Amsterdã- La casa de papel

By Carolina_Mel

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"A vida é uma experiência única, por isso vivam cada momento como se fosse o último, porque realmente pode se... More

O SEGUNDO ASSALTO
A VOLTA
PEDIDO DE CASAMENTO
A PERDA DE MEMÓRIA
BELERMO
A CHEGADA DO LÍDER
A NÚMERO 11
PLANO AMSTERDÃ (PARTE I)
PLANO AMSTERDÃ (PARTE II)
A ESCADARIA PARA A DESGRAÇA
JAMES
UM NOVO AMOR
A PROMESSA QUEBRADA
BRIGAS E RECONCILIAÇÕES
12 DE MAIO
DATA AMALDIÇOADA
PARABÉNS PARA MIM
✨AVISO✨

ONDE TUDO COMEÇOU

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By Carolina_Mel

Oi, eu sou a Tókio, você provavelmente se lembra de mim. Eu sempre narrei essa história, mas às vezes mudanças ocorrem, e nessa história, mudança é o que mais existe.

Meu nome é Amsterdã, mas quando tudo começou, eu não me chamava assim. É brincadeira, eu sempre me chamei Amsterdã, até mesmo antes da minha vida mudar completamente.

Era uma tarde comum como qualquer outra, o dia estava ensolarado e nada fora do comum. Eu me encontrava jogada no sofá com um pote de sorvete, tentando prestar o mínimo de atenção na televisão que falava pela milésima vez sobre o assalto à Casa da Moeda. Eu já não aguentava mais ouvir sobre isso, e mais uma vez aquela mesma repórter que estava fazendo a cobertura sobre o assalto, anunciava o fim dele.

"Agora há pouco os ladrões que assaltaram a Casa da Moeda fugiram. Os policiais já confirmaram que um dos membros da quadrilha foi morto a tiros. Andrés de Fonollosa, apresentado ao público como Berlin. Voltamos assim que que tivermos mais notícias."

A campainha tocou, mas eu ignorei, afinal eu nunca recebia visitas. A campainha tocou novamente e eu resolvi atender, talvez fosse o carteiro ou algo do tipo.

Eu me levantei e fui até a porta de entrada. Ao abrir a porta avistei um homem alto, de olhos castanhos, cabelo meio bagunçado, e que com certeza não era o carteiro.

- Desculpa te incomodar, mas eu realmente preciso de ajuda. - o homem disse meio ofegante me encarando e apoiada na porta.

Eu o olhei de baixo para cima meio que automático. Será que eu havia passado tempo demais dentro de casa sem convívio social ao ponto de estar alucinando?

- Claro. Entra. - falei dando espaço para que ele entrar.

- Muito obrigado, você salvou a minha vida. - ele disse ainda ofegante, seu rosto estava suado, ele visivelmente havia fugido de algo ou alguém.

- Por falar em vida, não era para você estar morto? - eu perguntei olhando-o confusa.

- Você sabe quem eu sou? - perguntou-me me olhando. Parecia estar mais confuso do que eu.

- A Espanha inteira e provavelmente o mundo sabe quem você é.

- E você não vai surtar, pedir socorro ou chamar a polícia?

- Por que eu faria isso? Já viu um rato ter medo de outro?

- Claro que não. Mas o que isso tem a ver?

- Seres humanos tem medo de ratos! Um rato não tem medo de outro porque são da mesma espécie.

- Espera, quer me dizer que você também é assaltante? - ele me olhou com um sorriso sarcástico.

- Exatamente.

Ele não me respondeu nada, apenas sorriu mais ainda.

- Do que está rindo? Eu estou falando sério. - eu disse cruzando os braços tentando impor o respeito que eu não tinha diante dele.

- Ah, e o que você roubou meu bem? Doces em mercados? Não estou te julgando, é um bom começo.

- Eu não assalto diretamente, eu comando tudo de longe.

- Então uma garotinha de quatorze anos, que provavelmente mora com os pais é líder de assalto? - ele falou ironicamente. - Afinal, onde estão os seus pais?

- Eu não tenho quatorze anos! E onde estão os meu país não é da sua conta. Quer saber? Vai embora da minha casa, agora.

- Não, calma. Começamos errado, vamos tentar de novo. Muito bem, meu nome é Berlin e o seu?

- Eu já sei o seu nome, inclusive o verdadeiro, senhor Andrés de Fonollosa. Muito prazer, meu nome é Amsterdã.

Eu estendo a mão, ele aperta mas me olha com certa dúvida.

- Assim fica difícil te levar a sério, baixinha. Como assim seu nome é Amsterdã?

- Não é meu nome verdadeiro, é meu nome de guerra. Assim como o seu é Berlin, o meu é Amsterdã.

- Eu posso ficar aqui por um tempo? Só até eu arrumar outro lugar.

Ele estava querendo se esquivar do assunto sobre meu nome. Ainda não estava convencido, mas não queria discutir por isso, ainda mais precisando da minha ajuda.

- Pode ficar o tempo que você precisar. Vou preparar algo para você comer.

- Não, agora não, estou sem fome. Mas gostaria de tomar um banho.

- Claro, tem um banheiro lá em cima no quarto de hóspedes. Vou arrumar algo que sirva em você, já volto.

Eu vou até um dos quartos e pego uma muda de roupa para ele. Quando voltei para a sala ele ainda estava imóvel, parecia nem ter saído do lugar.

- Você mora sozinha? - perguntou pegando a roupa da minha mão.

- Moro, por quê?

- Onde conseguiu essas roupas?

- Era de um cara do meu bando. Acho que ele não precisar mais delas já que morreu. - dei risada e Berlin riu fraco, meio assustado com meu humor mórbido.

- Entendi. - ele disse afirmando com a cabeça.

- Ele era amigo da minha mãe, precisava de um lugar e ficou morando aqui até que... Enfim. Mas você não vai ter o mesmo destino dele já que escapou da morte, aliás como fez isso? - o encarei curiosa.

- Dei todo meu dinheiro para o filho da puta daquele Martinez e os amiguinhos deles fingirem que me mataram! Estou completamente falido.

- Então dividir os custos está fora de cogitação. - eu falo e ele ri.

- Ah, você ouviu falar se todos escaparam?

- Sim, aparentemente você foi o único que morreu. - rimos juntos. - Agora vai lá tomar o seu banho, é o segundo quarto à direita.

- Obrigada, Amsterdã.

Berlin subiu pelas escadas para tomar o seu banho. Enquanto isso, fui preparar algo para comermos. Deixei a televisão ligada para saber das notícias sobre os amigos dele.

Eu sei o que estão pensando. "Quem em sã consciência deixaria um completo estranho que acabara de conhecer morar na sua casa?" E a resposta é: eu, Amsterdã. A verdade é que eu me identifiquei com ele, toda a história que ele contou na televisão durante o assalto, mexeu comigo de alguma forma.

- Terminei. - Berlin falou descendo as escadas.

- Eu também! Não sou uma Masterchef, mas dá pra quebrar o galho.

Nos sentamos à mesa de frente um para o outro. Começamos a comer sem falar nenhuma palavra, aquele silêncio junto ao fato de eu odiar ter alguém me olhando enquanto comia estava começando a se tornar constrangedor, então decidi quebrar o gelo.

- Isso é maluco, sabe? Eu estou comendo com um dos caras mais fodas do mundo do crime, isso é incrível.

- Agradeço o reconhecimento, mas foi meu irmão que planejou todo o assalto.

- Espera, então o Professor é o seu irmão? - o encarei espantada com a notícia.

- Sim, mas me fale sobre você. Por que "Amsterdã"?

- Ah, é uma loga história. - eu falo dando uma garfada na comida, mas não a levo até a boca, já estava sem a menor fome.

- Eu tenho todo tempo do mundo. - riu fraco. - Na verdade estou fazendo hora extra na terra, tenho miopatia de Helmer. - o encarei assustada e respondi.

- Você tem miopatia de Helmer? Eu também tenho. - Berlin me encarou em silêncio e logo falou.

- É muito raro alguém ter essa doença, é mais raro ainda duas pessoas no mesmo lugar com essa doença.

- Então podemos nos considerarmos extremamente raros. - ele deu risada negando com a cabeça.

- De onde você é?

- Eu nasci no Brasil, mas me mudei muito quando comecei com os assaltos. - Nessa altura eu já tinha largado completamente a comida.

- Suponho que Amsterdã tenha sido seu favorito.

- Foi ideia da minha mãe na verdade, a ideia dos roubos foi minha mas os nomes das cidades foi da minha mãe. Ela pegou a ideia do meu pai que também erra assaltante. Ela era Siena e eu Amsterdã, eu via toda a dificuldade que ela tinha em me criar e ainda comprar meus remédios que eram muito caros, então resolvi me tornar assaltante ainda aos doze anos. Formamos uma quadrilha, assaltamos uma joalheria e saímos do Brasil. Foi assim também na Rússia, na Itália, na Argentina, e em vários outros países, mas esses foram os únicos que eu fiquei tempo suficiente para aprender os idiomas e viemos parar na Espanha, continuamos com os assaltos. Eu e minha mãe nunca nos envolvíamos diretamente nos roubos, ela recrutava os assaltantes e passava os planos criados por mim. Eu sabia que a polícia jamais desconfiaria de uma criança ou adolescente, mas não havia parado pra pensar que com certeza desconfiariam de uma mulher adulta. - eu encarava o prato, mas sentia que Berlin estava me encarando.

- E ela foi presa?

- No meu aniversário, fomos até um restaurante de comida brasileira que costumávamos ir. Quando minha mãe desceu do carro atiraram nela, na minha frente. Um dos assaltantes que foi preso falou para a polícia que ela era a Amsterdã, eles nunca tinham me visto, então achavam que era tudo uma invenção da minha mãe. - algumas lágrimas caíram dos meus olhos inevitavelmente. - Ela morreu por culpa minha. Eu fui egoísta e não pensei que a colocaria em risco, ela era tudo que eu tinha e morreu por minha culpa. - eu já não tinha o menor controle sob minhas lágrimas, ele se levantou e se sentou no lugar ao meu lado.

- Não foi culpa sua. Você não tem mais ninguém na família? - ele pergunta e eu respondo secando as lágrimas com as costas das mãos.

-  Minha mãe era órfã e meu pai foi embora antes de eu nascer.

- Então eu acho que serei sua família a partir de agora. - ele dá um sorriso enquanto segura a minha mão.

- Não pode me adotar, se é isso que está pensando. Eu já sou maior de idade há muito tempo. - eu falo e rimos juntos.

- Eu sei que é um momento muito delicado para fazer qualquer pergunta, mas eu realmente preciso fazer uma.

- Pode fazer.

- Eu sempre confundo a esquerda com a direita e vice-versa, acabei entrando no quarto errado. Por que tem um quarto de bebê aqui? - ele pergunta curioso.

- Ah, aquilo era do amigo da minha mãe.

- O mesmo que morreu?

- Sim, ele queria ganhar dinheiro para poder ficar com a guarda da filha. Eu nunca tive coragem de desarrumar o quarto, ficou tão bonitinho. - eu respondi forçando um sorriso.

- Quer que eu te ajude com a louça?

- Não, sem problemas. Eu dou conta.

Foi aí onde tudo começou. Em poucas horas eu contei minha vida quase toda para o Berlin. Eu não era do tipo que desabafava com o primeiro que me aparecia, mas tínhamos uma ligação que eu não conseguia explicar, parecia que nos conhecíamos há muito tempo.

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