurou as duas mãos do amigo, dando um beijinho em cada uma, grato.

— Você pode contar comigo sempre, Taehyung. — sorriu aberto.

— Muito, muito, muito obrigado! Poxa, eu nem sei como recompensar. — abraçou o loiro, que sorria com tamanho carinho do estilista de cabelo vermelho.

Hoseok, do canto do camarim, tinha a boca num bico irritado, olhando a cena com a famigerada pontinha de ciúmes que odiava sentir.

Mas não tinha como evitar, poxa! Esse palito de fósforo gigante estava de grudezinho com o seu bebê!

— Ah, não precisa. Eu estava com saudades de você, caramba! — deu um selinho na bochecha de Taehyung, que sorriu adoravelmente. — Quando volta para Coreia?

— Eu volto no meu aniversário para fazer um evento de caridade. — sorriu, olhando no rosto do amigo. — Gostaria de ir esse ano? Dessa vez eu tive a ideia de propor um tema, para ficar mais divertido, sabe? Ah, e depois de todo o leilão de caridade, vamos comemorar meu aniversário na minha casa.

— Eu adoraria! — sorriu.

— Perfeito!

Taehyung se afastou do modelo, olhando para o assessor sentado no sofá, excluído da conversa.

— E você, ah, Hoseok! Eu também tenho que te agradecer pelo que fez hoje. — sentou ao seu lado, e assim que chamou sua atenção, agarrou as duas mãos delicadas do moreno. — Você é um profissional incrível. Sem você, Jimin não seria esse modelo tão admirado que é hoje. Você é um anjo... Poxa, eu sempre quis te conhecer!

Tímido, Hobi acabou relaxando, e sorriu, sentindo todo aquele sentimento ruim se dissipando aos pouquinhos, ao que via o estilista sorrindo com os olhinhos brilhando.

— Não fale bobagens...

— Não são bobagens! Você é um profissional divino, consegue fazer tudo sozinho e da melhor forma possível! Jimin tem sorte de tê-lo. — disse sorrindo.

Quase emocionado, Hoseok sorriu ainda mais. — Eu sei.

O Kim gargalhou, abraçando-o desajeitado, afagando as costas do moreno.

— Eu preciso ir, obrigado mais uma vez, cada um! — fez uma reverência, dessa vez, sendo devolvida pelos dois. Saiu pela porta, calmamente, acenando antes de fechar por completo.

— Meu deus, que anjo! — foi Hoseok quem disse, se levantando do sofá, indo até o frigobar e pegando uma latinha de refrigerante.

— Eu sei, Taehyung é incrível. Não sabia que eu estava sentindo tanta falta dele. — começou a tirar sua roupa com cuidado, voltando a pôr todas as peças na arara.

Kim Taehyung sempre foi uma pessoa educada e extremamente gentil, mesmo sendo exigente profissionalmente. O modelo e o estilista se conheceram num desfile no Japão, e, naquele dia, Hoseok não pôde comparecer, o que consequentemente, resultou num estresse sem fim do loiro. O que não era novidade, entende.

Desde então tentavam manter contato para não perder os laços, mas com a rotina agitada de ambos, não era possível se encontrar sempre que queriam. O convite para desfilar na sua coleção de inverno fora perfeito, tanto no lado profissional, quanto para o reencontro dos dois.

Já vestido com as roupas que trouxera para trocar, Jimin comeu alguns docinhos feitos especialmente para si.

— Vamos, o carro já está nos aguardando. — Hoseok disse, segurando a malinha de rodinhas, com todos os acessórios e pertences do modelo.

Foram até a saída dos fundos do enorme salão do evento, entrando discretamente no carro grande preto. A madrugada acabara de começar denunciando todas as pessoas que procuravam por diversão naquele horário, durante o caminho de volta para o hotel.

Estavam cansados, andando preguiçosamente até o elevador do hotel que se hospedavam. A preguiça era tanta que Jimin cogitou não remover toda produção feita em seu rosto e cabelo, optando por cair no sono assim mesmo.

Quando chegaram no corredor, Hoseok correu até seu quarto, despedindo brevemente do melhor amigo.

Jimin, por outro lado, ficou alguns minutos procurando seu cartão de acesso dentro da bolsa que carregava. Tempo suficiente para que seu vizinho de quarto ouvisse as reclamações.

Viu ali a chance perfeita para fazer o modelo pagar pelo que fez consigo na recepção.

Jungkook riu como uma criança vingativa que está prestes a aprontar. Respirou fundo e abriu a porta lentamente, sem que fizesse barulho. Olhou a estatura baixa de costas para si, um pouco curvado ao que procurava por algo em sua bolsa. Se encostou no batente da porta, sorrindo.

— Você por aqui, babe?

Paralisado, Jimin arregalou os olhos ao que tentava se convencer de que não era aquele rapperzinho ali. Não sabia se preferia ele ali ou qualquer outro desconhecido.

Ainda sem resposta e sem qualquer contato visual, Jungkook sorriu com a falta de atitude do mais velho.

— Você também não acha incrível que tenhamos nos encontrado depois de tudo?

Jimin respirou fundo, se virando lentamente, com os olhos quase tremendo de irritação.

— Não, eu não acho. — olhou-o com os olhos afiados, cruzou os braços.

— Sabe como chamamos esses encontros acidentais lá na minha terra? — olhou o corpo esbelto de cima a baixo. Sem esperar resposta, concluiu: — Chamamos isso de destino.

O modelo riu, amargo. — Sabe como chamamos isso na minha terra? De perseguição.

Qualquer um que aparecesse ali e visse o que acontecia entre os dois, o silêncio pesado e os olhares afiados, não saberia identificar se a tensão era sexual em excesso ou apenas uma raiva sem fundamento acumulada em cada um.

Talvez um pouco dos dois.

Talvez mais sexual do que ódio puro.

Talvez só sexual.

É, só sexual.

Jungkook passou a língua nos lábios, começando a ficar irritado de fato.

— Acha que isso é perseguição?

— Eu não sei, me diz você.

— Acha que eu perderia meu tempo com algo tão ridículo assim? — olhou-o sério

— Não me surpreenderia.

Jungkook desviou os olhos por um segundo, respirando fundo. Mordeu o lábio inferior, num gesto irritado.

— Acabei de tirar a conclusão de que o idiota aqui é você.

Jimin suspirou, revirando os olhos e descruzou os braços, pensando por um segundo se valia a pena gastar seu resto de energia esmurrando a cara daquele homem cheio de tatuagens. Jeon, percebendo a irritação alheira, o olhou mais uma vez, de cima a baixo, deitando um pouco o rosto para vê-lo por completo. Jimin quis esganá-lo.

— É bom te ver de novo, Park Jimin.

— Já eu não digo o mesmo. — voltou a procurar seu cartão de acesso da porta de seu quarto.

— Que foi? Tem medo de descobrirem que nos beijamos? Que você, Park Jimin, beijou o rapper JK numa estrada deserta-

O modelo deu passos largos em direção ao mais novo, tapando sua boca num gesto quase desesperado quando este alterou a voz. Jeon riu sob a mão macia, sentindo o metal gelado dos anéis do mais velho sobre seus lábios.

— Cala a boca! Ninguém sabe disso, por favor. — sussurrou, próximo ao rosto do mais alto, que ainda sorria com a palma da mão cobrindo seus lábios.

— Idiota... — o som saiu abafado.

— Você prometeu que iria esquecer tudo aquilo. — disse sério, sem tirar a mão do lugar.

O sorriso do rapper foi se desfazendo aos poucos, ao que seus olhares foram se perdendo um no outro. Um silêncio foi estabelecido, trazendo consigo a concentração de ambos em cada detalhe um do outro.

Lentamente, Jungkook apanhou o pulso de Jimin, tirando-o de cima de seus lábios. Sem qualquer protesto após seu ato, o modelo manteve o contato visual, abrindo a boca lentamente quando desceu sua visão até a boca vermelhinha do mais novo.

Jeon se aproximou, encostando seus peitorais: suas respirações se misturaram, e, com a diferença de altura, Jimin ficou cara a cara com os lábios saborosos do rapper. Esticou seu braço tatuado lentamente, até as costas do modelo, deslizando seus dedos pela extensão da pele, chegando na bunda rechonchuda.

Como um reflexo, o loiro prendeu a respiração, voltando a focar nos olhos escuros e grandes à sua frente. Seus lábios quase se encostaram quando Jungkook desceu minimamente o tronco, apanhando o cartão do bolso de Jimin.

— É isso que tanto procura? — sussurrou, encostando seus lábios enquanto dizia.

Quando viu o maldito cartão erguido na mão do rapper, pôde acordar do seu transe, o qual mal sabia como tinha chegado. Se afastou, engolindo a saliva que não existia mais em sua boca, agarrando o objeto da mão erguida para si.

Jungkook sorriu.

Aquele maldito sorriso, ugh...

Suspirou, voltando para a postura de antes: — Tenha um boa noite, Jungkook.

— Pode ter certeza que eu terei.

Se virou, abrindo a porta de seu quarto e adentrando rapidamente, vendo a postura desleixada e debochada do rapper antes de fechá-la com tudo.

Jogou sua bolsa com força em cima da cama, irritado por ter deixado se levar mais uma vez. Qual é, universo?! É algum tipo de piada?!

Se jogou na cama, olhando para o teto com decoração bonita. Não é como se acreditasse em destino, como JK disse, mas era coincidência demais, entende-se. E, como se não fosse suficiente, caíram bem no mesmo hotel. Melhor, com quartos vizinhos!

Foi pensando na má sorte que estava vivendo que foi tomar um banho relaxante, na água quente, água que fora capaz de relaxar seu corpo de toda tensão do dia, dando passagem para que o cansaço tomasse conta do seu corpo. Depois de vestir seu pijama confortável, passou seus hidratantes e cremes especiais para o rosto.

Não conseguiu tirar o glitter do seu cabelo por completo, e talvez, mataria Hoseok por isso, que foi quem o convenceu de fazer essa loucura, de última hora.

Assim que deitou na cama grande e confortável, não perdeu tempo para ver as milhares de notificações do seu celular, o sono lhe consumiu. Dormiu sem que percebesse.

Seria uma madrugada de sono perfeita, tinha tudo para que tivesse os melhores sonhos e um sono pesado, claro, se não fosse ele.

Acordou no meio da noite com uma música alta do outro lado do corredor. Alta demais, tão alta que não conseguira pregar mais o olho depois que teve consciência de quem estava provocando aquela situação.

Irritado como uma fera, Jimin se levantou num pulo, calçou suas pantufas e saiu do quarto, tão irritado que, se estivesse em um desenho, fumaça estaria saindo das suas orelhas e nariz. Deu passos largos até a fonte daquela música alta, batendo na porta com brutalidade. Apenas ele estava no corredor.

Como se soubesse o resultado de sua provocação sem noção, Jungkook segurou a risada enquanto andava até a porta de madeira sofisticada, respirou fundo antes de abri-la, apenas para manter a seriedade.

Deu de cara com um Jimin sem maquiagem, de short de tecido folgado e uma camisa do dobro do seu tamanho, seu cabelo, que se encontrava numa bagunça total, o deixava adorável. Nunca o viu tão natural, e não ia negar nem para si mesmo, adorou o que estava vendo.

Com a porta aberta, o som deixou de ficar abafado, capacitando o modelo de ouvir com clareza a letra explícita que soava como um berro dentro do quarto de luxo.

— Que porra é essa? — quase gritou, totalmente irritado.

— Algum problema? — ainda teve a pachorra de perguntar, com a expressão de um anjo inocente.

— "Algum problema"? Você é retardado? Olha a hora que é, seu idiota. Desligue essa merda! — gesticulou com raiva, se segurando para não enfiar aquele maldito som na boca do mais novo.

— Ah, não estou afim.

Estava tendo a merda de um déjà vu?

— Desligue essa merda ou eu chamo os seguranças desse hotel. — disse entredentes, ameaçando-o.

Jungkook, ainda sorrindo, cruzou os braços, negando.

— Eu vou quebrar essa merda de som. — olhou atrás do rapper, vendo o aparelho em cima da cômoda.

Rindo, Jeon negou, de novo: — Eu duvido.

Como se uma chama de ódio se ascendesse no corpo de Jimin, o tatuado foi empurrado bruscamente para sair do seu caminho.

Foi tudo muito rápido: o modelo, sem hesitar em nenhum momento, andou rapidamente até a cômoda que suportava a caixa de som. Ainda surpreso com a atitude nada previsível do loiro, Jungkook não fora capaz de impedi-lo imediatamente.

Agarrou a caixa mediana em mãos, que ainda tocava a música cheia de palavrões, e com uma expressão furiosa, esticou os braços para fora da janela. Olhou para trás por um segundo, vendo a expressão do rapper mudar de confusa para desesperada, e soltou o objeto barulhento das mãos.

Contou cinco segundos para que o barulho de algo se partindo no meio fosse escutado por ambos, que ficaram em silêncio por minutos. Jimin bateu as mão uma na outra, como se sentisse satisfeito com o que acabara de fazer, enquanto JK ainda estava com os olhos arregalados, sem querer acreditar no que o loiro fizera.

— Seu filho da puta! — berrou, andando rapidamente até a janela e olhando para baixo, vendo sua tão preciosa caixa de som toda fodida.

— Eu deveria era ter feito você engolir! — disse alto, ao lado do rapper furioso.

— Engolir o quê, caralho? Era só ter pedido com educação que eu desligaria a merda do som, seu doente!

— Bom, é isso que dá quando duvida de mim. — disse com superioridade, soando ridículo aos ouvidos do tatuado.

— Ah, é? — cruzou os braços, irritado.

Estavam de frente um para o outro, como se fossem se esganar a qualquer momento. Ou se beijar.

— É isso aí. — cruzou os braços também.

— Então eu duvido que você deixe eu chupar seu pau.

Não soube ao certo com o que se engasgou, pois não tinha absolutamente nada dentro da boca, mas mesmo com a ausência de qualquer coisa, fora capaz de engasgar ao ouvir as palavras tão idiotas.

— Você é péssimo. Não tem filtro algum! — bateu o pé no chão.

Como que ninguém tinha reclamado com tamanho barulho dos dois naquele quarto até agora?

— Eu vou embora. — revirou os olhos, deu meia volta e tentou alcançar a porta.

Bom, tentou.

Jungkook foi mais rápido, fechando-a e passando a chave de dentro tão rápido que o modelo não conseguiu impedir. Enfiou a chave única na cueca, rindo provocador com a careta que recebeu com sua atitude imatura.

— Não seja idiota, abra essa porta. — protestou.

— Não estou afim. — sorriu falso, sem mostrar os dentes.

— Eu vou quebrar sua cara.

— Não vai não, hehe.

— Jungkook!

— Jimin!

— Abra essa porta agora!

— Como é que se diz mesmo? — abriu bem os olhos, fixado no olhar raivoso de Jimin.

— Desgraçado... — respirou fundo, contando até dez para se controlar. — Por favor, Jungkook, abra a porta.

— Não, você tem que dizer: "Por favor, senhor gostoso do caralho, pessoa que eu morro de tesão, o homem mais lindo que já pisou nessa terra, poderia abrir a porta para que eu pudesse ir ao meu quarto e bater umazinha para aliviar todo tesão que sinto por ti?"

Jimin gargalhou com ódio, jogando a cabeça para trás, e, como da primeira vez que fez isso, JK riu também, como se a risada do modelo fosse um imã para atrair a sua.

— Eu prefiro morrer do que dizer isso. — disse, teimoso.

— Eu sinto muito, mas então terá que passar a noite aqui, comigo. — deu um tapinha no próprio membro, o qual guardava a tão desejada chave.

— Jungkook, não me teste. — fechou os olhos ao que suspirava, repensando novamente se valia a pena ter a vida estragada por um homicídio.

— Relaxa, babe, sua noite será perfeita. — andou preguiçosamente até a cama, se jogando de barriga para cima, sorrindo.

— Se me chamar assim de novo, o próximo a ser jogado pela janela é você.

JK ergueu a cabeça com as mãos para trás, olhando-o parado e emburrado próximo da porta.

— Você está querendo meu pau, só não está sabendo como pedir.

— Ugh, eu te odeio! — como uma criança, Jimin correu até a cama, começando a estapeá-lo.

A princípio, Jungkook gargalhou, tentando a todo custo se proteger dos ataques agressivos do modelo, que não parava por um segundo sequer. Bateu em seus ombros, cabeça, braços, barriga, até ficou em pé na cama para chutá-lo, mas antes que os golpes fossem proferidos, o tatuado o derrubou na cama, segurando seus braços por cima de sua cabeça loira, impossibilitando sua agressão.

Jimin tentou chutá-lo mais uma vez, gritando todos os palavrões que vinha em sua mente.

JK riu com o comportamento infantil, e sentou sobre as pernas agitadas, impossibilitando-o de todos os movimentos bravos.

— Me solta, seu infeliz!

— Caramba, eu nunca ouvi tantos palavrões na minha vida. — olhou a carinha irritada do loiro, que mostrou a língua.

— Vai se foder. E me solta, ou eu vou gritar!

— Se você gritar, eu vou ser obrigado a calar sua boca.

— Ah, é assim então? Eu vou gritar para chamarem os seguranç-

E JK o calou.

Avançou na direção dos lábios grossos antes mesmo que estes terminassem de falar algo, selando suas bocas com vontade, fazendo Jimin arregalar seus olhos.

Não soube por quanto tempo ficaram com as bocas unidas, nem percebeu quando o loiro fechou seus olhos, mas assim que o corpo relaxou debaixo de si, JK se afastou, soltando as mãos alheias. Abriu os olhos lentamente, encontrando o rosto mais suave do que antes.

Arrependido por ter beijado enquanto ainda o segurava, o rapper sussurrou: — D-desculpa.

Fez menção de se afastar, mas teve seu rosto agarrado pelas mãos que antes segurava, voltando a selar suas bocas com força.

Não fechou os olhos até que assimilasse que fora Jimin quem o puxou de novo. Mais surpreendente ainda, foi ele quem avançou no beijo, abrindo os lábios para que fosse aprofundado.

As mãos pequenas, que antes seguravam com força o rosto do tatuado, viajaram até os cabelos pretos, que puxavam os fios pela raiz, sincronicamente fazendo uma massagem gostosa em seu couro cabeludo. Jungkook deslizou seus dedos até a cintura fina e exposta, apertando a pele macia.

Com a mesma sede que sentiam no primeiro beijo, os lábios se esfregavam com lentidão, apesar da vontade grande de ambos. JK se afastou por um breve momento, apenas para sugar o lábio inferior do mais velho, que quase gemeu de satisfação, logo voltando a unir suas bocas.

O beijo profundo e lento fez com que se sentissem com sede de mais contato. Foi chupando a língua do rapper que Jimin desceu a mão pelo seu corpo tatuado, segurando sua cintura e usando força para desce-la mais, para que sua bunda tivesse mais contato com seu pau sob o pijama folgado.

Rolaram na cama, sem quebrar o beijo. Park ficou entre as pernas do mais novo, que subiu suas mãos até o cabelo loiro, enrolando seus dedos entre os fios, puxando-os de leve. Enrolavam as línguas com vontade e lentidão, aproveitando cada momento daquele beijo tão gostoso.

Tirando proveito da posição que estavam, Jimin pressionou seu quadril contra o quadril de JK, que sentiu a extensão do pau ficando cada vez mais rígido a cada minuto que se passava. Quando lhes faltou o ar, fora o modelo quem desceu os beijos pelo pescoço branquinho e tatuado, lambendo e chupando as áreas que sabia que eram sensíveis.

Jungkook sentiu seu membro ficando cada vez mais rijo, com tanto contato de uma só vez. Não tinha como se controlar naquele momento, o beijo do loirinho era gostoso demais... E, ah, fica ainda mais impossível quando se tem Park Jimin se esfregando em você, cheio de vontade.

Mesmo que sua vontade seja de arrancar suas roupas e foder até que o natal do próximo ano chegasse, JK puxou o rosto de Jimin de volta para si, dando selinho antes de se afastar com completo, se levantando da cama. Confuso, com tesão e completamente duro, o modelo olhou cada passo que o rapper deu enquanto andava até a porta.

Se virou de costas ao que pegava a chave em sua cueca, segurou o suspiro quando encostou a mão no seu pau por um momento, mas ignorou, já que trataria disso depois. Destrancou a porta, e se virou para a cama, vendo um Jimin confuso.

— Sério? — foi o modelo que perguntou, indignado.

O tatuado coçou a nuca, desviando os olhos. — Eu não acho que seja uma boa ideia finalizarmos o que começamos.

O modelo desviou o olhar, olhando para a cama por um tempo, pondo seus pensamentos no lugar. Tinha a merda de uma ereção entre as pernas, um cabelo bagunçado e sequer sentia mais o sono que tinha antes. E, por último, mas não menos importante: estava sendo expulso do quarto do cara que jurou manter distância.

Percebendo o silêncio desconfortável, o moreno retornou a falar.

— Não pense que eu estou expulsando você, por favor! Eu jamais faria isso... — disse sério, se aproximando. — Eu só não quero fazer algo que você possa se arrepender depois.

Jimin até pensou em retrucar, pensou em começar uma briga e até nos palavrões que iria usar, mas ficou calado, aceitando a atitude que o pegou desprevenido. Assentiu, alguns minutos depois, e saiu da cama lentamente. Calçou suas pantufas cinzas de antes, que estavam jogadas rente à cama.

Passou a mão pelo cabelo ao que passava por ele, sem olha-lo nos olhos. Antes que saísse por completo do quarto, em silêncio, JK o puxou pela cintura, dando um último beijo, antes de deixá-lo ir.

Ouviu a porta sendo fechada atrás de si, antes mesmo de entrar em seu quarto. Na pequena cômoda ao lado da cama, o relógio já marcava 04:37 da manhã, o que provava que ficou tempo demais dentro daquele maldito quarto da frente.

Tomou um banho gelado, para se aliviar da ereção que fora provocada minutos antes. Quando acabou, mesmo sem sono algum, se jogou na cama, com a cabeça insistindo em repetir as cenas obscenas que vivenciou há pouco.

Será que, se tivessem finalizado o que tinham acabado de começar, se arrependeria mesmo? Não se arrependia de ter beijado-o como beijou, mas, ugh, ficaria mesmo nessa dúvida para sempre?!

Estava mais do que certo que aquele rapper tirava sua seriedade num estalar de dedos, ele irritava-o demais, numa intensidade que era difícil de explicar, entretanto, o atraía da mesma forma, o que deixava o modelo totalmente perdido com seus sentimentos.

Revirou sobre a cama centenas de vezes, não se dando conta dos ponteiros do relógio que rodavam sem parar. Só conseguiu pregar os olhos quando viu os primeiros raios solares do céu holandês.

— Acorda, Jimin! — Hoseok bateu na porta de madeira com violência. — Pai amado, esse garoto morreu aí dentro?

Abriu um dos olhos com dificuldade, tentando se acostumar com a claridade forte de dentro do quarto. Demorou assimilar que a voz abafada do lado de fora era do seu melhor amigo, mas assim que entendeu o desespero do seu assessor, se levantou da cama, abrindo a porta.

— Eu estava quase ligando para a polícia, Jimin! Pelo amor, nosso voo sai daqui uma hora! — entrou no quarto disparado, vendo a bagunça que o modelo ainda não se ocupou em arrumar.

— Perdi a hora. — apenas disse, deixando o amigo desesperado para trás enquanto ia até o banheiro.

— Um irresponsável, é isso que você é! — reclamou, enquanto pegava as roupas jogadas e enfiava na mala do loiro, tudo embolado.

Depois de alguns minutos, saiu do banheiro com os dentes escovados e o cabelo mais arrumado. Olhou em volta, vendo metade de suas coisas já guardadas pelo assessor, que andava para lá e para cá, rápido, com roupas na mão.

— Pode deixar que eu arrumo isso...

— Eu deixei você acordar sozinho e olha no que deu! Estamos quase atrasados por culpa sua.

— Meu deus, pode parar de gritar por um segundo? Vai dar tudo certo, calma. — esbravejou, irritado com o melhor amigo, que suspirou.

Hoseok arrumou a postura, passou a mão pela roupa calmamente, depois pelo cabelo preto.

— Eu vou fingir que você não pediu para eu ficar calmo e vou te esperar no carro lá embaixo. — forçou suavidade enquanto dizia, mantendo o nariz empinado enquanto andava para fora do quarto.

Jimin riu, começando catar o restante de suas coisas espalhadas pela extensão do quarto. Trocou de roupa assim que tudo estava em seu devido lugar, colocando o óculos de sol para que ninguém percebesse a falta da maquiagem em seu rosto.

Quando pegou todos seus pertences e a mala, saiu do quarto. Andou calmamente até o elevador, cantarolando uma música antiga quando entrou no cubículo metálico. As portas estavam quase se fechando quando uma mão tatuada tão conhecida as interrompeu no meio do caminho, o que fez abri-las automaticamente.

Segurando um sorriso ridículo nos lábios, Jungkook entrou no elevador, olhando Jimin por um segundo antes de ficar parado ao seu lado, em silêncio.

Com os óculos de lente escura, Jimin teve todo acesso para descer os olhos por todo o corpo alto do rapper, que se vestia de preto da cabeça ao tornozelo, visto que seus pés calçavam um tênis azul da nike. Inconscientemente, passou a língua pelos lábios.

Ficariam em silêncio o caminho todo, se JK não tivesse apertado o botão vermelho para que o elevador parasse.

— Deveria disfarçar mais quando fosse me olhar de novo, Jimin. — se virou para o modelo, rindo.

Seus fios longos estavam jogados para trás, o que proporcionava a visão perfeita da mini argolinha dourada na sobrancelha esquerda de Jungkook.

— Como sabe que olhei para você? — perguntou, confuso.

— Não sabia, mas agora eu sei. — piscou um olho. — Você está muito atrasado para o seu voo?

Jimin ergueu as sobrancelhas, confuso. — Como sabe disso?

— Seu amigo gritou no corredor, não tinha como não ouvir. E, ah, suas malas te denunciam. — apontou para a bagagem. — E então, está muito atrasado?

A qualquer momento os funcionários do hotel seriam notificados do paradeiro do elevador, teria de ser rápido.

Jimin olhou o horário no relógio do pulso esquerdo. JK quase desmaiou quando notou o quão sexy ele ficava com o acessório do pulso. Oh, deus...

— Não, tenho mais trinta minutos.

Sem perder mais tempo, o rapper se aproximou, erguendo os óculos de sol até que sustentasse sobre os cabelos loiros. Segurou a nuca do mais velho, selando as bocas mais uma vez naquele dia.

Surpreso, mas nem um pouco irritado, agarrou a cintura fininha com os braços, colando seus troncos. O beijo tomou forma rapidamente, com JK dominando a maior parte dele, mordendo, lambendo e chupando os lábios grossos e tão gostosos de Jimin.

Diferente do beijo da madrugada, o beijo que davam no elevador era selvagem, beirando o desespero. Ambas as línguas eram precisas e rápidas, explorando cada canto das bocas que tanto gostavam, mas não admitiam.

Jungkook desceu as mãos até os braços fortes do modelo, e direcionou as mãos delicadas até sua bunda, a qual o loiro apertou com vontade. Subiu suas mãos tatuadas até o cabelo, que achava tão sedoso, fazendo uma bagunça que antes não existia ali. Fora rápido em perceber que Jimin gostava de suas mãos ali, puxando sua raiz sensível.

O calor, que anteriormente sequer existia, agora aquecia os corpos que se agarravam com força e vontade.

Jungkook teria apalpado mais o corpo do modelo, se o celular deste não tivesse começado a tocar, atrapalhando o momento tão quente dos dois.

Frustrado, selou a boca mais três vezes, se afastando por completo, dando acesso livre para Jimin atender o celular maldito que atrapalhou aquele momento tão gostoso.

Um pouco tonto, apanhou o aparelho no bolso, vendo a foto do seu assessor na tela.

— O-oi?

Está onde, caralho?! — berrou do outro lado. Jungkook riu.

— Elevador. — se virou para o espelho da parede metálica, arrumando seu cabelo. Percebeu a boca vermelha e inchada.

Desce rápido, antes que eu te coma na porrada! — e desligou.

Ainda rindo, JK apertou o mesmo botão de antes do elevador, fazendo-o voltar a descer os andares normalmente.

— Foi uma ótima despedida. — provocou sorrindo, piscando um olho.

— Claro que sim. — voltou seu óculos para o lugar, jogou seu cabelo para trás com uma mão, arrumando a bagunça que o rapper fizera.

— Vai pedir para eu esquecer tudo de novo? — perguntou suave, olhando-o.

Se virou para o mais novo, estavam próximos de novo, mas não podiam se beijar mais.

— Você quer esquecer? — perguntou baixinho, segurando um sorriso.

JK deitou a cabeça no espelho, olhando o rosto tão bonito à frente.

— Eu não queria esquecer desde que me pediu pela primeira vez, babe. — piscou novamente.

Chegaram no andar da recepção se olhando. JK foi rápido em beijá-lo na bochecha antes que as portas se abram, saindo primeiro, sem olhar para trás.

Esperou mais alguns segundos para que saísse com toda sua bagagem e o resto da dignidade que ainda sobrava em seu ser. Seu assessor não estava esperando-o no grande salão de espera, o que foi um alívio para si.

Entregou a chave e o cartão na recepção, fazendo um checkout breve, antes de sair do hotel por completo, encontrando um Hoseok irritado como um diabo andando de um lado para o outro, ao lado do carro que os levariam até o aeroporto.

Quando fora reconhecido, seu segurança fora rápido em agarrar toda sua bagagem para guardar no porta-malas do carro preto.

— Que demora foi essa? Nosso voo está marcado para daqui dez minutos! — quase gritou, sendo rápido em entrar no carro.

Jimin entrou logo atrás, pensando numa desculpa para dar.

— O elevador parou.

— Assim, do nada? — olhou-o com desconfiança, com seus olhos afiados.

— Sim, do nada.

Foi com o carro andando em direção ao aeroporto, que Jimin pensou nas palavras que não imaginou que gostaria tanto de ouvir.

"Eu não queria esquecer desde que me pediu pela primeira vez, babe."

Ah, Jimin não esqueceria também. De nada.

— Até a próxima, JK. — sussurrou para si mesmo, mordendo os lábios ao que sorria.

💀

é com todo amor que existe em meu coração que eu venho agradecer, mais uma vez, a quantidade de apoio e amor que venho recebendo, vcs sao meus docinhos :(

sobre a tag, usem e abusem dela com muito amor para falar sobre a att, a história, tirar duvidas e etc A TAG É DE VOCÊS

aproveitando o embalo, pra quem quiser interagir comigo, meu twt eh o @hropemin (eu sou legal e meus vacuos nao sao propositais, falem comigo💖)

gostaro do capitulo??? deixe seu surto aqui, so pra eu ver uma coisinha rs

obrigada pelos 20k, vcs só me surpreendem cada vez mais. tudinho pra mim <3333333

ate o próximo capitulo, meu famosinhos, amo cada um de vcs :( obrigada por tudinho💖💖💖💖💖💖

#PIRULITODECEREJA

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