Alina Stark

By _llondongirl

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#EM CORREÇÃO Quatorze anos, essa era a idade dela. Quatorze anos, esse foi o tempo que ele passou sem saber... More

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Estagiária
Agulhas
Flasbacks, Confusões e Festas de Aniversário
Conselhos e Aviões
O Início de um Fim de Semana Agitado
Como Dar um Fora em Alguém
Noite de Festas, Danças e Diversão
Segredos e Histórias Passadas
O Mundo de Cabeça pra Baixo
Tempestade
Uma Nova Casa
Adaptação
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Brinde
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A Realeza Moderna
Festa a Fantasia
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Cartas Para Alguém Que Está Longe
Segredos Trocados, Poetas Amados
Um Dia de Reencontros
A Luz da Lua
Ciúme Paterno
Conhecidos Desaparecidos
No One, But You

Um Segredo Revelado

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By _llondongirl

Quando Alina ouviu que iriam jantar, imaginou um restaurante com algumas crianças e os amigos dos Stark.

Ela com certeza não esperava ver o carro estacionado em frente a Torre dos Vingadores.

- Vem logo Alina. - Morgan falou quando todos já haviam descido do carro.

Alina desceu também e segurou os próprios braços enquanto caminhava devagar ao lado dos chefes. Eles entraram pela porta principal e foram direto ao elevador.

- Eu vou te avisar algumas coisas sobre o pessoal que vive aí. - falou Tony - Eles são estranhos, e as vezes falam coisas ou fazem piadas desnecessárias. Ignore-os se achar que deve.

- Ela aprendeu a conviver com você querido, tenho certeza que pode lidar com os outros. - Pepper falou.

- É incrível como você gosta de me desmoralizar. - Tony se fez de ofendido, mas depois riu.

  Estar com esses dois era sempre um clima divertido.

Quando saíram do elevador, em um andar bem alto, provavelmente um dos últimos, eles foram até uma porta de vidro que dava em uma sala social enorme, com um bar, um sofá maior do que um sofá deveria ser, e uma tela que parecia ser de cinema, fora as decorações modernas, é claro.

- Incrível. - Alina sussurrou não se contendo.

- Eu sei. - Tony sorriu com seu típico "eu sou demais".

A garota não o culpava. Se ela tivesse construído algo como aquele prédio também pensaria assim. Ela olhou para o centro da sala e viu o próprio Capitão América sentado no sofá, ao lado de Natasha, que ela já tinha tido a sorte de conhecer. Abaixado, perto de alguns aparelhos, estava um homem de cabelos pretos e cacheados. Ele parecia estar tentando concertar algo.

- Pó de café na pia de novo! - Tony exclamou chamando a atenção de todos - Eu não acredito que vencemos a guerra mas vocês ainda continuam se comportando como vândalos.

- Não enche Tony. - Natasha falou se levantando - Foi o Thor. - ela sussurrou quando passou perto dele.

- Eu vou matar aquele projeto de Barbie. - o milionário falou.

- Senhorita Russel. - Natasha chegou perto dela - É um prazer te ver de novo.

- Eu digo o mesmo. - a garota falou.

  Alina viu o capitão se levantar e cumprimentar Tony e Pepper, depois se dirigir a ela.

- Boa noite senhorita.

- Boa noite Capitão Rogers.

- Não precisa dessa formalidade toda Alina, pode chamar de picolé, ele não liga. - o senhor Stark falou.

A verdade é que Alina estava ali tentando não surtar. A sala estava cheia de vingadores, ela estava falando com eles, e iria jantar ali. Alina quis se beliscar pra saber se estava mesmo vivendo aquilo. Depois quis muito saber porque ela sempre acabava em situações como essa.

- Vai dizer quem é a garota Tony? - Steve perguntou.

- Assistente da Pepper. - foi Natasha que respondeu - Nós já nos conhecemos.

- Ela é minha amiga, eu chamei ela pra jantar com a gente porque é meu aniversário. - Morgan explicou, antes de pular o colo do tio Steve, porque ele sempre jogava ela no alto e pegava ela de novo. E ela amava a brincadeira.

Depois da explicação de Morgan, a ruiva dirigiu um olhar curioso ao empresário, que apenas deu de ombros e disfarçou.

Alina olhou para um corredor quando ouviu um barulho e viu um homem e uma mulher chegarem. Junto com eles estava uma garota que devia ser um pouco mais velha que Alina, um menino mais velho, e um mais novinho.

- Alina, esses são Clint e Laura Barton, e seus filhos. - Tony apresentou.

O menino pequeno apenas disse um oi e sorriu. Ela percebeu que a garota estava andando em sua direção. Mas o mais velho dos três não fez nada disso, ele apenas olhou pra ela e dirigiu-lhe um curto sorriso e um aceno de cabeça. Ela queria retribuir mas percebeu a irmã dele a sua frente.

- Olha, finalmente uma pessoa nova por aqui. - a menina se aproximou - Eu sou Lila Barton, bem vinda.

- Obrigada. Eu sou Alina Russel.

- Então, você também tem poderes? - a menina perguntou - Faz parte da equipe teen de heróis do Tony Stark?

- Eu já disse que não existe equipe teen de heróis. - Tony reclamou cansado - Foi só o Peter, o único pirralho. Parem de encher o saco, tô falando sério.

  Lila riu e Alina também, acompanhadas pelos outros na sala.

- Não, eu não tenho super poderes.

- Que saco.

- Pois é. Mas eu sei construir um robô.

- Isso é maneiro. Eu sei acertar um alvo a muitos metros de distância.

- Isso é muito legal. - Alina disse impressionada.

De repente parecia que as duas já tinham virado amigas. Foi quando Wanda desceu as escadas, não andando, mas flutuando.

- Ok, isso é maneiro de verdade. - a estagiária falou.

- Com certeza.

- Eu desisto. - Alina viu o homem de cabelos cacheados largar os fios e se dirigir ao balcão, cumprimentado a todos.

- O que aconteceu?

- Sua tela tecnológica gigante está com problemas. - Thor falou assustando a todos quando se levantou do bar.

- Desde quando está aí atrás? - Tony perguntou.

- Desde que chegaram.

- Não vou mais tentar concertar essas tecnologias suas Tony.

- Eu disse que as atualizações estavam em teste. Deixa que eu arrumo depois.

- Alina vem cá eu vou te mostrar uma coisa. - Morgan puxou a garota pela mão e levou ela até a parede, do outro lado.

- Sexta-Feira, você pode mostrar neve? - a garotinha pediu.

De repente, a parede comum se transformou em uma paisagem de monstanhas, onde nevava. Alina ficou impressionada. Ela já tinha visto isso na internet, até mesmo tentado recriar, mas algo deu errado e sua cortina acabou pegando fogo, nem ela sabe como. Mas ver uma parede inteira mostrando paisagens, se adaptando ao que os moradores pediam, era muito legal.

- Quem é Sexta-Feira? - Alina perguntou.

- Sou eu, senhorita Russel. - a voz se fez presente.

- Eu a criei antes de refazer o Jarvis. - Tony explicou - Agora você tem outra amiga. - brincou com a menina já que sabia que ela gostava de conversar com o AI.

- Vem, eu vou te mostrar meu quarto. - a pequena também puxou Alina pela sala adentro, até as escadas e subiu com ela.

Olhou para os Stark procurando uma forma de aprovação de que ela poderia subir, e ele apenas acenou com a cabeça e sorriu para ela. Nessa altura é claro, Morgan já havia puxado ela até metade das escadas.

Alguns dos heróis se dispersaram dizendo que iriam se arrumar para o jantar. Pepper saiu para ver se tudo estava organizado e pronto. Apenas Tony e Natasha permaneceram na sala.

- E então... - ela se aproximou dele perto do balcão - Vai me contar qual é a da garota?

- Como?

- Alina.

- Morgan a convidou.

- Uhum, e você a trouxe.

- O que exatamente quer saber Natasha?

- Independente de ser sua estagiária, ela é uma civil e é quase uma criança. Só existem duas crianças com quem você se preocupa tão diretamente, uma delas é a minha adoravel sobrinha, e outra é o pirralho-aranha. Então essa garota deve ter algo especial pra você trazer ela até aqui.

- O Peter não é criança a um bom tempo Natasha.

- Não me enrola Tony.

O milionário suspirou e deixou o copo que segurava no balcão.

- Você não deixa passar nada não é?

  Natasha confirmou.

- Não é como com Peter. - explicou -  Aquele garoto é muito importante, eu me preocupo com ele, de verdade, mas ele é um super-herói, um vingador, o que eu posso fazer é tentar mantê-lo protegido, e é o que eu faço, porque amo aquele pirralho.

- Mas e Alina?

- No começo, eu achei ótimo conseguir aproximar Alina, porque Morgan gosta dela. - ele confessou - E quando eu digo que gosta, é porque ela realmente confia muito nela. E só Deus sabe o quanto eu e Pepper temos dificuldade pra fazer ela confiar em alguém. - ele suspirou - Morgan não aceita ficar perto ou falar com qualquer pessoa diferente se eu e a mãe não estivermos. Ela não faz amizades, não conversa, não gosta da companhia de ninguém que não seja esse limitado número de pessoas que convivem com ela aqui na torre. Minha filha tem seis anos de idade e o passa-tempo preferido dela é ficar enfiada na minha oficina conversando com os robôs e lendo planilhas.

- Exatamente como alguém que eu conheço.

  Tony sorriu irônico, sabendo que a ruiva falava a verdade.

- Mas a aproximação dela com Alina foi instantânea. - disse como se fosse algo surpreendente. - Eu acho que foi porque Alina a ajudou a nos encontrar, então Morgan se sentiu protegida, sentiu que podia confiar nela.

- É normal das crianças fazerem isso.

- Eu sei, e então eu descobri que essa garota era simplesmente genial. Foi como uma porta sendo aberta, eu poderia oferecer a ela um estágio na minha empresa, Morgan teria ela por perto e eu teria uma funcionária excelente. - ele se levantou e se encostou no balcão de trás.

- Mas agora você se sente responsável por ela também. - Natasha concluiu - Você sempre faz isso Tony, traz pessoas pra sua vida e automaticamente se sente responsável por elas. Mas você não pode resolver os problemas de todo mundo.

- Eu sei, mas é que... As vezes eu acho elas tão parecidas, Alina e Morgan.

- Tony, esse sentimento é muito nobre. Você se importa com as pessoas e quer cuidar delas, não tem nada de errado com isso. Mas lembre-se, nem tudo é responsabilidade sua.

- Tudo bem ruiva. - o empresário sorriu. - Eu vou me lembrar. Agora com licença, eu preciso avisar a avó da garota que ela ficará por aqui.

  Natasha revirou os olhos e riu.

- A propósito, sabe se tem algum quarto disponível? - Tony perguntou com o celular já na orelha.

- No prédio você quer dizer? Deve ter uns 25. - falou exagerando - Mas nesse andar, não.

- Vou ter que dar um jeito nisso.

- Ela pode usar o meu quarto. - Natasha falou um pouco mais alto para o homem ouvir - Quase não estou nele mais, de qualquer forma.

  Tony acenou com a cabeça e agradeceu a ela movendo os lábios, porém sem som, mostrando que o telefone havia sido atendido.

****

  Eles se sentaram todos em uma mesa enorme, que foi preparada no terraço do prédio. Quando Alina subiu, sentiu-se sem ar, mas a culpada por isso era a vista maravilhosa. A noite em Nova York era bonita, principalmente se você estivesse acima de todos os outros prédios e enxergando todas as luzes da cidade.

  A mesa estava posta no meio. O terraço era decorado com flores e a iluminação de tom amarelado dava um brilho diferente ao lugar.

  Alina segurava Morgan no colo e as duas brincavam com uma borboleta azul que insistia em voar ali quando Natasha se aproximou de Pepper, que observava a cena.

- Elas são um pouco parecidas, não acha? - a loira perguntou indicando as duas meninas.

- São sim. - a ruiva concordou.

  Mas depois de um momento, Natasha ficou séria de mais.

- O que foi? - Pepper quis saber.

- Nada, é só que... Pensando bem, elas são muito parecidas. Aliás, Alina se parece muito com Tony.

- Você acha?

- Completamente. Os cabelos, os olhos, até o sorriso. Sem contar a inteligência. - sorriu fraco - Se o Tony tivesse uma filha perdida, era ela. - ela brincou.

  Antes que a loira respondesse, Clint chamou a ruiva que saiu dali.

  Quando acabaram de jantar, cada um de dispersou pra uma parte do terraço, as vezes em grupo, conversando e comendo bolo. Morgan acabou dormindo depois de um tempo, e a Feiticera Escarlate a levou para baixo, para o quarto.

- É bonito, não é? - Tony perguntou vendo ela na beirada do terraço, sozinha, olhando a cidade.

- É lindo. - concordou - Mas você já deve estar acostumado com isso.

- Estou acostumado sim. - respondeu - Mas mesmo assim, ainda me impressiona.

  Alina cruzou os braços, olhou pra baixo e sorriu fraco.

- Um diamante não perde o brilho só porque você o vê todos os dias. - disse.

Tony olhou para ela curioso.

- É uma frase bonita.

- O meu avô costumava dizer pra mim. - sorriu com a lembrança. Tony sinalizou pra ela, a incentivando a continuar  - Eu adorava construir coisas quando era pequena. Eu até mesmo desmontava rádios e aparelhos pequenos... - ela riu - As vezes eu achava que o meu avô ia acabar brigando comigo, mas ele nunca fazia isso. Ele sempre me olhava, olhava qual a nova ideia milaborante que eu havia posto em prática, depois ele sorria pra mim e dizia que eu era o seu pequeno gênio, que um dia eu ia fazer algo muito especial. - Alina olhou o céu e respirou fundo sentindo o vento que batia contra seu corpo - Eu dizia pra ele: "Algum dia essas coisas não vão mais parecer tão legais, você vai se cansar das minhas ideias." E então ele me dizia...

- Um diamante não perde o brilho só porque você o vê todos os dias. - Tony completou.

  A menina concordou.

- Fica legal na sua voz também. - falou - Mas deve ficar melhor na do Jarvis. - concluiu rindo e fazendo o homem rir também.

- Tenho que me acostumar com o fato de que todos parecem gostar mais do Jarvis do que de mim.

- O Jarvis também gosta mais de mim do que do senhor.

- Ai já é abuso.

Alina riu da forma como ele havia falado. 

- Senhor Stark, muito obrigada pelo convite. Mas eu moro longe, está ficando tarde, e eu preciso ir pra casa. - ela avisou andando de costas alguns passos.

- Espera aí, parada. Não está achando que eu ia deixar você ir pra casa sozinha a essa hora, está?

- Bom, eu...

- Está muito tarde, você pode ficar por aqui hoje.

  Os olhos dela se arregalaram e suas mãos apertaram o suéter que vestia.

- Senhor Stark, eu não posso ficar aqui. Eu acho que nem devia estar aqui, pra começo de conversa.

- Por que não?

- Essa aqui é a casa dos Vingadores. Eu pensei que esse lugar fosse uma espécie de quartel secreto, eu nem sabia que civis podiam entrar.

- Não podem, a não ser que um de nós permita. Então se está aqui é porque deixamos.

- Tá, mais dormir aqui já seria incômodo demais e...

- Achei que soubesse que discutir com o chefe não é uma ideia inteligente.

- Mas a minha avó senhor Stark...

- Eu liguei pra ela a duas horas atrás e disse que você ficaria aqui.

- Então já tinha deduzido que eu ia aceitar ficar aqui?

- Não, ele deduziu que eu não deixaria você ir embora. - a voz de Pepper foi ouvida - Você fica aqui.

- Mas...

- Ordens da sua chefe.

- Ok.

- Isso é sério? - Tony perguntou incrédulo - É só ela mandar e todos obedecem assim, fácil?

- Você também obedece, por que está surpreso? - Alina perguntou.

- Tem razão. Estou sem argumentos.

- Uau! Minha nossa, Tony Stark sem argumentos é uma coisa difícil de se ver por aqui. - Clint disse em alto e bom som pra todos escutarem - Bem vinda a equipe garota, você está apta a se tornar uma vingadora.

  Alina viu, perto da mesa, mais especificamente encostado nela, o garoto mais velho, filho do Gavião Arqueiro que ria da atitude exagerada do pai. Durante o jantar ela descobriu que ele se chamava Cooper, e que não falava muito também.

- Por falar nisso, amanhã você tem que acordar cedo pra ir pra escola. Ficar aqui conversando com o Tony com certeza não é a coisa mais ideal agora. - Pepper falou.

- Querida, está me desmoralizado de novo. - Tony se fingiu de ofendido.

  Alina se despediu dos heróis que ainda estavam no terraço e depois desceu com Pepper até o andar dos quartos. Natasha estava lá, tomando um copo de água na sala.

- Alina, você vai dormir no quarto da Natasha essa noite. Ela nunca usa mesmo... - a loira falou.

- Eu posso ficar aqui mesmo, não tem...

- Alina, um conselho - Romanoff se dirigiu a ela - Pare de tentar recusar as coisas por aqui. Se nós decidimos algo, está decidido. - Natasha piscou pra ela - Só uma coisa, se tocar em algo, ponha de volta no lugar depois.

- Ok. - Alina concordou quase como um soldado obedecendo ao general.

  Pepper levou a garota até a porta do quarto e explicou que tudo já estaria arrumado. Ela agradeceu e entrou quando a loira a deixou sozinha.

  Quando Clint disse que cada quarto era decorado ao gosto de seu dono, Alina imaginou se o quarto de Natasha teria armas de fogo, facas, ou se seria completamente escuro.

  Bom, ela acertou um pouco na parte de ser escuro. As cores eram em tons fortes de vermelho e preto, pelo símbolo da Viúva, ela pensou, mas o que mais havia naquele quarto eram livros, uma estante cheia deles. Era bonito, e confortável. Dizem que se pode conhecer muito de uma pessoa pelo local em que ela vive, Alina teve vontade de tentar conhecer mais, só que achou melhor não se arriscar a tocar em nada, afinal, não era nem de longe o seu quarto.

  Duas horas após se deitar, ela ainda não havia dormido. Pegou um dos livros que achou interessante e começou a lê-lo, mas isso também não ajudou. Sentiu vontade de beber água, então decidiu tentar a sorte em ver se conseguiria achar a cozinha sozinha.

  Toda vez que se lembrava de onde estava de verdade, ela esperava acordar a qualquer momento, na sua cama, e ver que era um sonho. Mas não era, e ela teve certeza no momento em que bateu um dos dedos em um sofá. Mordeu a língua para não acordar ninguém, depois continuou andando devagar, até chegar a cozinha.

- Eu poderia me perder aqui e nunca achar a saída. - tagarelou baixinho.

  Quando já estava desistindo e decidindo dormir ali mesmo no corredor, ela viu uma luz amarela, um tanto fraca, vindo de um dos cômodos. Decidiu seguir a luz.

Percebeu que estava de volta a sala principal, só que com bem menos luz, e a parede que na verdade era uma tela refletora, agora estava completamente escura.

- Está perdida?

  Ao ouvir a voz, Alina se assustou e deu um pequeno pulo. Acabou esbarrando no encosto do sofá e caiu para trás. Seu corpo ficou esticado enquanto ela resmungava baixinho.

- Desculpe. - o garoto pediu enquanto ria da cena - Não quis te assustar.

- Uma voz do além em uma sala escura é sempre assustadora. - rebateu tentando se levantar.

- Sinto muito mesmo. Se machucou?

- Tudo bem, eu estou bem. - ela conseguiu sorrir e respirou fundo se pondo de pé. - Você é o filho mais velho do Gavião Arqueiro, irmão da Lila não é? - ela percebeu quando olhou o rosto dele.

- Sou sim. - o menino riu - Mas me chamar assim toda hora pode ser cansativo, então, você pode dizer apenas Cooper.

- Tudo bem, Copper. Eu sou...

- Alina.

- Você sabe?

- Difícil esquecer. - o garoto voltou ao local onde estava antes, dando a volta no balcão. - Então, Alina, porque está aqui tão tarde?

- Não consigo dormir. Queria tomar água. Me perdi no caminho.

- Bons motivos.

- E você, por que está aqui?

  Copper apenas deu de ombros e voltou a tomar o café que estava em sua caneca.

- Você é sempre tão calado assim? - Alina se aproximou.

- As vezes.

- Copper, eu não queria parecer idiota, mas já estou parecendo então, uma pergunta a mais não vai fazer diferença. Como pego água aqui? Não tem uma torneira normal.

  O garoto riu antes de pular do banco e ficar atrás dela, perto da pia.

- Assim, olha. - ele passou a mão por baixo da torneira e a água caiu - Tem um sensor. É só fazer isso... - ele segurou uma das mãos dela e passou de novo pelo sensor, a torneira de fechou a água parou de cair.

- Obrigada.

- Por nada. E não precisa se sentir idiota, todo mundo sofre um pouco antes de aprender os exageros de Tony Stark.

  Ele soltou a mão dela e voltou ao banco onde estava sentado. Alina tomou sua água e depois guardou a caneca que tinha usado.

- Se não está conseguindo dormir, talvez isso te ajude. - O rapaz foi até a geladeira e tirou um frasco de leite.

  Ele colocou o leite em uma caneca e entregou a ela.

- Obrigada. - Alina se sentou do outro lado do balcão com a caneca na mão.

  Alguns segundos de silêncio fizeram o local parecer vazio até Copper se pronunciar.

- É verdade o que você disse hoje cedo? - perguntou chamando a atenção dela - Sabe mesmo construir um robô?

- Sim. Quer dizer, nenhuma grande coisa, mas sei um pouco. - falou um pouco sem graça.

- Quantas anos você tinha quando tentou a primeira vez?

- Oito.

- Oito anos? - se demonstrou surpreso.

- Sim.

- E deu certo?

- Sim. Foi uma das coisas mais legais que já fiz. - ela contou sorrindo, quase esquecendo que mal conhecia Copper - Claro que a minha avó não gostou muito quando eu desmontei o micro-ondas dela mas, foi bem legal.

  O rapaz riu olhando pra ela como se quisesse saber se aquilo era mesmo verdade. Ele sabia que sim, mas era uma história divertida.

- Deve ser ótimo ter esse tipo de inteligência. Com certeza deve ajudar na escola. - enfatizou a última parte e riu.

- Ajuda bastante. - ela concordou - Mas não é tão legal assim, pelo menos não no meu caso. - voltou a tomar seu leite.

- E por que não?

- Porque quando você diz aos seus amigos de oito anos que construiu um robô sozinha, não te olham como se você fosse especial, te olham como se fosse maluca.

- As pessoas sempre são idiotas com o que não podem explicar.

- Pois é.

- Mas nesse caso, deve ser legal trabalhar com Tony Stark né, ele entende.

- É bem legal. - suspirou - Acho que o leite não funcionou, não consigo dormir.

- Você nem tentou.

- Não consigo tentar, minha mente não vai deixar.

- O que faz pra dormir quando isso acontece?

- Não sei. Conserto coisas, ou construo elas.

- Você é quase o Tony. - ele comentou achando engraçado - Bom, se consertar coisas te ajuda, então porque não concerta a TV? O Bruce reclamou que não conseguiu consertar.

- Será que eu devia tentar? O Senhor Stark pode não gostar.

- O Senhor Stark te trouxe aqui. E você não vai estragar a TV, só vai arrumar.

- Por que quer que eu arrume a TV?

- Por que o meu jeito de conseguir dormir é assistindo televisão, e não posso fazer isso se ela não estiver funcionando.

  Alina riu e o seguiu quando ele se direcionou a parte da sala onde ficava o sofá grande demais e a tela de cinema que eles chamavam de televisão.

- Tudo bem, deixa eu tentar.

  Copper se sentou no chão, perto dela, sem dizer nada, enquanto via ela mexer com os aparelhos que estavam na estante. Era interessante como ela digitava códigos e alternava alguns fios, Copper chegou a conclusão de que provavelmente não saberia nem mesmo ligar aquela televisão sem a ajuda de Jarvis ou Sexta-Feira. Não que ele fosse um completo leigo, sabia muita coisa, mas as invenções de Tony eram sempre difíceis, e as coisas que Alina estava fazendo com certeza estavam fora de sua compreensão.

  Com mais ou menos dez minutos ela fechou uma caixa que estava presa a parede e olhou pra ele.

- Pronto, pode ver TV agora.

- Sério? Já?

- Sim.

- O Doutor Banner ficou horas quebrando a cabeça com isso. E ele é um de vocês.

- Um de nós? - ela levantou as sombracelhas confusa com o que ele disse.

- Um gênio.

  Ela riu antes de se levantar.

- Eu não sou um gênio Copper.

- Eu discordo, mas ok. - ele se levantou também - Obrigada... por concertar a TV.

- De nada. Acho que vou dormir agora. Boa noite Copper.

- Boa noite Alina.

  Ele viu ela se afastar e ir ao corredor que a levaria até o quarto. Alina estava com sono agora, pelo visto mexer com o problema da TV realmente havia dado certo. Se deitou sabendo que dessa vez ia dormir rapidamente.


  No outro dia, Alina acordou cedo para ir a escola e viu que Happy, o motorista/segurança estava na cozinha esperando para leva-la. Pensou em argumentar que poderia ir sozinha mas se lembrou das palavras de Natasha. "Pare de tentar recusar as coisas por aqui. Se nós decidimos algo está decidido." Ela aceitou a carona e saiu para a escola.

  Quando chegou, a primeira voz que ouviu foi a de MJ.

- E aí garota. Noite complicada?

- Não, por que?

  MJ passou a mão pelo cabelo dela arrumando alguns fios soltos. Ela agradeceu.

- Na verdade, a noite foi completamente louca. - falou. - Morgan me convidou para o aniversário dela. E eu jantei na torre dos Vingadores, com os Vingadores.

- Uau, isso é que aniversário.

- Olá meninas. - disse Peter chegando ao lado de Ned. 

- Oi MJ manerassa. - Ned cumprimentou a morena, depois se virou para Alina - E aí gata.

- Resolveu aparecer Ned. - ela sorriu antes de abraçar ele - Como vai a Betty?

- Muito bem. Mandou um abraço pra vocês. - avisou.

- Alina, o senhor Stark me contou que levou você pro jantar de aniversário da Morgan. - Peter falou - Como foi passar a noite na torre dos Vingadores?

- Espera, você dormiu lá também? - MJ perguntou.

- Calma aí galera, a little Ali aqui estava com os Vingadores? - Ned perguntou com a expressão surpresa de uma criança - Irado!

- Não me chama de little Ali, é feio Ned. - Alina choramingou.

- Não é não, é fofo, como você. - ele apertou a bochecha dela.

- Ned, sabe que te amo porque é meu amigo, mas se fizer isso de novo vai ficar sem mãos. - disse séria.

- Ta bom chefe. - obedeceu tirando a mão e perto dela com um pouco de medo.

- Por que não estava lá Peter? - a garota quis saber.

- Eu queria ir, mas tive um compromisso urgente e não pude faltar.

- E com compromisso urgente você quer dizer...

- Um cara com granadas causando problemas em um shopping, em Manhattam.

- E essa, senhores e senhoras, é a vida do meu namorado. - MJ se pôs a frente do grupo levantando as mãos de forma dramática.

- Ainda acho maneiro quando me chama de namorado. - Peter disse com o ar bobo de apaixonado.

- Agora você parece um mané. - MJ avisou.

- Ta bom. - ele se concertou.

Os amigos riram da cena.

- Mas eu vou participar do aniversário. - Peter explicou voltando a olhar para Alina - Nesse fim de semana vamos viajar até a casa do Senhor Stark, na praia, para o aniversário da Morgan.

- Achei que o jantar tivesse sido o aniversário. - Alina disse confusa.

- Foi o pré-aniversário, como o senhor Stark gosta de chamar. - explicou - A festa vai ser no fim de semana. Não achou que alguém como Tony Stark fosse fazer um jantar como festa pra filha né? Ele é sempre extravagante.

- Bem que a Morgan disse que "o papai faz muitas festas".

- Até pra ser natural, o Tony tem o seu jeito de ser exagerado. Ele vai naturalmente fazer uma festa na praia pra Morgan. Quero dizer que ele comprou a praia que circula a casa dele pra poder levar só os convidados da filha, que no caso, são os que você conheceu ontem.

- Uau. - Ned disse - Irado. - ele dizia muito isso.

  O assunto se desviou e eles falaram sobre algumas outras coisas, incluindo trabalhos escolares.

- Ei, galera. - Alina chamou e todos olharam pra ela - Amo vocês. - piscou.

Os quatro andaram pelo resto dos corredores escorando-se um sobre os ombros do outro em um abraço coletivo. Claro que acabaram tropeçando em alguns lugares, o que gerou várias risadas.

  Alina estava pensando justamente em como amava sua vida e em como parecia que ela não podia mudar. Só não imaginava o que aconteceria naquele exato momento.

- Jarvis, onde está Alina? - Tony perguntou ao AI na torre.

- A Senhorita Russel foi para a escola faz uma hora senhor Stark.

- Ela é responsável com horários Tony. - sua esposa avisou, chegando na sala já com sua roupa de trabalho - Você devia aprender com ela querido. - deu um selinho no marido.

- Senhor Stark, devo avisa-lo que a senhorita Russel também consertou a falha da televisão. - Jarvis falou.

- Ela fez isso? - Tony quis saber surpreso. - Quando?

- Durante a noite senhor.

- Por que ela estava sozinha na sala durante a noite?

- Não estava sozinha, tinha a companhia do senhor Copper Barton.

- Por que estavam aqui esse horário?

- Os dois alegaram estar sem sono. A Senhorita Russel disse que gostava de se ocupar consertando coisas para que o sono chegasse e o senhor Barton sugeriu que ela consertasse a televisão.

- Mas...

- Chega Tony. - Pepper avisou - Você não vai se meter assim na vida deles. Estavam conversando aqui, não pode querer saber tudo que conversaram.

- Mas...

- Sem mas. - disse - Sexta-Feira, Jarvis, parem de dar detalhes sobre esse episódio ao Tony. - ordenou.

- Sim, senhora Stark. - as duas vozes responderam.

Tony revirou os olhos frustrado, e depois saiu da cozinha, deixando a esposa rindo da sua infantilidade.

  Já na empresa, Pepper não parava de pensar sobre o que Natasha havia dito na festa. E ela estava certa, Alina se parecia muito com Tony, em muitas coisas.

- Não acredito que brigo tanto com Tony e vou fazer o mesmo que ele. - suspirou se culpando. - Jarvis, existe alguma ligação entre alguma Beatrice Russel e essa empresa?

  Pepper sentia que já havia visto a mãe de Alina em algum lugar, e depois que a mulher foi até a empresa, essa sensação só cresceu.

- Há registros de uma Beatrice Russel em meu sistema, senhora Stark. - a voz respondeu.

  A foto mostrada por Jarvis era com certeza a da mãe da garota.

- O que tem sobre ela?

- Algumas notícias de jornal que foram hackeadas e tiradas de circulação pelo próprio senhor Stark.

  Pepper ficou curiosa com essa informação. Tony só se dava ao trabalho de tirar notícias do ar quando realmente não gostava do que estava publicado.

- Me mostre Jarvis.

  De repente, algumas fotos foram mostradas, fotos bem antigas, Pepper reconheceu. Nelas, Tony aparecia com uma mulher que Pepper reconheceu como Beatrice, em uma festa.

  Pelo menos estava explicado o porquê Tony apagou as notícias. Ele detestava que jornais fizessem especulações sobre relacionamentos sérios, e se a matéria era publicada, as pessoas começavam a perguntar.

  Pela época, Pepper sabia que ainda nem trabalhava para Tony quando aquilo aconteceu.

- Jarvis, isso foi a quanto tempo?

- A quase quinze anos senhora. Quer o tempo específico?

- Não Jarvis, está bom assim.

  Algumas informações invadiram a mente da loira com uma intensidade que chegou a doer. Tony teve um caso com a mãe de Alina, a quase quinze anos, Jarvis disse. Alina tinha quatorze anos agora.

Sua mente foi jogada para o dia em que levou Alina até em casa, e ela ouviu novamente a voz da menina: "Eu nem sei quem o meu pai é."

Então a próxima voz foi de Morgan: "Mamãe, sabia que Alina também tem alergia a amendoim, como eu e o papai?"

A próxima frase veio de Natasha: "Alina se parece muito com Tony... Os cabelos, os olhos... inteligência... Se Tony tivesse uma filha perdida, era ela."

Pepper caiu na cadeira pensando na possibilidade de tudo aquilo ser verdade. Existiam chances de não ser nada, mas as coincidências teriam que ser grandes demais.

A loira se levantou da cadeira indo rapidamente em direção ao próximo e último andar, onde ficava a sala que deveria ser de Tony, e que ele raramente usava. Mas hoje ele havia ido para a empresa, porque tinha coisas a resolver lá.

  Ela apertou os botões do elevador com força e correu quando as portas se abriram. Abriu a porta da sala do marido com certa agressividade e nervosismo.

- Tony, preciso falar com você, urgentemente.

  Mas ao parar por alguns segundos, ela percebeu outra presença na sala. E reconheceu a senhora que estava lá como dona Débora Russel, a avó da garota, que ela havia conhecido a um mês atrás.

  A julgar pela expressão da mulher, e a forma pálida e surpresa como seu marido olhava para ela agora, Pepper teve certeza de uma coisa: sua desconfiança estava mesmo certa.

  Tony era o pai de Alina, e ele havia acabado de descobrir isso.

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