The Only Reason - HS

By laribsss

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É sempre tudo sobre ele. A culpa e a redenção, o pecado e a salvação, a dor e a cura, o problema e a solução... More

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By laribsss



Grito quando sou engolida por um abraço apertado demais para quem está com o ombro recém colocado no lugar, meu avô me solta assustado e fica me encarando e segura a minha mão como se tivesse medo que eu desaparecesse com o vento. Passos apressados e um palavrão me fazem rir de nervoso, minha avó está resmungando atrás do meu avô e fica em silêncio quando ele sai de seu campo de visão e ela consegue enxergar o motivo dessa bagunça tão tarde da noite.

Seus olhos se enchem de lágrimas e ela leva sua mão trêmula até a boca me olhando dos pés a cabeça. Um suspiro estrangulado sai de seus lábios e ela caminha lentamente até mim. Suas mãos passam pelo meu cabelo molhado e meu rosto, me inclino em sua direção querendo mais carinho e ela me abraça delicadamente antes de chorar histericamente. Me perco no calor do abraço dos meus avós e meu coração reclama quando eles me soltam e puxam para dentro de casa. O cheiro de canela invade  meus pulmões e a sensação de estar em casa me deixa quase tonta. Minha avó me leva até o sofá e me abraça com cuidado ainda sem conseguir parar de chorar. Olho ao redor da sala e vejo uma parede repleta de fotos antigas e em quase todas, eu estou lá. Fotos que mostram, mesmo com anos de distância e saudade, que eu nunca fui esquecida e que eles sempre me amaram. É tanta coisa que não consigo controlar a enxurrada de sentimentos que me invadem e começo a chorar. Um choro angustiante e completamente amargo, é horrível a sensação de ver tudo o que eu perdi todos esses anos. Tantos natais e aniversários que eu passei sozinha chorando por puro egoísmo da minha mãe quando eu poderia viver numa casa rodeada de amor. Sufoco um grito quando toda tristeza se transforma em raiva e faz meu corpo inteiro doer por tamanha injustiça que foi cometida não só comigo mas com meus avós também. 


— Eu sinto muito. — Falo entre soluços e minha avó chora mais ainda. Meu avô pega um copo de água para minha avó e outro para mim. 

— Você não tem que se desculpar, borboleta. — Meu avô fala segurando minha mão e volto a chorar. — Se alguém errou nessa história, foi a Renée. Mas também não a culpo, ela sempre foi psicologicamente instável e nós deveríamos ter feito alguma coisa antes dela sumir com você. — Minha avó assente limpando as lágrimas. — No final das contas, acho que todos nós temos uma grande parcela de culpa. A única inocente nessa história sempre foi você, — ele diz com os olhos marejados. — e nós falhamos terrivelmente.

— Eu não fazia ideia do que tinha acontecido, só hoje, quando fui parar no hospital que encontrei tio John por acaso e ele me contou tudo. — Falo trêmula e meu avô assente deixando claro que sabia do encontro e conversa que tive com meu tio mais cedo. 

— Ela fez isso com você? — Minha avó pergunta com tanta tristeza e raiva que volto a me sentir culpada. 

— Estávamos discutindo e eu caí da escada, não consigo afirmar ou não se ela me empurrou mas eu tenho certeza de que ela me negou socorro. Quem me levou para o hospital foi o filho do motorista dela. — Falo com gratidão e me forço a lembrar de procurar Liam e agradecê-lo por ter me ajudado. — Eu não sabia pra onde ir e como tio John me deu o endereço de vocês, pensei que pudéssemos conversar. Estou me sentindo tão perdida. — Confesso com vergonha e minha avó volta a chorar.

— Você sempre vai ter pra onde ir, meu amor. — Minha avó fala com ternura e um pouco da minha raiva se dissipa quando ela faz carinho no meu cabelo. Um toque com tanto cuidado que agulhas espetam meu peito fazendo questão de me mostrar tudo o que eu perdi. — Aqui é sua casa, sempre foi.

— E sempre vai ser. — Meu avô completa e assinto com meus olhos ardendo por lágrimas que não quero derramar. — Você quer tomar um banho e descansar? Pelo o que John me contou, hoje foi um dia exaustivo psicologicamente pra você. 

— Você trouxe alguma coisa para vestir? Acho que as roupas que temos aqui não lhe servem mais. — Minha avó diz com um sorriso quase triste e fico confusa. — Você não deve se lembrar porque era muito pequena, mas vocês moraram aqui até os seus três anos e seu pai sempre te trazia para passarmos finais de semana e feriados. Seu avô e eu guardamos tudo o que era seu e do seu pai. O seu quarto continua intacto, meu coração sempre soube que você voltaria. — Ela passa a mão no meu rosto e seus olhos voltam a se encher de lágrimas. — Você tem os olhos de seu pai, tão azuis quanto o mar e o céu no verão. 

— Acho que esse é um dos vários motivos que fez com que ela me odiasse. — Falo baixinho e minha avó funga tentando controlar as lágrimas e falha terrivelmente. — Não chora, eu estou bem agora. — Minto e ela percebe pela expressão de tristeza que fica explícita em seu rosto. 

— Seus olhos não mentem, borboleta. Consigo sentir na minha própria pele a dor que você está tentando guardar. — Meu avô fala se ajoelhando para segurar minhas mãos e minha avó continua chorando baixinho. — Nem que eu viva cem vidas vou conseguir reparar o erro que cometemos ao deixar sua mãe te levar para casa naquele dia, nunca vou conseguir me perdoar por não ter revirado os quatro cantos desse mundo até te encontrar e trazer para casa.

— Casa. — Sussurro me sentindo acolhida, querida e amada pela primeira vez em sei lá quanto tempo. 

— Casa. — Meus avós repetem em uníssono e me abraçam. Quando eles se afastam tenho vontade de me enrolar em seus colos e só levantar quando me sentir completamente segura e sem esse peso no meu coração. 

 — Vamos, — minha avó chama rouca pelo choro mal controlado. — você precisa tomar um banho e mudar suas roupas, deve ter alguma coisa da época da faculdade do seu pai que vai te servir até amanhã. 

— Eu trouxe algumas peças de roupa, estava com medo de ser mal recebida e vim preparada para me enfiar em algum hotel pra passar os próximos dias até conseguir ter acesso ao que meu pai deixou. — Confesso dando ombros e faço careta pela dor que me faz estremecer. Minha avó me olha com os olhos brilhando de culpa e tento sorrir pra diminuir a tensão.

— Isso você pode resolver depois, agora você precisa de um bom banho e comer alguma coisa. — Meu avô fala num tom que não deixa espaço para discussões e minha avó cutuca suas costelas.

— Você pode fazer o que quiser, borboleta. Não dá ideia pra esse velho rabugento. — Ela diz num tom acima de um sussurro e vejo meu avô revirar os olhos. Dou risada e tomo a iniciativa de abraçá-los. 

— Um banho e um lugar pra dormir é tudo o que eu preciso agora. — Falo quando me afasto e minha avó faz sinal para que eu siga seu caminho. Subimos a escada com meu avô trazendo minha mala em silêncio. Paramos no corredor do segundo andar onde vejo quatro portas de madeira escura. Minha avó me leva até a última porta do corredor estreito e prendo a respiração quando vejo adesivos de borboletas de todas as cores e tamanhos visivelmente gastos pelo tempo e uma placa com uma letra absurdamente infantil onde o meu nome está escrito. 

— Pode estar um pouco mais infantil do que você deve gostar agora mas podemos mudar assim que você se sentir confortável. — Meu avô fala sem graça e deixa a minha mala na porta do quarto. — Vamos deixar você se estabelecer e amanhã podemos conversar sobre o que faremos daqui pra frente. 

— Qualquer coisa é só nos chamar, por favor, não exite se precisar de alguma coisa. — Minha avó fala e me abraça com delicadeza. — Chorei noites e dias esperando que você entrasse por aquela porta e ficasse conosco. Nós te amamos muito, Melanie. Você será sempre bem vinda nessa casa e em nossas vidas.

— Sempre. — Meu avô reitera e assinto deixando minhas lágrimas descerem. 

— Vai se cuidar, vou fazer um sanduíche pra você não dormir com fome. E também não pode tomar os medicamentos com o estômago vazio. Vem, George, vamos fazer alguma coisa para nossa menina comer antes de dormir.  — Minha avó me dá um beijo na bochecha e meu avô sorri quando ela caminha pelo corredor e desce a escada. Ele me encara por mais alguns instantes e segue os passos da minha avó e não demoro a escutar sons vindos da cozinha. Dou risada pensando ser impossível que essa seja a minha realidade daqui pra frente. Me sentindo num sonho em que estou prestes a acordar, entro no meu quarto de infância.


Quase desabo quando acendo as luzes e me vejo em todos os cantos do cômodo pintado de rosa. Fotos, brinquedos e até mesmo uma régua mal feita numa parede em que minha altura foi medida até os meus sete anos. O quarto tão bem cuidado e cheio de amor me faz chorar com força.  Eu nunca pensei que de um dia para o outro minha vida mudaria tão drasticamente, fui de um estado de negligência e abandono para um lugar onde tenho amor e cuidados. É quase impossível acreditar que isso tudo seja verdade. Temendo estar em transe por conta dos medicamentos fortes ou pela concussão, abro minha mala no meio do tapete de borboleta multicolorida e pego um conjunto de moletom cinza escuro e roupa íntima. Sem conseguir prender meu cabelo direito por conta do meu ombro machucado, entro no banheiro e tiro minha roupa molhada com dificuldade. Tomo um banho rápido e me visto sentindo meu corpo inteiro doer, deito na cama coberta por uma colcha lilás e pela primeira vez em muito tempo, não ouço as correntes ou frio do fantasma da solidão vindo em minha direção pedindo abrigo. 

Sinto dor, medo e uma sensação que pensei que nunca fosse voltar a sentir na minha vida: a sensação de ser amada e desejada. Me sentindo calma e renovada, fecho os olhos e sou puxada para um sono leve e tranquilo quando sinto dedos delicados no meu cabelo e uma mão calejada apertando a minha antes de vozes abafadas dizerem o quanto sentiram minha falta e o quanto esperaram por mim. 



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