Um dos seguranças que me ajudaram anteriormente entra no escritório, indo em direção a Yonta. Nesse momento estou sentada na cadeira do Simon, rabiscando alguns papéis em branco simplesmente por estar nervosa demais para fazer qualquer outra coisa. Os dois trocam breves palavras e o rapaz deixa a sala no instante seguinte.
- A polícia vai cuidar disso? - pergunto sem encarar minha acessora.
- Fique tranquila. O Will veio dizer que uma viatura acabou de chegar. Tudo bem se eu te deixar sozinha um instante para resolver essa questão?
- Tudo. Ficarei aqui esperando.
Yonta me dá um rápido aceno de cabeça, saindo do escritório em seguida. Eu permaneço ali, procurando qualquer coisa que prenda minha atenção até que a mulher retorne e diga que o tarado que me atacou está atrás das grades. Para o meu tédio, precisei esperar por longos 40 minutos até ela estar de volta.
- E então? - me levanto da cadeira. Me encosto na mesa, de braços cruzados, encarando-a.
- Ele acabou de ser levado pelos policiais, não se preocupe. Nossos advogados farão o impossível para que o desgraçado nunca mais chegue perto de você.
- Ótimo! - suspiro aliviada. - Acho que agora posso ir embora.
- Sim, você precisa descansar. - Yonta se aproxima, me abraçando novamente. - Sinta-se a vontade para me ligar a qualquer hora.
- Obrigada, Yonta. - sorrio fraco.
Entro no meu carro e não perco tempo. Vou direto pra casa. Está quase escurecendo. Chegando em meu apartamento, sinto a necessidade de tomar outro banho. O cheiro daquele homem está grudado em mim. Me sinto suja, com nojo do meu próprio corpo. Só desejo me livrar dessa sensação e dormir em paz.
Repito o ritual feito mais cedo, deixando o banheiro vestida num roupão e uma toalha enrolada na cabeça. Ao invés de seguir para o quarto e me jogar na cama, como havia planejado anteriormente, me direciono a cozinha. Meus olhos são instantâneamente atraídos pelo vinho francês que ganhei de presente do Simon em comemoração a conclusão do novo álbum. Com a garrafa e uma taça em mãos, me sento no sofá da sala. Pego o controle do meu aparelho de som e no momento seguinte a voz da Queen B domina o ambiente.
Depois de algumas taças, me sinto mais leve, mais relaxada. De repente aquele ataque não me assusta tanto, chegando a se assemelhar a um susto qualquer. Nada como o poder do álcool! É, acho que eu sou capaz de superar aquilo. Sou tirada dos meus pensamentos pelo barulho do interfone. Estranho a situação, pois não estava esperando ninguém. Caminho receosa até o aparelho, atendendo o chamado.
- Quem é?
- O amor da sua vida! - ouço Hina dizer do outro lado da linha. Sua frase antecede algumas risadas que deixam claro qua a japonesa está acompanhada por algumas pessoas.
- Oh, ok! Vou liberar sua entrada, mas antes responda uma pergunta. Quem mais está aí embaixo?
- Hm, ninguém especial. Apenas os melhores bailarinos e backing vocals da América.
- Abra logo o portão, Any! Estamos congelando aqui fora. - a voz de Lamar chega aos meus ouvidos dessa vez.
- Se acelera o seu raciocínio, trouxemos bebidas e pizzas. - Joalin diz, parecendo impaciente.
- Tudo bem, podem subir. Deixarei a porta aberta.
Destranco a fechadura da porta e vou rapidamente até o meu quarto vestir uma roupa qualquer. Estou prestes a receber amigos íntimos, mas não significa que me darei ao luxo de aparecer de qualquer jeito diante deles.
– Gabrielly, onde você se meteu? – ouço a voz de Sabina se aproximar.
Estou terminando de vestir uma camiseta, então não respondo, apenas saio do quarto, indo de encontro ao grupo que invadiu minha sala de estar.
– Oi, pessoal! – sorrio para eles. Me aproximo para cumprimentar cada um com beijos e abraços. – Eu não esperava vê-los hoje, então me desculpem pela bagunça.
– Não se preocupe com a gente, garota. Só viemos te fazer companhia. – Heyoon sorriu. – A propósito, onde podemos deixar essas garrafas? – apontou para os fardinhos de cerveja que alguns deles tinham em mãos.
– O freezer da cozinha está vazio. Fiquem a vontade.
– Maravilha! Lamar, Krystian, podem me ajudar? – Bailey pergunta.
Os garotos balançam a cabeça, recolhem as cervejas e seguem até a cozinha. As meninas continuam comigo, na sala.
– Você está se perguntando por quê aparecemos aqui tão de repente, não é? – Sofya me puxa para sentar ao seu lado no sofá.
– Sinceramente? – encarei a loira e todas as outras a minha volta. – Eu desconfio. Aposto o meu VMA que tem a ver com a Yonta. Acertei? – elas deram risada.
– Sim, Any. – Diarra falou dessa vez. – Ela nos contou o que houve depois da coletiva, então achamos que você precisava de nós.
Os meninos voltaram a sala trazendo algumas cervejas imersas em baldes de gelo e pratos para as pizzas. Tudo foi colocado na mesa de que centro que, agora sim, estava uma bagunça.
– Vocês estão certos. Eu realmente queria companhia, mas achei melhor não incomodar ninguém. – dei risada. – Então obrigada por terem lido a minha mente e virem até aqui.
– É o que os amigos fazem, certo? – Krystian piscou.
Apesar de inesperada, nossa pequena reunião corre muito bem. Passamos a noite comendo, bebendo e dançando. Meus amigos fazem de tudo para me manter feliz e distraída, inclusive brincadeiras idiotas como "verdade ou desafio". Estou tão bêbada quanto eles, mas lúcida o suficiente para saber que aquilo só poderia resultar na perda da dignidade de alguém.
– Sério, pessoal? Quantos anos vocês têm?
– O suficiente para saber que para jogar "verdade ou desafio" não existe idade. – Sabina cantarolou, animada.
– É, quem liga? – Sina deu de ombros.
– Tudo bem, vamos jogar então. – concordei. – Todo mundo em círculo no tapete.
Shivani girou a garrafa, dando início ao jogo.
– Diarra pergunta e Krystian responde. – a indiana anuncia como se ninguém soubesse.
– Verdade ou desafio, Krys?
– Desafio.
– Corajoso! – a garota lhe laçou um olhar malicioso. – Eu desafio você a fazer um storie beijando a Hina.
– Essa eu quero ver! – Sofya sorri empolgada.
– Por que eu? – a japonesa pergunta, claramente sem jeito.
– Porque você e o Krys se pegam escondido há meses e todo mundo finge não saber. – Diarra dá de ombros. – Estou dando um empurrãozinho para que se assumam.
– Mas é uma víbora mesmo, né? – Krystian estreita os olhos em direção a garota, mas não consegue disfarçar o sorriso que teima em cobrir seus lábios. O chinês tira o celular do bolso, abre o Instagram e faz um breve vídeo enquanto se delicia com os beijos de Hina, que está sentada ao seu lado.
– Ei, era só um storie! Se querem se comer, o quarto de hóspedes está vago. – falei batendo palmas para que eles se larguem. Todos dão risada, inclusive o casal super fofo.
Giramos a garrafa outras vezes. Bailey revelou seu crush em Joalin, Lamar ficou sem camisa e Heyoon teve que beber uma vitamina nojenta feita de cerveja, leite, molho de pimenta e pizza. Tivemos uma noite maluca, mas divertida, como não fazíamos há muito tempo.